Drones e Robots no retalho: a corrida das multinacionais
A tecnologia está a evoluir a grande velocidade e isso nota-se não tanto em Portugal mas nas grandes cidades mundiais, onde sistemas robóticos se multiplicam em soluções mais rápidas e eficazes para potenciar as operações das empresas de distribuição
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Em entrevista ao programa “60 Minutes” da rede norte-americana CBS, Jeff Bezos, CEO e fundador da Amazon, anunciou que está a testar a utilização de drones, pequenos aviões não tripulados, para a entrega de encomendas.
O serviço chama-se “Amazon Prime Air” e promete uma disrupção na indústria do retalho. A partir de uma morada de GPS, o aparelho voador consegue entregar encomendas até dois quilos, o que representa 86% das encomendas da retalhista. A atractiva proposta sugere entregas em 30 minutos, através do robot, que consegue percorrer até 10 milhas, aproximadamente 15 quilómetros. O veículo comandado à distância consegue entrar inclusive dentro dos edifícios, deixando a encomenda mesmo à porta de casa dos clientes.
Depois de mostrar vários protótipos na entrevista televisiva, o fundador da Amazon pretende continuar a investigar e a desenvolver a solução, com o intuito de entregar mais rapidamente os pedidos registados nas proximidades dos centros de distribuição, poupando nos tradicionais estafetas. Neste sentido, a distribuidora pretende reforçar o compromisso de conveniência com os clientes.
Outras empresas começaram a seguir-lhe os passos, como a DHL, mas ainda não há concorrência à altura. Apesar das investigações, marcas como a gigante Walmart ainda não apresentaram avanços com distinção para competir com a gigante de vendas online, que prevê a utilização da tecnologia já em 2015.
A resposta da Google
A Google divulgou, por sua vez, durante este ano, o “Project Wing”, com uma ideia semelhante, para adoptar drones na realização de entregas de encomendas. Embora com o mesmo objectivo, o conceito da multinacional de software e serviços online, destoa, em alguns aspectos, do projecto da Amazon.
A empresa está a testar o aparelho, há dois anos na Austrália, de forma a que não haja necessidade de se fixar no solo, contrariamente aos protótipos da retalhista online. O veículo liberta a encomenda que, através de um fio extenso, é colocada à porta do consumidor. A monitorização dos drones é feita por satélite, e a Google encontra-se preparada para actuar, caso ocorra alguma situação imprevista, como divulgou o Jornal I.
Além de drones, a multinacional americana está a desenvolver um projecto a longo prazo, para o qual adquiriu sete pequenas empresas, na área da inteligência artificial e da robótica, tanto nos EUA, como no Japão, país que revela elevados índices de desenvolvimento nesta área, segundo um artigo no jornal The New York Times. Neste âmbito, o criador do Android, que foi comprado pela Google, Andy Rubin, está neste momento a liderar as empresas envolvidas no desenvolvimento de robots, segundo o Público.
Uma das empresas chama-se Schaft, criada a partir da Universidade de Tóquio, e está a desenvolver um robot em forma humana, de grandes dimensões. Já a americana “Industrial Perception”, está a desenvolver braços robóticos para cargas e descargas que funcionam com visão tridimensional. Rubin explicou ao jornal de Nova Iorque que espera ter resultados “apenas daqui a dez anos”.
Resumidamente, a Google pretende criar máquinas destinadas a trabalhar em áreas como linhas de montagens de aparelhos electrónicos, reduzindo a elevada carga de trabalho manual. Pretende também disponibilizar as tecnologias a retalhistas, para serem utilizadas nos armazéns e linhas de distribuição.
Tendo em curso, também, uma pequena experiência com um serviço de entrega de bens ao domicílio, em algumas zonas de São Francisco, aquele que dá nome ao mais conhecido motor de busca, na internet, tem vindo a apostar no sector automóvel, nomeadamente, em tecnologia “self-driving” ou condução automática de veículos, para a entrega autónoma de produtos ao domícilio. A empresa já desenvolveu um carro capaz de andar sozinho pelas ruas de uma cidade e pretende continuar a aperfeiçoar a tecnologia, com a qual qualquer veículo pode ser conduzido por meios tecnológicos, praticamente sem acção do homem. Esta é uma tendência que a indústria automóvel está também a explorar, sendo que várias marcas já apresentarem protótipos.
A opinião dos trabalhadores
O estudo ‘The Tech Evolved Workplace’, produzido pela ‘Coleman Parkes Research’ para a Ricoh, lançado em 2014, dá conta que a maioria dos profissionais acredita que o local de trabalho será muito diferente em 2036, na Europa, comparado com os dias de hoje. Pelo menos 80% dos colaboradores de empresas, estão convencidos de que a inovação tecnológica vai invadir os processos que usam actualmente para trabalhar, de forma a terem, no futuro, um local de trabalho com ferramentas tecnológicas, ainda não inventadas.
Os rápidos avanços da tecnologia, registados nos locais de trabalho, fazem com que os inquiridos estimem que bastarão dez anos para se notarem grandes diferenças. Sendo os funcionários públicos os que temem uma adesão mais lenta às novas tecnologias, nos próximos cinco a dez anos, espera-se que as inovações, como realidade aumentada, robots de secretária, drones e nano equipamentos, se tornem algo comum no ambiente de trabalho do sector público, até 2034.
