Valor!!! Que Valor?
A eleição de Barack Obama no início do mês de Novembro poderia significar um tónico para uma viragem no sentimento do mercado accionista. No dia da eleição os índices accionistas […]
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A eleição de Barack Obama no início do mês de Novembro poderia significar um tónico para uma viragem no sentimento do mercado accionista. No dia da eleição os índices accionistas subiram, mas a partir daí encetaram uma trajectória descendente em direcção a novos mínimos do ano. O sector financeiro continua a ser, de longe, o mais penalizado, mas a pressão de venda estendeu-se a quase todos os outros sectores. Grandes investidores, como por exemplo Warren Buffett, registam perdas embaraçosas mas mantêm a crença no “valor” dos seus investimentos; títulos com PER (price earnings ratio) abaixo de 5 ou/e PCF (price cash flow) abaixo de 10 proliferam, apelando às compras dos investidores de longo prazo. Então porque não sobem? Ou dito de outra forma: porque continuam a arrastar-se? Para responder a esta questão vejamos o conceito de valor nos mercados financeiros…
Consideremos a visão “value” de Warren Buffet: Partindo do princípio que o valor de uma acção é muitas vezes diferente do seu preço, o corolário desta premissa será investir em negócios que estejam a transaccionar com um desconto significativo face ao “fair value”. A análise fundamental parte desta lógica: analisar as contas da empresa, estudar o negócio, estimar free cash-flows futuros, calcular o valor justo das acções e compará-lo como o preço de mercado. Se o “fair value” estiver significativamente acima do valor de mercado, devemos comprar.
Uma visão diferente de valor remete-nos para outro grande financeiro: George Soros. Soros considera que, não só o conceito de eficiência é fraco para explicar os mercados, como a própria ideia de preço de equilíbrio de longo prazo, subjacente aos gestores que procuram oportunidades por essa via, é sofrível e dramaticamente errado em certas circunstâncias de tempo. A palavra-chave desta ideia é a reflexividade. Quando os astrónomos analisam o comportamento dos astros e estimam os seus movimentos, a sua observação não influencia o objecto observado, ou seja, a observação é independente da realidade e vive versa. Em contrapartida, quando analisamos a acção de uma empresa, a nossa observação pode mexer com a realidade observada. Esta reflexividade é especialmente notória na formação de bolhas especulativas e no estoirar das mesmas.
Vejamos o exemplo da actual crise financeira. Como começou? Num segmento recôndito do mercado de crédito onde se concentram os devedores de alto risco (o subprime) os bancos concluíram que podiam emprestar sem limites porque havia a possibilidade de passarem automaticamente o risco para outros bancos (bancos de investimento) que os securitizavam (empacotavam juntamente com outros activos similares) e colocavam na carteira de clientes. Quem observou inicialmente a oportunidade viu bem a possibilidade de ter o melhor de dois mundos: dar casa a quem não tinha e satisfazer a gula dos investidores ávidos de uns pontos adicionais na rentabilidade. Essa observação mudou a própria realidade, pois muitos quiseram jogar um jogo em que aparentemente todos ganhavam e que vivia basicamente da capacidade de passar o risco para outro. No processo de aceleração da bolha especulativa foram os próprios bancos de investimento a incentivar mais empréstimos, para securitizar mais, vender mais, ganhar mais. Como é evidente este processo reflexivo tinha de ter um fim, porque assentava numa premissa falsa. A partir do momento em que os preços das casas deixou de subir e que o valor das hipotecas excedeu largamente o valor da garantia (a casa), os devedores, grande parte deles sem qualquer rendimento, deixaram de pagar. O processo transmitiu-se ao activo securitizado, ele próprio alavancado.
Conclui-se que não há só hipóteses de investimento certas ou erradas. Há também hipóteses reflexivas que podem ser verdadeiras ou falsas, o que significa que uma falácia como o exemplo acima mencionado resultou durante anos a fio até falhar. O mercado, em grande parte, é isto: ideias certas, ideias falsas, ideias reflexivas (verdadeiras ou falsas).
Na minha opinião é este conceito reflexivo que falta à visão “value” tradicional e é por isso que o barato pode não estar assim tão barato nas actuais circunstâncias do mercado.
Conselho: Não se apresse a apanhar uma faca em queda…Pode magoar!!!
Alexandre Mota, Consultor e Gestor de Carteiras da Golden Assets