Distribuição

Nova geografia da JM será conhecida em Outubro/Novembro

A especulação sobre a nova geografia da Jerónimo Martins é cada vez maior. Recentemente foi o jornal Sol a dar como certa a ida para a Colômbia. Do lado da JM a decisão é anunciada em finais de Outubro ou início de Novembro. Até lá, segredo absoluto.

Victor Jorge
Distribuição

Nova geografia da JM será conhecida em Outubro/Novembro

A especulação sobre a nova geografia da Jerónimo Martins é cada vez maior. Recentemente foi o jornal Sol a dar como certa a ida para a Colômbia. Do lado da JM a decisão é anunciada em finais de Outubro ou início de Novembro. Até lá, segredo absoluto.

Victor Jorge
Sobre o autor
Victor Jorge
Artigos relacionados
Navigator registou 529M€ de volume de negócios no primeiro trimestre
Não Alimentar
Dias da Moda do UBBO trazem workshops e consultores de moda
Retalho
Quinta da Vacaria lança Grande Reserva 2019
Bebidas
Quinta da Vacaria
Equipa portuguesa vence final ibérica da 33.ª edição do L’Oréal Brandstorm com projeto inovador de skincare masculino
Inovação
Equipa portuguesa vence final ibérica da 33ª edição do L’Oréal Brandstorm
MC volta a integrar a “A List” do CDP e reforça liderança no combate às alterações climáticas
Retalho
MC
Monte da Bica aposta na exportação e apresenta novos vinhos
Bebidas
8º Congresso Nacional do Azeite vai debater os novos desafios para o setor
Alimentar
Retalho gerou 70.015 M€ de volume de negócios em 2023
Retalho
Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”
Alimentar
Vinhos de Portugal promovem-se na APAS SHOW 2025 em São Paulo
Exportação
PUB

Falando à margem de uma conferência da AEP sobre sucessão familiar nas empresas, Alexandre Soares dos Santos, chairman da Jerónimo Martins, garantiu que uma decisão sobre a expansão para uma terceira geografia (depois de Portugal e Polónia) será conhecida em finais de Outubro ou início de Novembro, não confirmando a possibilidade que surgiu há dias da Colômbia.

Foi o jornal Sol que na última edição indicou que a expansão do maior retalhista português seria para terras colombianas, depois do embaixador português em Bogotá, Augusto Saraiva Peixoto, ter dado essa garantia. Estão “praticamente instalados” na Colômbia, assegurou ao Sol o diplomata, reforçando a ideia da escolha já estar tomada com as idas frequentes de elementos da gestão da empresa ao país governando pelo Presidente da República, Juan Manuel Santos.

PUB

Aliás, o Sol avança que no passado dia 21 de Junho, “uma comitiva de administradores do grupo, liderada pelo CEO, Pedro Soares dos Santos, foi recebida pelo Presidente da República colombiano”, revelando que nessa reunião estiveram presentes, igualmente, o ministro do Comércio, Industria y Turismo, Sérgio Díaz-Granados, e a directora da Proexport, entidade colombiana responsável pela promoção do investimento estrangeiro.

“Já é certo [que a JM vai entrar na Colômbia]. Em Maio ou Junho estiveram cá e a embaixada solicitou uma entrevista do grupo com o Presidente. Correu muito bem, demorou meia hora e o grupo manifestou que a decisão de vir para cá já estaria tomada”, disse o embaixador, que também esteve na sessão, ao Sol.

E para dar como praticamente certa essa decisão, o diplomata português dá o exemplo do presidente da Mota-Engil, António Mota que, antes de abrir o escritório da companhia construtora portuguesa na Colômbia, em 2010, reunião com o ex-Presidente Álvaro Uribe.

Saraiva Peixoto terá mesmo dito que a JM “deverá entrar com uma força de grande dimensão. Não é só para vir para a capital. Querem instalar-se em toda a Colômbia”.

Certa parece ser a decisão de Alexandre Soares dos Santos em retirar-se do activo: “em 2013 eu retiro-me definitivamente”, garantiu o chairman da Jerónimo Martins.

 

Sobre o autorVictor Jorge

Victor Jorge

Artigos relacionados
Navigator registou 529M€ de volume de negócios no primeiro trimestre
Não Alimentar
Dias da Moda do UBBO trazem workshops e consultores de moda
Retalho
Quinta da Vacaria
Quinta da Vacaria lança Grande Reserva 2019
Bebidas
Equipa portuguesa vence final ibérica da 33ª edição do L’Oréal Brandstorm
Equipa portuguesa vence final ibérica da 33.ª edição do L’Oréal Brandstorm com projeto inovador de skincare masculino
Inovação
MC
MC volta a integrar a “A List” do CDP e reforça liderança no combate às alterações climáticas
Retalho
Monte da Bica aposta na exportação e apresenta novos vinhos
Bebidas
8º Congresso Nacional do Azeite vai debater os novos desafios para o setor
Alimentar
Retalho gerou 70.015 M€ de volume de negócios em 2023
Retalho
Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”
Alimentar
Vinhos de Portugal promovem-se na APAS SHOW 2025 em São Paulo
Exportação
Não Alimentar

Navigator registou 529M€ de volume de negócios no primeiro trimestre

Negócio tissue já representa 25% da faturação, com 81% das vendas nos mercados internacionais

Hipersuper

A The Navigator Company divulgou os resultados das operação no primeiro trimestre deste ano que apontam para um volume de negócios de 529,3 milhões de euros, um aumento de 1,8% face ao trimestre anterior. Números que, segundo a empresa, “demonstra a resiliência do modelo de negócio seguido pela empresa num contexto geopolítico extraordinariamente desafiante e de significativo arrefecimento da atividade económica nos principais mercados da Navigator”.

O EBITDA atingiu 115,6 milhões de euros, representando uma margem de cerca de 22% e o resultado líquido situou-se nos 48,3 milhões de euros, um aumento de 6,1% face ao trimestre anterior. A empresa sublinha que para este desempenho homólogo contribuiu “de forma decisiva” a entrada da capacidade da Navigator Tissue UK, a 1 de maio de 2024.

No global do portfólio da Navigator, os segmentos de tissue e packaging cresceram de forma consistente e representam já cerca de 30% da faturação total da empresa  – face a cerca de 17% no mesmo período de 2024. O valor das vendas do negócio de tissue apresentou uma redução de 3% face ao último trimestre e um crescimento de 76% em comparação com o período homólogo.

