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Jaime Piçarra: “A agricultura e a alimentação não dão votos”

Com um vasto currículo na área da segurança e soberania alimentar, Jaime Piçarra é especializado em economia agrária e sociologia rural e o atual secretário-geral da IACA ( Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos para Animais). Em entrevista ao Hipersuper sublinha que “não podemos negar as situações climáticas, temos que tentar fazer tudo aquilo que é possível para mitigá-las, mas sem comprometer a função da agricultura, que é a produção de alimentos”.

Ana Grácio Pinto
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Jaime Piçarra: “A agricultura e a alimentação não dão votos”

Com um vasto currículo na área da segurança e soberania alimentar, Jaime Piçarra é especializado em economia agrária e sociologia rural e o atual secretário-geral da IACA ( Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos para Animais). Em entrevista ao Hipersuper sublinha que “não podemos negar as situações climáticas, temos que tentar fazer tudo aquilo que é possível para mitigá-las, mas sem comprometer a função da agricultura, que é a produção de alimentos”.

Sobre o autor
Ana Grácio Pinto
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Jaime Piçarra tem dedicado a sua vida às questões da segurança alimentar e da importância da gestão agroalimentar tanto na geopolítica nacional e mundial como na vida dos cidadãos. Foi recentemente nomeado perito nacional na Organização do Tratado do Atlântico Norte, na área da segurança do abastecimento. Com esta nomeação, passa a integrar o Grupo de Planeamento de Agricultura e Alimentação da NATO. “Não podemos negar as situações climáticas, temos que tentar fazer tudo aquilo que é possível para mitigá-las, mas sem comprometer a função da agricultura, que é a produção de alimentos”, sublinha nesta entrevista ao Hipersuper.

Portugal é um país autossuficiente em vinho e em azeite. Mas em todo o resto, o país depende em 80% de matérias-primas. A segurança alimentar é um objetivo cada vez mais difícil de alcançar no nosso país?
Bom, eu penso que não. Eu tenho uma visão relativamente positiva quanto ao futuro. Apesar, de facto, de termos constrangimentos. Uns são nossos, outros são das políticas comunitárias, políticas europeias. Mas é possível atingir um equilíbrio entre as gestões ambientais e a produção de alimentos.
Aparentemente, estamos a viver uma época em que o ambiente está a predominar relativamente a outras questões. Porque as alterações climáticas são um facto, não vamos negar. Têm muito a ver com a produção agrícola e com outro fenómeno que é muito relevante: as migrações. E depois acabamos por sofrer, de facto, o impacto de tudo isto.
Não podemos negar as situações climáticas, temos que tentar fazer tudo aquilo que é possível para mitigá-las, mas sem comprometer a função da agricultura, que é a produção de alimentos. E é nessa perspectiva que eu acredito que irá haver, agora, no próximo mandato da Comissão Europeia – e isso é a minha esperança – algum recuo nas estratégias, por exemplo, ‘Do Prato ao Prato’, do ‘Green Deal’ provavelmente. E, portanto, poderá haver um maior equilíbrio, ou uma sensibilidade maior em termos de equilíbrio.
Porque, por outro lado, não é justo que a União Europeia imponha determinadas restrições aos seus agricultores e às suas empresas, e depois não seja capaz de impor as mesmas regras aos produtos que importa de países terceiros.
Por exemplo, os agricultores têm cada vez menos acesso a produtos fitofármacos, cada vez se reduz mais o número de substâncias ativas. A União Europeia faz essas restrições, muitas vezes, em nome da proteção dos consumidores, pelo impacto dos resíduos na alimentação ou nos solos, e não somos capazes de impor, de facto, essas regras aos países terceiros. O que é que acontece? Nós que somos importadores de matérias-primas, estamos confrontados com o facto de que muitas vezes os limites de resíduos de matérias primas tão importantes como o milho e a soja, são ultrapassados porque há substâncias em que simplesmente o limite é zero, portanto, não há limite.
E, depois, temos aqui problemas de segurança alimentar – isto é, de higiene, e não de disponibilidade de alimentos – que podem pôr em causa o abastecimento. Temos de pensar em políticas integradas, em que, sempre sem perder de vista a proteção do ambiente, possamos ter várias etapas. A Europa, e estamos a fazer isso em sedes, a nível internacional, tem que medir bem até que ponto é que não está a dar tiros no pé. E a ideia que fica é que o último mandato da Comissão Europeia foi muito ‘dar tiros no pé’. Vamos ver se neste segundo mandato, apesar da presidente von der Leyer ter sido eleita com os votos dos Verdes, se é possível atingir esse equilíbrio.

A estratégia do ‘Prado ao Prato’ e, até mesmo, a Política Agrícola Comum (PAC) estão a gerar uma regulamentação ‘excessiva’ em matéria de proteção ambiental e metas que poderão comprometer a soberania alimentar europeia? Por exemplo, um dos objetivos do ‘Prado ao Prato’ é o de que até 2030, 25% das terras agrícolas da UE sejam utilizadas para agricultura biológica.
Isso é utópico. Estou envolvido em questões de revisão da política agrícola desde 1992. Acompanhei a primeira grande reforma da PAC, curiosamente, fechada pela presidência portuguesa, e essa PAC teve dois aspetos que iriam marcar, depois, a evolução das PACs seguintes. Um foi o reconhecimento da multifuncionalidade da agricultura. Isto é, a agricultura não era só produção agrícola, produção de bens alimentares, mas também a proteção do ambiente, da paisagem, dos territórios. E como tal, os agricultores teriam de ser remunerados por esses serviços. Foi a primeira vez que se falou nos bens públicos. Esse foi um efeito importante.
E a outra questão muito relevante foi que antes de 1992 assistíamos na União Europeia a excedentes de carne bovina, de leite em pó, de cereais. E, aí, tínhamos dois problemas. Como não éramos competitivos em relação ao mercado mundial, a União Europeia tinha que pagar os custos em armazenar esses produtos e depois, para exportar, tinha que pagar as chamadas restrições à exportação. E isto era insustentável. Obviamente, estávamos numa altura em que a PAC representava a maior parte do orçamento comunitário, 70%, hoje é 30%.
Houve também um momento da União Europeia, que teve a ver com a crise das vacas loucas e as dioxinas, em 1999. Houve uma série de problemas de segurança alimentar que mudaram completamente a visão, a comissão começa a priorizar a proteção dos consumidores, o bem-estar animal. Portanto, digamos que passou a haver a visão de que, se calhar, o modelo de agricultura que estávamos a fazer não era o melhor e punha em causa outras coisas. E essa é uma viragem muito significativa, em que a agricultura perde peso político. O que nós estamos a tentar fazer cada vez mais é mostrar aos decisores políticos que somos importantes e somos relevantes. E que é possível produzir alimentos de uma forma sustentável e segura para os consumidores.
Mas também é importante que a Europa, quando tem determinadas regras, as tente negociar com os países terceiros e crie no seu espaço comunitário um processo de transição, por etapas, para serem atingidas as metas. Aquela questão que referiu de 25% de terras agrícolas em agricultura biológica, que é, enfim, uma meta aspiracional, não é vinculativo. Obviamente que em alguns países, se calhar, é mais fácil de atingir, como, por exemplo, a Áustria. Mas noutros países não, porque põe em causa, claramente, a produção de alimentos. E não sei se, do ponto de vista ambiental, por unidade de produto, é mais sustentável. O que eu acho é que, uma vez mais, deverá ser o consumidor a determinar se, em função da procura, devemos alocar determinada produção em determinado regime.

