Dono do grupo Dia acusado de “cerco económico” para levar espanhola Zed à falência
O empresário negou todas as acusações numa audiência realizada esta segunda-feira. O Ministério Público espanhol vai continuar a investigar o caso
Ana Catarina Monteiro
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O empresário russo Mikhail Fridman (na imagem), dono de 70% do grupo Dia através do fundo Letterone, foi hoje ouvido em Assembleia Nacional, em Espanha, na sequência da investigação sobre a sua suposta responsabilidade pela queda do grupo espanhol de tecnologia Zed World Wide (ZWW), com a finalidade de o adquirir por um preço inferior. O empresário negou todas as acusações. O Ministério Público espanhol vai continuar a investigar o caso.
O magnata é suspeito de ter realizado um “cerco económico”, que levou à falência da ZWW, em 2016, sendo acusado de crimes como corrupção de negócios, abuso de mercado, insolvência punível e administração desleal.
Fundado em 1998 em Madrid, o grupo de tecnologia operava no desenvolvimento e comercialização de conteúdos e serviços móveis. Fridman tornou-se acionista e um dos principais credores da empresa.
O “cerco económico” à ZWW dá-se a partir de 2014, através da rescisão de contratos por parte da operadora holandesa Vimpelcom, controlada pelo empresário russo através da Letterone e na altura já com problemas com a justiça norte-americana. A empresa era responsável por 40% das receitas do grupo espanhol, explica o Finantial Times.
A situação levou a Zed a contrair empréstimos de “140 milhões de euros, parte deles fornecidos por um banco controlado por Fridman”.
“Poucos meses” depois da falência da tecnológica, “pessoas próximas” ao magnata russo propuseram a compra da empresa por 20 milhões de euros, um valor considerado “muito abaixo” do valor de mercado que a empresa tinha antes das supostas manobras controladas por Mikhail Fridman, de acordo com o processo.
A defesa de Fridman alegou hoje que as empresas do magnata “nunca fizeram uma oferta de compra por Zed”, argumentando que os problemas da tecnológica “surgiram do que é fundamentalmente (e simplesmente) uma disputa entre acionistas espanhóis e russos”.
Além disso, remete as mesmas infrações para o dirigente da Zed, Javier Pérez-Dolset, que é quem acusa Fridman neste processo. Os advogados de Fridman atribuem uma “gestão inadequada da Zed” ao dirigente, explica o jornal espanhol El País citando um comunicado dos advogados de Fridman.
O responsável fiscal pelo caso, José Grinda, explicou à agência de notícias AFP que a situação envolve “uma técnica típica da máfia russa”, remetendo para um ataque para apropriação ilegal de uma empresa. “De uma questão violenta passou a ser uma questão económica ou jurídica: asfixia-se a administração da empresa, terminando em insolvência”, declarou.
Fridman enfrenta um processo semelhante relacionado com o grupo Dia. Em agosto passado, um grupo de acionistas minoritários do grupo dono do Minipreço acusou Fridman de ter manipulado o mercado com a utilização de informações privilegiadas para obter a companhia a um preço “irrisório”.