Tendências para 2023, na visão de Mara Martinho (Michael Page)
“Enquanto recrutadora, e principalmente nas camadas mais jovens, sinto que cada vez mais é uma pergunta que pesa na decisão de uma mudança profissional: quantos dias de teletrabalho irei ter? Não porque sejam todos reféns do estigma do nómada digital, mas sim porque se sentem mais confortáveis e com maior liberdade para equilibrar eles próprios a balança do tempo para o trabalho e para fora dele”
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Mara Martinho, Manager da Michael Page
Três anos após o início da pandemia, as tendências incorporam muito do que a mesma nos trouxe, principalmente no que diz respeito ao tema da flexibilidade e do trabalho remoto.
Engane-se quem pense que o mesmo não veio para ficar, porque veio, e essa é uma tendência para 2023 e para o futuro no geral. É óbvio que dependerá sempre de setor para setor e do equilíbrio que cada empresa encontra para que não se percam temas de cultura ou mesmo políticas de retenção. Porém, a esta altura espera-se que já esteja criado um plano estruturado e que preveja tal situação, sem descurar a performance dos colaboradores e das empresas.
Enquanto recrutadora, e principalmente nas camadas mais jovens, sinto que cada vez mais é uma pergunta que pesa na decisão de uma mudança profissional: quantos dias de teletrabalho irei ter? Não porque sejam todos reféns do estigma do nómada digital, mas sim porque se sentem mais confortáveis e com maior liberdade para equilibrar eles próprios a balança do tempo para o trabalho e para fora dele. Se isso acarreta maior responsabilidade por parte dos colaboradores? Acarreta. E mais uma vez terão de ser eles próprios a garantir que a produtividade seja a mesma quer no escritório como fora dele. Também a esta altura já se espera que cada um tenha a consciência de que estar a trabalhar na sua sala, num café ou no meio da natureza tem de significar exatamente o mesmo que estar a trabalhar na sua secretária num escritório físico lado-a-lado com a sua chefia e colegas.
A par disso, e desta vez fruto também da guerra que há quase um ano nos acompanha, vêm os salários brutos cada vez mais altos e os pedidos de aumentos cada vez mais significativos. Porquê? Porque a inflação reflete-se em todas as carteiras e no poder de compra que se vai perdendo. Além disso, as taxas fiscais são cada vez maiores e muitas das vezes o discurso é “se só me aumentar apenas 300 euros mensais, vou subir de escalão de IRS e, consequentemente, até ganhar menos; por isso, não me compensa esse aumento”. Se isto também é preocupante sob o ponto de vista das empresas? Também. Mas a tendência é criar planos de compensações e benefícios que gratifiquem numa mesma escala os colaboradores, sem que estes “saiam prejudicados” e ao mesmo tempo não seja um encargo desmedido para as empresas.
A preocupação com a sustentabilidade também é outro dos temas emergentes e que veio para ficar. Será uma das áreas onde existirão mais oportunidades de emprego e onde as empresas mais se irão focar em 2023. É urgente criar departamentos que se preocupem em mudar mentalidades e, principalmente, criar este volte-face de pensamento estratégico que olhe para o ambiente e pessoas na mesma medida que para o lucro a cada fecho de contas. É urgente preocuparmo-nos realmente com o futuro e com a finitude dos recursos que diariamente utilizamos. Ainda nesta linha de pensamento está a diversidade, que também será aposta afinca de várias empresas não só para cumprir quotas governamentais previamente exigidas, como porque já se percebeu que a heterogeneidade de pensamentos e visões são o que levam as empresas a evoluir.
O talento será também um assunto central neste próximo ano, não só a sua atração como retenção. A ambiguidade do que nos reserva o mercado de trabalho para este ano, a par de uma consciência coletiva de que a procura será maior e mais urgente do que os recursos humanos disponíveis, estão a fazer com que algumas empresas apostem na formação de colaboradores já existentes, possibilitando-os a “mudar cá dentro” e assim manter os níveis de satisfação dos mesmos elevados e ao mesmo tempo as necessidades suprimidas.
O digital também irá continuar a crescer e há até algumas empresas que estão a apostar na Inteligência Artificial para acelerar as primeiras fases dos processos de R&S (Recrutamento e Seleção), por exemplo, com leituras rápidas de currículos e descarte por palavras-chaves inexistentes. Se isso poderá influenciar negativamente um processo de R&S? Poderá. Principalmente nos que têm o cerne do peso da sua função nas soft skills. No entanto, em perfis técnicos onde a sua passagem a uma próxima fase depende do conhecimento “sim” ou “não” de uma determinada ferramenta, poderá tornar, sem dúvida alguma, o processo mais ágil.
Por último, mas não menos importante e ainda no tema do digital, estão os dados. Uma aposta clara de muitas empresas já em 2022 e ainda mais em 2023. Se não é mensurável, não se mede. E, se não se medir, como perceberei se estou ou não a fazer um bom trabalho? Se foi uma boa aposta? Se estou a caminhar na direção certa? Falamos de posições de Data Science, Data Analyst, Business Intelligence, Business Analyst, Data Insights, entre outras. A chamada Inteligência Analítica que urge no pensamento de cada Administração em deter na sua estrutura ao longo deste ano.