Em função da procura e do valor da oferta também?
O que aconteceu nos últimos tempos com a pandemia, mais tarde com a guerra, a inflação e o aumento de preços, é que estamos a falar de produtos com preços elevados. E a inflação alta demonstrou uma quebra no consumo desses produtos. Atenção, eu não discuto a procura desses produtos. Acho que o consumidor deve ser livre nas suas escolhas, e ainda não está provado que a agricultura orgânica é mais saudável ou mais saborosa nos produtos do que a outra, se forem cumpridos, de facto, intervalos de segurança. Até porque, infelizmente, não é possível alimentar o mundo com produtos da agricultura biológica.
Mas ainda em relação à reforma de 1992: em todas as reformas, um dos objetivos era a simplificação. Infelizmente nunca se conseguiu. Foi preciso este ano, com as demonstrações e greves dos agricultores, pensar-se em flexibilizar medidas, em simplificar. O processo ainda não está feito, aliás, há uma consulta pública e vamos ver no que ela dá. E depois há a tendência de cada Estado Membro, como dizia o saudoso ministro Sevinate Pinto, ‘ligar o complicómetro’.
Há muita coisa que tem a ver com Bruxelas, mas há muita coisa que tem a ver com Portugal. Por exemplo, não é admissível que os licenciamentos de explorações, de empresas, de atividades, demorem tanto tempo e anos e anos a legislar. Os custos de contexto em Portugal que era uma promessa, enfim, de todos os governos, vamos ver se este concretiza: simplificar os procedimentos legislativos e as aprovações dos processos.

E como estamos a falar de Portugal, que estratégias as autoridades competentes, devem adotar para garantir a segurança alimentar?
Bom, referiu há pouco os setores do vinho e do azeite, houve uma estratégia muito interprofissional, digamos assim. As frutas e hortícolas estão com uma capacidade de exportação grande. Mas depois, olhando para a área que nós representamos, temos as carnes claramente deficitárias, apesar de haver alguma exportação de carne de porco para mercados, por exemplo, na Ásia, mas estamos a falar de quantidades ainda muito pequenas. Exportamos animais vivos, bovinos e pequenos ruminantes para o mercado israelita e o mercado avícola está em expansão. E temos os ovos, que são um bom exemplo. Tradicionalmente, a produção tem sido excedentária, mas no ano passado, segundo o INE, fomos deficitários. E porque? Porque o consumo cresceu mais do que a capacidade de produção.
Mas para nós o ponto crítico tem a ver com as matérias-primas, com os cereais. Por exemplo, no trigo duro temos uma capacidade de aprovisionamento de apenas 5%; se formos ao milho, temos 25 a 30%, dependendo do ano – este ano já sabemos que vamos reduzir a área de milho, e portanto vamos ser ainda mais dependentes. Depois temos as proteínas vegetais, nomeadamente a soja, em que somos dependentes 100%.
Portanto, creio que não podemos perder de vista que a nossa segurança alimentar deve ser equacionada a nível da União Europeia, Nós não podemos ter pretensões em balanços de aprovisionamento excedentários em todos os produtos, não é possível, mas é possível fazer mais e melhor. Não é admissível que não tenhamos uma maior produção de cereais. E o que é que aconteceu nos últimos anos? Como a produção de cereais em Portugal não tem sido suficientemente competitiva ou acarinhada pelo poder político, os agricultores foram alterando as produções. E que tipo de produções temos? Temos produções como o olival ou o amendoal, que são culturas permanentes e não estou a ver que o agricultor vá arrancar essas culturas para produzir cereais. Mas tal não significa que o governo não aposte mais num plano de promoção de cereais, que aliás foi um documento estratégico que tinha vindo do anterior executivo, que nós também acompanhámos. E que não seja possível estimular a produção de cereais, com ou sem regadio, que é outra questão muito importante, com a biotecnologia, com a agricultura de precisão. Portanto, estimular o mais possível a agricultura para ser sustentável.

No seu entender, porque Portugal não tem capacidade de gerar stocks alimentares? Será pela pequena capacidade produtiva ou não temos espaços de armazenamento suficientes?
São as duas coisas. Nós temos uma incapacidade de produção e temos que olhar para ela, de facto. Em relação à produção pecuária, se nós somos deficitários ainda na produção de carne bovina ou carne suína ou em outro tipo de carnes, poderíamos dar as condições aos nossos agricultores, de fazerem essas culturas. Estamos a falar, muitas vezes, de sensibilizar câmaras municipais, porque há muitas câmaras que não querem que se produza pecuária nas suas zonas, têm o direito legítimo de o fazer, mas muitas vezes não se compreende porquê.
Temos que perceber, politicamente, o que é que queremos, porque a pecuária é muito importante. Neste momento, e cada vez mais, já é possível o aproveitamento de subprodutos, os efluentes, a economia circular, digamos, avançou muito e é possível, substituindo os fertilizantes de síntese, adubar as terras. Para culturas de cereais ou outro tipo de culturas. E, muitas vezes, o papel da pecuária não é suficientemente entendido e valorizado. Por outro lado, relativamente aos cereais, obviamente que vai ser possível e desejável aumentar a produção, mas nós nunca vamos ter produção para ser autossuficientes.
Mas tão ou mais importante do que isso, o que nos tornaria menos vulneráveis e menos dependentes da volatilidade dos mercados mundiais, seria ter stocks estratégicos. E esses stocks estratégicos têm a ver com duas coisas. Aumentar a armazenagem, isto é, investimentos para dotar as empresas de maior capacidade de armazenagem, a construção de silos. E, sobretudo, os portos, nomeadamente a Silopor, terem uma capacidade de armazenagem. Nós temos insistido muito na armazenagem da Silopor, para que tenha maior capacidade e não estarmos expostos a notícias como as de que só termos stocks para 15 dias.
Porque cada vez mais as cadeias de abastecimento são voláteis, há as questões do Mar Negro, há as questões do Mar Vermelho, há os custos, há as greves, há as condições climatéricas que também põem em causa a estabilidade das rotas. Há estes cenários de guerra e, infelizmente, parece que vamos ter algumas escaladas na guerra Rússia-Ucrânia. Há a próxima presidência dos Estados Unidos e não sabemos se vai ser mais isolacionista ou menos, e depois temos tensões entre a China e os Estados Unidos. Portanto, digamos que temos uma situação geopolítica e geoestratégica muito complexa, que não nos deixa tranquilos nas questões da segurança das cadeias de abastecimento.

A nível global o que não estarão a fazer as organizações e as nações para se alcançar o objetivo de até 2030, acabar com a fome e garantir o abastecimento alimentar a todas as pessoas? Até que ponto é uma questão de aumento de produção e não de disputa política dentro das organizações e de tomada de posições dos próprios países?
As organizações supranacionais são algo muito complexo. Por exemplo, a Organização Mundial do Comércio praticamente desapareceu e é muito importante que ela seja forte e regule cada vez mais os conflitos. Mas o que se mostrou foi uma impotência para regular esses conflitos. Parece que os países, cada um deles, faz aquilo que quer e sobra-lhes tempo. Tenho falado com colegas que trabalham na OMC e é aflitivo. Porque sentem uma enorme frustração em não conseguirem atingir os seus objetivos. Quem ganhou expressão nos últimos anos? Foi, de facto, a NATO, com a situação da guerra. E, felizmente para todos, a visão da NATO não é apenas defesa. A Nato, ultimamente, tem-se vindo a concentrar nas questões da alimentação e da segurança alimentar.
A NATO é muito mais do que defesa e uma das coisas que está a procurar privilegiar é a questão da estabilidade do funcionamento da segurança alimentar como motivo de paz. E, neste momento, há um conflito aberto. A Polónia, aliás, vai apostar este ano no seu orçamento, num valor histórico em termos de defesa. E penso que isso é uma estratégia que os outros países, os membros da NATO, irão fazer. A questão do investimento dos estados-membros na NATO é muito importante, porque não podemos estar à espera sempre que sejam os nossos amigos americanos a vir proteger a Europa e nós depois dizemos que estamos numa aliança e não cumprimos nada.
Uma das experiências que eu tenho tido agora, na minha ligação recente à NATO, é que não importa só que o país tenha, em caso de guerra ou de conflitos, a capacidade de abastecer as suas populações. Também tem que ter a capacidade de abastecer aqueles que, por alguns motivos de defesa, tenham que situar-se no nosso território ou progredir o nosso território para motivos de estabilidade ou de paz. Portanto, é a nossa população, mas também tem que estar disponível para que, em conjunto, consigamos dar essa segurança alimentar e do ponto de vista logistíco.
Aliás, neste momento, a NATO pediu para que os diferentes países priorizem as suas infraestruturas críticas. Nós, em Portugal, temos uma comissão de planeamento de emergência, de proteção civil. Estamos, neste momento, a realizar reuniões com alguma frequência e houve uma reunião recentemente, antes de férias, sobre a segurança das cadeias de abastecimento. Estivemos a discutir desde a água, a energia, o transporte, a grande ou pequena distribuição, os aspectos logísticos. E, portanto, esse poderá ser um fórum muito relevante, até porque isto não depende apenas do ministro da Administração Interna ou da Defesa. Também tem a ver com a Agricultura, tem a ver com a Infraestrutura. Aliás, este órgão depende diretamente do gabinete do Primeiro-Ministro.
Mas eu gostava que isto fosse levado a sério e fosse interiorizado politicamente, que estivéssemos muito mais preparados antes de acontecer um conflito. Na Europa, neste momento, também estamos a discutir um mecanismo de emergência e de segurança alimentar. Está a começar a haver, cada vez mais, uma ligação entre a NATO e as próprias políticas da União Europeia. E eu não tenho dúvidas que o próximo mandato da Comissão Europeia vai ter em conta cada vez mais a política de defesa. Tem que ter a agricultura nesta perspectiva que também faz parte da alimentação de uma política de Defesa.
E há outra questão. A presidente Van der Leyen deu a entender que queria ter um comissário ou uma comissária para as questões do Mediterrâneo, que têm a ver com as migrações.

