Sérgio Leote, Consultor Sénior Michael Page Retail
Toca a reunir!, por Sérgio de Sena Leote (Michael Page Retail)
A tónica passa a estar provavelmente hoje mais do que nunca na redução de custos associados à componente de ‘supply chain’ no seu todo
Rita Gonçalves
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Por Sérgio de Sena Leote, Consultor Sénior Michael Page Retail
Podemos hoje olhar para trás e dizer que já muita tinta correu sobre a crise e respectivos impactos no sector do retalho. Muitas opiniões foram esboçadas e vários foram os que arriscaram indicar o caminho que cada um dos players devia seguir, no sentido de se minimizarem os impactos desta moldura económica tão pouco favorável. A questão que a meu ver se poderá colocar é que nesta equação se têm considerado apenas dois elementos quando deverão ser mais.
Vejamos, muito já se disse sobre os retalhistas em geral, sejam alimentares ou especializados. O mesmo para os fabricantes/fornecedores. Então e o resto? Então significa que deveremos desprezar tudo o resto que gravita em torno do sector de retalho e bens de grande consumo? Garantidamente que não, sob o risco de fazermos uma análise pobre e cujo ponto de partida está desde logo errado, gerando obviamente conclusões incipientes e sem qualquer valor ou representatividade.
Para uma análise minimamente profícua terá que se considerar na referida equação os sistemas de logística e transporte, que são hoje confrontados com exigências completamente diferentes. Também aqui a flexibilidade e capacidade de adaptação terão de passar a ser as palavras de ordem.
A tónica passa a estar provavelmente hoje mais do que nunca na redução de custos associados à componente de ‘supply chain’ no seu todo, sem que isso possa de alguma forma comprometer a eficiência das respectivas estruturas. Basicamente, o mote é o de conseguir continuar a assegurar que os produtos continuam a chegar ao linear com custos mais baixos. A premissa é que produto que não se vê, não se vende.
A eficiência terá que ser levada ao extremo e passa-se a contar para a maioria dos casos, tanto para o lado dos fornecedores como dos próprios retalhistas, com estruturas de aprovisionamento mais complexas e que servem muitas vezes um propósito ibérico ou até mais lato que isso. Muitas vezes, assiste-se mesmo ao eliminar de estruturas de armazenamento no nosso país dando lugar a plataformas logísticas com âmbito ibérico ou até maior do que isso. Também no sentido de se conseguir uma estrutura de custos mais flexível, se assiste a uma externalização cada vez maior por parte de retalhistas e empresas de FMCG, no que às componentes de logística e transportes diz respeito. Perante isto, também do lado dos operadores logísticos terá que haver a apresentação de soluções que sejam adequadas.
Do lado daqueles que têm ficado bastante na sombra quando se fala em alteração ou adequação de estratégias para fazer face ao cenário desafiante em que nos encontramos, encontram-se também as sociedades gestoras de centros comerciais. Sobre estes pouco ou nada tem sido dito, mas creio que também para estes se deverá parar para pensar. Obviamente, não quero generalizar e creio que é sempre delicado fazê-lo, e é certo que aqui e ali se vão esboçando algumas iniciativas, mas creio muito mais se poderá fazer. Como ponto de partida, deverá levar-se em linha de conta também, que tal como acontece nas estruturas de retalho, também aqui heterogeneidade de estruturas e respectivos orçamentos são bastante diversos.
Centrando-me nestes intervenientes, sou da opinião de que estes poderão também ter uma palavra a dizer no sentido de se apresentarem soluções criativas e que permitam assim minorar o efeito ou impactos da crise.
Creio que quem tem a responsabilidade pela gestão de centros comerciais, deve hoje mais do que nunca avaliar de forma muito criteriosa o ‘tenant mix’ proposto para cada centro. Podem e devem hoje ser mais criativos do que nunca, na dinamização de acções que gerem maior tráfego nos respectivos centros e também no sentido de conseguirem uma fidelização de clientes.
Para isto, contará muito mais a criatividade e a vontade de querer fazer do que propriamente as verbas disponíveis. O sentido a tomar deverá ser muito mais o de se aproximarem dos respectivos logistas e tentarem em conjunto com eles encontrar uma solução interessante, em vez de se adoptarem posturas de meros senhorios.
Aqui, as opções podem ser francamente variadas. Enumerando apenas algumas, poderá fazer-se um trabalho bastante interessante, sobretudo com retalhistas mais pequenos, no sentido de se prepararem planos promocionais mais assertivos; podem também desenvolver-se parcerias no sentido de se conseguirem sinergias com os lojistas visando o apoio na definição de layouts mais apelativos; podem também conceber-se contratos menos leoninos que
permitam a entrada de estruturas mais pequenas, fomentando por exemplo lógicas de pop-up stores. Enfim, e os exemplos poderiam continuar até à exaustão, mas o que importa reter é que o espectro dos que devem reequacionar a sua postura perante as condições adversas em que nos encontramos é bastante mais alargado do que numa primeira análise poderia parecer e em última análise as entropias e ineficiências de qualquer elemento desta cadeia impactará directamente a performance de cada interveniente. Perante isto, a postura a assumir terá que ser uma – toca a reunir!