O estudo foi concretizado com base no testemunho de 2 200 colaboradores de empresas dos sectores da indústria, retalho, educação, justiça, saúde, utilidade pública, serviços financeiros e Administração Pública. A lista de inquiridos inclui chefias superiores, intermédias e inferiores, além de assistentes e executivos.
Num recente inquérito da Regus, entre os portugueses, pelo menos 82% dos trabalhadores dizem que a disponibilização de tecnologias rápidas e eficazes são uma característica obrigatória para o conceito de “escritório ideal”, sendo que a velocidade e a facilidade de utilização das novas tecnologias são cruciais para o desempenho das profissões. A fraca adesão tecnológica é apontada pelos inquiridos, incluindo os portugueses, como sendo o pior inimigo da produtividade das empresas.
Os robots “Kiva”
Um repórter da BBC, que conseguiu emprego no armazém da Amazon, no Reino Unido, registou, durante a investigação feita, que os funcionários têm de percorrer quilómetros, todos os dias, recolhendo encomendas a cada 33 segundos. Porém, a retalhista já encontrou uma solução e conta agora com os robots “Kiva”, que correm pelos corredores dos armazéns e movem-se em torno das prateleiras, para fazer chegar os itens aos trabalhadores, os quais poupam tempo em deslocações até aos produtos.
A tecnologia foi apresentada na cidade de Tracy, na Califórnia, onde a empresa detém um centro com mais de 111 mil metros quadrados. O espaço de armazenamento conta com mais de três mil robots “Kiva” em acção.
A apresentação da sua mais recente geração de robots, foi feita no dia anterior à “Cyber Monday”, dia dedicado a descontos nas vendas online. Neste dia, que aconteceu a 1 de Dezembro, em 2014, a frota de máquinas, instalada dentro de dez dos armazéns da Amazon, nos estados da Califórnia, Texas, Nova Jersey, Washington e Flórida, permitiram entregar milhões de itens. Em 2013, foram mais de 36,8 milhões de artigos encomendados, a nível mundial, nesta ocasião, ou 426 itens por segundo, de acordo com a retalhista, segundo o ‘O Globo’. A tendência é para que o número continue a crescer com o sucesso dos dispositivos móveis e o aumento das vendas online.
Com a obsessão dos consumidores pela procura das melhores ofertas no canal online e por entregas mais convenientes, a robótica pode ser a resposta para as empresas darem conta da forte procura. A Amazon situa-se na linha da frente, neste sentido, com a aquisição do “Kiva”, capaz de levantar até 340 quilos. Originalmente fabricados por uma outra empresa, entretanto comprada pela gigante online, por 775 milhões de dólares, em Maio de 2012, a cadeia já conta com um total de 15 000 unidades destes robots, no mercado norte-americano, e tenciona trazer a tecnologia para a Europa em 2016.
A febre dos robots ainda agora começou e o capital dos grandes accionistas faz com que as empresas inovem constantemente, apresentando novas soluções para resolver os problemas do dia-a-dia. Os drones são uma realidade com várias funcionalidades e, ao passo que estão a ser desenvolvidos para as indústrias, estão também a ganhar a atenção do público em geral.
A Amazon lançou, durante este ano, a “Drone Store”, uma secção da loja online, exclusivamente dedicada à venda dos aparelhos de controlo remoto, que está a massificar-se nos EUA. Apesar de conter um departamento ligado ao site, denominado “Fly responsability”, a Amazon foi criticada por Mike Fortin, CEO da CineDrones, que considera este “acto irresponsável”, uma vez que faz com que qualquer pessoa, sem educação prévia, possa utilizar diferentes versões da máquina, que ainda não regista termos concretos de segurança.
Os robots que voam, podendo ser programados para se deslocarem até uma determinada localização, sem qualquer acção do homem, não reúnem, ainda, as condições necessárias para serem distribuídos com segurança. O motivo pelo qual Jeff Bezos ainda não dispõe do serviço automático, nas operações da sua empresa, reflecte-se na preocupação de uma eventual queda do aparelho, durante o trajecto.
Com a tecnologia a avançar rapidamente, os consumidores do outro lado do Atlântico também querem desfrutar dos avanços tecnológicos. No entanto, a Europa está atenta aos riscos que implica vender o equipamento, e não quer que o produto seja distribuído, sem que haja, em primeiro lugar, segurança.
A Comunidade do Atlântico é o grupo online criado em 2007, liderado por Johannes Bohnen e Jan-Friedrich Kallmorgen, e sediado em Berlim, para a reflexão sobre a politica externa, em questões que afectem as relações transatlânticas. Os membros do grupo, que incentiva ao diálogo aberto e democrático sobre os desafios enfrentados em conjunto, pela Europa e pela América do Norte, chegaram ao consenso de que, devido à generalização da utilização de drones nos Estados Unidos, é urgente a regulamentação e criação de regras em relação ao uso dos objectos, tanto para uso doméstico como por parte das empresas, uma vez que ainda não existe qualquer legislação em relação ao assunto.