Gonçalo Pereira (Jameson) e Gonçalo Faustino (Maldita)
A primeira cerveja lusa envelhecida em barris de whisky
O que acontece quando uma cerveja artesanal estagia durante dez meses em barris já utilizados para envelhecimento de whisky? A Jameson e a Maldita uniram-se para descobrir e o resultado chama-se O’Phélia
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Ana Catarina Monteiro
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O que acontece quando uma cerveja artesanal estagia durante dez meses em barris já utilizados para envelhecimento de whisky? A Jameson e a Maldita uniram-se para descobrir e o resultado chama-se O’Phélia.
Recuemos ao segundo milénio Antes de Cristo. Reza a lenda que uma jovem mulher da tribo lusitana desenvolveu uma receita original de cerveja, a qual pretendia dar a provar ao seu pai quando este voltasse da Irlanda. Diz-se que a tribo teria partido da Península Ibérica à conquista daquela região nórdica, muito antes dos celtas se apoderarem das ilhas britânicas. Diz-se também que a jovem, chamada Ofélia, apercebeu-se após várias experiências do toque sofisticado que o envelhecimento de cerveja em barris de whisky dá à bebida milenar. Orgulhosa da sua descoberta, esperou pelo pai, um dos maiores guerreiros e mestres cervejeiros lusos, mas este não regressou mais a casa e a cerveja criada para si nunca foi saboreada. Até hoje.
É sob este mote que a destilaria irlandesa Jameson e a microcervejeira portuguesa Maldita se associaram para a criação da O’Phélia. É quase uma bebida espirituosa, de cor acobreada e com ausência de espuma. “Ao desgustá-la, nota-se o carvalho, que as pessoas associam ao aroma de whisky, tem notas de caramelo e sente-se a baunilha no nariz. Em termos de boca, há uma agressividade alcoólica e muita secura. No final, um caramelo torrado no palato”, diz quem sabe, Gonçalo Faustino, produtor cervejeiro da Maldita.
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Gonçalo Pereira (Jameson) e Gonçalo Faustino (Maldita)
Uma nova categoria de bebida em Portugal
A nova bebida, que não cabe no universo das cervejas nem do whisky, representa uma nova categoria de produto em Portugal. Até à data nenhuma produtora tinha envelhecido cerveja em barris que já estagiaram ao sabor de um whisky de tripla destilação, como o Jameson Original. “O envelhecimento em barril já se fez em Portugal, mas de whisky não. Até porque não é tão fácil arranjarem-se barris de whisky como é de Vinho do Porto ou Vinho Madeira”.
As duas produtoras conheceram-se durante uma prova de cervejas e depois de provar a bebida “porta-estandarte” da Maldita, a marca irlandesa aliciou a microcervejeira de Aveiro a ingressar na parceria. O mestre cervejeiro da marca lusa viajou então até à fábrica da Jameson na Irlanda, onde conheceu o mestre cooper (tanoeiro) da empresa, Ger Buckley e, depois de montar um barril, selecionou dez barris já utilizados para trazer para Portugal. A cerveja mais vendida da Maldita, a English Barley Wine (vinho de cevada inglês), estagiou nos mesmos durante dez meses e saiu recentemente para o mercado com rótulo da O’Phélia. A edição limitada a 3500 garrafas está à venda em lojas especializadas.
Portugueses muito apreciadores de whisky
A Jameson já tinha realizado iniciativas da mesma natureza com produtoras de cerveja da “Irlanda, Inglaterra, Estados Unidos e em alguns países nórdicos, como a Noruega”, mas foi a primeira vez que o fez num país europeu da zona mediterrânica. O projeto representa um investimento entre os “50 mil e os 100 mil euros” num mercado “muito apreciador de whisky”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Gonçalo Pereira, brand manager para Portugal da produtora irlandesa. “Em termos de consumo per capita, a Jameson é a terceira marca mundial mais consumida em Portugal. Os portugueses gostam de whiskies suaves, como é o nosso”. A ideia criativa da O’Phélia foi desenvolvida em conjunto pela produtora irlandesa e a agência portuguesa Volta.
“Quisémos dar uma nova experiência de consumo ao nosso público-alvo. O whisky é uma bebida consumida maioritariamente por homens entre os 25 e os 40 anos. No entanto, estamos a lançar novos produtos para atrair outros targets como, por exemplo, a nova bebida Jameson Ginger and Lime, mais fresca e mais suave, que pretende atrair mulheres e consumidores não habituais de whiskies”, dá conta o responsável.
A parceria entre as duas marcas segue agora para uma segunda fase, que pretende dar continuidade ao projeto “Caskmates”, criado em 2016 pela Jameson, o qual supõe o processo inverso – um whisky envelhecido nos mesmos barris que carregaram a O’Phélia.