Em relação ao Regulamentação Anti Desflorestação da União Europeia: é um exemplo da complexidade regulatória? O que está em causa e o que é urgente limar?
No fundo, é o abastecimento livre de desflorestação. Digamos que o objetivo da União Europeia é legislar para que possamos importar determinados produtos – e são sete neste momento: soja, café, cacau, borracha, palma, madeira e bovinos -, provenientes de regiões que não tenham sido desflorestadas a partir de 2020. Esta foi uma legislação que, estranhamente, foi apressada em termos da proposta da Comissão Europeia. À data havia um comissário europeu muito forte, o Frans Timmermans, mas, enfim, ele fez aquilo que o mandato da Comissão o deixou fazer. O que aconteceu é que, de facto, era preciso, digamos, alguma espetacularidade e mostrar liderança forte da União Europeia e então foi publicada a lei da desflorestação.
Foi discutido no Parlamento Europeu, um Parlamento Europeu que era muito sensível a estas questões ambientais, às questões do bem-estar animal, que são questões relevantes, a redução dos antibióticos, tudo isso são questões relevantes e nós não fomos contra. Pensamos é que tem que haver aqui algum equilíbrio. A legislação entrou, de facto, em vigor e a Europa quer que essas materiais-primas, possam vir de zonas não desflorestadas.
Temos agora outra questão, como provar que vêm de zonas não desflorestadas? É que estamos a falar de países muito complexos. Por exemplo, se nos Estados Unidos podemos admitir que parte do país, ou quase todo o país, já foi desflorestado há muitos anos, estamos a falar, por outro lado, de países dos quais nós importamos e são muito importantes, nomeadamente, o Brasil, a Argentina, o Paraguai. Temos a questão da floresta Amazônica. Por exemplo, o cadastro ambiental rural no Brasil permite que seja feita desflorestação. E quando falamos no café ou no óleo de palma, estamos a falar de países como Etiópia, Malásia, Indonésia, onde, de facto, sobrevivem em muitas zonas graças àquelas produções. Portanto, tudo isto é demasiado complexo.
Nós, em termos de FEFAC, temos um guia para a produção de soja responsável, soja sustentável, com vários critérios, social, ambiental, económico. E muitos dos processos de produção de soja estão dentro desses critérios. A Comissão Europeia não reconheceu como bom este sistema e quer um sistema de geolocalização. Portanto, saber por geolocalização onde é que são as parcelas. E mais, querem uma rastreabilidade física. Não sei se está a imaginar um pequeno produtor…

E quer que o produtor local invista nesse sistema?
Sim, sim. Através do sistema de ‘due diligence’, isto é, tem que haver um certificado emitido localmente, tem que ser reconhecido pela Comissão Europeia, tem que ser inserido numa plataforma, as autoridades de cada Estado membro têm que verificar se está conforme. É preciso um sistema de informação gigantesco, uma plataforma, os testes que foram feitos apresentaram um monte de problemas, o sistema cai…
Portanto, estamos aqui a introduzir complexidade e nós temos colocado à Comissão Europeia uma série de dúvidas, temos pedido explicações. Há três meses que o processo está parado no gabinete da comissária, da presidente da Comissão Europeia, estamos à espera de respostas a partir de Setembro.
Estamos a pedir o adiamento da legislação, da entrada em vigor. Para quê? Para que nos possamos sentar à mesa e preparar as coisas, porque nós não queremos fraude. Nós queremos saber como é que as coisas funcionam e neste momento há uma incerteza jurídica muito grande. No caso da soja, e de acordo com os nossos dados, apenas sete a oito milhões de toneladas de soja poderão cumprir o que está previsto, e fundamentalmente dos Estados Unidos, porque acreditamos que vai ser uma região de baixo risco de solicitação. Mas nós precisamos de 30 milhões. E precisamos de café, precisamos de palma, precisamos de chocolate e de bovinos.
E atenção, isto não é só para importação, também tem a ver com a produção interna e estamos a trabalhar com o ICNF e a DGAV. No caso do bovino de carne essa documentação tem que acompanhar a produção toda até ao retalho. Tendo em conta aquilo que fomos percebendo, o impacto para o nosso país poderá custar, em termos de alimentos compostos para animais, entre mais de 25 a 30 milhões de euros. O que significa que, de duas uma, ou a indústria vai incorporar, de facto, esta crescimento e aí vai perder competitividade, ou vai transferir para o consumidor, provavelmente, parte desses custos. No fim do dia, o que é que teremos? Produtos mais caros. E nós perguntamos se o consumidor tem consciência disto, se está disposto a pagar e se os decisores políticos, antes de tomarem medidas, não têm noção do impacto que as mesmas geram.
Não seria melhor trabalharmos globalmente em conjunto para atingir as metas? Poder-me-á dizer: será que as organizações internacionais serão capazes, depois, de impor estas regras? Mas temos que ir por aqui, senão, estamos a perder competitividade e a colocar em causa a tal segurança alimentar.

A ciência é um aliado do objetivo de segurança alimentar para todos?
Eu penso que é um grande aliado. Eu sei que a ciência tem um problema: não sabe comunicar, ou é difícil comunicar a ciência. E depois, há outro fenómeno- a comunicação nas redes sociais. Há uma desinformação muito grande, as pessoas leem pouco, leem cada vez menos e preocupam-se com os highlights e com os títulos. Mas há muita ciência. Cada vez mais há uma ligação entre o mundo empresarial, a investigação e a academia, as universidades. Por isso foi criado o consórcio FeedInov, de que a IACA é, em Portugal, o principal acionista, e estamos à procura de não só comunicar aquilo que fazemos, com dados concretos, a tentar responder a questões que as empresas colocam, estudando-as com a investigação e com as universidades, levando depois os resultados ao conhecimento público.

O desenvolvimento de outros produtos, como as proteínas insect based ou à base de algas, podem vir a ser uma fonte de alimentação complementar para o abastecimento humano e também animal?
Sim, são coisas que estamos a estudar, que têm de ser estudadas e que necessitam de escala. Mas podem ser uma fonte de alimentação complementar. Não de substituição, mas complementar. Disso, eu não tenho dúvidas. Agora, como tudo, passará sempre pela aceitação do consumidor, e por aquilo consumidor quiser, mas eu penso que poderá ser uma alternativa na alimentação animal, sobretudo na aquacultura, nos petfoods. Neste momento, é preciso escala e para haver escala é preciso haver aceitação. Mas penso que é uma questão de tempo.

