Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes Gonçalves
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Carlos Gonçalves: “Não queríamos ser mais um e hoje continuamos a não querer”

Carlos Gonçalves assume plenamente a afirmação que dá titulo a esta entrevista. Mas, com a mesma intensidade, afirma “o orgulho” em que a Casa Mendes Gonçalves seja, há 42 anos, “uma empresa de pessoas”. “Foram as pessoas que nos trouxeram até aqui”.

Ana Grácio Pinto
Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes Gonçalves
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Carlos Gonçalves: “Não queríamos ser mais um e hoje continuamos a não querer”

Carlos Gonçalves assume plenamente a afirmação que dá titulo a esta entrevista. Mas, com a mesma intensidade, afirma “o orgulho” em que a Casa Mendes Gonçalves seja, há 42 anos, “uma empresa de pessoas”. “Foram as pessoas que nos trouxeram até aqui”.

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Entrevista
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A Casa Mendes Gonçalves chegou ao mercado há 42 anos e logo com um produto que tanto teve de arriscado como de inovador. O vinagre de figo firmou-se e provou que vale a pena arriscar e diferenciar-se. E os dois fundadores, responsáveis pelo seu lançamento, mostraram que inovar e apoiar a produção nacional, vale ainda mais a pena. “Fazemos as coisas porque nos apaixonamos por elas, porque acreditamos nelas e a nossa história mostra isso. Temos tido sucesso e o sucesso é esse: as pessoas acreditarem e fazerem”, define Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes Gonçalves nesta entrevista ao Hipersuper.

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Começou ainda adolescente a trabalhar com o seu pai, na produção de vinagres, e decidiram-se pela criação de um vinagre de figo. Essa aposta arriscada, mas ao mesmo tempo inovadora, definiu logo ali o que seria a Casa Mendes Gonçalves?
Sim. Sempre que acompanho uma visita à fábrica e chego à área onde estão os figos, digo que nós temos duas características. Costumo dizer, a brincar, que há 42 anos a palavra inovação só estava no dicionário ninguém a usava. Mas não queríamos ser mais um e hoje continuamos a não querer. Quisemos fazer um produto diferente. A outra característica, que também sempre nos marcou, foi a produção nacional, produzir com matérias-primas nacionais, de perto de nós. E o figo reunia essas duas características: é do concelho de Torres Novas e é um produto bastante diferenciador, com muita qualidade.
E era sempre uma empresa a começar, com um homem de 60 e um miúdo de 15 anos a fazerem uma coisa que ninguém fazia e a adicionarem bastante complexidade e risco. Mas o processo valeu a pena.

Referiu o facto de a empresa apostar nos produtos da região. O crescimento levou a Casa Mendes Gonçalves a diversas geografias e continentes, mas continua a manter-se na Golegã. Esta ligação é também parte do seu percurso de sucesso?
Não só se mantém, como se aprofundou. Nós, empresas familiares, para além de acharmos convictamente que temos uma responsabilidade muito grande, temos também uma facilidade grande de o fazer. Ou seja, por um lado em termos de decisões nós podemos pensar as coisas a médio e longo prazo. Não temos que pensar a quatro anos, a princípio não somos despedidos, ficamos cá, portanto temos essa possibilidade. E hoje em dia esse é um bem enorme, o de poder planear o futuro sem o imediatismo.
Por outro lado, é isso mesmo que diz: nós estamos na nossa terra com a nossa gente, num sítio que conhecemos e isso dá-nos uma vantagem competitiva enorme. Se estivéssemos noutro sítio qualquer não aconteceria. Portanto essas duas coisas juntas dão-nos uma possibilidade de mudar o nosso mundo, como eu costumo dizer.
As empresas familiares têm essa responsabilidade que, no nosso caso, assumimos claramente, de que a sociedade toda evolua connosco e que nós, a cada momento, possamos ser produtores desse desenvolvimento. Não só dar emprego, mas que haja outros negócios à volta. Digo muito convictamente: estaria muito satisfeito se houvesse mais empresas na Golegã e se houvesse empresas maiores que nós. Era sinal que tínhamos feito o nosso papel e já não precisávamos estar sozinhos a ‘puxar a carroça’, já haveria mais gente a puxar.

Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes Gonçalves


Os molhos foram uma aposta natural para quem já fazia vinagres alimentares ou viram nesse novo produto também uma forma de se diferenciarem?

É um pouco das duas coisas. Por um lado, uma continuidade daquilo que nós fazíamos e de uma empresa que estava mais ou menos ‘esgotada’ por ali. Nós começamos a fazer vinagre, fizemos muitos e diferentes vinagres, embalagens diferentes, negócios diferentes, apareceu a distribuição em Portugal e estávamos em todo lado, fazíamos as nossas marcas, as marcas próprias, até as marcas concorrentes… Portanto, o negócio de vinagre estava muito esgotado e os molhos foram um seguimento natural, dentro da mesma área de negócios, muitas vezes com os mesmos compradores, e uma evolução natural daquilo que fazíamos. E, claramente, uma oportunidade de podermos diferenciar-nos. É isso também com a Paladin e hoje o que trazemos são sabores diferentes, os sabores portugueses. A Paladin, no relançamento, foi muito por aí, por sabores diferentes que não existiam muito ligados ao nosso sabor português e aos nossos ingredientes.