As vendas internacionais de tissue representaram 81% do volume total de vendas no primeiro trimestre de 2025, com uma diversificação geográfica mais equilibrada do que em anos anteriores, fruto das aquisições recentes em Espanha e no Reino Unido. Os principais mercados foram o inglês (36% do total de vendas), o espanhol (28%) e o francês (15%).

Por outro lado, o produto acabado representou 98% das vendas totais e as bobines 2%. Em relação à estratificação por segmento de clientes, o At Home ou Consumer (retalho) tem registado um peso crescente, representando atualmente cerca de 83% das vendas, enquanto Away-From-Home (grossistas – canal Horeca e escritórios) representam os restantes 17%.

Aposta em embalagem flexível de baixas gramagens
A Navigator tem vindo a desenvolver e a investir no segmento de embalagens sustentáveis gKraft, de que é exemplo o lançamento da produção de peças de celulose moldada para substituir plásticos descartáveis no setor de embalagens alimentares.
No 1º trimestre de 2025 arrancou a pré-engenharia para a reconversão da máquina de papel PM3, localizada na fábrica integrada de pasta e papel de Setúbal, com o objetivo de direcionar a produção para papéis de embalagem flexível de baixas gramagens, tendo sido agora tomada a decisão final de investimento da reconversão da máquina.
A reconversão da unidade permitirá à Navigator diversificar e ampliar o seu portfólio de produtos sustentáveis, reforçando a sua presença no setor das embalagens flexíveis.

Perspetivas para 2025
Quanto às perspetivas para este ano, a Navigator avança que as consequências da atual situação geopolítica deverão fazer-se sentir nos próximos trimestres, “num contexto global cada vez mais instável, marcado pelo aumento do protecionismo e por crescentes tensões comerciais entre blocos económicos”. “A fluidez da atual situação, a instabilidade criada pela imposição de taxas aduaneiras e a resposta subsequente num clima de guerra comercial tornam particularmente difícil antever a evolução da procura e dos preços nos próximos meses. A capacidade de adaptação ao novo ambiente macroeconómico será crucial para todos os agentes económicos, tendo a Navigator dado provas da sua resiliência noutros contextos difíceis de mercado”, assegura.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Retalho

Dias da Moda do UBBO trazem workshops e consultores de moda

O UBBO preparou um fim de semana especial que junta consultores, dicas de customizações  e workshops dedicado à área da moda.

Hipersuper

‘Dias da Moda’ UBBO é um evento que junta, a 9, 10 e 11 de maio, consultores da área da moda, para o ajudar o público nas decisões de compra. No varandim da Oysho, no 1º piso, será instalado um espaço para consultorias de imagem, makeovers, e customização “de peças antigas perdidas no seu armário e que podem ganhar uma nova vida”, informa a administração do centro comercial.

O ‘Dias da Moda’  inclui a realização de workshops que vão ensinar a fazer scrunchies, bandanas e granny squares em crochê, com Joana Gouveia (Fios Cruzados), e técnicas de upcycling para dar uma nova vida às peças de roupa sem uso. “Poderá ainda aprender como se constrói um armário cápsula, assim como o poder da cor na sua imagem”, informa o UBBO. Os workshops são limitados às vagas existentes e as inscrições são feitas através da App UBBO.

Nos três dias o público poderá ter um acompanhamento personalizado nas lojas com o apoio de um personal shopper, disponível para dar as melhores orientações na escolha das peças e combinações. Os horários desse serviço em cada loja podem ser consultados em https://ubbo.pt/evento/dias-da-moda/
O UBBO dispõe ainda do espaço Fashion Advisor, a cargo de Liliana Oliveira e localizado na zona dos contentores da praça central, que conta com serviços de personal shopping, consultoria de imagem, styling e mudança de visual.

O UBBO é um shopping resort que reúne espaços de lazer, entretenimento e compras. Conta com mais de 280 lojas e restaurantes, distribuídos por dois pisos, em 127 mil metros quadrados. Possui um parque de estacionamento coberto e gratuito com mais de 9.000 lugares. Integra também a KidZania, único parque temático lúdico e educativo em Portugal, onde “as crianças podem brincar aos adultos”, com a possibilidade de experimentar mais de 60 profissões.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Quinta da Vacaria
Bebidas

Quinta da Vacaria lança Grande Reserva 2019

Schistó, o novo fine dining da Quinta da Vacaria, serve exclusivamente vinhos da casa. Novo Grande Reserva reforça aposta na excelência vitivinícola do Douro.

Hipersuper

A Quinta da Vacaria acaba de lançar o seu Grande Reserva 2019, um vinho exclusivo, elegante e de caráter único, produzido a partir das castas Touriga Nacional e Touriga Franca. O lançamento marca também a abertura do Schistó, novo restaurante fine dining da propriedade duriense, liderado pelo chef Vítor Matos, o cozinheiro português mais estrelado pelo Guia Michelin.

Com apenas 660 garrafas disponíveis para o mercado, de um total de 1800 produzidas, o Grande Reserva 2019 chega após quatro anos de estágio em garrafa, simbolizando a dedicação da marca em elevar os padrões da produção vinícola no Douro. O preço de venda ao público arranca nos 100 euros por garrafa (0,75 cl).

Para o enólogo João Menezes, trata-se de um dos grandes clássicos da Quinta da Vacaria, um “vinho com uma autenticidade incrível, produzido apenas em anos vitivinícolas de excelência, e com um verdadeiro sentido de lugar. A influência do terroir é total”. “A maior dificuldade é termos, sucessivamente, anos vitivinícolas bons para a produção de néctares deste segmento”, sublinha.

O novo restaurante Schistó, onde todos os vinhos harmonizados são exclusivamente da Quinta da Vacaria, simboliza uma aposta clara na integração entre vinho e alta gastronomia. A carta vínica, alinhada com os menus de degustação concebidos por Vítor Matos, pretende valorizar o caráter e autenticidade da produção da região.

“O Grande Reserva 2019 deve ser servido entre os 16 e os 17 graus e idealmente acompanhado à mesa, dada a sua estrutura tânica”, explica João Menezes, acrescentando que “é um vinho que pede contexto, e não apenas copo”.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Equipa portuguesa vence final ibérica da 33ª edição do L’Oréal Brandstorm
Inovação

Equipa portuguesa vence final ibérica da 33.ª edição do L’Oréal Brandstorm com projeto inovador de skincare masculino

One Blend, uma solução 3-em-1 solúvel e sustentável, conquista júri em Madrid e garante presença portuguesa na final internacional em Paris.

