Foto: UX Magazine
‘Beacons’ estão a chegar a Portugal
Os ‘beacons’ são pequenos elementos de ‘hardware’ instalados nas lojas que permitem aos retalhistas interagirem com os consumidores através dos seus telemóveis
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Rita Gonçalves
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ESPECIAL TECNOLOGIA NO RETALHO
A novidade tecnológica do ano para os retalhistas são os ‘beacons’, pequenos elementos de ‘hardware’ instalados nas lojas que permitem aos retalhistas interagirem com os consumidores através dos seus telemóveis.
“Se temos um consumidor diante do linear de cervejas a preparar-se para ver o próximo jogo do mundial de futebol comodamente em sua casa, que melhor do que enviar-lhe um desconto para o seu telemóvel, daquelas batatas fritas que patrocinam a equipa? Isto, e muito mais, é o que os ‘beacons’ nos permitem realizar”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Pablo Bultó, Corporate Development – New Business Manager da In-Store Media.
“Estamos convencidos que nos próximos meses poderemos ver as primeiras experiências de ‘beacons’ relevantes em Portugal. Nos EUA, a Apple já implementou esta tecnologia nas suas lojas e estão em desenvolvimento um significativo número de testes piloto. Também a Macy’s, através do programa ‘Shopkick’, tem ‘beacons’ nas suas lojas para oferecer descontos exclusivos aos clientes”, revela o responsável da In-Store Media.
A era da interactividade chegou ao ponto de venda e os retalhistas estão a tirar partido das novas soluções de comunicação, revela, por sua vez, Joaquim Castelo, da Direcção e Coordenação de Projectos da ARS Design. As principais tendências na comunicação na loja são, por um lado, “o investimento crescente na adaptação de conteúdos digitais à natureza de consumo de informação ‘on the go’ e ao formato de ecrã dos smartphones, para tirar partido da proliferação destes dispositivos, e por outro, a contextualização de modo a reforçar e evidenciar os atributos diferenciadores face aos concorrentes, contribuindo para a efectivação da compra, além da oferta de descontos e oportunidades para promover a venda dos produtos do portefólio da marca/loja e o acesso e partilha de opiniões sobre os produtos em tempo real”.
‘Click to buy’ na loja
Com a evolução da tecnologia, a dimensão do ponto de venda vai muito além do local físico. Muitas das decisões de compra são tomadas ainda em casa. “A loja está a transformar-se aos olhos do ‘shopper’, esta é cada vez mais o espaço de confirmação deixando gradualmente de ser o espaço da descoberta. É no virtual que se descobre e no real que se sente”, revela o responsável da ARS Design, acrescentando que os retalhistas devem “promover soluções de comunicação que se enquadrem e confirmem aquilo que o cliente já sabe e estimulem o ‘click to buy’ na loja”.
Por outro lado, os cartões de cliente são um dos campos chave de desenvolvimento para a maioria dos retalhistas, considera o responsável da in-Store Media. “Conseguir rastrear o consumo dos clientes permite oferecer impactos suficientemente segmentados para que estes sejam vistos de forma positiva pelo consumidor e fazer com que aumentem as vendas. Este conhecimento, tradicionalmente obtido através dos cartões de cliente tradicionais, é hoje em dia captado através do canal online, mas também através do canal móvel. Na nossa opinião, esta é a próxima grande revolução neste sector, que já estamos a começar a viver. Existem ainda vias mais tradicionais que se apoiam nas novas tecnologias, como a proliferação do sinal digital nos estabelecimentos comerciais. Estes canais digitais são utilizados sobretudo para impactar o cliente com imagens das marcas, mas muitos retalhistas já começam a aproveitar para oferecer serviços que facilitam a experiência de compra, tal como os canais de gestão de atendimento e provadores virtuais”, entre outros.
Disrupção na experiência
“O telemóvel, tal como outros ‘wearable devices’, como o ‘Google Glass’, vai ser um elemento disruptivo no acto da compra”, acredita Pablo Bultó. “Visto inicialmente como uma ameaça pelos retalhistas, já que abriam uma porta à informação externa dentro do âmbito do retalho, muitos tentaram lutar contra esta tecnologia. Actualmente, a tendência é a contrária: a maioria dos principais retalhistas mundiais já têm ou estão a desenvolver soluções baseadas em ‘apps’ próprias, ao serviço aos consumidores. Actualmente, conseguir que o consumidor utilize, durante a sua compra, a ‘app’ própria do retalhista, e não um comparador online externo, é o grande objectivo. Para tal, devem oferecer-se serviços que lhe facilitem o acto de compra, assim como vantagens exclusivas pela utilização do canal móvel. Por exemplo, o Carrefour lançou em França uma ‘app’ piloto, chamada “c’ou”, em que o utilizador pode realizar a lista de compras no smartphone e a própria ‘app’ organiza os produtos e optimiza o caminho de compras, simplificando assim a experiência de compra. Por sua vez, a Asda, no Reino Unido, utiliza a sua ‘app’ para potenciar o programa ‘Asda Price Guarantee’, simplificando ao consumidor a comparação de preços com outros retalhistas”.
Tendo em conta que 61% dos consumidores utilizam o smartphone no ponto de venda, como podem os retalhistas tirar partido dessa utilização? “Através do investimento em tecnologias que permitam uma fácil ligação entre produto/loja e a informação, e do desenvolvimento de soluções de ‘in-storetiping’ que promovam a contextualização, as sugestões conexas e a oferta de descontos, e que possibilitem a análise estatística da informação”, sublinha Joaquim Castelo.
“O desafio para os retalhistas passa agora por uma uniformização da sua interface com o cliente. Os consumidores passam cada vez mais tempo online, razão pela qual os retalhistas estão a concentrar-se nas plataformas móveis como ponte de ligação entre os produtos físicos e as lojas do mundo digital. O telefone móvel promete alterações significativas na forma como os clientes se relacionam com as lojas, nomeadamente porque os retalhistas têm agora a possibilidade de saber exatamente quem são os seus clientes e de definir estratégias de marketing direcionadas para as suas preferências”, revela, por sua vez, João Girardi, general manager da Verifone.
A Verifone está a desenvolver soluções de MPOS (Mobile Point of Sail), que vêm substituir os tradicionais POS por modelos associados a telemóveis ou tablets. Os terminais deverão chegar ao mercado nacional no segundo semestre de 2014.