A crise de candidatos no sector do retalho
Nos últimos tempos muito se tem falado sobre a crise económica. Uma crise que tem afectado os vários sectores de actividade, e o do Retalho não foi excepção. Este é […]
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Nos últimos tempos muito se tem falado sobre a crise económica. Uma crise que tem afectado os vários sectores de actividade, e o do Retalho não foi excepção. Este é um mercado volátil, que oscila mediante o poder de compra do consumidor e o seu grau de confiança para investir.
O Retalho, com as suas vicissitudes, para além de sofrer o impacto da crise na economia, depara-se ainda com uma “crise de candidatos”. O mercado está repleto de profissionais que, receando a mudança, não estão receptivos a novos projectos; outros, ainda que procurem mudar de emprego, acabam por recuar ao aceitar uma contraproposta. Há ainda os que, estando disponíveis, não empreendem uma procura activa.
Este é o cenário de dificuldade crescente com que se depara um consultor de recrutamento que inicie um processo de selecção exigente e minucioso. Aquando da apresentação de uma shortlist de candidatos a um cliente, já não basta analisar e avaliar um maior número de profissionais até chegarmos ao perfil pretendido para a função. É preciso agora tentar avaliar, mediante a entrevista pessoal e profissional, se estão realmente receptivos ao projecto em questão e se não vão recuar na hora da apresentação de uma proposta contratual.
Recuperando a questão dos tipos de profissionais activos referida anteriormente, importa explorar um pouco o tema. Mediante a actual conjuntura económica, quem possui condições contratuais estáveis mas está insatisfeito com o projecto e a empresa evita a mudança. Estando consciente das suas responsabilidades financeiras, este tipo de profissional não quer arriscar uma nova situação profissional, por mais aliciante que esta possa ser em termos de remuneração e desenvolvimento. Falta-lhes a coragem de admitir que, por vezes, é necessário dar um passo atrás para garantir que, num futuro próximo, possam dar dois passos em frente. Existem também os profissionais que se acomodam ao seu posto de trabalho e pretendem permanecer no mesmo sem prestar atenção ao mercado e à respectiva dinâmica de oferta vs procura.
Falemos agora dos candidatos que procuram uma mudança, mas que acabam por aceitar uma contraproposta. Numa empresa especialista em recrutamento como a Hays, deparamo-nos diariamente com este tipo de profissionais. Recorrem aos nossos serviços para orientar o seu plano de carreira, normalmente com intenções de integrar um determinado processo de recrutamento. No entanto, depois de seleccionados pelo cliente, resolvem aceitar uma contraproposta da sua entidade patronal. O que fazer mediante uma situação destas?
Por mais investimento que haja da parte do Consultor, e até mesmo do Cliente, em despistar esta possível atitude, temos de ter em conta que estamos perante recursos humanos que se movem por questões emocionais, motivacionais e remuneratórias. Se a actual entidade patronal lhes apresenta uma situação similar ou superior àquela que ambicionam, optam por aquela que, no momento, já conhecem e consideram mais confortável.
Em 80% dos casos, esta não é a melhor opção e, regra geral, voltamos a ser contactados por estes mesmos profissionais no espaço de seis meses a um ano. Nessa fase já estão realmente receptivos a novos projectos, por vezes até menos aliciantes do que aquele em que estiveram envolvidos anteriormente.
Como Consultora responsável pelo sector do Retalho, estas têm sido realidades com que me tenho deparado na concretização de um processo de recrutamento. Torna-se cada vez mais difícil gerir as motivações dos profissionais / candidatos deste sector e o seu enquadramento no perfil pretendido e exigido pela função.
Tânia Coelho, Senior Consultant, HAYS Recruiting Experts in Retail