Tudo o que precisa saber sobre ‘Big Data’
A tecnologia permite cruzar informação proveniente dos novos canais ‘web’ com a informação estruturada do negócio para trazer uma nova perspectiva da actividade e até espreitar o futuro, revela Ilda Freitas, responsável da SAP Portugal
Rita Gonçalves
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O ‘Big Data’ permite cruzar informação proveniente dos novos canais ‘web’ com a informação estruturada do negócio para trazer uma nova perspectiva da actividade e até espreitar o futuro, revela Ilda Freitas, responsável da SAP Portugal
1. O que é?
O Big Data é a capacidade de gerir essencialmente três grandes vertentes dos dados: volume, velocidade e variedade. São três apectos muito críticos, sobretudo junto das empresas que foram ao longo dos últimos anos guardando dados da actividade.
No retalho, onde há volumes enormissímos de informação, estas três características aplicam-se particularmente. Dados e informação não são a mesma coisa. Dados há muitos, mas as empresas não sabem o que fazer com estes ou sentem incapazes de os tratar e trazer valor para elas próprias. O Big Data traz esta capacidade de transformar dados em informação, indepententemente do volume de dados que se tem, da velocidade a que se precisa de o fazer ou da variedade desses mesmos dados.
2. Como se transformam dados em informação útil?
Houve uma grande alteração tecnológica, deixámos de ter os dados em disco para passá-los a ter em memória, na nuvem. Ou seja, há a mesma capacidade de ir buscar dados, mas agora com muito mais rapidez. Posso ir buscar um espectro alargadíssimo de dados. Daí a variedade e a velocidade. Porque os negócios estão sempre a acontecer. Os comerciais, por exemplo, ao mesmo tempo que analisam os dados de cliente, prescisam simultâneamente de novas e diferentes perspectivas: do mercado, da categoria, dos canais, da loja, diferentes horas e momentos do dia, combinando estes indicadores com uma série de variáveis, como os novos canais, os novos perfis de cliente e a forma com as pessoas interagem entre si, por exemplo.
3. A informação está disponível em tempo real?
Sim. Em tempo real significa precisamente ter ‘insigths’ do negócio que são válidos no momento e conseguir aceder a estes a qualquer momento.
Além desta capacidade de tratar grandes volumes mais elevados de informação naquele momento, consigo ter indicadores críticos de negócio, que me ajudam a tomar decisões e replanear o meu negócio em segundos e naquele momento, se for caso disso. Posso virar a minha perspectiva de pernas para o ar.
A SAP apresentou o Big Data ao mercado em 2010, mas ninguém entendeu o conceito. Gradualmente, comecaram-se a fazer protótipos, nomeadamente junto das empresas pioneiras, e começou a aplicar-se a tecnologia no contexto real das empresas. Esses protótipos é que mostraram às empresas as possíveis aplicações da tecnologia.
Mais recentemente, tivémos um camião em Lisboa onde mostrámos um conjunto de cenários, alguns inesperados, com aplicações da tecnologia. Neste momento, já começa a haver um conjunto grande de experiências que provam que há realmente um valor concreto e que motiva aqueles que não aderiram a pensar de forma mais séria em dar esse passo.
5. Big Data pode ser traduzido por informação inteligente?
Não, informação inteligente já tinhamos antes. Já tinhamos a capacidade de ter processos de negócio inteligentes nas nossas aplicações. O que acontece agora é que consigo cruzar muitas mais variáveis ao longo do tempo e ir buscar informação não estruturada, que era uma coisa que não acontecia. Ou seja, toda a informação que estava em tabelas e documentos dispersos. A informação solta e o texto livre não eram consideradas neste processo e agora é possivel juntar os dois mundos. A inteligência enriquece-se. O Big Data permite que toda a informação proveniente de todos os novos canais de web seja passível de ser trazida para o negócio, juntá-la com a informação estruturada e conjuntamente trazer uma nova perspectiva da actividade e do que pode ser o futuro.
