Queijo Serra da Estrela é candidato a Património Cultural e Imaterial da Humanidade
O processo teve início com a assinatura de um protocolo de cooperação com 17 municípios pertencentes à área geográfica de produção do Queijo Serra da Estrela DOP.

Ana Grácio Pinto
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Em julho do ano passado, 17 municípios da região do Queijo Serra da Estrela assinaram um protocolo para a elaboração da candidatura da salvaguarda do fabrico do Queijo Serra da Estrela DOP a Património Cultural e Imaterial da Humanidade. “Este processo, que consideramos um plano de salvaguarda do património, é de grande importância para a valorização de toda a fileira de produção, trazendo mais valor em toda a sua cadeia, incluindo o turismo”, sublinha ao Hipersuper, Joaquim Lé de Matos, presidente da direção da EstrelaCoop – Cooperativa Produtores de Queijo Serra da Estrela DOP.
A candidatura à Unesco para salvaguarda do fabrico do Queijo Serra da Estrela DOP a Património Cultural e Imaterial da Humanidade, tem por objetivo a salvaguarda do fabrico do Queijo Serra da Estrela e a preservação de “toda a fileira do queijo, nomeadamente o trabalho árduo dos pastores e produtores, tornando a atividade mais rentável e atrair jovens”, explica Joaquim Lé de Matos.
O processo teve início com a assinatura de um protocolo de cooperação com 17 municípios pertencentes à área geográfica de produção do Queijo Serra da Estrela DOP. Para além dessas autarquias e da EstrelaCoop, envolve também a Associação Nacional de Criadores de Ovinos da Serra da Estrela e tem a coordenação técnica e científica do antropólogo Paulo Lima, que foi responsável pelas candidaturas do Fado, do Cante Alentejano, do Fabrico de Chocalhos e da Morna a Património Cultural e Imaterial da Humanidade da Unesco.
O presidente da direção da EstrelaCoop adianta que a Cooperativa está neste momento na fase de preparação da candidatura, que inclui o pedido de inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial de Portugal e a preparação do dossier “com o pedido de inscrição à Unesco do saber fazer do Queijo Serra da Estrela”.
De referir que, durante a apresentação da feira ‘Tábua de Queijos e Sabores da Beira’, que decorreu a 22 e 23 de fevereiro no município de Tábua, Joaquim Lé de Matos referiu à Agência Lusa a intenção da EstrelaCoop entregar, no final deste verão, as candidaturas junto do Estado português e na Unesco.
Média anual de 165 toneladas
A mais recente campanha de produção do Queijo Serra da Estrela, designada de alavão, integrou 25 queijarias, das quais 22 associadas à EstrelaCoop. A média de produção anual ronda as 165 toneladas, mas a produção não é suficiente para a procura. Joaquim Lé de Matos aponta como principais causas, a diminuição do efetivo da ovelha da raça Serra da Estrela e a idade média dos pastores e produtores de leite. E deixa um alerta. “Temos de tornar a agro pastorícia rentável, porque o pastor não tem feriados, não tem fins de semana, o que é muito complicado para atrair jovens. O preço do leite subiu, o preço do borrego subiu e assim temos já valorizado mais esta cadeia, mas ainda não é o suficiente”.
No entanto, a EstrelaCoop tem dinamizado ações que ajudam a preservar a fileira. Em 2024 avançou com a uniformidade da rotulagem, que permitiu terminar com a “grande confusão que existia nos rótulos, várias cores, várias dimensões, havendo uma grande confusão em encontrar o Queijo Serra da Estrela”, revela o seu presidente. A Cooperativa criou um rótulo-etiqueta uniforme para todos os produtores, mas que mantém a marca de cada um. “Permite ao consumidor identificar logo um Queijo Serra da Estrela DOP, conseguindo diferenciar dos demais queijos portugueses, e também internacionais, isso tem tido um grande impacto”, sublinha Joaquim Lé de Matos.
Um saber único
Medidas como esta estão a contribuiu para a valorização e preservação de um produto regional com saberes ancestrais e características únicas. “São apenas três ingredientes, o leite da ovelha da raça Serra da Estrela, o sal e a flor de cardo”, lembra o presidente da EstrelaCoop, frisando que a estes, juntam-se “a sabedoria e cuidado dos nossos pastores e queijeiras”. “O leite provém das ovelhas que lhe dão o nome e são alimentadas das pastagens da região Serra da Estrela. Esteja sol, chuva, frio, neve, as ovelhas estão nos pastos, regressando ao fim da tarde para o ovil, e aí serem ordenhadas”, sublinha.
A classificação do Queijo Serra da Estrela DOP como Património Cultural e Imaterial da Humanidade da Unesco será um contributo para a manutenção deste saber secular. Joaquim Lé de Matos chama-lhe “um plano de salvaguarda do património”, de grande importância para a valorização da fileira de produção, porque irá trazer mais valor em toda a sua cadeia, incluindo o turismo.
A região demarcada da produção Queijo da Serra da Estrela abrange os municípios de Carregal do Sal, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Gouveia, Mangualde, Manteigas, Nelas, Oliveira do Hospital, Penalva do Castelo, Seia, Aguiar da Beira, Arganil, Covilhã, Guarda, Tábua, Tondela, Trancoso e Viseu. Destes concelhos, só Arganil ficou de fora do protocolo de financiamento da candidatura à Unesco.