Perdas no retalho ascendem a 372 milhões em Portugal
Terminou a curva descendente que as perdas no retalho português conheciam desde 2004. Por culpa da crise, dificuldades das famílias ou desinvestimento dos retalhistas em tecnologia anti-furto, o certo é que as perdas no retalho aumentaram 7,3%.
Victor Jorge
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O furto em lojas, por clientes e empregados, fraude proveniente de fornecedores, crime organizado e erros administrativos custaram ao retalho português 372 milhões de euros entre Junho de 2010 e Julho de 2011, indica o “Barómetro Global do Furto no Retalho” do Centre for Retail Research (CRR), patrocinado pela Checkpoint Systems.
Este valor representa o final da curva descendente a que o estudo da CRR nos vinha habituando desde 2004 relativamente a Portugal, verificando-se no período em análise que o valor em questão corresponde a uma subida de 7,3% face ao último barómetro (Junho 2009 a Julho de 2010).
Os 372 milhões de euros de perdas no retalho em Portugal equivalem a 1,33% das vendas totais dos retalhistas, mantendo-se, no entanto, abaixo da média europeia que chega aos 1,39% das vendas do retalho.
Contudo, não deixa de ser relevante que Portugal continue a ser dos países com a taxa de perdas (como percentagem das vendas) mais baixa da Europa, verificando-se que somente seis países registaram melhores resultados que Portugal, enquanto 17 obtiveram performances mais negativas. Mas também não deixa de ser significativo que Portugal foi o sexto país a registar a variação mais alta entre os 23 países europeus analisados.
Para Iván Baquero, director comercial para Portugal e Espanha da Checkpoint Systems, “o crescimento da perda desconhecida verificado em Portugal veio ao encontro das expectativas que apontavam um possível aumento das quebras, resultado da crise económica que Portugal atravessa”, destacando o responsável pela operação da Checkpoint no nosso país que “o crime no retalho custa, em média, a cada família portuguesa 107,44 euros extras nas suas compras”.
O furto por parte dos clientes, incluindo pequenos furtos e furto organizado, continua a ser a principal causa da perda desconhecida em Portugal, com uma ligeira subida, ao atingir um índice de 48,9%. Em segundo lugar surge o furto interno, proveniente dos empregados que representa uma taxa de 28,4%. Por último, os fornecedores representam 6,5% e os erros internos 16,2% da causa das perdas.
Em Portugal, os custos de crime no retalho atingiram os 410 milhões de euros, dos quais 312 milhões de euros correspondem a crimes por furto e 98 milhões de euros ao investimento efectuado em soluções anti-furto.
“Com a actual situação económica vivida em Portugal e com o orçamento de estado aprovado são estimadas alterações nos comportamentos de consumo, sobretudo com reflexo na diminuição do poder de compra, o que tende a provocar o aumento do furto nas lojas. A par desta situação, os retalhistas deparam-se com um tipo de furto mais sofisticado, tanto ao nível do furto por impulso como ao crescente fenómeno de crime organizado”, conclui Iván Baquero.
Relativamente aos produtos mais furtados, a tendência global mantém-se com os acessórios de moda, o vestuário, os cosméticos/perfumes e alimentos como o queijo e os produtos cárneos a ocuparem os primeiros lugares do ranking.
A nível global, as perdas no retalho mundial custaram 88,878 mil milhões de euros, em 2011, totalizando 1,45% das vendas. Esta taxa de perda desconhecida global representa um aumento de 6,6% face ao ano passado, sendo que a Europa foi a região que registou uma maior subida do índice de variação de perdas, com um crescimento de 7,8%, representando, segundo o Barómetro Global do Furto no Retalho, a taxa mais alta estudo desde 2007, fixando-se nos 1,39%, o equivalente a 36,281 mil milhões de euros do total das vendas.
Os furtos efectuados pelos clientes, incluindo o furto por impulso e o crime organizado no retalho, cresceram 13,4%, tendo sido a principal causa na maioria dos países pelas perdas. Para os retalhistas, representam um custo de 38,434 mil milhões de euros, correspondendo a 43,2% das perdas totais. Os empregados foram responsáveis por 31,080 mil milhões de euros, ou seja, 35% das perdas globais.
Na Europa a tendência mantém-se, com a maioria dos retalhistas a afirmar que os clientes são a principal fonte da perda desconhecida, ao serem responsáveis por 17,299 mil milhões de euros das perdas (47,7% do total). Já o furto interno (praticado pelos empregados) representa 30,2% das perdas totais. No entanto, na Europa o valor médio furtado por incidente pelos funcionários (1.381,40 euros) é maior do que a média furtada pelos clientes (93,85 euros).
O crime no retalho tem um custo médio para as famílias, dos 43 países analisados, de 149 euros extra na conta das compras, acima dos 139 euros do ano passado. Na Europa, esse valor atinge os 150 euros.
Os países que verificam a maior taxa de perdas são a Índia (2,38% das vendas do retalho), a Rússia (1,74%) e Marrocos (1,72%).
As menores taxas de perdas foram registadas em Taiwan (0,91%), Hong Kong (0,95%) e Japão e Áustria (ambos com1,04%).
O estudo de 2011 revela que os retalhistas, a nível global, aumentaram os gastos em prevenção da perda e segurança em 5,6% relativamente a 2010, para 21.120 milhões de euros. Contudo, deste investimento a quota de aquisição de sistemas anti-furto, na realidade diminuiu ligeiramente. Esta pode ter sido a razão que levou à diminuição do número de ladrões detidos a nível global. Na Europa foram detidos 3.150.408 shoplifters e 134.739 empregados desonestos.
Quanto às perdas, estas variam de acordo com o tipo de negócio, área de actividade e país. Em 2011, algumas das taxas médias de perdas mais altas foram encontradas no sector do vestuário e moda/acessórios (1,87%), seguida pelo dos cosméticos/perfume/saúde & beleza/farmácia (1,79%).
Entre os artigos com maiores perdas está o queijo (3,09%), enquanto no sector de saúde&beleza, as “estrelas” são o eyeliner e eye shadow que aumentaram 30% para uma taxa de 2,14% das vendas totais. Já as perdas no vestuário subiram 15,3% para uma taxa de 2,94%, enquanto no calçado as perdas cresceram 1% para uma taxa de 0,99%.