Foi o que viram na Paladin, que adquiriram em 2000? Uma mostarda que podia ‘sair’ do circuito das roulottes, digamos assim, dar origem a uma gama de produtos e ganhar as vendas no retalho?
Quando comprámos a Paladin, tinhamos muito pouco conhecimento da área, mas investimos, começámos a fazer uma fábrica. Digo sempre que sabia menos que zero porque algumas coisas que eu achava que eram certas estavam erradas, portanto, literalmente, sabia menos que zero. Foi um risco grande ir para uma área de negócio muito diferente, muito mais competitiva que o vinagre sem ter esse conhecimento. Mas fomos à procura da oportunidade e rapidamente contratamos colegas com conhecimento e que desenvolveram o negócio aqui em casa.
Quando olhamos para o mercado, estamos perante um mercado bem diferente do tradicional, um mercado muito competitivo dominado pelas grandes multinacionais, muito dinâmico a todos os níveis. E, portanto, uma empresa da Golegã, de Portugal, que estava a começar sem conhecimento nenhum, ir ‘de frente’ seria mais ou menos um suicídio. Mas escolhemos os dois caminhos, de que já falámos hoje, e com muito orgulho continuamos a seguir: a portugalidade – não seria credível que nenhuma multinacional viesse a abrir uma fábrica em Portugal e fazer as coisas com os nossos ingredientes e a inovação/versatilidade, ser rápido a chegar ao mercado.
Como costumo dizer, usando a linguagem futebolística, puxámos o jogo para o nosso lado, para o nosso campo onde tínhamos uma vantagem competitiva. Hoje isso trouxe-nos o ‘prémio supremo’ e que é produzirmos para alguns que eram os nossos concorrentes.
A Paladin era uma marca de mostarda, tinha uma referência no mercado tradicional, e nós vimos a oportunidade de ser a nossa marca dos molhos. A nossa marca era a Peninsular, que estava muito ligada a vinagres, e quando iniciamos os molhos começámos com a Peninsular que era o que tínhamos. Mas rapidamente vimos que a Paladin poderia ser a nossa marca para molhos e também a nossa marca para internacionalizar.

Para além de inovar, também anteciparam tendências…
Sim, é o que procuramos fazer ainda hoje. Temos uma equipa de colegas no departamento de Investigação e Desenvolvimento e as minhas colegas e os meus colegas vão literalmente a todos os cantos do mundo. Procuramos estar atentos às tendências e também procuramos antecipar as tendências da alimentação que hoje são conhecidas e traduzir essas tendências em produtos que sejam fáceis de usar e adaptados aos nossos hábitos de consumo.

Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes Gonçalves

O que está a mudar na Casa Mendes Gonçalves, que investimentos em sustentabilidade estão a fazer como consequência dos critérios ESG?
Eu prefiro a expressão que usou, ESG, porque traduz melhor. Sustentabilidade começa a ser um termo que quer dizer tudo e não quer dizer nada e principalmente quer dizer greenwashing e nós procuramos estar afastados disso. O que queremos fazer está bem assente nos três pilares ESG. Nós somos uma empresa industrial temos uma pegada, gastamos água, gastamos energia. Queremos, antes de mais, medir o nosso real impacto, criar medidas para reduzir e então se houver algo que nós não consigamos reduzir ou eliminar, compensar. Não lhe vou dizer que todos os nossos telhados têm painéis. Agora ainda estamos a construir mais e já temos os painéis encomendados porque é quase uma obrigação, hoje, fazê-lo.
Olhamos muito para o social, o ‘S’ para nós é fundamental. Temos orgulho em ser uma empresa de pessoas há 42 anos e foram as pessoas que nos trouxeram até aqui. A complexidade que temos na sociedade levou-nos a uma responsabilidade muito maior nessa área. O concelho da Golegã tem cinco mil habitantes e nós empregamos mais de 400 pessoas. Temos refugiados, que recebemos através de um programa em parceria com a fundação Aga Khan, num plano não para um ano ou para quatro anos, mas para 20 anos. Para que as várias crianças que já nasceram na Golegã, daqui a 20 anos possam contar uma história de sucesso. E, noutra vertente, também dos jovens que emigraram. Temos na empresa quatro ou cinco jovens que estavam a trabalhar no estrangeiro e que vieram trabalhar para a nossa empresa. Portanto, não é uma inevitabilidade que os jovens portugueses não voltem, querem voltar desde que nós lhes demos todas as condições. Porque nós temos que valorizar as pessoas pelo rendimento que dão, eu não conheço nenhum país no mundo que se tenha desenvolvido com salários baixos. Temos um plano de alojamento que nunca tinha sido oferecido e vamos estruturá-lo agora melhor, com regras.

Como trabalha a sustentabilidade económica na empresa? Há um foco no reinvestimento dos lucros, por exemplo? As parcerias, quer com a indústria, quer com as insígnias do retalho têm a sua importância, para além da vossa produção própria?
Claro que nós temos de ganhar dinheiro, claro que se temos este projeto de desenvolver as nossas pessoas, de pagar bem às pessoas, de ter esta ação social, a empresa tem que ter resultados. Mas governance é mais do que isso, claro que no fim traduz-se em resultados, mas é ter gente com capacidade, gente com vontade de fazer diferente e gerir bem a empresa em todos os aspetos.
É fazer parcerias, e hoje, cada vez mais, felizmente, se fala nisso. Parcerias com os nossos fornecedores, com os nossos clientes, que nós preferimos chamar parceiros, precisamente por isso. Porque se nós criarmos um produto extraordinário, mas não tivermos matérias-primas, se não tivermos uma prateleira de supermercado para o colocar ou um restaurante, serve-nos de muito pouco. Ali é que efetivamos a nossa criação, é na venda. Portanto tudo isso é governance.
Precisamos investir no desenvolvimento da empresa, continuar a investir em pessoas, em equipamentos, em conhecimento fundamentalmente, e estamos à beira de o fazer. Iremos já no próximo ano, com toda a estrutura, entregar uma parte à sociedade através da nossa fundação. A empresa vai ser da fundação e, portanto, aquilo que já fazemos hoje vamos fazê-lo de uma forma estruturada. Falando, mais uma vez, em governance, todos nós que estamos nesta casa sabemos o fim para o qual estamos a trabalhar, temos muito bem definido o que é que vamos fazer no fim e toda a gente ter isso como foco.

Qual será o principal foco da fundação? A educação, a formação?
Sim, a educação e a formação são, para nós, quase uma obsessão. Mais uma vez digo que não conheço nenhuma sociedade, nenhum país que se desenvolva baseada em salários baixos e também não conheço, na história da humanidade, nada que se desenvolva sem conhecimento. E temos de o trazer às nossas pessoas, à empresa, à nossa região e esse será um drive muito, muito importante.
O outro está relacionado com o princípio da nossa atividade. Nós somos uma agroindústria e precisamos de produtos agrícolas, queremos muito produzir matérias-primas para nós, queremos testar formas de produzir matérias-primas, estamos a falar de qualquer produto agrícola, mas deixando na terra algo mais. Deixando o solo mais rico do que estava hoje e isto através da agricultura regenerativa, mas sempre com o drive do conhecimento, ou seja, vamos buscar o conhecimento onde ele existe hoje, trazer para aqui, testar e difundir. São os dois grandes drives. Queremos construir uma escola que seja para todos.

Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes GonçalvesSerá no âmbito do projeto Vila Feliz Cidade? O projeto iniciou-se em 2019, mas teve a ideia em 2017. A agricultura regenerativa está a ganhar força a nível global, mas tanto em 2017 como em 2019, esta era uma abordagem de que pouco ou nada se falava. Porque decidiu avançar com este projeto e em que moldes é desenvolvida a parte agroflorestal?
Como digo, quando ouvimos que há algum conhecimento, há alguém que está a fazer alguma coisa diferente em alguma parte do mundo, vamos procurar saber os fundamentos, se realmente está a ter resultados, se é baseado em ciência vamos aprender e vamos testar. Adquirimos uma área com esse objetivo e estamos a utilizar 33 hectares, porque só tomaremos os outros 20 daqui a algum tempo.
Começámos por plantar os nossos pimentos picantes, fizemos 20 e tal variedades porque queríamos testar, ver as condições, ver os rendimentos. O próximo em que vamos investir é mostarda, muito nesta vertente da agricultura regenerativa, de proximidade, o terreno está aqui ao lado. Em relação aos pimentos picantes, por exemplo, posso lhe dizer que comprávamos fora, na América do Sul, uma grande parte e hoje produzimos aqui em agricultura regenerativa e conseguimos ser competitivos.
O que nós procuramos fazer, desse nosso projeto regenerativo, é criar modelos de negócio que sejam rentáveis para quem faz. Também queremos atrair jovens, atrair pessoas para o fazer, o nosso projeto é muito este: testar, comprovar e ensinar para que outros façam, para criarmos massa crítica com produtores à nossa volta, e, portanto, se queremos ter produtores à nossa volta, eles têm de ter rendimento. As pessoas que trabalham no campo, que fornecem as matérias-primas, têm que viver melhor, têm que ter um rendimento da sua atividade e com os pimentos comprovamos que isso é possível: é possível comprar em condições competitivas e ter um produto melhor porque está próximo e porque é colhido e processado logo para a indústria.
Tivemos uma reunião com um grande produtor local, o engenheiro João Coimbra, para testarmos a mostarda, que, para além de todas estas questões, vem de longe, vem do Canadá. Queremos trazer (a produção) para perto em parceria com outros agricultores de preferência aqui ao lado. Se trouxermos para Portugal é bom, se trouxermos para o Ribatejo é melhor, se trouxermos para a Golegã é melhor ainda.

A escola que referiu seria construída dentro do espaço do projeto?
Sim, porque tenho realmente este foco grande na escola. O projeto é de uma escola para os filhos dos meus colegas. Um berçário, um infantário, uma escola do primeiro ciclo. Com a estrutura que temos e com o apoio da Fundação Aga Khan, e com a credibilidade que o nosso projeto começa a ter, é fazer um projeto que envolva o estado português através do Ministério da Educação e da Segurança Social, a autarquia, a direção de educação da região. Uma iniciativa privada, mas que seja uma escola pública acessível a todos. Estamos a avançar, com conversas concretas com os ministérios para fazer um projeto piloto nesse sentido.

Referiu a questão da procedência das matérias-primas. Com a pandemia e depois com os conflitos externos, o aumento dos preços, como estão a enfrentar a insegurança no fornecimento? É possível encontrar um abastecimento de matérias-primas mais próximas?
É o que estamos a fazer com este projeto. Estamos a testar e a mostrar que é possível fazer isso, trazer as matérias-primas, os circuitos curtos. Falei na mostarda, toda a vida se produziu aqui mostarda e deixou-se de produzir por qualquer razão que o homem há-de explicar. Com a guerra Rússia-Ucrânia, para ter uma noção, 52% do nosso negócio desapareceu naquela primeira noite, não tínhamos matérias-primas para mais de metade do que nós fazemos. Como deve calcular, foi uma noite bem passada… na altura tínhamos 300 e tal pessoas e no dia a seguir não tínhamos matéria-prima, não tínhamos óleo, não tínhamos açúcar, não tínhamos amido. Isto faz-nos pensar ainda mais e olhar ainda mais para estas dependências e fazer aquilo que lógico e óbvio. Nós sempre produzimos aqui, temos todas as condições de produzir. E além do mais nós, estando aqui no Vale do Tejo com estas características de terreno, de água e de clima, é quase criminoso não o fazer.

Como conseguiram na altura ultrapassar a falta de matéria-prima?
O mais grave para nós foi o óleo de girassol, que era produzido na Rússia e na Ucrânia – produziam mais de metade do óleo de girassol do mundo – e a outra parte na América do Sul, na Argentina, nomeadamente, e não era época de campanha. Portanto, estávamos na campanha da Ucrânia. A partir do momento em que um grande país produtor é bombardeado e o que o bombardeia é o outro fornecedor, cortam-se os circuitos.
Portanto, deixou de sair naquele dia e foi substituído, talvez 10 dias depois, por óleo de colza, com todos os custos associados, com o triplo do preço, com os racionamentos. Nós mudámos as nossas fórmulas todas, foi um período difícil. Eu digo que começámos a empresa de novo, foi praticamente começar a empresa de novo. Porque, em alguns casos os ingredientes eram transversais a quase tudo o que fazemos e, portanto, tivemos de fazer fórmulas novas, testar. Em alguns casos havia questões legais porque o rótulo dizia óleo de girassol e já não era óleo de girassol, o consumidor ia ver que o sabor era diferente, e o preço.
Mas deixe que lhe diga, porque é justo, que foi notável a união de toda a gente, com a distribuição, com a produção primária, para podermos encontrar soluções. No nosso caso vou-lhe dar um exemplo que compreenderá: o óleo foi para o triplo do preço naquele momento, naqueles 10 dias não havia consumidor nenhum que comprasse uma maionese três vezes mais cara, não é um artigo de necessidade para ninguém. Portanto não nos bastava arranjar uma solução e dizer ‘está aqui a solução e custa três vezes mais’. Tínhamos de arranjar uma solução de preço e a reformulação implicou os ingredientes e implicou também mexer no custo porque havia ali um ingrediente que estava completamente ‘disparatado’.