A equipa portuguesa composta por Filipe Van Acht (ISEG), Maria do Céu André (ISCTE) e Marisa Portugal (ISEG) conquistou o primeiro lugar na final ibérica da 33.ª edição do L’Oréal Brandstorm, garantindo o passaporte para representar a região ibérica na final internacional da competição, que terá lugar em Paris.

O projeto vencedor, denominado One Blend, propõe uma toalhita 3-em-1 solúvel em água, com propriedades de sérum, creme e proteção solar, direcionada ao segmento de cuidados masculinos. Disponível em duas versões – para pele oleosa e para pele normal a seca, ambas com propriedades anti-idade – o produto distingue-se pela simplicidade, sustentabilidade e inclusão, eliminando a necessidade de múltiplas embalagens e adaptando-se aos perfis reais dos consumidores.

A final do cluster ibérico decorreu esta quarta-feira, em Madrid, sob o mote “Men. Beauty & Care. Game on through tech, products and beyond”, desafiando os participantes a reinventar o futuro da beleza masculina através de propostas inovadoras em tecnologia, produto e serviço. O júri, composto por especialistas da indústria, representantes da L’Oréal e jornalistas, avaliou os projetos segundo critérios de inovação, viabilidade e impacto de mercado.

“É sempre um privilégio assistir ao talento e à criatividade destas novas gerações. A equipa portuguesa destacou-se pela clareza da proposta, pelo espírito empreendedor e pela ambição de transformar a forma como os homens cuidam de si”, partilha Clara Trindade, diretora de Relações Humanas da L’Oréal Espanha e Portugal. “O Brandstorm continua a ser uma plataforma ímpar para inspirar e identificar os líderes de amanhã. Estamos ansiosos para ver a representação desta equipa na final internacional”, acrescenta.

A competição Brandstorm, promovida pela L’Oréal há mais de três décadas, afirma-se como uma das principais plataformas de captação de jovens talentos a nível global. Além de fomentar a inovação, oferece aos participantes uma via de entrada no mercado profissional, com contacto direto com recrutadores e líderes da indústria. Esta foi a quarta edição conjunta entre Portugal e Espanha, reunindo projetos de mais de 1.700 estudantes em 2024. Na edição anterior, a vitória também coube a uma equipa portuguesa, da Nova SBE.

A equipa vencedora prepara-se agora para disputar a final internacional em Paris, onde terá acesso a uma experiência imersiva de três meses na sede do Grupo L’Oréal, com todas as despesas incluídas.

Projetos vencedores da final do cluster:
1º Lugar: One Blend – Toalhita 3-em-1 solúvel em água, que combina sérum, creme e SPF, adaptada a diferentes tipos de
pele masculina. Faculdade: ISEG + ISCTE
2º Lugar: IPAM Lisboa – Exfoliante para pele masculina fácil de usar, versátil e acessível. Faculdade: IPAM
3º Lugar: ZITHAPPENS – Assistente de cuidados de pele com tecnologia IA para homens, que oferece aconselhamento
personalizado e com base científica. Faculdade: IE

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

MC
Retalho

MC volta a integrar a “A List” do CDP e reforça liderança no combate às alterações climáticas

Retalhista é uma das poucas empresas a nível mundial com classificação máxima em transparência ambiental e ação climática.

Hipersuper

A MC integra pelo segundo ano consecutivo a prestigiada “A List” do CDP (anteriormente Carbon Disclosure Project), reafirmando a sua posição entre as empresas mais empenhadas na mitigação dos efeitos das alterações climáticas. A empresa obteve também a classificação “A-” na categoria Floresta, reforçando o reconhecimento internacional da sua estratégia ambiental.

Em 2024, mais de 24.800 organizações submeteram os seus dados ao CDP para avaliação no âmbito das alterações climáticas. Apenas 1,7% conseguiram alcançar a classificação “A”, grupo em que a MC volta a marcar presença, destacando-se pela transparência e pela eficácia das suas medidas ambientais.

A distinção do CDP reconhece o compromisso da MC com metas ambientais ambiciosas. Até 2032, a empresa pretende reduzir em 51% as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) das suas operações (âmbitos 1 e 2) e em 31% as emissões da sua cadeia de valor (âmbito 3), em comparação com os níveis de 2022. A meta final é alcançar a neutralidade carbónica nas operações próprias até 2040.

Só no último ano, a retalhista reduziu em 12,6% as suas emissões diretas e indiretas, fruto de uma aposta em energia renovável, eletrificação de consumos, medidas de ecoeficiência e modernização das centrais de frio.

Mariana Pereira da Silva, head of sustainability da MC, sublinha o empenho coletivo da organização: “Estamos extremamente orgulhosos do trabalho das nossas equipas, que nos permitiu manter a classificação máxima na área do Clima (A). É igualmente motivo de grande satisfação o reconhecimento obtido na área da Floresta, com a atribuição do nível de liderança (A-)”.

“Mantemo-nos focados na execução da nossa estratégia de sustentabilidade e na prossecução do nosso compromisso com a construção de um futuro sustentável — uma ambição que não pode ser adiada”, garante.

“Sabemos que vivemos num contexto exigente, que nos apresenta constantemente novos desafios, mas que não nos deve desviar do nosso propósito. Reforça a necessidade de um esforço concertado e sistemático de todas as nossas equipas, em estreita parceria com os nossos fornecedores e parceiros.”, acrescenta.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Bebidas

Monte da Bica aposta na exportação e apresenta novos vinhos

A empresa está a investir 1,5M€ para criar um hotel, dois lagares de pisa e uma sala de provas e ainda a iniciar os primeiros passos na exportação.

Hipersuper

O Monte da Bica, adega boutique implantada na zona de Montemor-o-Novo, Alentejo, inicia um novo capítulo sob a liderança de Manuela Pinto Gouveia. A herdade, cuja história remonta há mais de 100 anos, vai ser alvo de um investimento de mais de 1,5 milhões de euros destinados à construção de um boutique hotel, de novos lagares de pisa a pé e uma sala de provas.

