Centro de Inovação da GS1 abre portas no primeiro semestre de 2016
A GS1 vai lançar, no final do ano, o Centro de Inovação e Competitividade, em Lisboa. No mês em que analisa o sector, o HIPERSUPER entrevistou o Director Executivo da organização, João de Castro Guimarães
Ana Catarina Monteiro
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A GS1 vai lançar, no final do ano, o Centro de Inovação e Competitividade, em Lisboa. No mês em que analisa o sector, o HIPERSUPER entrevistou o Director Executivo da organização, João de Castro Guimarães.
A GS1 Portugal introduziu os códigos de barras em Portugal há mais de 25 anos. Fundada em 1985, a associação reúne mais de 7 350 empresas, das quais 80% estão ligadas ao retalho e bens de consumo.
Qual o investimento estimado para o projecto?
O investimento para o Centro de Inovação e Competitividade, que deverá abrir portas no primeiro semestre de 2016, ainda está a ser estimado. Sendo uma infra-estrutura inteiramente dedicada aos standards globais e ao Sistema de Normas GS1, será um espaço ímpar no País, que permitirá aos nossos associados (e não só) apreender “ao vivo” como conferir visibilidade e eficiência aos negócios, através da identificação, captura e partilha de dados empresariais. Em simultâneo, terá uma componente formativa muito relevante, aberta aos associados, mas também à comunidade empresarial. Com a assinatura do arquitecto Pedro Appleton e do atelier Promontório, corresponde a uma intervenção de reconstrução e remodelação profunda em estrutura pré-existente.
Segundo o Director da GS1, “as novas soluções de codificação desmaterializadas podem ajudar a replicar em outros sectores a experiência de 40 anos de eficiência e rastreabilidade do retalho”. Que soluções são essas?
É de destacar uma solução concreta, lançada em 2014, com a recomendação (endorsement) de produtores, retalhistas e respectivas associações. A Plataforma Sync PT é uma solução de sincronização global de dados comerciais, nutricionais, de marketing e logísticos, assente no Sistema de Normas GS1, que visa responder aos preceitos do regulamento 1169/2011/UE, a 13 de Dezembro, evitando a saída das marcas e das insígnias do alimentar dos canais de venda digitais.
Sendo um repositório de dados de produto, fiáveis e de qualidade, com um ponto único de entrada para dados-mestre e acessível aos diversos agentes ao longo de toda a cadeia de valor, a Plataforma vai permitir que esses dados, uma espécie de rótulos digitais até certo ponto, possam ser sincronizados entre produtores e retalhistas e disponibilizados aos consumidores em tempo real, através de plataformas online e mobile (aplicações móveis).
A eficácia desta ferramenta é assegurada pela abrangência e fiabilidade das fichas de produto, com os seus cerca de 80 atributos/campos, entre os quais os 12 obrigatórios identificados pelo regulamento (incluindo dados nutricionais, lista de ingredientes, ingredientes/auxiliares tecnológicos que provoquem alergias/ intolerâncias, data limite de consumo ou condições de conservação e/ou utilização), na medida em que são inseridos na plataforma “apenas” pelos proprietários das marcas, mas ficam disponíveis a todos os agentes na cadeia de valor.
Neste momento, destaco, desde já, a adesão das principais insígnias da produção e do retalho, como Auchan, Sonae, Intermarché, ECI, a Nestlé, Pescanova, Delta, Danone, num total de mais de 750 empresas aderentes.
Que tipo de informação poderá vir a prazo ser integrada nos sistemas?
Toda a informação que o fabricante considerar relevante sobre o produto ou serviço (origem, validade, características nutricionais, entre outros).
No Sistema de Normas GS1, existem, à partida, duas soluções de marcação por códigos de barras, que se dividem em duas grandes aplicações, e onde cabe todo o tipo de informações, o GS1 DataBar, o novo código de barras para o sector dos bens de grande consumo, nomeadamente para os produtos frescos, mais sofisticado que o tradicional código de barras, e o GS1 DataMatrix, um código de barras muito adaptado às necessidades e especificidades de sectores como a saúde. No primeiro caso, a nova simbologia GS1 DataBar assegura melhorias de forma automática nas condições de gestão e serviço, limitando, por exemplo, a venda de produtos com validade expirada ou pertencentes a lotes que foram alvo de restrição à comercialização, ajudando ainda na gestão de promoções, descontos e outros serviços ao cliente. Está muito presente no retalho e na distribuição moderna, mas pode ser utilizada em muitos outros sectores de actividade. No caso do DataMatrix, que exige um novo tipo de scanners (leitores), estamos a falar de um código de barras bidimensional que permite armazenar muitos dados de produto e capaz de permitir, por exemplo, a identificação, captura e partilha de toda a informação relevante, sobre determinado medicamento ou dispositivo médico e sobre o paciente.
Quais as últimas inovações que a tecnologia permitiu?