Carlos Gonçalves, CEO e co-fundador da Casa Mendes Gonçalves


Depois de passar por uma situação difícil, era compreensível que adiasse investimentos. Entretanto decide investir numa participação na empresa britânica a Rubies in the Rubble, da qual a Casa Mendes Gonçalves já era fornecedora – neste caso do tomate que está na base do ketchup da marca britânica que foi considerado o melhor ketchup do Reino Unido, pelo jornal The Sunday Times. O que levou a esse investimento?

Procuramos fazer esses investimentos e ter essa clarividência e, lá está, nas empresas familiares é mais fácil. Não cortamos nas pessoas nem cortamos nos investimentos porque estava em causa o nosso futuro e se cortássemos naquela altura iríamos pagar caro mais à frente. E a Rubies in the Rubble é um pouco isso, é continuar a investir naquilo em que acreditamos.
A Rubies teve a ideia de fazer, na altura, chutneys e depois quando conhecemos e com o Eng. Martin Stilwell, que investiu connosco, a Rubies criou esta fórmula com tomate português e com fruta portuguesa, maçã, pera, para substituir o açúcar. E o prémio supremo foi ser considerado o melhor ketchup no Reino Unido com a qualidade do nosso tomate. Tudo aquilo que tenho estado a dizer, dos circuitos curtos, de produzir perto, de transformar imediatamente, obteve esse prémio lá e esperamos que um dia o tenha cá também.

O investimento nessa empresa tem a ver com um plano de expansão da Casa Mendes Gonçalves?
Tem a ver com esta ideia que temos sempre presente de que conseguimos realmente levar pelo mundo o que são os nossos sabores, o que é a qualidade dos nossos produtos, dos nossos ingredientes. E com a inovação de fazer um produto mass market com o desperdício alimentar e com as nossas matérias-primas. Portanto, é um win-win que nós acreditamos que podemos trazer agora para Portugal e levar para outros países. Porque acreditamos que é possível levar a mensagem de que um produto realmente de grande qualidade, e um produto agrícola tão banal como o tomate, pode fazer um ketchup muito bom e que as frutas que nós deitamos fora quase como uma inevitabilidade podem se tornar um ingrediente bom para a saúde porque evitam açúcar e dão um sabor ainda mais extraordinário ao produto.

Em termos de investimentos há projetos que estejam a desenvolver ou que vão iniciar?
Sim, nós não cortamos nos investimentos e estamos a admitir pessoas. Nesta área de tendências dos produtos fermentados, fruto de projetos de investigação e desenvolvimento que tivemos, neste caso com a Sonae e com o ISA, vamos lançar produtos nessa área. Toda esta tendência de produtos mais naturais, com mais sabor e com ingredientes naturais, é a nossa área de negócios em formatos mais ‘amigáveis’ do consumidor e da restauração, que é um negócio cada vez mais importante para nós.
Hoje com a alimentação cada vez mais vegetariana nós olhamos para isso, entramos nessa área. Portanto se há um consumidor que é vegan, que quer um molho vegan, vamos fazer um molho vegan; se é vegetariano, vamos fazer um molho vegetariano.

No âmbito do vosso plano de internacionalização, quanto representam os mercados externos?
Representam 20%, mas queremos chegar, em quatro, cinco anos, aos 40%, 50% do nosso volume de negócios.

Nesse sentido haverá uma aposta em novos mercados ou o foco é crescer onde estão?
Nós queremos consolidar. Nesta lógica de ficarmos por cá mais 400 anos (risos), temos tempo e nesta lógica de a nossa administração não precisar mostrar resultados imediatos, também temos tempo.
Veja o que aconteceu com a Paladin. Tivemos um plano, demorou anos a chegar até aqui, fizemos todo um caminho e criamos todo um plano. Se formos aqui para o lado, eles são cinco vezes maiores que nós, não vamos ser importantes lá porque somos portugueses. Com certeza temos de fazer um trabalho pensado e demorado no tempo. Olhamos muito para reforçar aquilo que temos e aquilo que acreditamos que vai ser importante para nós, ou seja, Marrocos, Espanha, o Médio Oriente, cada um num segmento. Na Europa fazer aquilo que nós fazemos aqui: parcerias fortes com empresas de distribuição que acreditem no que nós fazemos. Ou seja, que a sinergia seja com a qualidade, com os produtos e não seja com o preço.
Deixe-me dar o exemplo da Rubies in the Rubble: não foi chegarmos lá e ganharmos o prémio. Estamos há anos a fornecer para a empresa, precisámos ser relevantes, e precisaram conhecer o que fazíamos para nos dar esse prémio.

Daqui a 42 anos e mais 42 anos, onde estará a Casa Mendes Gonçalves? Qual é o caminho que está a traçar e que espera que a Casa Mendes Gonçalves siga quando já não tiver o Carlos Gonçalves a administrá-la?
Já tem esse caminho e não é por eu cá estar. Agora, estamos a fazer estes projetos, a pensar no ketchup, no piripiri, amanhã serão outros. Eu digo que temos de trabalhar o ESG e a inovação e acredito que a esmagadora maioria dos meus colegas e das minhas colegas estão cá por isso. Nós temos de desenvolver a sociedade, acreditamos que é o certo e acreditamos que temos de ser honestos connosco próprios antes de mais nada. Se fizermos isso vamos ter sucesso. Amanhã estaremos, como estamos hoje, a fazer produtos inovadores. Quando nós lançamos a Paladin fizemos coisas que nunca ninguém tinha feito, quando nós nascemos fizemos coisas que nunca ninguém tinha feito e isso faz-se não porque se estala os dedos ou se vai meditar para o Monte Evereste e se tem uma ideia. Isto faz-se porque se tem um plano e porque as pessoas estão bem, porque se sentem bem aqui, porque são livres de errar.
Mas, fundamentalmente, nós queremos realmente mudar o mundo começando por mudar o nosso mundo. Não sei se teremos capacidade de mudar o mundo, provavelmente não; mudar o nosso, temos. E isso é o que esta empresa vai ser, vai ser uma fundação, primeiro que mais, vai entregar os seus rendimentos a uma fundação e vai desenvolver a sua terra a sua região, o seu país. Acreditando, porque se não acreditássemos nisso, nada valia a pena.
Fazemos as coisas porque nos apaixonamos por elas, porque acreditamos nelas e a nossa história mostra isso. Temos tido sucesso e o sucesso é esse: as pessoas acreditarem e fazerem.