“Temos um novo website com loja online, nova imagem e novas referências de vinhos”,conta Manuela Pinto Gouveia, proprietária da empresa. “Contamos também com uma nova adega, uma adega-galeria com exposições regulares e novas experiências para quem nos visita. Ainda este ano abriremos dois lagares de pisa a pé – queremos fazer toda a vinificação em casa – e uma sala de provas. Em 2027, concretizamos um sonho antigo dos meus pais: o hotel. Queremos recuperar a hospitalidade da casa, criar uma experiência imersiva e ajudar a fixar gente e talento na região criando oportunidades de emprego”, revela ainda.

A família Pinto Gouveia é proprietária da herdade desde 2019. Com cerca de 350 hectares de terra, o Monte da Bica é conhecida pela longa tradição na produção de cortiça e cereais, sendo hoje um modelo de gestão sustentável e diversificado, com atividade em áreas como a cortiça, pinhão, eucalipto, mel, sementes e pecuária. Desde 2016 dedica-se também à produção de vinhos, com a primeira vinha a ser plantada em 2005.

“Queremos recuperar a hospitalidade da casa, criar uma experiência imersiva e ajudar a fixar gente e talento na região criando oportunidades de emprego”, avança Manuela Pinto Gouveia, proprietária do Monte da Bica.

Gama composta por 10 vinhos

“O apreço pelo vinho foi-me transmitido pelo meu pai, que me deixou em herança uma vinha familiar dedicada à produção de vinhos premium, produzidos em pequenas quantidades. Herdados foram também o entusiasmo com que aqui se produz cada garrafa, a atenção ao detalhe, o profundo afeto pela terra e o compromisso com a excelência”, recorda Manuela Pinto Gouveia.

A produção dos vinhos Monte da Bica é de responsabilidade de André Herrera, enólogo consultor, e Madalena Torres Pereira, enóloga residente. A gama é atualmente composta por 10 vinhos: Da Bica Rosé 2024, Monte da Bica Rosé 2018, Da Bica Tinto 2021, Monte da Bica Reserva 2019, Castelão Reserva 2021, Merlot Reserva 2020, Sem Título Branco, Sem Título Rosé, APG Grande Reserva 2020, e Merlot Grande Reserva 2019. Entre as novidades destacam-se o Da Bica Tinto 2021, o Da Bica Rosé 2024 e o Sem Título Rosé. Está ainda previsto o lançamento do TPG Grande Reserva, uma homenagem à matriarca da família.

Equipa da herdade Monte da Bica

Com uma nova adega e uma adega-galeria na sala das barricas que acolhe exposições de arte regulares, o Monte da Bica quer afirmar-se não apenas como produtor de vinhos, mas também como destino no Alentejo, promovendo a cultura, o terroir e a identidade singular da região. Realiza uma variedade de experiências imersivas, como provas de vinhos, visitas à herdade, piqueniques, tirada de cortiça e pisa em lagar, permitindo aos visitantes conectar-se com a terra e a biodiversidade local.

A empresa está ainda a iniciar os primeiros passos rumo à internacionalização, com planos para começar a exportar ainda em 2025 para mercados como Angola, Irlanda, Brasil, Canadá e Espanha. A estratégia de crescimento inclui também a abertura de novos canais de distribuição e a formação de novas parcerias de negócio.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Alimentar

8º Congresso Nacional do Azeite vai debater os novos desafios para o setor

Campo Maior recebe a 22 e 23 de maio, o Congresso Nacional do Azeite, organizado pelo CEPAAL. A 8ª edição acontece numa altura em que a produção nacional cresceu 10% e as exportações valem mais de mil milhões de euros.

Hipersuper

Organizada pelo Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), em parceria com a Câmara Municipal de Campo Maior, a 8ª edição do Congresso Nacional do Azeite decorre no âmbito da Feira Nacional de Olivicultura, que decorre de 22 a 25 de maio, no Jardim Municipal de Campo Maior.

Aquele que se apresenta como o mais relevante debate nacional sobre o setor olivícola e oleícola, acontece já a 22 e 23 de maio, conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e tem como tema os novos desafios para o setor. Irá ter lugar pela primeira vez em Campo Maior, no Centro Cultural de Campo Maior. “Esta é uma iniciativa que tem como objetivo dinamizar o sector olivícola e oleícola nacional enquanto fórum de debate, ponto de encontro para os profissionais do sector e de partilha de informação privilegiando sobretudo a divulgação de informação técnica”, informa a organização num comunicado.

A 8ª edição do Congresso Nacional do Azeite acontece quando as mais recentes estimativas do INE, perspetivam um aumento na produção de azeite em 10%, na campanha 2024-2025, em relação à campanha anterior, atingindo cerca de 177 mil toneladas. Um dos maiores produtores mundiais de azeite do mundo e o terceiro maior exportador da Europa, Portugal ultrapassou a barreira dos mil milhões de euros em exportações.

O Congresso Nacional do Azeite tem como objetivo dinamizar o sector olivícola e oleícola nacional enquanto fórum de debate

O Congresso Nacional do Azeite 2025 contará com quatro painéis nos quais participarão mais de 30 oradores nacionais e internacionais em torno dos debates ‘Novos Desafios do Setor’, ‘ESG no Setor Olivícola/Oleícola’, ‘Identidade do Azeite Português: Marca & Origem’ e ‘O Caminho do Azeite na Alta Cozinha’.

A sessão de abertura estará a cargo do presidente do CEPAAL, Gonçalo Morais Tristão, do presidente da Câmara de Campo Maior, Luís Rosinha, e do vice-presidente da CCDRA, Roberto Grilo. Assunção Cristas é a Keynote Speaker do congresso e irá debruçar-se sobre o ESG no setor. O CEPAAL leva ainda a esta edição, e pela primeira vez, os chefs Vítor Sobral, José Júlio Vintém e Bertílio Gomes que estarão reunidos num dos painéis, onde também participam as  duas das escolas de hotelaria e turismo mais relevantes do país, Estoril e Portalegre.

As inscrições para a 8ª edição do Congresso Nacional do Azeite estão abertas até ao dia 20 de maio e podem ser feitas em Inscrição – Congresso Nacional do Azeite 2025. O programa completo pode ser consultado aqui.