Do que trata o projecto InsectEra?
O InsectEra, no fundo, é um PRR. A EntoGreen é que está a liderar o consórcio e no dia 23 de outubro vai realizar-se o congresso InsectEra, com o tema ‘Os insetos como ferramenta de sustentabilidade’. Um grande objetivo do projeto é a construção de uma fábrica em Pernes, para, de facto, ser possível começarmos a ter a tal escala e desenvolver produtos para estes setores todos. E nos animais, não é só a questão da alimentação pela alimentação; é que os insetos poderão ter um efeito de defesa e reduzir a utilização de micropianos e proteger a saúde do animal. Mas depois há consumidores e há empresas que, por questões ligadas à desflorestação, à biotecnologia, à sustentabilidade ou outra, querem trabalhar com insetos. Portanto, poderá ser, de facto, uma alternativa. Em termos de alimentação animal, penso que terá mais potencial do que eventualmente a alimentação humana. Mas vamos ver como é que o mercado reage.
As alterações climáticas e os conflitos armados são grandes ameaças ao abastecimento alimentar a nivel mundial. São realmente as maiores ameças? Ou o protecionismo praticado por nações e a dependência de grandes países produtores, como China, EUA e Brasil, são dificuldades igualmente grandes?
O que se nota é que há um descontentamento mundial grande em relação, e goste-se ou não, à maneira como têm funcionado as organizações supra-nacionais, a ONU, a Organização Mundial do Comércio, as diferentes estruturas dentro das Nações Unidas. O Secretário-Geral da ONU tem vindo a chamar a atenção, desde há muitos anos, para reformas e não tem sido fácil, porque há o veto do Conselho de Segurança. E o que temos vindo a notar é que o chamado Sul global, países como o Brasil, a China, a Índia, a África do Sul têm vindo a tentar convencer outros de que haverá uma política alternativa.
Mas ainda não se percebeu bem se eles querem destruir completamente essas organizações ou se querem construir por dentro. Há esta tensão entre a China e os Estados Unidos e a União Europeia. Não só alguns países estão a impor taxas aos veículos elétricos, como a China está a ripostar e, portanto, provavelmente vai impor sanções a produtos alimentares, a produtos nos quais a Europa é dependente. Vamos ver. A ameaça existe, mas eu não acredito que seja do interesse da China ou da Europa ou dos Estados Unidos abrir um foco de tensão permanente. Mas, obviamente, vamos viver aqui, se calhar, numa guerra fria em que vai ser importante manter os canais diplomáticos abertos.
Nessa perspectiva, não interessa, de facto, à Europa uma política proteccionista. O isolacionismo penso que não interessa a ninguém. Mas também, por outro lado, já percebemos que a globalização desenfreada e sem regras também não interessa. Portanto, digamos que o grande desafio que temos pela frente é tentar encontrar este equilíbrio num mundo instável em que não temos lideranças. Enfim, parece não termos líderes fortes. Cada vez mais julgamos com o peso da opinião pública e com o ruído e a desinformação, que é outra questão relevante.

É o primeiro perito português a integrar a NATO na área da soberania alimentar. Quais são as soluções para as quais gostaria de contribuir enquanto perito da NATO?
Eu vou fazer parte de um grupo de planeamento da agricultura e da alimentação, fundamentalmente na área de regiões do Mediterrâneo. E, portanto, aqui está a importância que a NATO está a dar a esta região, porque o Mediterrâneo tem muito a ver também, com o Mar Negro, com a Turquia. E se falarmos, enfim, na área de Egipto, Marrocos, Tunísia, bom, é uma área muito delicada.
E o que eu espero é, por um lado, pôr as questões da soberania alimentar e da insuficiência alimentar na agenda. Por outro lado, acentuar que isto respeita a todos. Esta é uma nomeação individual, não é nomeação política. É uma nomeação meramente técnica e porque quem me nomeou acredita que eu tenho alguma capacidade e conhecimento de abordar estas áreas, tenho informação, ando nisto já há alguns anos. Mas eu não dependo politicamente de ninguém, vou ter o apoio do staff do Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral, vou estar enquadrado no conselho de planeamento e proteção civil, que responde ao Primeiro-Miinistro.
Agora, o que eu penso fazer é tentar que as organizações ligadas à fileira agroalimentar, Confagri, CAP, CNA, APED, FIPA, participem juntamente com o Governo e transferir, se for possível, para aqui, o grupo de diálogo que funcionou durante a pandemia. Nós vamos limitar-nos a dar recomendações. O Grupo de Planeamento de Agricultura e Alimentação depende de um comitê de direção de resiliência que responde diretamente ao Secretário-Geral da NATO. Não vou ter mais nenhum papel do que fazer ouvir a minha voz e isso vou tentar fazer e prestigiar Portugal. Vou-me empenhar nisso. Se conseguir sensibilizar para que as políticas públicas tenham em conta, de facto, estes impactos, acho que já não é mal de todo. Vou tentar contribuir para a mudança e vou empenhar-me com todas as minhas forças e com tudo aquilo que eu sei.

A minha última questão parte do título de um artigo que escreveu há relativamente pouco tempo e que se chama ‘A comida não dá votos. E a falta dela?’ Isto é um alerta?
É um alerta. Penso que foi a Dra. Manuela Ferreira Leite que disse, e foi mal interpretada, ou, pelo menos, percebe-se o que ela quis dizer, sobre vivermos seis meses numa ditadura, sem democracia, para as pessoas darem valor, àquilo que têm. Eu não queria que isso acontecesse, mas, de facto, a comida não dá votos.
E o que é que eu quis dizer com isso? Que a agricultura e a alimentação não dão votos. Porque na campanha, falou-se pouco da agricultura. Aliás, na campanha para as eleições europeias, falou-se nada da Europa. Há uma iliteracia muito grande relativamente à União Europeia, como é que ela funciona, e a Europa ali passou ao lado. De facto, houve promessas, estive em Santarém durante a campanha (eleitoral), ‘a agricultura era isto’, ‘o Governo ia reverter e fazer e acontecer’. Ainda não se viu nada.
O que eu acho que é importante é o agricultor ter apoio, haver proximidade e ser apoiado. Também não me parece que, como funcionava a agricultura antigamente, dessem um grande apoio, porque havia insuficiência de meios. Aliás, é outra questão. Nós, na DGAV, na nossa área, temos uma insuficiência enorme de meios. O Estado precisa de se renovar, precisa de gente. Porque cada vez se tem mais competências e menos pessoas para as executar.
E, portanto, o que eu quis dizer é que, então, se a comida não dá votos, talvez se faltar comida, as pessoas aprendam e valorizem mais a importância que a alimentação tem na nossa vida.

Esta entrevista foi publicada na edição 426 do Hipersuper

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Primeira edição do Guia de Vinhos de Luís Gradíssimo é dedicada aos vinhos da Madeira e Porto Santo.

Luís Gradíssimo acaba de lançar o seu mais recente projeto:  Guia de Vinhos, uma publicação que chega ao mercado para proporcionar informações detalhadas sobre vinhos de cada uma das 14 regiões vitivinícolas de Portugal e promete trazer a melhor orientação para amantes de vinhos e profissionais do setor. O guia, em formato físico, já está disponível na Amazon, e a versão digital será disponibilizada aos assinantes pagos da página oficial do autor.

Este projeto nasce do desejo antigo de Luís Gradíssimo de criar uma plataforma que combine o acesso ao conhecimento sobre vinhos com a promoção das diversas regiões e dos produtores portugueses. “Há muitos vinhos de qualidade que acabam por ficar na sombra e a minha vontade é a de partilhar essa informação com consumidores e profissionais interessados em descobrir o que o nosso país tem para oferecer,” afirma o mentor do projeto Enóphilo.

O novo Guia de Vinhos explora as características específicas dos vinhos regionais e, para cada vinho incluído, oferece informações detalhadas, desde o ano de colheita, castas e vinificação, até dados analíticos como teor alcoólico, açúcar residual e acidez. Os vinhos são avaliados numa escala de 0 a 20, com notas de prova escritas em linguagem acessível, ideal para leitores que vão dos iniciantes aos enófilos mais experientes, pode ler-se em comunicado. Além disso, a publicação pretende ser uma ferramenta de consulta indispensável para profissionais da hotelaria, restauração e enotecas, que poderão utilizá-la para selecionar vinhos de qualidade e conhecer melhor os produtos regionais.