Esta entrevista foi publicada na edição 426 do Hipersuper

 

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A inteligência artificial (IA) está a transformar os hábitos de consumo em Portugal. Segundo o Adyen Index: Retail Report 2025, 32% dos consumidores portugueses já utiliza IA para fazer compras, o que representa um aumento de 47% face ao ano anterior.

A Geração Z lidera esta tendência, com 45% dos inquiridos a recorrer à tecnologia, mas o maior crescimento registou-se entre os Baby Boomers (60-78 anos), com uma subida de 85% na utilização. A maioria dos utilizadores afirma que a IA é uma ferramenta útil para se inspirar na escolha de produtos como vestuário ou refeições.

Apesar da forte adesão por parte dos consumidores, apenas 32% dos retalhistas nacionais planeia investir em IA nos próximos 12 meses para reforçar as áreas de vendas e marketing, e 31% para apoiar a inovação de produto.

O estudo revela ainda que 39% dos portugueses gostaria de comprar a partir de múltiplos canais, que inclui loja, redes sociais e e-commerce, mas apenas 39% dos retalhistas oferece atualmente uma experiência de compra unificada.

O relatório foi conduzido pela Censuswide com base numa amostra de 41.089 consumidores maiores de 16 anos em 28 países, incluindo Portugal. Os dados foram recolhidos entre 26 de fevereiro e 12 de março de 2025.

A análise com retalhistas incluiu 14.003 profissionais em 29 países, com dados recolhidos entre 10 de fevereiro e 12 de março de 2025. A Censuswide é membro da Market Research Society e do British Polling Council, cumprindo os respetivos códigos de conduta e os princípios da ESOMAR.

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O Lisboeta lança nova edição limitada com café Delta

A marca O Lisboeta acaba de apresentar uma nova edição especial que celebra dois ícones da tradição portuguesa: o salame de chocolate e o café Delta. 

Resultado da parceria com a Delta Cafés, esta edição limitada integra o Lote Portugal, conhecido pelo seu perfil aromático e pelo papel central no quotidiano dos portugueses. À base de salame de chocolate gelado, junta-se agora o sabor marcante do café, numa criação que homenageia dois clássicos reinventados.

“As edições especiais são sempre uma oportunidade para surpreender. Desta vez quisemos fazer algo que ficasse. E sabíamos que só fazia sentido com o Lote Portugal da Delta Cafés”, afirmam os fundadores d’O Lisboeta.

Disponível em todas as lojas da marca, no site oficial e nas Delta Coffee House Experience em Lisboa, o novo sabor pode ser adquirido à unidade, em caixa de seis unidades ou de dez. Mantendo-se fiel ao seu conceito, O Lisboeta serve-se sempre gelado.

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Super Bock celebra os Santos Populares em mais de 200 locais de Lisboa

A Super Bock volta a marcar presença nas Festas de Lisboa com a nova campanha “É um milagre dos Santos”, reforçando a ligação da marca à tradição dos Santos Populares.

Este ano, a marca estará presente em mais de 200 locais da capital, entre arraiais, pontos de venda, ativações e experiências.

Patrocinadora oficial das Festas de Lisboa, que integram os Arraiais e as Marchas Populares, a Super Bock aposta numa campanha que celebra os reencontros, os momentos partilhados e a alegria dos amigos, elementos centrais desta época festiva. “É um milagre dos Santos” sublinha o espírito único destas celebrações, onde até “o amigo poupado paga rodadas” e “o amigo caseiro passa a noite fora”.

A presença da marca será visível em vários arraiais emblemáticos, como o Grande Arraial de Benfica, os Santos à Campolide, e nas festas de bairros como Caselas, Mouraria, Bica, Carnide, Santa Catarina e Navegantes, entre outros.

Bruno Albuquerque, diretor de marketing cervejas e patrocínios do Super Bock Group, sublinha: “a Super Bock é a marca da Amizade e dos momentos partilhados. Estar nas Festas de Lisboa enquanto Patrocinador Oficial é estar onde a amizade acontece – sem filtros e de forma genuína -, com tudo o que faz dos Santos Populares uma celebração tão nossa e única. Queremos continuar a ser a cerveja que acompanha os reencontros, os abraços, os brindes e a alegria dos amigos”.

A campanha estará também presente em social media, mupis, outdoors nas estações de metro e táxis, contribuindo para consolidar a Super Bock como um símbolo das celebrações populares lisboetas.

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Fruit Attraction 2025 atinge 90% de ocupação

A Fruit Attraction 2025, feira internacional dedicada ao setor de frutas e hortícolas, já regista uma taxa de ocupação superior a 90%, quatro meses antes da sua realização.

Organizado pela Ifema Madrid e pela Fepex, o certame terá lugar entre 30 de setembro e 2 de outubro, no centro de exposições de Madrid, e reafirma a sua posição como evento de referência global para o setor.

A 17.ª edição da feira contará com um espaço de exposição de 70.000 m², mais 8% do que em igual período do ano passado, prevendo-se a participação de mais de 2.500 empresas, 75.000 m² de oferta expositiva e a presença de cerca de 120.000 profissionais oriundos de 150 países.

Este ano, a feira ocupará 10 pavilhões – 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 12 e 14 – convertendo Madrid no epicentro mundial da comercialização de produtos frescos. A nova setorização vai otimizar a experiência de expositores e visitantes, com destaque para as propostas nacionais nos pavilhões ímpares e a representação internacional nos pares. A área Fresh Food Logistics estará localizada no pavilhão 4, e haverá ainda zonas dedicadas à Indústria Auxiliar em vários pavilhões, cobrindo toda a cadeia de valor do setor.

O tomate será o produto estrela desta edição, com diversas iniciativas centradas neste hortícola de grande impacto económico em Espanha. Paralelamente, os produtos biológicos terão visibilidade acrescida, através de ações específicas nos stands dedicados.