O CEPAAL é uma associação sem fins lucrativos sedeada em Moura e fundada em 1999 com a missão de valorizar e promover o Azeite do Alentejo em Portugal e no resto do mundo. Conta atualmente com 33 produtores e 12 instituições ligadas ao sector olivícola e oleícola, incluindo organismos do Estado, municípios e universidades, como seus associados.
O Congresso Nacional do Azeite é uma iniciativa integrada no projeto Da Oliveira à Mesa, cofinanciado por fundos comunitários e nacionais através do PDR2020.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Retalho

Retalho gerou 70.015 M€ de volume de negócios em 2023

Em 2023, o VAB do retalho representou aproximadamente 4% do PIB nacional e o volume de negócios ascendeu a 70.015 milhões de euros. Cada euro de produção do retalho gera 3,1 euros de produção total na economia portuguesa. É o segundo maior setor na economia nacional.

Estas são algumas das conclusões do estudo ‘Impacto Económico do Setor do Retalho em Portugal, realizado pela NOVA SBE, com coordenação dos professores João Duarte e Pedro Brinca, a pedido da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição).

Um sumário executivo do estudo foi apresentado durante o APED Retail Summit, que decorreu esta quarta-feira, 7 de maio, no SUD Lisboa. “O setor do retalho representa uma enorme fatia da criação de riqueza no país”, começou por referir João Duarte, na apresentação do estudo.

O documento teve como objetivo estimar o impacto económico do setor em Portugal, não apenas na atividade direta como também o efeito, por via da cadeia de valor, na economia nacional. E caracterizou o retalho a nível nacional, incluindo a caracterização dos associados APED e estimou o impacto em termos dos principais indicadores económicos.

Uma das principais conclusões aponta que o setor gerou 70.015 milhões de euros de volume de negócios em Portugal, em 2023, o que representou 12,7% de toda a faturação das empresas privadas do país. O Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor foi de 11.300 milhões de euros, que representa 7,7% do VAB nacional.  “O setor do retalho é o segundo maior em termos de faturação, de valor acrescentado e de emprego na economia nacional”, revelou João Duarte, com base nas conclusões do estudo.

“Não só tem um peso significativo na economia, mas é ele próprio, também, um motor de crescimento da economia”, sublinhou João Duarte na apresentação do estudo

6.114 milhões de euros em salários

Quanto às remunerações, atingiram 6.114 milhões de euros, ou seja, 9,2% do total de salários em Portugal. E um em cada dez trabalhadores em Portugal, está diretamente ligado setor.

O setor emprega uma grande fatia da população. Um em cada dez trabalhadores está diretamente relacionado com a atividade do retalho. São 76.896 empregos gerados, ou seja, 10,1% do total dos empregos no tecido empresarial privado do país.

O estudo destacou também o impacto do retalho no desenvolvimento económico do país. O setor representou, diretamente, em 2023, aproximadamente 4% do PIB nacional. “Não só tem um peso significativo na economia, mas é ele próprio, também, um motor de crescimento da economia. Porque além de ter um peso elevado, cresce acima da média nacional”, sublinhou o professor da NOVA SBE.

O documento coloca ainda em evidência o peso dos associados da APED no global do setor do retalho nacional. Em 2023, do total de 70.015 milhões de euros de volume de negócios gerado, 31.004,9 milhões de euros foram gerados pelas empresas associadas à APED. O que representa 44,3% da faturação do setor.

Impacto total, direto e indireto

Com base nas informações retirados de um inquérito enviado a todos os associados da APED, e complementadas pelos dados do INE, a NOVA SBE chegou aos impactos diretos e indiretos (fornecedores e clientes) do setor em Portugal. E concluiu que em 2023, o impacto total do retalho na economia portuguesa, ascendeu a 62.430,8 milhões de euros em produção (12% do total), 35.340 milhões de euros em VAB /15,2%), 6.057 milhões de euros em receitas fiscais (14,6%) e 18.275 milhões de euros em remunerações (14,5%). Foi ainda responsável por 1.204.460 empregos equivalentes a tempo completo (23,7% dos empregos no país).

“O retalho é, portanto, um amplificador económico em Portugal, que alavanca a atividade económica da produção agrícola e industrial ao mesmo tempo em que também alavanca serviços profissionais e empresariais que são cruciais na atividade do retalho”, conclui o estudo.

 

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California Fotografia Frame It
Alimentar

Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, alerta para os desafios que se impõem na produção de pequenos frutos, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Em entrevista, sublinha a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Fotografias Frame It

A sustentabilidade da produção de pequenos frutos enfrenta uma pressão crescente, impulsionada pela escassez de recursos naturais, alterações climáticas e exigências sociais. Em entrevista ao Hipersuper, realizada em Odemira, no dia do 20º Aniversário do Test Plot da Driscoll’s, a vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, Marta Baptista, alerta para os desafios que se impõem ao setor, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Marta Baptista sublinha também a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola
e Investigação
Global de Plantas da Driscoll’s California

Quais são os principais desafios quando falamos na produção de pequenos frutos?
Os recursos naturais são, hoje, uma preocupação global. Falo, desde logo, da água e da disponibilidade de solos, que precisam de ser utilizados de forma equilibrada – não demasiado intensiva, mas ainda assim rentável. Se tivermos muitos hectares concentrados numa mesma zona, acabamos por usar os recursos de forma insustentável para a comunidade. Já nos aconteceu em alguns locais e aprendemos com isso. A água é cada vez mais o desafio número um.
A mão de obra é outro fator crítico. Precisamos de garantir condições sustentáveis, que levem as pessoas a querer voltar e a sentir-se bem. Os pequenos frutos são muito intensivos em termos de mão de obra, especialmente porque a colheita é manual. Esta representa entre 50% a 70% do custo total de produção, dependendo do país e da variedade. Exige muitas pessoas, que por sua vez necessitam de habitação, escolas, água… é um desafio.
Outro desafio é a instabilidade climática resultante das alterações climáticas. Ainda há quem pense que as alterações climáticas são algo do futuro. Não são. Estão aqui, há muito tempo, e afetam a produção esperada, as curvas de produção e os volumes. Sem previsibilidade, não conseguimos vender bem, nem trabalhar com os produtores na gestão de expectativas. Falta ainda muita tecnologia e informação, especialmente nos pequenos frutos, para mitigar estes efeitos. Como operamos em muitos países, sentimos isto todas as semanas – há sempre um evento climático extremo. Dá uma boa noção do quão real isto já é.