“Queremos que o guia seja uma jornada de descoberta para todos os que se interessam por vinhos. Acreditamos que a possibilidade de consulta digital e a atualização periódica do conteúdo trará mais dinamismo e relevância ao guia, tornando-o um companheiro de referência constante para consumidores e profissionais do setor”, sublinha Luís Gradíssimo.

O guia não é limitado a vinhos de mesa ou premium, abarcando toda a gama de estilos produzidos na região. As edições serão renovadas, no máximo, a cada dois anos, garantindo a atualização das informações e o acompanhamento das novas tendências, pode ler-se ainda.

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Exportação

Mais de 200 empresas já confirmadas na SAGALEXPO 2025

Nova edição da feira vai decorrer entre 28 e 30 de abril de 2025, na FIL, em Lisboa, e já conta com mais de 200 empresas portuguesas  confirmadas como expositoras. A cinco meses da sua realização, a organização sublinha que mais de 20% destas empresas são novas participantes.

Lisboa vai receber a 4ª edição da SAGALEXPO – Sabores de Portugal, Feira Internacional de Exportação de produtos e marcas portuguesas, entre 28 e 30 de abril de 2025, evento que já conta com mais de 200 empresas portuguesas  confirmadas como expositoras. A cinco meses da sua realização, a organização sublinha que mais de 20% destas empresas são novas participantes.

Este crescimento de novas empresas é um sinal claro da vitalidade do setor e da confiança crescente dos empresários portugueses na exportação como um caminho estratégico para o reforço da sua internacionalização, sublinha a organização em comunicado. Este dado sublinha também o papel da feira como um evento essencial para o desenvolvimento da economia portuguesa, criando um ambiente de inovação, troca de experiências e networking entre empresários, agentes comerciais e investidores internacionais, acrescenta.

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Não Alimentar

Brother alarga gama de impressoras de etiquetas de secretária

As nove impressoras permitem uma impressão de etiquetas num tamanho compacto para empresas com necessidades de etiquetagem.

A Brother, marca especialista em soluções de impressão, identificação e digitalização, alargou agora a sua oferta de soluções de etiquetagem com a nova gama TD-23D, que permite a impressão de etiquetas a partir de impressoras compactas. As nove impressoras térmicas diretas de duas polegadas da foram concebidas “para simplificar as tarefas dos utilizadores e integrar-se sem complicações em diversos ambientes, apresenta a empresa.

A nova gama foi pensada para aumentar a eficiência operacional em termos de tempo gasto na interação com a impressora: desde a possibilidade de instalar um visor LCD monocromático ou um visor tátil a cores, à capacidade de personalizar a forma como deseja visualizar o visor tátil, à possibilidade de pesquisa das etiquetas carregadas na impressora e desenhada para poupar tempo.

Estes equipamentos podem ainda ser otimizados com acessórios opcionais disponíveis: cortador ou descolador de etiquetas, assim como a bateria e a base da bateria para a converter numa impressora portátil que pode ser transportada em qualquer ambiente de trabalho, tendo opções de conetividade WiFi e Bluetooth (conforme o modelo).

“A gama TD-23D da Brother pode ajudar a melhorar os fluxos de informação no setor da saúde, imprimindo etiquetas e pulseiras de identificação de alta qualidade para manter a segurança e a rastreabilidade dos doentes”, exemplifica José Ramón Sanz, gestor de Marketing de Produto da Brother. Os modelos TD estão disponíveis nos revendedores oficiais da Brother e na página web da Brother.

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Alimentar

Arcádia e Porto. juntam-se para representar a cidade num pastel único

Se o Porto. fosse um sabor, qual seria? Foi este o mote que levou à criação do novo Pastel do Porto, desenvolvido pela Arcádia no âmbito do 10.º aniversário da Porto., que desafiou várias marcas a representar a cidade Invicta através dos cinco sentidos.

Num ano importante, a Porto. apresenta a exposição imersiva “Porto. e as marcas da cidade”, nos Paços do Concelho, que explora os sentidos de todos os que a visitam e mostra como uma identidade cultural tão distinta pode ser compreendida através do paladar, visão, tato, olfato e audição.

Cada sentido terá um espaço dedicado e o Pastel do Porto, representação do paladar, estará exposto, ao mesmo tempo que os visitantes podem compreender melhor o processo da sua produção e a envolvência com a cidade através de um vídeo.

A Arcádia explica que o Vinho do Porto, com o seu sabor e perfume inigualáveis, foi o ponto de partida para a nova criação, ao qual se juntaram alguns dos ingredientes muito apreciados da pastelaria: a massa filo crocante e o recheio de ovos moles. Esta homenagem ao sabor da cidade do Porto foi possível através de uma colaboração entre a Chef Sofia Santos da Cunha, que lidera a pastelaria da marca centenária e a consultoria do Chef Francisco Gomes.

“A inovação e a tradição são dois elementos constantes nos produtos da Arcádia. Por isso, foi com enorme orgulho e entusiasmo que recebemos o desafio da Câmara do Porto para criar um elemento distintivo que ligasse a cidade a um doce. O resultado é um tributo à Invicta, num pastel surpreendente que reflete os seus sabores e a sua essência, e que está, agora, disponível para que todos o possam degustar”, refere o diretor-geral do Grupo Arcádia, Francisco Bastos.

Como surgiu a ideia do Pastel do Porto? 

“Um pastel com um toque inesperado. Uma ousada tentativa de combinar a sofisticação da alta perfumaria francesa com a simplicidade de um pastel. Talvez este pastel estivesse a fazer parte de um encontro romântico, ajudando a criar a atmosfera perfeita para conquistar corações. Um toque de lavanda? Não. Optámos antes pelo aroma subtil e inconfundível do Vinho do Porto. Afinal, até um pastel merece o seu momento de luxo – um gesto que o transforma numa experiência memorável, uma recordação de que o requinte está nos detalhes. Porque, no fundo, quem disse que só nós podemos ter um ‘cheirinho de riqueza’?”, sublinha o Chef Francisco Gomes.

O Pastel do Porto encontra-se disponível nas lojas Arcádia de norte a sul do país, e a exposição “Porto. e as marcas da cidade” pode ser visitada até 3 de janeiro de 2025 nos Paços do Concelho da Câmara Municipal do Porto.

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Retalho

Action abre em Alverca e Penafiel

A loja Action em Alverca, é a primeira no distrito de Lisboa. Ambas são inauguradas no dia 12 deste mês.

A Action, discount store de produtos não alimentares, continua a investir em Portugal, agora com a inauguração de duas novas lojas, marcada para próximo dia 12 de dezembro. Com a abertura dos espaços em Penafiel, distrito do Porto, e em Alverca, distrito de Lisboa, a empresa chega a nove lojas em Portugal em menos de um ano, depois de Vila Nova de Gaia, Coimbra, Entroncamento, Santo Tirso, Vizela, Barcelos e Guarda.

As lojas da marca caracterizam-se por apresentarem 6.000 produtos em 14 categorias a preços mais baixos e oferecerem uma seleção de 150 novos produtos todas as semanas. “Cada loja disponibiliza ainda uma seleção de 1.500 produtos a menos de um euro. O preço médio de todos os produtos é inferior a dois euros”, afirma a marca.

A empresa de retalho não alimentar avança ainda que os seus produtos são também melhorados “através da redução da sua pegada de carbono e do aumento da sua circularidade”, e refere que “100% dos produtos de algodão e 94% dos produtos de madeira” já são provenientes “de fontes sustentáveis”. A marca espera atingir o objetivo de fornecimento 100% sustentável de produtos de madeira até ao final de 2024.

“É com grande satisfação que anunciamos a abertura da nossa primeira loja no distrito de Lisboa e a oitava em Portugal. Com estas novas lojas continuamos a reforçar a nossa presença no país”, destaca a diretora geral da Action em Portugal, Sofia Mendoça, lembrando que no mesmo dia, a marca abre também uma nova loja em Penafiel”.