Entre as novidades, destacam-se os Prémios aos Melhores Stands, em quatro categorias: stand mais original, melhor design, mais sustentável e melhor stand global, votado pelo público. A feira voltará ainda a distinguir os melhores projetos, produtos ou serviços no Innovation Hub Awards, focados em inovação, sustentabilidade e tecnologia aplicada.

A Fruit Attraction 2025 contará também com um programa alargado de fóruns técnicos e congressos, entre os quais se destacam o Grape Attraction, Biofruit Congress e Fresh Food Logistics The Summit. Os países convidados desta edição são o México e a Malásia, no âmbito do Guest Importing Countries Programme, integrado no programa de compradores internacionais.

A feira decorre de 30 de setembro a 2 de outubro, entre as 9:30 e as 19 horas, encerrando às 16 horas no último dia.

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Auchan anuncia os vencedores da 2.ª Edição do Prémio de Inovação Alimentar

Já são conhecido os vencedores da 2.ª edição do Prémio de Inovação Alimentar, uma iniciativa da Auchan Retail Portugal que pretende identificar e promover projetos disruptivos no setor alimentar.

O prémio visa acelerar a entrada de produtos e embalagens inovadoras no mercado, oferecendo aos vencedores acesso privilegiado à rede de distribuição da Auchan.
O prémio na categoria Produto foi atribuí.do ao Nutino, um snack de miolo de noz com sabor que se destaca pela sua proposta saudável, leve e 100% natural. O Nutino apresenta-se como o primeiro snack de nozes com sabor a nível mundial, com potencial para redefinir o segmento de snacks saudáveis e de frutos secos.
Na categoria Embalagem, a Monchique Can foi a vencedora. Uma garrafa de alumínio 100% reciclável e reutilizável. Principais características: Leve, durável e com design exclusivo. A Monchique Can foi concebida para uso contínuo, não se esgotando após um só consumo, como as garrafas descartáveis.
A Fragoleto foi distinguida com uma Menção Honrosa pela sua linha de gelados artesanais probióticos, elaborados com kombucha e kéfir. Os gelados Fragoleto oferecem uma opção indulgente que combina sabor e benefícios para a saúde digestiva.
“Estamos bastante impressionados com a qualidade e a diversidade dos projetos que concorreram a esta edição do Prémio de Inovação Alimentar” afirma Filipa Rebelo Pinto, diretora de Produto da Auchan Retail Portugal. “Esta iniciativa demonstra o nosso compromisso em apoiar a inovação no setor e em oferecer aos nossos clientes produtos e embalagens que se destacam pela sua originalidade, qualidade, caracter sustentável e capacidade de responder às suas necessidades. Acreditamos que este prémio é uma excelente plataforma para impulsionar o crescimento de empresas inovadoras e para enriquecer a oferta alimentar em Portugal”, acrescenta.
Os vencedores desta edição terão a oportunidade de comercializar os seus produtos nas lojas Auchan e no website da marca, além de receberem visibilidade nos canais de comunicação da Auchan, acesso ao programa de mentoria Netmentora e participação no palco de inovação Future Taste.
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Retalho

Mercadona inaugura loja em Fafe e reforça presença no distrito de Braga

A Mercadona reforça a sua presença no distrito de Braga com a abertura de uma nova loja em Fafe, localizada na freguesia de Quinchães.

Este novo supermercado, que abre portas esta quarta-feira, representa a oitava unidade da insígnia no distrito e resultou na criação de 65 postos de trabalho, todos com contratos sem termo desde o primeiro dia, em linha com a política de recursos humanos da empresa.

A cerimónia de inauguração contou com a presença do Presidente da Câmara Municipal de Fafe, Antero Barbosa, do executivo municipal, e de Pedro Teixeira da Mota, Presidente da Junta de Freguesia de Quinchães, que realizaram uma visita institucional às instalações. Antero Barbosa sublinhou a importância da criação de emprego local e elogiou o compromisso da empresa com a responsabilidade social, nomeadamente através da doação diária de bens alimentares à Santa Casa da Misericórdia de Fafe.

Com uma área de vendas de 1 900 m², a nova loja segue o modelo de supermercado ecoeficiente da Mercadona, integrando 413 painéis solares para autoconsumo e promovendo a mobilidade sustentável com pontos de carregamento para veículos elétricos e estacionamento para bicicletas e trotinetes. A loja dispõe ainda de seções como talho, peixaria, padaria, frutas e legumes, charcutaria, garrafeira e o espaço pronto a comer, com pratos tradicionais para levar ou consumir no local.

Sofia Cardoso, diretora de Relações Externas da Zona Norte e Responsabilidade Social da Mercadona em Portugal, afirmou: “Estamos muito orgulhosos por termos chegado ao município de Fafe reafirmando o nosso compromisso de estar cada vez mais próximos dos nossos Chefes (clientes), oferecendo-lhes um serviço de qualidade e uma experiência de compra diferenciada. Esperamos que os fafenses nos recebam com o mesmo entusiasmo com que abrimos as portas da nossa loja, e que a Mercadona seja o seu supermercado de confiança.”.

Esta abertura insere-se na estratégia de crescimento da Mercadona em Portugal, país onde a cadeia soma já mais de 7.000 empregos e um investimento acumulado superior a 376 milhões de euros. Para 2025, está prevista a abertura de mais 10 lojas, com um investimento adicional de 157 milhões de euros.

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Bebidas

Wine & Soul lança Manoella Branco 2024

Esta nova colheita mantém a linha estética da gama Manoella, um projeto assinado pelos enólogos Sandra Tavares da Silva e Jorge Serôdio Borges, que quer continuar a destacar-se na produção de vinhos que respeitam a origem e elevam o carácter do Douro.

A Wine & Soul acaba de apresentar a nova colheita do Manoella Douro Branco 2024, um vinho que reforça o compromisso da marca com a autenticidade do Douro e o respeito pelo terroir. Proveniente de uma vinha com 58 anos, localizada a 600 metros de altitude na Quinta da Manoella, em pleno vale do Pinhão, este branco distingue-se pela frescura, mineralidade e identidade das castas autóctones da região.

