Inovar não é só lançar novos produtos e embalagens
Muitas vezes negligenciada pelos empresários, a modernização dos processos de produção é talvez a mais sustentada e frutífera forma de inovação
Rita Gonçalves
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Muitas vezes negligenciada pelos empresários, a modernização dos processos de produção é talvez a mais sustentada e frutífera forma de inovação
A inovação pode ajudar as empresas a crescer, criar emprego e assim ajudar a economia nacional a sair do sufoco? Pedro Miguel Santos, director-geral da Consulai, especialista em consultadoria agro-alimentar, não tem dúvidas que sim. Porque o lançamento de novos produtos e embalagens, assim como o melhoramento de bens e serviços já existentes, é apenas uma ínfima parte do conceito de inovação.
A retracção no consumo em Portugal e a diminuição da abertura para a experimentação por parte do consumidor têm levado as empresas a lançar menos produtos no mercado e canalizar os investimentos para o aperfeiçoamento dos processos de produção, sublinha Pedro Santos.
“A inovação vai muito além do lançamento de novos produtos e serviços. Tornar o processo de produção mais eficiente também é inovar. É uma melhoria mais estruturada e de longo prazo que permite produzir de forma mais eficiente, barata e sem perdas, e aproveitar melhor os recursos”.
Este tipo de inovação é muitas vezes esquecida em Portugal. Não só porque não tem o mesmo impacto mediático do lançamento de um novo produto como também porque muitos empresários desconhecem que a melhoria dos processos produtivos também é inovação.
“Temos aconselhado as empresas a pensarem a médio e longo prazo. A fabricar produtos diferenciadores e de forma mais eficiente. A aproveitar as oportunidades agora em cima da mesa para que, quando a crise passar, possam estar novamente na linha da frente. A inovação é uma atitude. As empresas têm de estar disponíveis e conscientes de que o mundo está sempre a mudar e que é preciso antecipar tendências. As indústrias estão felizmente a tornar-se mais activas e menos reactivas”.
Exportar diferenciação
Ao longo dos séculos, os portugueses têm demonstrado que sabem como ninguém encontrar boas ideias e soluções em situações de aperto e sufoco. Mas, Pedro Santos acredita que não é isso que move os empresários portugueses actualmente mas sim a necessidade de preparação para os desafios que se avizinham.
“As mudanças estão em curso. São sobretudo demográficas: o envelhecimento da população em Portugal contrasta com o rejuvenescimento noutras geografias. Em Angola, por exemplo, perto de 50% da população tem menos de 15 anos. Também a economia mundial sofre a deslocalização dos centros de poder para os BRIC. A Europa e os EUA deixaram de ser os centros de decisão do Mundo”.
As implicações para a agro-indústria nacional são muitas: desde logo porque o Brasil, a Rússia, a Índia e a China são os países que mais lutam para pôr fim às barreiras de importação e movimento de bens. “Um país pequeno como o nosso, que abandonou a produção de bens alimentares, tem muito a perder”.
Como pode o País preparar-se para enfrentar estes desafios? “Portugal tem de construir um pulmão forte de produção mesmo nas culturas onde não é competitivo, como cereais, algumas frutícolas, entre outros, para reduzir as importações e tornar-se menos dependente do estrangeiro. E investir na produção de um conjunto de produtos de nicho – competitivos e diferenciadores – que fazemos realmente melhor do que outros, para exportar”. Azeite, vinho, pêra rocha, mirtilos, enchidos tradicionais e frutos secos, são alguns exemplos. “Temos um conjunto de riquezas que não sabemos aproveitar”.
A aposta na sustentabilidade, como a redução da pegada de carbono, a diminuição da poluição e a protecção das águas, entre outros, pode funcionar como um bom argumento de diferenciação na hora de competir com países que ainda não têm na agenda as questões ambientais.
Os PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa) e o Brasil são destinos de exportação privilegiados para os produtos portugueses. “Em Angola, por exemplo, tudo o que é alimentar gira em torno das marcas portuguesas, dominamos o mercado e somos reconhecidos pela qualidade”.