Todas as nossas soluções dispõem de uma componente tecnológica essencial à sua própria eficácia. Para desenvolvê-las, temos colaborado com uma série de prestadores de serviços tecnológicos muito competentes, com créditos firmados e ao nível dos seus pares internacionais. Além da Plataforma Sync PT, gostaria de destacar o 560 e-Invoice, um serviço de Web EDI, adaptado a Micro e PME, que permite a troca electrónica desmaterializada de qualquer documento comercial (notas de encomenda, guias de transporte, facturas, entre outros), casos paradigmáticos de inovações que a tecnologia permitiu.
Acima de tudo, num momento em que assistimos a novos paradigmas de consumo e extraordinárias tecnologias online e mobile, por exemplo, o RFID (rádio frequência) ou as aplicações contactless (smartcards), é preciso compreender que há uma questão cada vez mais importante para os consumidores: a prevalência nas diversas cadeias de valor de dados e sistemas de dados seguros e fiáveis.
A que novas áreas se prevê que estenda a descodificação nos próximos anos?
Os nossos sectores tradicionais ou ‘core’ incluem os Bens de Consumo, Transportes & Logística, ‘Do ItYourself (DIY)’ e Materiais de Construção ou Químico e Têxtil. Porém, há uma diversidade de novos sectores onde a adopção dos nossos standards pode ter um impacto significativo, na visibilidade e eficiência das respectivas cadeias de valor, nomeadamente, na Saúde, onde começámos a dar passos significativos em 2014, mas também o Financeiro, o Automóvel ou a Administração Pública.
O que têm feito nos últimos tempos para aumentar a visibilidade dos standards e a luta contra a contrafacção?
A missão da GS1 no mundo dos negócios resume-se em cinco mil milhões de ‘bips’ diários, em todo o mundo. Assente no Sistema de Normas GS1 e baseado em identificações e meios automáticos de captura, desenvolve-se uma rastreabilidade de trás-para-frente em todas as cadeias de valor onde o Sistema está implantado.
Esta é a primeira peça de um puzzle. A segunda é o GDSN, Global Data Syncronization Network, uma rede global de sincronização de dados onde os donos das marcas colocam as informações sobre os produtos e os restantes intervenientes (quer sejam distribuidores, retalhistas, reguladores, fiscalizadores ou utilizadores finais) efectuam a consulta de informação, que é segura e fidedigna. Esta rede funciona com base nos elementos de identificação, permite o acesso a um conjunto complementar de informações sobre os produtos e possibilita que todos os intervenientes tenham sempre acesso às versões mais actualizadas dessa informação. Em Portugal, o nosso papel mais recente tem sido o de colocar esta segunda peça do puzzle em funcionamento.
Quais os principais desafios para os próximos anos na descodificação para os standards globais?
O grande desafio que se impõe às marcas e aos vários agentes na cadeia de valor (do fabricante ao consumidor final, do prado ao prato), em todas as cadeias de valor, passa pela aposta crescente e inequívoca na inclusão e na colaboração. O enfoque no preço e no serviço continuam a ser essenciais para os consumidores e para os diversos públicos das marcas. Contudo, há uma série de outras variáveis comuns a todo o tipo de experiências de consumo, que recuperaram o seu protagonismo (agora) no mundo digital. Estamos a falar questões-chave como rigor, qualidade, transparência, autenticidade, fiabilidade, simplicidade, personalização ou sustentabilidade, que, mais cedo ou mais tarde, terão que ser incorporadas de uma forma transversal e intersectorial nas estratégias comerciais e comunicacionais das marcas.
“Descodificar para os standards globais é imperativo para criar emprego, mais informação fiável e atempada, aproveitar melhor a abertura aos mercados, controlar de forma mais eficiente a qualidade”, disse o professor Marcelo por ocasião do Congresso da GS1.
Não podia estar mais de acordo. Afinal, ao contribuírem para a maior eficiência (qualidade, celeridade e segurança) de processos e ajudarem a reduzir significativamente os custos ao longo de toda a cadeia de valor, os standards globais acabam por ter um papel decisivo no que respeita à criação de empregos e à dinamização da própria economia. O raciocínio é simples, mas muito virtuoso. Por um lado, ao eliminarmos o desperdício e reduzirmos uma série de custos desnecessários, estamos a contribuir para a diminuição do preço final, pago pelo consumidor. No entanto, estamos a apetrechar as empresas e, idealmente, o próprio Estado, com ferramentas que lhes permitem combater as ineficiências e fenómenos como a contrafacção e a evasão fiscal, geradoras, elas próprias, de externalidades positivas ao nível de segurança no consumo. Pensemos, por exemplo, na saúde e nas consequências para pacientes e Erário Público de diagnósticos errados ou do uso de medicamentos ou dispositivos médicos fora do prazo de validade, não conformes ou inadequados.