A Action é um retalhista low-cost não alimentar que recebe mais de 17.6 milhões de clientes todas as semanas em mais de 2.750 lojas em 12 países europeus. Com mais de 2.750 lojas na Europa, emprega mais de 74 mil colaboradores. Com as novas aberturas em Penafiel e em Alverca, a Action reforça a equipa local com cerca de 40 novas contratações. Ambas as aberturas são localizadas em retail parks.

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Premium

Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce certifica o que chega à mesa do consumidor

Fomos visitar o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce, o único em Portugal detido por uma empresa do retalho alimentar, e cuja acreditação é reconhecida internacionalmente.

É aqui que o ADN dos ingredientes dos produtos marca própria do universo Jerónimo Martins é posto à prova e confirmado. Inaugurado em 2021, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce é o único em Portugal detido por uma empresa do retalho alimentar. O Hipersuper visitou este laboratório inovador, cuja acreditação é reconhecida internacionalmente, onde é confirmada a composição real dos ingredientes e a autenticidade da informação que consta nos rótulos de cada produto marca própria do Grupo.

O trabalho desenvolvido no Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce está associado à qualidade da segurança alimentar, mas também à autenticidade e à transparência, afirma Carlos Santos, diretor global da Qualidade e Desenvolvimento de Marcas Próprias do Grupo Jerónimo Martins. O responsável de Portugal, Polónia e Colômbia na área da qualidade da marca própria do Grupo acrescenta que o objetivo final é o de que os clientes “façam escolhas informadas quando compram os nossos produtos”.

No Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce são realizadas análises de ADN que permitem identificar as espécies, tanto animais como vegetais que estão presentes nos produtos de Marca Própria e assegurar que os ingredientes indicados em cada rótulo são, de facto, os utilizados na receita.

“Fomos pioneiros de entre as empresas do retalho alimentar. Em Portugal há laboratórios que fazem estas análises, mas num laboratório próprio na distribuição, ninguém faz. Aliás, eu diria que na Europa há mais de dois ou três”, assegura Carlos Santos.

O Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce tem quatro grandes clientes – o Pingo Doce e o Recheio (Portugal), a Biedronka (Polónia) e a Ara (Colômbia), ou seja, as insígnias do universo do Grupo Jerónimo Martins, e trabalha com todas estas geografias.

Inaugurado em 2021, foi ao mercado buscar uma equipa com uma larga formação e experiência em biologia molecular, e no início de 2023 foi acreditado pelo Instituto Português de Acreditação (IPAC), o que lhe garante a independência e a imparcialidade dos resultados obtidos. “A acreditação do laboratório está para os laboratórios como a certificação para as empresas. O que é que isto nos dá? Ao ser acreditado, é reconhecido internacionalmente, e, portanto, capacitado a fazer análises, quer para nós, quer para terceiros”, explica Carlos Santos.

O laboratório é auditado anualmente, tanto por uma auditoria interna como por uma externa, ambas importantes não apenas em termos de procedimentos, mas também junto dos fornecedores, a quem chega a mensagem de que este é um laboratório acreditado.

O grupo Jerónimo Martins tem certificado todo o processo de desenvolvimento de Marca Própria, que indica que são sempre seguidos todos os procedimentos em todos os produtos, com várias etapas de validação. Uma delas, é feita no laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce. “Nós não lançamos nada sem que seja analisado aqui também neste laboratório. Além disso, depois temos todas as questões de validação laboratoriais em laboratórios acreditados de química, de microbiologia, para que tenhamos um produto de qualidade e também para que tenhamos a certeza de que aquilo que nos estão a oferecer e que nós pedimos, está correto, ou seja, que a ficha técnica esteja correta”, refere Carlos Santos.

Um laboratório que deteta tudo

Neste laboratório são feitas análises de ADN quer aos produtos que o Grupo está a desenvolver, quer, de rotina, àqueles que já estão em linha, na prateleira, disponíveis para o consumidor.

Nos produtos a lançar, como as empadas destacadas no filme promocional sobre o laboratório, que está no ar, o fornecedor envia as propostas e as amostras e estas são ali entregues. Se for detetado algum elemento que não integra a ficha técnica do produto, o fornecedor é informado e tem de realizar os ajustes. Nos produtos já em loja, voltam a ser feitas as análises de biologia molecular, as análises químicas e físicas, para confirmar que o produto se mantém conforme a sua especificação.
De referir que o Grupo detém também um laboratório sensorial e uma cozinha, em Lisboa, onde, em 2023, fizerem cerca de 1.500 testes da rotina, em produtos já no mercado, e cerca de 500 em lançamentos.

Na decisão de avançar com a criação de um Laboratório de Biologia Molecular, que contou com o empenho do Chairman da companhia, estiveram três aspetos.

Um deles, a capacidade de controle de autenticidade. “No passado fazíamo-lo em laboratórios externos e tínhamos tempos de avaliação por vezes com um atraso muito grande. Com o aumento da capacidade de controle da autenticidade, conseguimos reduzir a probabilidade de ocorrência de fraude e garantir também a qualidade dos ingredientes do produto”, explica Carlos Santos.

O laboratório veio também permitir fazer chegar os resultados aos fornecedores ao mesmo tempo em que são enviados para os técnicos de Qualidade do grupo. “Criamos uma pressão muito grande a montante, estas são análises muitíssimo rigorosas, conseguimos detetar tudo, e isto criou uma necessidade aos nossos fornecedores de utilizarem ingredientes de elevada qualidade e com as espécies que nós queremos que existam no produto. Esta questão é extremamente importante”, sublinha.
O terceiro aspeto prende-se com o tempo, com o facto de ter a capacidade de reduzir o tempo da análise e, assim, atender à urgência dos resultados, necessária, por exemplo, na deteção de situações de adulteração, de fraude, num produto. Situações à semelhança da ocorrida, em 2013, na chamada crise da carne de cavalo ou na substituição de bacalhau por paloco.

O ADN: resistente e único

Presente nas células, o ADN contem toda a informação genética e que é única. “Porquê é que nós nos focamos muito na análise do ADN? Porque está presente em todos os organismos, porque é único para cada um deles, ou seja, conseguimos distingui-los todos, e porque é muito resistente. E quando falamos de comidas, estamos a falar de altas pressões, altas temperaturas, coisas muito processadas e por isso, por exemplo, as proteínas já ficam muito destruídas. E o ADN, apesar de ficar partido aos bocadinhos, digamos assim, nós conseguimos recuperar e conseguimos montar o puzzle e conseguimos identificar então as diferentes espécies”, explica Sofia Nogueira, gestora do Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce.

Especiarias, chás, queijos, hambúrgueres, enchidos, e até alimentação animal, são alguns dos vários produtos analisados no Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce. Sofia Nogueira sublinha que conseguem analisar qualquer produto alimentar, desde que tenha DNA, mas há um foco maior em alimentos mais processados e com maior volume económico. “Por exemplo, um carapau ou uma sardinha, são identificados facilmente. Mas se estivermos a falar de um paté de sardinha, ou de um Bacalhau à Braz ou de uma lasanha, não se consegue facilmente identificar de que espécie se trata, daí esse foco em alimentos mais processados”, explica.

A análise ao DNA é ali usada para dois tipos de testes. Um deles centra-se na verificação das espécies presentes num produto. “Aqui, a pergunta que fazemos é ‘que espécies estão presentes na minha lasanha?’ e vamos dar a lista completa de todas as partes que estão na lasanha. Fazemos esta sequência de nova geração para todos os produtos que analisamos”, exemplifica.

O outro, é a pesquisa de OGMs, já que Pingo Doce tem uma política de zero por cento para a utilização destes organismos geneticamente modificados, apesar da legislação permitir chegar até ao 0,9%. “Nós aqui procuramos alterações no ADN que nos permitem perceber se existe algum organismo geneticamente modificado naquele produto, ou não”, refere a responsável. Carlos Santos afirma que a decisão do grupo em torno dos OGMs prende-se com as regras de sustentabilidade da empresa: “um dos problemas dos OGMs é que afetam muito a diversidade das espécies, ou seja, um OGM é muito mais forte que as outras espécies”.