Em Portugal, a água é também o principal desafio?
Sem dúvida nenhuma. É o número um. Os restantes vêm muito depois.

O que é que precisamos, então?
Não queria entrar em questões políticas, mas a verdade é que o perímetro de rega foi construído nos anos 60. Na altura foi bom, inovador, mas hoje está completamente desadequado. As infraestruturas são as mesmas, com fraca manutenção. Não há pressão nos canais de rega, há muitas perdas. Os colegas da Lusomorango podem dar números mais precisos, mas há perdas significativas. Precisamos de soluções estruturais, que não são fáceis, mas são investimentos para gerações, não apenas pontuais.

Com essas infraestruturas, poderíamos produzir mais?
Sim, poderíamos produzir mais, em mais regiões, e de forma menos concentrada. A Driscoll’s já está a crescer em regiões como o Norte de Portugal, Cantanhede, Tocha, Algarve, exatamente para diversificar esta intensidade.

Que frutos é que já colheram com essa atuação em Portugal?
Nos campos de ensaio implementámos e otimizámos técnicas de uso de água, como a recolha de água da chuva – não toda, para permitir a recarga dos aquíferos, mas uma parte. Também promovemos a recirculação da água. Dois dos nossos maiores produtores já utilizam este sistema. Ontem visitámos uma quinta da Maravilha Farms que está a 100% em recirculação. A água de drenagem, que contém adubo, é recolhida, analisada, desinfetada com luz ultravioleta e reutilizada. Isto permite poupança de adubo e evita a poluição. São exemplos concretos de frutos colhidos – metafóricos e literais – destes investimentos. Mas ainda há muito por fazer. Fundámos o Centro de Investigação para a Sustentabilidade em 2023 com o INIAV, a Lusomorango e um produtor parceiro. É o início da jornada.

Para além da água, que outros exemplos de inovação estão a ser aplicados?
O sistema de produção em substrato não foi inventado aqui, mas era utilizado em pequena escala em países frios para proteger as plantas no inverno. Inovámos ao otimizá-lo para climas mais temperados, como o português. Comparado com o solo, o substrato permite poupanças de até 25% de água e fertilizantes. É uma inovação replicável que se tornou praticamente o standard da indústria, dentro e fora da Driscoll’s. Este campo foi pioneiro nesse processo.

Sai muita inovação daqui para o mundo?
Sim, muita. Tanto para a Driscoll’s como, por vezes, para a indústria em geral.

Os fertilizantes são um mal necessário ou há alternativas?
Os fertilizantes são essenciais – potássio, azoto, fósforo – são elementos naturais e fazem parte da nossa alimentação. Mas são recursos finitos e o seu fabrico e desperdício têm impactos. A recirculação é uma inovação que permite reutilizar esses nutrientes. Outra inovação é a seleção de variedades mais eficientes – como a ‘Reina’, que precisa de menos 30% de adubo para produzir o mesmo. Hoje, priorizamos essas variedades.

Como se equilibra a sustentabilidade com a produtividade e o negócio?
Criámos métricas que refletem esse equilíbrio. Por exemplo, em vez de medir a água total usada, medimos litros por quilo de fruta vendida. Isso dá uma perceção mais realista da eficiência e cria consciência. Hoje, produtores perguntam quantos litros por quilo usa determinada variedade – algo impensável há poucos anos. Isso já faz parte do pensamento agrícola.

Nota uma mudança de mentalidade entre os produtores?
Sim. Aqui, na região do Sudoeste Alentejano, onde há escassez real e legal de água, os produtores têm muita vontade de aprender. Noutros locais, onde a escassez não é tão evidente, pode haver mais resistência. Mas as técnicas e variedades já estão desenvolvidas e são transferíveis, com pequenas adaptações.

Essa partilha de conhecimento é uma das coisas mais valiosas do seu trabalho?
Sem dúvida. Gosto muito disso. A informação bem aplicada e bem transferida é uma ferramenta poderosa. Estamos na era do social media, mas na agricultura a partilha entre pares ainda é essencial. Informação é poder, também na agricultura.

A agricultura de hoje é diferente daquela que vemos nos livros escolares?
Completamente. Hoje é uma ciência com tecnologia, sensores, melhoramento genético. Esta manhã falávamos de usar inteligência artificial para desenvolver programas de fertilização. Não é ficção científica, é real. Mas os jovens ainda não têm essa perceção. Falta mostrar o que há de melhor na agricultura, especialmente nas idades mais jovens.

É um setor que precisa de pessoas, certo?
Claro. A tecnologia não substitui pessoas, transforma o trabalho. Pode ser mais intelectual, com mais valor acrescentado. Não precisamos de cavar, temos tratores, mas precisamos de pensar em soluções, como para a água. Pode até ser mais estimulante.

Diz-se que os frutos mais doces são de Portugal. Porquê?
Algumas regiões em Portugal, como esta onde estamos, têm uma combinação de fatores naturais muito especial: clima ameno, invernos suaves, verões não excessivamente quentes, e uma brisa refrescante que ajuda as plantas. Esta combinação encontra-se em poucas regiões no mundo. Quem me dera encontrar mais Zambujeiras por aí.

Quais são as linhas de investigação mais transformadoras no Centro de Investigação e Sustentabilidade?
A recirculação da água é uma das mais adotadas. Há também investigação sobre o uso de luz ultravioleta no combate a doenças, substituindo pesticidas. Outro foco é a compostagem do substrato de coco – queremos fazer mais. Não sei se haverá um breakthrough, mas há avanços incrementais em várias áreas. Estamos também a estudar formas de medir a biodiversidade usando inteligência artificial e fotografia. A ideia é que os sistemas indiquem ao produtor onde existe uma praga, para que ele possa atuar com precisão.

A inteligência artificial é já presente ou ainda é futuro?
É aspiracional, mas será realidade nos próximos cinco anos. Vai ser utilizada de várias formas: programas de fertilização, melhoramento genético, deteção de pragas. Estamos a começar com ideias piloto, mas vai ser transformador.

O estudo de pragas e doenças é essencial?
Sim. Se não conhecermos as pragas, não podemos preveni-las. E prevenir é sempre mais barato do que tratar. É preciso conhecimento profundo: há insetos que se alimentam de outros, e só com essa base científica conseguimos soluções biológicas eficazes.

