Conveniência na alimentação e marcas próprias impulsionam consumo em Portugal
De julho a setembro, as vendas em valor de produtos FMCG em Portugal aumentaram 8,2%. É o que indica o NIQ Retail Spend Barometer, que analisou as tendências de vendas em bens de grande consumo e tecnologia e bens duradouros.
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As vendas em bens de grande consumo (FMCG) e tecnologia e bens duradouros (T&D) em Portugal aumentaram 7,3% entre julho e setembro de 2024, em comparação com o mesmo período do ano passado. É o que indica o novo NIQ Retail Spend Barometer, que combina dados da NIQ e da GfK para fornecer uma visão mais abrangente sobre o potencial e as evoluções do mercado em Portugal.
O total de vendas em ambos os segmentos atingiu 6,5 mil milhões de euros, um aumento que “deve-se tanto à subida de preços causada pela inflação como ao volume de vendas alcançado”, revela o estudo, indicando que os resultados “refletem significativamente” a crescente tendência para a conveniência na alimentação e a maior relevância das marcas próprias.
Nesta edição, os especialistas da NIQ e da GfK analisam as tendências nos setores FMCG e T&D, proporcionando informações para os retalhistas investigarem o mercado e otimizarem a sua oferta. De julho a setembro deste ano, as vendas em valor de produtos FMCG em Portugal aumentaram 8,2%, enquanto o crescimento em bens T&D foi de 2,9% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Mais refeições prontas…
Segundo o estudo, o crescimento dos bens de grande consumo deve-se sobretudo a duas tendências.
“Um número crescente de consumidores portugueses está a evitar as visitas a restaurantes devido ao forte aumento dos preços no setor da restauração. Em alternativa, optam por preparar refeições rápidas e práticas em casa. Isto levou a um aumento significativo nas despesas com refeições prontas e componentes em supermercados e discounters”, avança o estudo. Como exemplo, refere que as vendas de massas frescas refrigeradas aumentaram 18% em volume, a quarta gama cresceu 11,7% e refeições prontas refrigeradas subiram 4,5%.
Houve também um aumento correspondente nas despesas com refeições congeladas (7,1%), batatas congeladas (8,3%), vegetais congelados (2,9%) e gelados (2,4%). Contudo, este último registou um aumento de preço superior a 5%, levando o valor total a crescer 7,6%.
“Observamos uma tendência semelhante para produtos usados na preparação de sobremesas”, explica Ana Barbosa, Retailer Vertical director na NIQ em Portugal. “Embora as quantidades vendidas aqui tenham aumentado apenas 7%, o valor total dos gastos adicionais atingiu quase 16%, devido a um aumento de preço médio superior a 8%”, acrescentou.
… e mais marcas próprias
A segunda grande tendência no mercado FMCG em Portugal, apresentada pelo estudo, é a crescente importância das marcas próprias, cujos produtos são significativamente mais baratos do que os produtos de marca de fabricante. “Por exemplo, o volume de vendas de perfumes aumentou dois terços no terceiro trimestre de 2024. No entanto, como o preço médio neste segmento caiu mais de 10% devido às marcas próprias mais económicas, o valor total de vendas em perfumes foi de apenas 50%. Tendências semelhantes foram observadas em maquilhagem e cremes para mãos e rosto, devido ao aumento do investimento das cadeias de retalho em produtos de beleza nomeadamente nas suas próprias marcas”, exemplifica o NIQ Retail Spend Barometer.
Em Portugal, verificou-se ainda “uma queda significativa” nas vendas em volume da maioria das bebidas alcoólicas, incluindo licores, espumantes, aperitivos, vinho do Porto, brandy, whisky e bebidas espirituosas. “As principais razões são o aumento significativo dos preços e mudanças nos hábitos de consumo”, indica o documento. “O chocolate registou o maior aumento de preço no mercado FMCG português. O preço médio dos produtos de cacau subiu quase um quarto, levando a um aumento de 20% nas vendas em valor, apesar de o volume de vendas destes produtos ter caído 3,5%”, revela ainda.
Produtos T&D aumentam vendas
À semelhança dos FMCG, também os produtos T&D registaram um aumento de vendas em valor no terceiro trimestre, de que é exemplo o crescimento das vendas de artigos de bricolage (9,3%) e de eletrodomésticos (4,1%). No entanto, o aumento nas vendas de produtos tecnológicos foi menor, com uma subida de apenas 1,1%. “Isto deve-se ao facto de produtos como computadores, monitores, webcams e outros acessórios terem sido muito comprados durante a pandemia de Covid-19, e ainda não necessitarem de substituição”, defende o estudo.
“Esperamos um aumento significativo nos gastos durante o quarto trimestre, tanto no segmento FMCG como T&D. A Black Friday e a época natalícia vão impulsionar fortemente as vendas. No entanto, a sustentabilidade continua a ter um papel secundário no comportamento dos consumidores. Os portugueses só aceitam pagar mais por produtos ecológicos se estes apresentarem outras vantagens associadas”, explica Pedro Oliveira, Retail Manager Tecnologia e Bens Duráveis na NIQ/GfK em Portugal.