Crise faz shopper português mudar, novamente
A crise e os tempos de austeridade vieram trazer uma nova mudança de comportamento e hábitos nos shoppers portugueses. Os dados da Kantar Worldpanel adiantam um possível reforço das MdD devido aos tempos difíceis que se avizinham.
Victor Jorge
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Com o País mergulhado numa recessão, com dificuldades em financiar-se (situação ultrapassada, previsivelmente, com a ajuda da troika), a viver uma instabilidade política e o desemprego a aumentar, o primeiro trimestre de 2011 foi nefasto para o consumo em Portugal, a avaliar pelos dados avançados hoje [Terça-feira] pela Kantar Worldpanel.
Na realidade, Portugal e Grécia são os únicos países na Europa que não registam crescimento, apontando as previsões do FMI para uma quebra de 2% no caso português. Assim, no caso nacional, a consultora conclui que o shopper mudou, novamente. Ou seja, depois de, em 2010, se ter verificado que o consumidor se aproximava, lentamente, do que era o seu comportamento pré-crise, o final de 2010 e início de 2011 alteraram outra vez os hábitos de consumo dos portugueses.
Assim, o shopper português caracteriza-se, novamente, por efectuar mais actos de compra, realizar menos gasto por visita, efectuar cada vez menos compras no comércio tradicional e gastar mais em Marcas da Distribuição (MdD).
Os dados da Kantar para o 1.º trimestre de 2011 relativamente ao mercado de Fast Moving Consumer Goods (FMCG) indicam uma redução efectiva de consumo na ordem dos 1,3%, em valor, e 2,2%, em volume, com uma subida de preço de 0,8% face aos primeiros três meses de 2010. Os números mostram ainda que a compra média por acto decresceu 2,9%, enquanto no mesmo período do ano passado, face a 2009, os dados indicavam uma subida de 3,5%. Já a frequência de compra no trimestre analisado aumentou 0,7%, indicando a análise da consultora que 2010 vs 2009 esse números eram negativos em 4,5%.
Deste modo, a contenção a que o consumidor português estará sujeito por estes dias – e próximos tempos – levará a que sejam adoptadas medidas de poupança que passam por uma procura crescente de MdD, promoções e à substituição de produtos de valor mais alto por outros de preço mais reduzido.
Mas há categorias, ou melhor, uma categoria que está a beneficiar da actual conjuntura: o Take Away. Na realidade, esta categoria registou um crescimento de 5,5%, em valor, e 6,4%, em volume, constituindo um reflexo dos tempos actuais, ou seja, o consumidor come cada vez mais em casa ou no emprego e menos no Horeca.
Mas se existe vencedor, são, sem dúvida as MdD que registam um aumento de de 9,5% para atingir uma quota de 37% no total de FMCG (sem frescos). Neste campo, todos os players ganharam, com o Lidl a passar de 67,2 para 68,4% de quota, em valor, das MdD, enquanto o Minipreço ganha mais 1,5 pontos percentuais (p.p.), chegando aos 54,4%. Já Pingo Doce e o “novo” Continente passam de 42,1 para 44,6% e 30,9 para 34,6%, respectivamente.
É, de facto, a distribuição moderna que contraria o actual estado de decréscimo nos FMCG, verificando-se um aumento em valor (1,4%), frequência de compra (3,3%) e preço médio (1,7%), adiantando os dados da Kantar Worldpanel que a abertura aos domingos ajudou a este crescimento, contribuindo com 64% do valor, contrariamente à Sexta-feira e Sábado que perderam.
Concluindo, a distribuição moderna foi, no primeiro trimestre de 2011, responsável por 82,4% do gasto efectuado em FMCG, representando uma evolução de dois p.p. que no mesmo período de 2010.