“Isto não está para velhos do Restelo”, por Sérgio Leote (Michael Page Retail)
Muitas linhas já se escreveram sobre a importância de outras plataformas e canais de consumo, como o online. Mas, e se é certo que muitos retalhistas têm dinamizado esta forma de chegar ao consumidor, outros preferem remeter-se a um autismo e achar que isto só é mais uma moda

Rita Gonçalves
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Por Sérgio de Sena Leote, Consultor Sénior Michael Page Retail
Isto não está para velhos do Restelo. Uma das características ou factores de sucesso que com alguma facilidade associamos, ou pelo menos devíamos associar, ao retalho, deve ser a disponibilidade para a mudança. E se isto é algo que à partida seria um ponto consensual, quando chegamos à prática…vemos que não é bem assim que as coisas se passam.
Não precisamos de procurar muito para encontrar no nosso país inúmeros exemplos que ilustram isto mesmo e rapidamente constatamos que a heterogeneidade é enorme. Muitas linhas já aqui se escreveram sobre a importância e as mais-valias que as empresas de retalho poderão encontrar em explorar, por exemplo, outras plataformas e outros canais de consumo, como o online. Mas, e se é certo que muitos têm dinamizado bastante esta forma de chegar ao consumidor e temos grandes exemplos em Portugal do que se deve fazer, outros preferem remeter-se a um autismo e achar que isto só é mais uma moda. Existem ainda outros que são o meio termo. Ou seja, sentem a consciência aliviada porque já marcam presença neste canal, porém fruto do pouco ou nenhum investimento em recursos humanos e financeiros, acabam por ter uma presença inócua que, em última análise, acaba até por ser mais prejudicial do que benéfica para a imagem da empresa.
Muitas vezes, o investimento até nem tem que ser tão avultado quanto isso e a facilidade de disseminação que este canal tem, quando bem utilizado, faz com que pequenos investimentos rapidamente se traduzam em resultados. A relação de custo benefício é bastante simpática. Porém, como em tudo, há o reverso da medalha e querer marcar presença neste canal só porque sim, sem se querer realmente apostar e atribuir a importância que ele merece, pode traduzir-se em danos bastante significativos. É a mesma velocidade de disseminação que potenciam estes impactos negativos. Ainda que a envolvência deste canal não se cinja apenas ao universo das redes sociais, esta é uma dimensão onde todos devem querer estar. Mas não basta querer estar, é preciso fazê-lo de forma assertiva e conscienciosa. É necessário perceber que a “montra” aqui é significativamente maior, para o bem e para o mal.
São vários os exemplos, dentro e fora de portas, de estruturas de retalho que têm reforçado a sua presença neste canal. Dentro de portas podemos destacar, a título de exemplo, a Sonae e a Fnac, que têm feito um trabalho que merece os maiores elogios. Fora de portas, a realidade é distinta e os hábitos de consumo são claramente mais massificados neste canal, em todo o caso grupos como a Walmart, Carrefour que há muito se destacaram neste canal. Chegam-nos também notícias de empresas que sempre trabalharam no domínio do online e que pretendem alargar o seu espectro de actividade para a área dos frescos, por exemplo, como é o caso da Amazon. Creio que as conclusões que se podem tirar são quase imediatas. Por um lado, se há investimento é porque há oportunidades de negócio, logo de crescimento. Por outro, o sucesso não depende unicamente do factor sorte, sendo muito mais o resultado de investimento que estes grupos decidiram em boa hora fazer. Falando de investimentos, é certo que passará necessariamente por investimentos de cariz financeiro, mas será demasiado redutor achar que se circunscreve a esta dimensão. Importa investir em conhecimento, em formação e em pessoas, pois só assim se poderá materializar a vontade de querer marcar presença neste canal de uma forma sustentada. Neste domínio, a parceria com parceiros externos será uma óptima possibilidade de poder contar com o know-how sem incrementar a estrutura de custos fixos. E a isto será aplicável a vertente de recrutamento, onde empresas de recrutamento especializado serão uma solução a ter em linha de conta. O mesmo se poderá dizer relativamente a áreas técnicas ou de formação.
Termino como começo, isto não está para velhos do Restelo e quem não se adaptar…corre o sério risco de ficar fora de jogo.