Uma década perdida para a zona euro?, por Ernst & Young’s
Ernst & Young’s analisa profundamente a economia da zona euro e aponta soluções para a crise
Rita Gonçalves
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Enquanto o Banco Central Europeu reduziu significativamente as transacções monetárias e com isso fez diminuir no curto prazo o risco de desagregação da zona euro, a resposta política para a crise ainda está aquém do necessário para mudar o jogo e restaurar a estabilidade a longo prazo, revela a previsão de Outono do Ernst & Young’s Eurozone Forecast (EEF).
É expectável que a zona euro continue a não apresentar melhoras, e enfrente mesmo um aumento do desemprego, contracção do investimento e maior austeridade fiscal. O EEF prevê ainda para este ano uma contracção do PIB de 0.5% e um crescimento marginal de 0.1% em 2013, um abrandamento face à previsão do último trimestre. Para reequilibrar a economia o aperto fiscal deverá abrandar, e espera-se um crescimento do PIB. Mas o crescimento será limitado durante muitos anos devido à persistente estabilidade e desalavancagem da dívida do sector público e privado.
Mesmo esta modesta recuperação é vista pelas autoridades europeias e dos estados como tendo carácter inovador e de suporte. O anúncio efectuado o mês passado foi o início e não o fim do processo.
Abordagem radical
Marie Diron, senior economic adviser do Ernst & Young Eurozone Forecast, comenta, que a “recente medida do BCE, sob a forma de compra de títulos, ainda que essencial, só vai servir como medida temporária para a zona euro. Acreditamos que nos próximos meses será necessária uma abordagem mais radical para garantir uma recuperação ainda que fraca no próximo ano e no futuro”.
O desemprego na zona euro vai continuar a subir e situar-se nos 19.2 milhões ou um pouco acima de 12% no primeiro trimestre de 2014. Em Portugal, a taxa de desemprego deverá ultrapassar os 16%, enquanto na Espanha e na Grécia deverá chegar aos 26% e 27% da força de trabalho, respectivamente.
O investimento das empresas também será reduzido em resposta a condições de financiamento mais restritivas e à incerteza acerca da estabilidade da moeda única e ganhos lentos. A contracção da despesa de investimento é tal que, até ao final de 2016, o nível de investimento esperado fica abaixo do pico de pré-crise.
Mark Otty, Ernst & Young Area Managing Partner for Europe, Middle East, India and Africa, defende que, “como a incerteza económica contínua a prevalecer em toda a zona euro, é essencial para as empresas que os políticos continuem a dinâmica e a agir de forma decisiva. A economia não pode ter empresas a apertar o cinto quando os consumidores retraem os gastos”.
Tensões nos mercados de dívida soberana indicam que as finanças públicas não são a única preocupação nas economias periféricas, mas também as divergências de competitividade. Enquanto os ajustamentos económicos necessários na periferia estão a dar resultados positivos, o equilíbrio só pode ser alcançado se os países, como a Alemanha, procurarem políticas para aumentar a despesa interna e importação.
Segundo Marie Diron, ajustes externos “através da contenção salarial e aumento da produtividade são fundamentais; sem a melhoria da competitividade a austeridade fiscal vai manter esses países atolados em recessões profundas”.
Maria explica, “É necessária uma rápida união bancária e fiscal para a sobrevivência da zona euro a longo prazo. Na verdade, os arquitectos do euro sempre imaginaram que a união monetária conduziria a uma maior integração económica e fiscal.”
Reforma política
A lista de medidas necessárias para manter a zona euro na sua forma actual é longa e politicamente difícil. Inclui, entre outros, um alargamento do Mecanismo Europeu de Estabilidade (ESM), a união bancária, o progresso rumo à união fiscal e uma mudança na política macro de modo a que se concentre menos na austeridade e mais no crescimento.
“Embora o acordo para mudar a supervisão bancária ao nível da zona euro seja um passo encorajador, um sistema bancário correctamente integrado requer partilha não apenas do Regulador, mas também de apoio. Alguns países da zona euro têm um sector bancário muito dependente dos respectivos governos. Sem responsabilidade fiscal partilhada na forma de depósito esses bancos nacionais permanecerão um risco”.
Os riscos negativos ao nível do PIB continuam nas previsões do BCE, o que conduz a medidas adicionais, mas não convencionais, para enfrentar as dificuldades nos mercados de financiamento, ao mesmo tempo que os governos introduzem reformas estruturais para colocar a moeda única numa base mais firme.
O BCE já está perto dos limites que lhe são permitidos ao nível da política monetária convencional, uma vez que reduziu a sua taxa de juro de referência de 1% para 0.75%, um recorde para a zona euro. O BCE acredita que se estará agora na parte inferior de um ciclo. No entanto, um corte adicional da taxa ainda não pode ser descartado, caso a economia se deteriore de forma mais acentuada do que o esperado.
Danos permanentes?
É provável que os acontecimentos dos últimos cinco anos tenham causado danos permanentes ao crescimento de muitas das economias da zona euro, particularmente nas que estiveram no epicentro da crise da dívida soberana. Esta situação junta com as medidas de austeridade, restrições ao crédito, enfraquecimento da procura externa e uma falha na abordagem de questões relacionadas com a competitividade no longo prazo vai pesar sobre o crescimento para a próxima década.
Mark Otty conclui: “As perspectivas para a economia da zona euro continuam a ser subjugadas e a enfrentarem muitos obstáculos. No entanto, a competitividade e o crescimento devem permanecer no topo da agenda dos líderes da zona euro de modo a que possam competir no longo prazo e em cenário mundial”.
Previsão de Outono do Ernst & Young’s Eurozone Forecast (EEF)