Produzido a partir de Gouveio, Viosinho, Rabigato e Códega do Larinho, o Manoella Branco 2024 resulta de uma vindima realizada a 28 de agosto, em condições atmosféricas ideais. Após desengace e prensagem pneumática, o mosto fermentou durante oito semanas, a baixas temperaturas, em cubas de inox e ovo de cimento. Seguiu-se um estágio de sete meses sobre borras finas, que conferiu complexidade e elegância ao vinho.

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Não Alimentar

BAT nomeia Álvaro Rodríguez de Codes como novo diretor-geral em Portugal

A British American Tobacco (BAT) acaba de anunciar a nomeação de Álvaro Rodríguez de Codes como novo diretor-geral da operação em Portugal, reforçando assim o compromisso da multinacional com o mercado nacional.

Esta decisão integra uma estratégia mais ampla de consolidação da presença da BAT na Península Ibérica, acompanhada por alterações estruturais nas áreas de assuntos corporativos e regulamentares.

Com uma trajetória ascendente na BAT desde 2015, ano em que ingressou como Brand Assistant em Espanha, Álvaro Rodríguez de Codes assume agora a liderança da filial portuguesa da empresa (British American Tobacco España S.A. – Filial em Portugal). Licenciado em Administração e Direção de Empresas e com um Executive MBA pelo IESE – Universidade de Navarra, De Codes destaca-se pelo seu foco em inovação, desenvolvimento contínuo e compromisso com a transformação organizacional.

“É com grande entusiasmo que assumo agora este novo desafio em Portugal. Acredito que a diversidade e a colaboração
mantêm as equipas motivadas para alcançar resultados extraordinários”, afirma o novo responsável, sublinhando que “o nosso objetivo em Portugal é alcançar um Mundo sem Fumo através do desenvolvimento de produtos inovadores que ajudem os nossos consumidores adultos a mudar para produtos sem fumo e vamos trabalhar nisso”.

A par desta nomeação, a empresa revelou que Andrés Martín assumirá, no final de 2024, o cargo de Diretor de Assuntos Corporativos e Regulamentares da BAT para Espanha e Portugal. No primeiro trimestre de 2025, João Pedro Lopes será integrado na equipa nacional da mesma área, reforçando a estrutura da BAT em Portugal.

Com um portefólio estratégico que integra marcas como Vuse (vaporizadores), glo (tabaco aquecido) e Velo (nicotina oral), a BAT reportou em 2024 um crescimento de 1 ponto percentual na receita proveniente de produtos sem combustão, que representam agora 17,5% das receitas globais do grupo.

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André Boto foi distinguido pela fotografia que mostra separadamente os elementos do ovo – casca, clara e gema. World Food Photography Awards, patrocinados por Bimi
Alimentar

Fotógrafo português entre os vencedores dos World Food Photography Awards

André Boto foi distinguido na categoria ‘MPB Award for Innovation’. O concurso que elege as melhores fotografias de comida do mundo, é patrocinado por Bimi.

Já são conhecidas as melhores fotografias de comida do mundo, patrocinados por Bimi. Entre os vencedores está o fotógrafo português André Boto, que já foi finalista dos prémios várias vezes.

Mas a grande vencedora dos World Food Photography Awards 2025 foi ‘Os Idosos a Saborear Comida Deliciosa’, da fotógrafa chinesa Xiaoling Li, imagem que tinha ganho inicialmente a categoria ‘Food for the Family’, apoiada pelo The Felix Project.
A fotografia foi tirada na Antiga Cidade de Shuangliu, na província de Sichuan, na China. “As senhoras idosas na imagem estão a ‘organizar uma formação Portão do Dragão’”, explicou Xiaoling Li. “Esta é uma expressão chinesa usada para descrever vizinhos que se juntam para conversar, partilhar histórias e pôr a conversa em dia. Comem o famoso petisco de Sichuan, rolinhos primavera. A comida torna estas pessoas felizes; desfrutam de uma vida bonita e alegre”, sublinhou.

A imagem do fotógrafo chinês Xiaoling Li foi a grande vencedora dos World Food Photography Awards, patrocinados por Bimi

Caroline Kenyon, fundadora dos World Food Photography Awards, considerou que a imagem vencedora é “perfeita para os nossos tempos”. “Esta imagem, incrivelmente enquadrada, captura cinco mulheres idosas na província de Sichuan a deliciar-se com boa comida entre amigas. A alegria que têm na companhia umas das outras é palpável, uma poderosa resposta aos que nos querem dividir. A cor, a composição, a variedade de expressões enquanto uma das protagonistas continua de forma determinada a saborear a comida… Duvido que haja alguém que não se sinta inspirado por esta fotografia”, definiu.

Um prémio português
André Boto, que já foi finalista dos prémios várias vezes, triunfou novamente este ano. O fotógrafo português  recebeu a distinção Highly Commended na categoria MPB Award for Innovation pela sua fotografia ‘Egg’, que mostra separadamente os elementos do ovo – casca, clara e gema.  “O meu objetivo era mostrar todos os elementos do ovo de forma realista – a casca, a clara e a gema – mas separando-os”, explicou Boto.

Os vencedores das 25 categorias do concurso foram revelados pelo  chef, empresário e escritor gastronómico Yotam Ottolenghi nas Mall Galleries, em Londres, durante uma cerimónia de entrega de prémios que reuniu estrelas do mundo da gastronomia e das artes.
“Estes prémios mostram o poder da fotografia em contar incríveis histórias gastronómicas de todo o mundo”, afirmou Dave Samuels, diretor de marca da Tenderstem Bimi Broccolini e patrocinador principal dos prémios. “Independentemente das mudanças no mundo, a comida continua a ser o centro das nossas vidas. Estas imagens extraordinárias servem como um lembrete do papel fundamental que a comida desempenha nas comunidades, unindo pessoas através do cultivo, da culinária, da partilha à mesa, da celebração e da sobrevivência”, acrescentou.