O que são as iniciativas Ask the Grower e Virtual Test Plots?
O Ask the Grower nasceu na pandemia, quando vimos que era necessário continuar a transferir conhecimento, mesmo sem poder viajar. É uma plataforma virtual onde produtores partilham experiências com outros produtores. Continuou após a pandemia e vai regressar este ano.
Os Virtual Test Plots são visitas virtuais aos campos de ensaio, com vídeos bem preparados. Mostramos variedades novas ou inovações tecnológicas. Estão acessíveis a todos os produtores e colaboradores da Driscoll’s no mundo, desde que tenham internet.

Portugal pode beneficiar das experiências de outros países?
Sem dúvida. Por exemplo, neste campo desenvolvemos a produção de mirtilo em substrato, algo que parecia impensável. Hoje, essa técnica é usada no Peru, México, África do Sul… Aprendemos também com outros, como na poda de mirtilo – aprendemos com Austrália e Peru. Copiar boas práticas deve ser feito com orgulho.

Em que ponto está Portugal em relação a outros países?
Nada para trás. O recorde de produção de framboesa fresca que conheço, dentro e fora da Driscoll’s, é em Portugal. Também tivemos o recorde de mirtilo até há poucos anos. Fala-se muito de Portugal como estando atrasado, mas não está.

De todos os países onde já trabalhou, onde gosta mais de trabalhar?
Onde sinto que posso fazer a diferença. Há 20 anos, quando começámos aqui, os produtores sabiam pouco e o impacto era enorme. Hoje, são eles que nos ensinam. O impacto mais forte acontece agora em regiões que estão onde Portugal estava há 20 anos. É gratificante trabalhar onde conseguimos fazer um impacto real na comunidade.

A Marta valoriza muito o papel das pessoas…
Sem dúvida. A fruta faz-se com pessoas. A agricultura faz-se com pessoas. A Driscoll’s faz-se com pessoas. As pessoas têm de estar no centro das nossas preocupações. Infelizmente – ou felizmente – as framboesas não crescem sozinhas.

E o bem-estar das pessoas ultrapassa a apanha da fruta. Falamos de alojamento, de condições…
Sim. Um trabalhador que não tenha boas condições não vai querer voltar. E, se não voltar, temos de ensinar outro. E um novo trabalhador, no início, tem baixa produtividade. Portanto, temos todo o incentivo para reter e para fazer com que as pessoas se sintam bem. Custa muito tempo e dinheiro ensinar constantemente. Reter trabalhadores — tanto os da apanha como os técnicos especializados — é recompensador. Vale mesmo a pena. E estou a dar-lhe uma resposta muito honesta do ponto de vista económico: vale mesmo a pena.

Como olha para tudo o que foi construído nestes 20 anos? Começaram do zero…
Começámos com a ajuda do INIAV, com o engenheiro Pedro Carlos Oliveira, e com poucos colegas. Cabíamos todos num carro, eramos cinco. Hoje, só na Driscoll’s Europa, somos… talvez mil. Tenho muito orgulho, claro, mas o que mais me fascina é o impacto das pessoas que passaram por aqui. Pessoas que formámos e que depois formaram outras. Esse efeito de cadeia é a parte mais bonita de tudo isto.

É isso que a mantém aqui?
Sim. Fazer a diferença. Ver que há impacto. Podia ter seguido outros caminhos, tive convites, mas o que me mantém é ver o crescimento das pessoas, perceber que deixamos marca. Pessoas que agora ocupam cargos importantes. Por exemplo, o Andy, hoje vice-presidente das operações na Europa, esteve na minha equipa até maio do ano passado. Podia olhar para isso como uma perda, mas olho com orgulho. Ele merece. E há mais como ele. Muitos estão aqui agora mesmo.

Essa filosofia da Driscoll’s é muito forte?
Temos processos de recrutamento muito exigentes. Às vezes até pedimos desculpa aos candidatos — são entrevistas atrás de entrevistas. Mas vale a pena. Porque depois de entrarem, investimos. E custa muito recomeçar do zero. Quando perdemos alguém — e já perdemos pessoas muito boas — recrutar e formar de novo é difícil. O conhecimento técnico pode ensinar-se. O alinhamento de valores é mais difícil. Por isso damos tanta importância a essa área. E depois, queremos reter as pessoas o máximo de tempo possível.

A retenção de talento é hoje também um desafio?
É, sim. Mas se formos proativos e pensarmos: “Como é que podemos ajudar esta pessoa a dar o próximo passo?”, conseguimos manter as pessoas motivadas e na empresa. Se formos passivos e esperarmos que a pessoa levante a mão, nem todos o farão. Nem todos dizem: “Eu quero o próximo desafio.” Temos mesmo de ser proativos. No trabalho que faço atualmente, já não faço ensaios com plantas, já não cresço plantas diretamente, mas… talvez cresça pessoas. Parece poético, mas é mesmo verdade. E essas pessoas vão fazer o mesmo com outras.

Como se antecipa o futuro da agricultura sustentável?
É uma previsão, mas acredito que terá de ser cada vez mais precisa, baseada em mais informação e mais ciência. Porque os desafios vão continuar a aumentar. A água, por exemplo, não se renova. O que existe hoje é o que existirá daqui a 100 anos, a menos que se descubra uma forma de a criar — o que ainda não existe. As alterações climáticas vão agravar-se em frequência e intensidade. Preocupa-me que alguns governos ainda não levem o tema a sério. Já impacta vidas, economias e, claro, a agricultura — talvez até mais do que outras indústrias, porque dependemos diretamente do clima e dos recursos naturais.

Esse contexto político influencia também onde se investe?
Sim. As mudanças na agricultura acontecem quando precisam de acontecer. A agricultura é uma atividade económica e precisa de incentivos económicos para evoluir. Esses incentivos podem ser regulamentares, relacionados com procura, custos, etc. Eu podia dar-lhe uma resposta romantizada e dizer que se inova só porque queremos produzir de forma sustentável. Mas a verdade é que muitas das inovações surgiram por necessidade. Por exemplo, quando os fumigantes do solo deixaram de estar disponíveis, foi preciso encontrar alternativas. A necessidade conduz à inovação. E isso também influencia onde e como se investe.

Este equilíbrio entre competitividade, negócio e sustentabilidade será determinante para o futuro da agricultura?
Tem de ser. O produtor precisa de rentabilidade para pagar salários, investir em centros de inovação… e precisa de água. Esta exigência dupla — económica e ambiental — ajuda-nos a focar nas soluções certas. Em ciência e inovação, uma das grandes dificuldades é o excesso de opções. Mas quando temos estas duas diretivas claras, conseguimos filtrar melhor.

