Gonçalo Morais Tristão: “O setor olivícola e oleícola vive momentos de grande dinamismo”
Em vésperas do Congresso Nacional do Azeite, que decorre a 22 e 23 de maio, em Campo Maior, Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), aponta ao Hipersuper os desafios estruturais do setor e as suas oportunidades de crescimento. A 8ª edição deste Congresso organizado pelo CEPPAL, acontece quando as mais recentes estimativas do INE, perspetivam um aumento na produção de azeite em 10%, na campanha 2024-2025, em relação à campanha anterior, atingindo cerca de 177 mil toneladas.

Ana Grácio Pinto
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Os novos desafios do setor vão centrar a 8ª edição do Congresso Nacional do Azeite. Quais são esses desafios?
O setor olivícola e oleícola vive momentos de grande dinamismo, fruto do desenvolvimento da cultura registado nos últimos anos. Esse notável desenvolvimento ocorrido em Portugal fez com que, nos últimos 20 anos, aumentássemos em 320% a nossa produção, enquanto simultaneamente atingimos elevados padrões de qualidade, comprovados pelo facto de cerca de 95% do azeite produzido no nosso país ser virgem ou virgem extra e pelos inúmeros prémios de qualidade que, cada vez mais, os nossos produtores conquistam para as suas marcas nos mais prestigiados concursos internacionais.
Diria, pois, que estes desafios foram ganhos. Outros desafios se apresentam ao sector. Em primeiro lugar, o desafio da sustentabilidade ambiental. A adopção de práticas culturais sustentáveis, o uso eficiente da água na rega e da aplicação dos fitofármacos, a par da gestão adequada do solo, são caminhos que têm sido traçados e que devem continuar para se generalizarem no sector.
A promoção do azeite português é também um grande desafio. Temos de perceber, como país produtor, o que queremos e como queremos mostrar e vender o nosso azeite ao mundo. A estratégia de promoção deve ser conduzida pelo sector, agregada numa associação interprofissional, que potencie a promoção da qualidade dos nossos azeites e que possa fazer face à sã concorrência dos azeites de outras origens.
Temos a nossa qualidade, temos as nossas histórias, temos a nossa cultura, temos o nosso património, temos os nossos olivais e lagares, tudo ferramentas para a promoção. O CEPAAL tem dedicado boa parte da sua atividade na promoção do azeite e, neste momento, temos vários projetos em que o olivoturismo/oleoturismo assume um papel principal – outra excelente forma de promover o azeite português.

“O volume da produção de azeite da campanha de 2024-2025 é o segundo mais elevado alcançado a nível nacional”, revela Gonçalo Morais Tristão
O que destacaria da edição deste ano do Congresso?
O Congresso Nacional do Azeite é uma iniciativa que tem como objetivo dinamizar o sector olivícola e oleícola nacional enquanto fórum de debate, ponto de encontro para os profissionais do sector e de partilha de informação, privilegiando sobretudo a divulgação de informação técnica. Foi com esse objetivo que se idealizaram os quatro painéis e principais temas de debate: os novos desafios do sector; as preocupações das empresas no domínio do ESG; a marca e a origem, e a sua importância na caracterização dos nossos azeites; e, finalmente, o azeite na alta cozinha.
No que respeita à perspetiva de ESG para o setor, a qualidade dos intervenientes convidados assegura-nos que vamos conseguir um excelente debate, porventura a trazerem-nos a sua visão sobre a evolução recente deste tema, face a alguns retrocessos políticos advindos da nova administração norte-americana.
No tema da identidade do azeite português, daremos voz aos produtores que são, melhor do que ninguém, os responsáveis pela excelência dos nossos azeites e pela marca da sua identidade.
Finalmente, teremos o painel com os chefs e com representantes das escolas de turismo, onde perceberemos não só o valor que os chefs atribuem a este produto português, nomeadamente quanto à sua diferenciação, mas também que importância tem o ensinamento da “cultura” do azeite nas escolas de turismo. São estes os destaques do Congresso, além do facto, de regressarmos a Campo Maior, motivo de grande regozijo para o CEPAAL.
As previsões do INE apontam para um aumento de 10% na campanha 2024-2025. Que azeite irá resultar desta campanha, em termos de qualidade?
O volume da produção de azeite da campanha de 2024-2025 é o segundo mais elevado alcançado a nível nacional, o que muito nos orgulha ainda que não seja uma grande surpresa, dado o extraordinário desenvolvimento do sector nos últimos anos, com a plantação de novos olivais todos os anos e com maior densidade de árvores por hectare. Fatores que, conjugados, fazem prever um aumento continuado da produção, apenas quebrado em anos de contra-safra, ou por algum evento agrometeorológi20co negativo.
Quanto à qualidade, a melhor prova da excelente qualidade dos nossos azeites desta campanha são os resultados obtidos nos concursos, onde competimos com azeites de outros países. Recentemente, na Ovibeja, foram divulgados os premiados no Concurso Internacional de Azeite Virgem Extra onde Portugal se destacou ao ser o país que mais galardões arrecadou pela primeira vez, tendo ficado à frente de azeites espanhóis, italianos e gregos.
Por outro lado, nos concursos nacionais organizados pelo CEPAAL – o concurso da Feira Nacional de Olivicultura e o Concurso Nacional de Azeite Virgem, da Feira Nacional de Agricultura, e embora os premiados ainda não tenham sido divulgados, o que me dizem os provadores oficiais é que a qualidade dos azeites a concurso foi muito boa.