A fotografia de Ryan Kost, tirada num templo de monges no Camboja, venceu o prémio inaugural Bimi. World Food Photography Awards patrocinados por Bimi

O painel global de jurados deste ano, responsável por avaliar quase 10 mil candidaturas enviadas de 70 países, foi presidido pelo fotógrafo de gastronomia, David Loftus e incluiu Henrique Sá Pessoa, conceituado chef Michelin, Claire Reichenbach, CEO da James Beard Foundation, Tom Athron, CEO da Fortnum & Mason, e Rein Skullerud, fotógrafo sénior e editor de fotografia do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.
Uma exposição gratuita com as 185 imagens finalistas está patente nas Mall Galleries, em Londres, entre 21 e 25 de maio. Uma seleção de imagens será também exibida na Fortnum & Mason a partir de 2 de junho, assim como no Museum of the Home, de 3 de junho a 7 de setembro.

 

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Foto de arquivo
Entrevista

Gonçalo Morais Tristão: “O setor olivícola e oleícola vive momentos de grande dinamismo”

Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), aponta ao Hipersuper os desafios estruturais do setor e as suas oportunidades de crescimento.

Em vésperas do Congresso Nacional do Azeite, que decorre a 22 e 23 de maio, em Campo Maior, Gonçalo Morais Tristão, presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), aponta ao Hipersuper os desafios estruturais do setor e as suas oportunidades de crescimento. A 8ª edição deste Congresso organizado pelo CEPPAL, acontece quando as mais recentes estimativas do INE, perspetivam um aumento na produção de azeite em 10%, na campanha 2024-2025, em relação à campanha anterior, atingindo cerca de 177 mil toneladas.

Os novos desafios do setor vão centrar a 8ª edição do Congresso Nacional do Azeite. Quais são esses desafios?
O setor olivícola e oleícola vive momentos de grande dinamismo, fruto do desenvolvimento da cultura registado nos últimos anos. Esse notável desenvolvimento ocorrido em Portugal fez com que, nos últimos 20 anos, aumentássemos em 320% a nossa produção, enquanto simultaneamente atingimos elevados padrões de qualidade, comprovados pelo facto de cerca de 95% do azeite produzido no nosso país ser virgem ou virgem extra e pelos inúmeros prémios de qualidade que, cada vez mais, os nossos produtores conquistam para as suas marcas nos mais prestigiados concursos internacionais.
Diria, pois, que estes desafios foram ganhos. Outros desafios se apresentam ao sector. Em primeiro lugar, o desafio da sustentabilidade ambiental. A adopção de práticas culturais sustentáveis, o uso eficiente da água na rega e da aplicação dos fitofármacos, a par da gestão adequada do solo, são caminhos que têm sido traçados e que devem continuar para se generalizarem no sector.
A promoção do azeite português é também um grande desafio. Temos de perceber, como país produtor, o que queremos e como queremos mostrar e vender o nosso azeite ao mundo. A estratégia de promoção deve ser conduzida pelo sector, agregada numa associação interprofissional, que potencie a promoção da qualidade dos nossos azeites e que possa fazer face à sã concorrência dos azeites de outras origens.
Temos a nossa qualidade, temos as nossas histórias, temos a nossa cultura, temos o nosso património, temos os nossos olivais e lagares, tudo ferramentas para a promoção. O CEPAAL tem dedicado boa parte da sua atividade na promoção do azeite e, neste momento, temos vários projetos em que o olivoturismo/oleoturismo assume um papel principal – outra excelente forma de promover o azeite português.

“O volume da produção de azeite da campanha de 2024-2025 é o segundo mais elevado alcançado a nível nacional”, revela Gonçalo Morais Tristão

O que destacaria da edição deste ano do Congresso?
O Congresso Nacional do Azeite é uma iniciativa que tem como objetivo dinamizar o sector olivícola e oleícola nacional enquanto fórum de debate, ponto de encontro para os profissionais do sector e de partilha de informação, privilegiando sobretudo a divulgação de informação técnica. Foi com esse objetivo que se idealizaram os quatro painéis e principais temas de debate: os novos desafios do sector; as preocupações das empresas no domínio do ESG; a marca e a origem, e a sua importância na caracterização dos nossos azeites; e, finalmente, o azeite na alta cozinha.
No que respeita à perspetiva de ESG para o setor, a qualidade dos intervenientes convidados assegura-nos que vamos conseguir um excelente debate, porventura a trazerem-nos a sua visão sobre a evolução recente deste tema, face a alguns retrocessos políticos advindos da nova administração norte-americana.
No tema da identidade do azeite português, daremos voz aos produtores que são, melhor do que ninguém, os responsáveis pela excelência dos nossos azeites e pela marca da sua identidade.
Finalmente, teremos o painel com os chefs e com representantes das escolas de turismo, onde perceberemos não só o valor que os chefs atribuem a este produto português, nomeadamente quanto à sua diferenciação, mas também que importância tem o ensinamento da “cultura” do azeite nas escolas de turismo. São estes os destaques do Congresso, além do facto, de regressarmos a Campo Maior, motivo de grande regozijo para o CEPAAL.

As previsões do INE apontam para um aumento de 10% na campanha 2024-2025. Que azeite irá resultar desta campanha, em termos de qualidade?
O volume da produção de azeite da campanha de 2024-2025 é o segundo mais elevado alcançado a nível nacional, o que muito nos orgulha ainda que não seja uma grande surpresa, dado o extraordinário desenvolvimento do sector nos últimos anos, com a plantação de novos olivais todos os anos e com maior densidade de árvores por hectare. Fatores que, conjugados, fazem prever um aumento continuado da produção, apenas quebrado em anos de contra-safra, ou por algum evento agrometeorológi20co negativo.
Quanto à qualidade, a melhor prova da excelente qualidade dos nossos azeites desta campanha são os resultados obtidos nos concursos, onde competimos com azeites de outros países. Recentemente, na Ovibeja, foram divulgados os premiados no Concurso Internacional de Azeite Virgem Extra onde Portugal se destacou ao ser o país que mais galardões arrecadou pela primeira vez, tendo ficado à frente de azeites espanhóis, italianos e gregos.
Por outro lado, nos concursos nacionais organizados pelo CEPAAL – o concurso da Feira Nacional de Olivicultura e o Concurso Nacional de Azeite Virgem, da Feira Nacional de Agricultura, e embora os premiados ainda não tenham sido divulgados, o que me dizem os provadores oficiais é que a qualidade dos azeites a concurso foi muito boa.

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

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