Há pouco dizia-me, meio em tom de brincadeira, que se reformava se conseguisse eliminar o plástico. Mas ainda há muito por fazer?
Sim, ainda há muito a fazer. A utilização intensiva de plásticos é uma questão que nos incomoda. Usamo-los porque precisamos, mas gostávamos de ter alternativas. É um dos desafios para os quais ainda não encontrámos boas soluções. E isso é frustrante.

Os plásticos são um problema pouco visível para quem olha de fora.
Sim. Mas fazem muita diferença para o ambiente. São necessários para garantir fruta fresca e de qualidade. Para congelados ou sumos, pode produzir-se ao ar livre. Mas framboesas e amoras são muito sensíveis — ao vento, à radiação solar… queimam-se, como nós. O morango e o mirtilo têm mais tolerância. Já fazemos mirtilo ao ar livre no norte, mas as outras culturas ainda precisam de proteção. Gostaríamos de usar menos plástico, claramente.

Até a nível de embalagens. Falávamos disso há pouco. Por que não são todas em cartão?
Por causa da durabilidade. A fruta dura muito mais nestas embalagens atuais. Já estamos com cerca de 40% em cartão na Europa. Mas custou muito. As primeiras embalagens desfaziam-se com a humidade. É preciso mais inovação, mais trabalho. Substituir o plástico nas embalagens, túneis, vasos… é um desafio. E não só nos pequenos frutos, é transversal à agricultura.

Como vê o papel das universidades nesta mudança? Essa ligação entre investigação e setor produtivo está suficientemente consolidada?
Não. É preciso muito mais. Assistimos a uma desvalorização da investigação pública nas últimas décadas, especialmente na agricultura. E as empresas não conseguem fazer tudo sozinhas. Por isso, estas parcerias são fundamentais. Já temos colaborações com o INIAV, Universidade de Évora, Nova, Instituto Superior de Agronomia. E a nível internacional, com a Universidade de Wageningen, na Holanda. Mas precisamos de fazer mais.

Porquê?
Porque ajuda muito se as universidades e os alunos compreenderem os desafios reais da indústria. Assim, podem orientar melhor a investigação, para problemas urgentes, como os plásticos, a água, a biodiversidade, a poluição. As empresas terão sempre mais dificuldade em resolver tudo sozinhas.

20 anos do Test Plot de Taliscas, Zambujeira do Mar

Um campo de ensaios (test plot) tem como missão testar e definir as variedades com melhor adaptação à região onde estão localizados, servindo também como um showcase das melhores práticas agrícolas. A principal finalidade é otimizar o crescimento e desenvolvimento das plantas, permitindo que os produtores tenham acesso ao melhor produto disponível e às informações mais completas para tomarem decisões informadas.
Na Europa, a Driscoll’s opera sete campos de ensaio, dois em Portugal: Taliscas, na zona da Zambujeira do Mar, e Foja, em Cantanhede.

Alguns marcos históricos:
2005 – Abertura do Campo de Ensaios com plantação de morangos em solo.
2006 – Aumento de área para 1 hectare e acrescentando ensaios de framboesas, amora e mirtilos. Primeiros ensaios de Driscoll Maravilla.
2008 – Redução de área com retirada dos ensaios de amoras e framboesas.
2009 – Reativação de 0,5 hectares com ensaios de mirtilos e morangos em solo.
2013 – Início de expansão da área para cerca de 3 hectares de ensaios com plantações em solo. Primeiras plantações de ensaios de Driscoll’s Victoria.
2014 – Retirada dos ensaios de morango.
2016 – Introdução das primeiras plantações em substrato nos ensaios de mirtilo.
2017 – Instalação da estação de rega automatizada. Introdução de ensaios de morango em plantações de substrato.
2018 – Conclusão da conversão do total da área de ensaios exclusivamente para substrato.
2019 – Instalação de melhores estruturas de túneis com possibilidade de recolha de águas de chuva.
2020 – Anos de pandemia sem comprometer a execução dos ensaios planeados. Primeiras plantações de ensaios Driscoll’s Reyna.
2021 – Primeiros ensaios de Driscoll’s Clara.
2023 – Início da recolha de água da chuva e recirculação da água de drenagem.
2024 – Efetiva utilização de água de chuva em exclusivo para regar os ensaios durante quatro meses.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Exportação

Vinhos de Portugal promovem-se na APAS SHOW 2025 em São Paulo

A ViniPortugal marca presença na Apas Show 2025 que decorre entre 12 e 15 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo.

Hipersuper

A participação insere-se na estratégia de internacionalização dos vinhos portugueses, com foco no reforço da notoriedade no mercado brasileiro e latino-americano.

Com um stand de 98 metros quadrados, sob a insígnia “Vinhos de Portugal”, a presença portuguesa contará com 21 balcões dedicados a produtores nacionais, promovendo uma oferta diversificada e de qualidade perante importadores, distribuidores e retalhistas do setor.

Segundo Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “a participação na APAS SHOW permite-nos posicionar os Vinhos de Portugal numa das maiores feiras do sector alimentar e retalhista a nível mundial. Este é um momento-chave para reforçarmos relações comerciais, darmos visibilidade à nossa oferta e explorarmos novas oportunidades num mercado onde os vinhos portugueses têm vindo a crescer de forma sustentada. O Brasil é, hoje, um dos nossos principais destinos de exportação, e queremos continuar a afirmar a marca Vinhos de Portugal junto dos profissionais e consumidores brasileiros.”.

O Brasil tem-se afirmado como um dos principais mercados de exportação para os vinhos portugueses, beneficiando de uma procura crescente e de um consumidor cada vez mais atento à qualidade e diversidade da oferta nacional.

A edição de 2024 da Apas Show atraiu mais de 73 mil visitantes, reunindo empresas de toda a cadeia de valor — da alimentação e bebidas à tecnologia, logística e serviços financeiros. Em 2025, a expectativa é reforçar o papel da feira como plataforma de networking, geração de negócios e análise de tendências para o setor.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB
PUB

Navegue

Sobre nós

Grupo Workmedia

Mantenha-se informado

©2025 Hipersuper. Todos os direitos reservados.