6. Quais as áreas de aplicação da tecnologia?
No camião de inovacão tinhamos o exemplo de uma aplicação com capacidade para interagir com os fãs num estádio, por exemplo. A informação produzida ao mesmo tempo que decorre o evento desportivo e a forma como essa informação é utilizada naquele momento para melhorar a experiência daquele adepto. Enquanto está naquele espaço, o fã tem opiniões, necessidades e expectativas.
7. Quais os benefícíos para o negócio dos retalhistas?
No camião tinhamos também um exemplo, designado ‘costumer engagement inteligence’, que tem a ver com toda a informação que existe sobre os clientes e aquilo que se pode fazer com esta para identificar áreas de crescimento em segmentos de clientes. Primeiro segmentar adequadamente os clientes com base em multi-dimensão e perceber quais os clientes com potencial.
Desenvolvemos ainda uma máquina de venda automática, dotada um menu táctil que exibe todos os produtos à venda. Pode perguntar se quer pagar já ou fazer mais compras. Permite pagar com o telemóvel. Se houver promoções, a máquina apresenta-as. É possível também oferecer um produto da máquina a um colega, desde que este esteja registado. A máquina recebe ainda sugestões de novos produtos por parte do utilizador e pode exibir um ranking dos produtos mais vendidos.
Depois há ainda a informação logística que a máquina envia, monitorável sobre esta ou eventualmente sobre milhares ou milhões de máquinas, que oferecem mais eficiência na reposição e manutenção da máquina. No exemplo, a máquina tinha produtos alimentares mas pode também ser utilizada no comércio de serviços.
Há ainda a tecnologia ‘machine-to-machine’ que permite monitorizar o comportamento das máquinas à distância.
A Sap tem no portefólio uma aplicação, designada ‘Costumer Activity Repository’, que está a ser muito potenciada pelo Big Data. É um repositório de toda as actividade dos clientes – vendas, preferências, planeamento, dados de loja, dados de cartão – e é acessível em tempo real. Isto é possível. Posso estar ligado online com cada um dos meus POS. Saber o stock de cada loja em tempo real. Inclusive consigo em tempo real replanear as minhas reposições no dia seguinte. O mesmo é verdade para a informação de fidelização. Isto conduz ao marketing invididual ou personalizado. E consigo saber a que lojas o consumidor vai, o que compra e onde.
8. Como a tecnologia facilita a segmentação?
É necessário ter um canal aberto com o cliente. Pode ser através uma ‘app’ instalada que me autoriza a localizá-lo ou porque o cliente está logado e está a utilizar a app para fazer compras, por exemplo.
Estão pessoas a circular na minha loja, que me autorizaram a indentificar a sua localização. Consigo aceder ao seu nome e à média de gasto, por exemplo. Se o cliente está a usar a app para fazer as compras e se criou uma lista, posso dar-lhe propostas para cada um dos produtos. Ou aliciar o cliente com propostas que estão na moda, por exemplo, mas não são da marca que está na lista.
9. As funcionalidades do Big Data estão activas em Portugal?
Ainda não. Há um projecto com o metro de Toronto, que fez uma parceria com os retalhistas instalados nas áreas junto às estações, para através da sua própria aplicação fornecer indicações sobre promoções, ofertas, iniciativas ou acontecimentos. O
Big Data permite monitorizar muita informação, em simultâneo, de contexto e daquela pessoa, onde está, o que está a fazer ou simplesmente enviar um alerta a convidar uma visita à loja.
10. Qual o investimento?
Temos uma oferta – designada Hana Entreprise Cloud – que consiste na capacidade de alojar em cloud as aplicações tirando partido da capacidade de big data e simultaneamente podendo ter um modelo de subscrição ou licenciamento com um ‘fee’ mensal.
Adicionalmente, existem nesta oferta uma série de serviços. Porque muitas das empresas já têm aplicações instaladas e há toda uma migração daquilo que era o ambiente tradicional para um contexto em cloud que, às vezes, até tem de ser faseado. Existe um modelo híbrido, onde tenho simultaneamente os dois, às vezes por uma questão legal ou de segurança. Actualmente, ainda não há total abertura para colocar tudo em cloud. Temos o serviço que faz a migração de todo ou parte para a cloud e depois fornecemos todo o suporte.