Feita a análise, o que se obtém é a lista de espécies presentes na amostra de produto examinada. O passo seguinte é compará-la com as especificações do rótulo, para verificar se o produto está ou não conforme essa informação. A chamada contaminação cruzada é a alteração que mais ocorre. “Por exemplo, num queijo de ovelha em que estamos a apanhar uma pequena quantidade de queijo de cabra, porque anteriormente tinha sido produzido queijo de cabra e a linha não foi bem limpa. Ou também podemos verificar a substituição real de uma espécie por outra. Aqui conseguimos fazer essa distinção”, assegura a gestora do Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce.

Num caso ou noutro, os resultados da análise são enviados à Direção da Qualidade da respetiva insígnia do Grupo, que identifica o problema e decide a medida a tomar. O laboratório, por ser autónomo e imparcial, está isento da tomada de decisões.

Capacidade para as 100 mil espécies conhecidas

O laboratório está apto a identificar as 100 mil espécies conhecidas que podem estar presentes nos produtos. Desde 2021, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce já realizou cerca de 19 mil análises a produtos de marca própria das várias insígnias do Grupo Jerónimo Martins, das quais mais de seis mil apenas em produtos marca própria Pingo Doce, revela Sofia Nogueira. Somente em 2023, no global do Grupo foram feitas 6.263 análises, das quais 1.748 da marca Pingo Doce. Apenas no contexto do Pingo Doce, desde 2021 foram analisados mais de cinco mil produtos.

“Cada produto é analisado cerca de três vezes ao ano, para manter esta consistência. Depois, se houver algum problema, o número de análises pode aumentar. Tem tudo a ver com o risco, obviamente”, esclarece Sofia Nogueira. “Todos os planos de controle que nós temos, são baseados no risco. Nós temos produtos em que o risco é maior e analisamos cinco vezes por ano, por vezes até mais”, complementa o diretor global da Qualidade e Desenvolvimento de Marcas Próprias do Grupo Jerónimo Martins.

Curiosamente, em produtos vegetarianos ou vegan, a análise é feita ‘pela negativa’, para confirmar a ausência de DNA seja de carnes, peixes, crustáceos ou outros ingredientes e que os produtos contêm apenas DNA de plantas.

Para alcançar estes números, o laboratório conta com uma equipa técnica com vasto conhecimento e experiência, mas também com equipamentos de última geração, que representaram um investimento de um milhão de euros. “Nós temos o ‘estado da arte’ em termos de equipamentos. ou seja, neste momento todos os equipamentos que temos são topo de gama, e isso importante porque uma das nossas preocupações é que cada vez que possa aparecer um novo método, nós estarmos preparados para também para o fazer”, refere Carlos Santos.

O investimento aplica-se também à formação, seja quando adquirem um novo equipamento, seja na procura e aquisição de novas metodologias a implementar.

O Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce foi criado para o universo do Grupo Jerónimo Martins, mas tem capacidade para realizar análises de ADN a pedido de entidades externas, uma possibilidade que não esta descartada. Carlos Santos adianta que neste momento, o laboratório estabeleceu trabalhar com os fornecedores, principalmente, e com terceiros, apenas ingredientes e processos, ou seja, verificar a origem de uma possível contaminação. Mas lembra que o laboratório tem capacidade para fazer análises para fora.

“Aliás toda a gente já sabe que que pelo facto de seremos acreditados, somos imparciais e, portanto, temos capacidade de trabalhar com clientes. Neste momento temos muito poucos ainda, mas há clientes que nos estão a pedir orçamentos para trabalhar connosco. O facto de ser um laboratório acreditado, permite-nos fazer tudo”, conclui Carlos Santos.H

Transparência e segurança alimentar passo a passo

Por mês, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce analisa o ADN dos ingredientes (e confirma a autenticidade da sua composição) em cerca de 150 amostras apenas de produtos marca própria Pingo Doce. No global do universo do Grupo Jerónimo Martins, o número é, exponencialmente, maior: naquele que é o laboratório pioneiro na área do retalho alimentar em Portugal, mensalmente são testadas cerca de 500 amostras de produtos marca própria do grupo comercializadas em Portugal (Pingo Doce e Recheio) na Polónia (Biedronka) e na Colômbia (ARA).

Acreditado pelo Instituto Português de Acreditação desde 2023, o Laboratório de Biologia Molecular do Pingo Doce tem desde então reconhecimento internacional do trabalho ali realizado. Tem capacidade para analisar mais de 100 mil espécies que possam estar presentes nos produtos marca própria, e para além das análises regulares ao ADN dos produtos que já estão no mercado, ali são feitos também testes de ADN a novos produtos.

Mas como se processam? A composição do produto em análise – por exemplo, se um hamburguer de vaca contém verdadeiramente carne de vaca e todos os ingredientes listados no seu rótulo – é confirmada através da sequenciação do ADN.

A análise ao produto é realizada em várias fases, cada uma das quais numa sala distinta. Mas começa com a sua chegada ao laboratório. É fotografado em vários ângulos para se registar todos os elementos identificativos (entre eles, o rótulo que refere a composição dos ingredientes).

A amostra vai então para a primeira sala onde é homogeneizada e forma uma espécie de pasta, da qual é extraída uma porção para análise. Segue para outra sala, onde é feita a extração do ADN, passando por uma sucessão de lavagens até ficar ‘puro’. O ADN é copiado por PCR e feita a sua sequenciação através do método de NGS (sequenciação de nova geração), num equipamento instalado noutra sala.

O ADN que ali é sequenciado, chega num pequeno chip com milhões de ‘poços’ onde podem ser colocadas moléculas de ADN de vários produtos, que poderão ser de origens diferentes: num mesmo chip, podem estar moléculas de ADN de queijos, de enchidos e de especiarias.

Após ser carregado, o chip é colocado no sequenciador para que seja feita a “leitura” de todas as moléculas de ADN, e seja criado um ficheiro informático com essa informação. As sequências de ADN obtidas são comparadas com a informação que consta em base de dados internacionais (que estão em constante atualização) e que permitem identificar as várias espécies animais ou vegetais que estão no produto em questão.

Artigo publicado na edição 428 

 

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Retalho

APCC entregou mais de 25 mil euros à Acreditar

Os primeiros donativos, reunidos pela Associação Portuguesa de Centros Comerciais, foram entregues no arranque da campanha nacional a favor da Acreditar, que se prolonga até 06 de janeiro de 2025.

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A campanha de recolha de donativos para a Acreditar-Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, arrancou na quinta-feira e decorre até dia 06 de janeiro, em todo o país, e tem como objetivo conseguir apoios para a Associação que desde há 30 anos garante uma ajuda fundamental às crianças e jovens com cancro e às suas famílias, acompanhando e prestando apoio em todas as fases da doença.

Ainda no dia 05 deste mês, realizou-se o Concerto Solidário Acreditar, pela Orquestra de Sopros da Metropolitana, na praça central do Centro Colombo, pelas 18h, com a entrega à Acreditar dos primeiros donativos, neste caso, da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) e de associados, num montante de 25 mil e 500 euros.

A campanha é uma iniciativa da APCC, com o apoio dos seus associados, e estará patente nas redes sociais e nos centros comerciais. O público em geral e entidades podem dar o seu contributo. Mais informações sobre as formas de contribuir disponíveis aqui

A Acreditar já apoiou mais de 15 mil famílias. Garante um acompanhamento muito vasto às crianças e jovens e às suas famílias: apoio financeiro, alimentar e material, apoio escolar, bolsas de estudo, apoio psicológico e jurídico, entre outro tipo de ajuda. Criou, também, as Casas Acreditar que acolhem as famílias das crianças e jovens que têm de sair das suas localidades para realizarem tratamentos no Porto, Coimbra ou Lisboa. As casas permitem que muitas famílias não estejam sujeitas a longas e constantes deslocações e evita que fiquem alojadas em condições precárias.

“Os centros comerciais são muito mais do que meros locais de compras, existem para servir as pessoas, as comunidades em que estão inseridos e são motores do desenvolvimento económico e social a nível local, regional e nacional”, afirma a diretora executiva da APCC. “Acreditamos que o reconhecimento do trabalho desenvolvido pela Acreditar irá estender-se aos nossos associados e aos muitos portugueses que, diariamente, visitam os centros comerciais de todo o país, porque cada contributo é essencial e pode garantir uma ajuda de que tanto precisam as crianças e famílias apoiadas por esta associação”, completa Carla Pinto.

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ESG

Fundação Infantil Ronald McDonald recebe 184 mil euros dos restaurantes McDonald’s Portugal

O valor resulta da 23ª edição da campanha ‘McSorriso’ e contribui para a consolidação dos projetos da Fundação em Lisboa e no Porto.

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A Campanha ‘McSorriso’ decorreu entre 22 e 24 de novembro em todos os restaurantes McDonald’s em Portugal e consistiu na doação de 25 cêntimos por cada McMenu vendido, reforçando o compromisso da McDonald’s com a Fundação Infantil Ronald McDonald.

Os 184 mil euros angariados vão contribui para a consolidação dos projetos da Fundação, localizados em Lisboa e no Porto, permitindo à fundação “ampliar a sua capacidade de resposta e continuar a assegurar o apoio gratuito a famílias com crianças e jovens em tratamento hospitalar”, destaca a McDonald Portugal num comunicado.

As Casas Ronald McDonald, em Lisboa e no Porto, o Espaço Familiar Ronald McDonald no Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e a Sala de Brincar Ronald McDonald no Hospital de São João, no Porto, apoiam e cuidam de forma gratuita famílias com crianças e jovens em tratamento hospitalar. No total, ao longo de mais de 20 anos, os quatro projetos da Fundação já apoiaram mais de 8.000 famílias.

“Desde a criação da iniciativa ‘McSorriso’, em 2002, os restaurantes McDonald’s em Portugal já contribuíram com mais de um milhão e trezentos mil euros com o objetivo de ajudar a Fundação Infantil Ronald McDonald a cumprir a missão de aproximar famílias com crianças e jovens em tratamento hospitalar e contribuir para o seu bem-estar”, destaca a empresa.

A Fundação Infantil Ronald McDonald é uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de reconhecida Utilidade Pública, que tem como propósito dar conforto e apoio a famílias durante o tratamento hospitalar dos seus filhos, contribuindo para o seu bem-estar emocional e psicológico. Criada em 2000, conta com o apoio da sociedade civil e de parceiros, entre eles a McDonald’s Portugal e os seus franquiados. Para além dos quatro projetos, tem um programa de oferta de kits de acolhimento hospitalar para as famílias das crianças internadas em 11 hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

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Logística

Leroy Merlin investe 8 milhões no novo centro de distribuição nacional em Castanheira do Ribatejo

A inauguração do novo Centro de Distribuição Nacional, em Castanheira do Ribatejo, representa um investimento global de cerca de 128 milhões de euros e vai criar 400 empregos diretos.

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A Leroy Merlin acaba de inaugurar o seu novo Centro de Distribuição Nacional (CDN), localizado em Castanheira do Ribatejo, que promete revolucionar a experiência do cliente. A cerimónia de inauguração decorreu no dia 3 de dezembro, no próprio CDN, onde a insígnia, a GSE e a Montepino celebraram o resultado de uma aposta conjunta na sustentabilidade, eficiência e no compromisso com a modernização do setor logístico.

Numa cerimónia que contou com os testemunhos das três empresas envolvidas e ainda das figuras do Ministro da Economia e Presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, abriram-se as portas daquele que é o maior centro logístico do país. Com uma área de 105.500 m2 e uma estrutura composta por 10 células operacionais especializadas, esta nova infraestrutura representa um investimento de 120 milhões de euros para a Montepino e de 8 milhões de euros para a Leroy Merlin, que assinala um importante marco na expansão da sua capacidade logística em Portugal.

O novo CDN vai permitir à Leroy Merlin centralizar todas as suas operações logísticas no país e, consequentemente, conquistar uma melhoria significativa da eficiência do serviço, assegurando maior disponibilidade de produtos e uma entrega mais rápida, tanto nas lojas como nas encomendas online, refere em comunicado.

Além de todas as especificidades logísticas que apoiam a melhoria do serviço prestado ao cliente, também a experiência do colaborador é uma prioridade para Leroy Merlin. A implementação de protocolos rigorosos de segurança, formações regulares e soluções ergonómicas nos postos de trabalho são alguns exemplos de medidas que visam minimizar riscos e promover a segurança operacional. Além disso, a infraestrutura do centro inclui ainda áreas de apoio, como um refeitório moderno e um ginásio, que visam melhorar a qualidade de vida dos colaboradores e promover um ambiente de trabalho saudável, informa ainda.

José Miranda, diretor de supply chain e delivery da Leroy Merlin, destaca a importância deste investimento referindo que “O cliente é uma prioridade em todas as operações da Leroy Merlin e, como tal, trabalhamos diariamente no sentido de superar padrões de qualidade que respondam cada vez mais rápida e eficazmente às suas necessidades. O novo Centro de Distribuição Nacional vem permitir dar um passo em frente naquilo que tem sido o nosso serviço e garantir uma melhoria sem precedentes na experiência do cliente, mas também do colaborador, pelo que não podíamos estar mais felizes. A inauguração do CDN é uma celebração dos nossos valores, das nossas conquistas e do caminho que queremos traçar para o futuro. É ao mesmo tempo uma oportunidade para reforçar a imagem da Leroy Merlin como uma empresa inovadora, sustentável e comprometida com o desenvolvimento do país”.

Alinhado com o propósito da Leroy Merlin em garantir Impacto Positivo a nível ambiental e social, é explicado que o CDN foi construído segundo critérios rigorosos que visam obter a certificação ambiental LEED Platinum, isto é, o selo concedido a edifícios que atendem aos mais altos padrões de eficiência energética, uso responsável de recursos e impacto ambiental reduzido. Entre as medidas implementadas estão a instalação de painéis fotovoltaicos, carregadores elétricos para veículos, iluminação LED e a gestão técnica centralizada, em prol de uma maior eficiência energética e de uma redução significativa nas emissões de CO2.

Responsável pela construção deste CDN e a celebrar aquele que é o seu primeiro empreendimento em Portugal, Juan Jose Vera, conselheiro da Montepino, adianta que “o desenvolvimento desta plataforma consolida a liderança da Montepino no setor logístico na Península Ibérica e reforça as capacidades internacionais da Valfondo para promover projetos inovadores e sustentáveis em locais estratégicos. Estamos especialmente orgulhosos de associar a nossa marca a um dos operadores líderes do setor, unindo esforços para garantir o sucesso de um projeto que marcará um antes e um depois no desenvolvimento do setor logístico em Portugal”.

“Para nós foi um prazer acompanhar o nosso cliente Montepino no seu primeiro projeto internacional, bem como a Leroy Merlin com o maior centro logístico construído em Portugal até à data. Foi sem dúvida um desafio, mas uma história de sucesso, que se deve à boa colaboração de todas as partes. A nossa equipa local tem sido fundamental e continuamos a consolidar a GSE em Portugal”, refere Joan Carles Aguado, Country Manager da GSE Ibéria.

Presente na inauguração, o Ministro da Economia, Pedro Reis sublinhou que “este projeto é mais um sinal da capacidade de atração de investimento da economia portuguesa. Portugal apresenta hoje uma proposta de valor robusta e competitiva, baseada em ótimas acessibilidades e em excelente talento, tudo num ambiente de segurança e dinâmico. Estamos, assim, focados em promover mais investimentos sustentáveis que acelerem o potencial de crescimento da nossa economia”.

Prevê-se que o novo Centro de Distribuição Nacional fique 100% operacional no primeiro trimestre de 2025. Ainda segundo o comunicado está planeada para, nos próximos dois anos, ser inaugurada mais uma Plataforma Logística em Matosinhos.

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