Entrevista

“Os brancos da região dos Vinhos Verdes envelhecem muito bem”

Brancos envelhecidos, tintos mais leves, rosés de cor aberta e monovarietais de castas típicas da região de Entre-Douro-e-Minho. Dora Simões, presidente da direção da Comissão dos Vinhos Verdes há cerca de um ano, conta, na primeira pessoa, a estratégia da organização interprofissional para os vinhos da região demarcada em 1908

Rita Gonçalves
Entrevista

“Os brancos da região dos Vinhos Verdes envelhecem muito bem”

Brancos envelhecidos, tintos mais leves, rosés de cor aberta e monovarietais de castas típicas da região de Entre-Douro-e-Minho. Dora Simões, presidente da direção da Comissão dos Vinhos Verdes há cerca de um ano, conta, na primeira pessoa, a estratégia da organização interprofissional para os vinhos da região demarcada em 1908

Rita Gonçalves
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Rita Gonçalves
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Brancos envelhecidos, tintos mais leves, rosés de cor aberta e monovarietais de castas típicas da região de Entre-Douro-e-Minho. Dora Simões, presidente da direção da Comissão dos Vinhos Verdes há cerca de um ano, conta, na primeira pessoa, a estratégia da organização interprofissional para os vinhos da região demarcada em 1908

Rita Gonçalves

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A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) certificou (através da atribuição de selos de garantia de origem) 76 milhões de litros de vinho no ano passado. Cerca de metade ficou no mercado nacional e a outra metade partiu para os mercados externos.

As exportações de DOC Vinho Verde representaram 85 milhões de euros no ano passado (cerca de 35 milhões de litros), nas contas do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat.

Segundo dados da Nielsen, fornecidos pela CVRVV, as vendas dos vinhos desta região cifraram-se em 60 milhões de euros (20 milhões de litros) na grande distribuição, em 2022. Na restauração, a região vendeu cerca de seis milhões de litros que representaram 55 milhões de euros, embora, segundo a comissão, o tracking da Nielsen não inclua de forma exaustiva todos os pontos de venda.

Quando começa a sua ligação ao mundo do vinho?

Quando saí da universidade em Inglaterra fui viver para a Alemanha. Aí tive o meu primeiro trabalho no setor do vinho, na empresa californiana E & J Gallo Winery, a segunda maior produtora mundial de vinho. Foi uma das minhas primeiras experiências profissionais e marca a minha entrada no mundo do vinho.

Comecei com o cargo de responsável de marketing, numa altura que os vinhos californianos faziam as primeiras incursões na Europa Ocidental, depois de terem iniciado algum trabalho no Reino Unido.

A Gallo estava a dar início às exportações de vinhos para a Europa e, como em muitos casos, as grandes marcas vão um pouco à frente das regiões, porque têm interesses comerciais definidos e acabam por abrir caminho. Fiquei responsável, numa primeira fase, pela área de marketing e comunicação dos vinhos que iriam ser comercializados na Europa Central, na Alemanha, Suíça, Áustria e países nórdicos. Mais tarde, passei a trabalhar a categoria de fine wines, vinhos mais destinados à restauração e às lojas de especialidade, também na Europa Central.

Quando regressa a Portugal?

No final de 2002. E começo a trabalhar na ViniPortugal, recém-formada ainda sem atividade de promoção. Na altura, estava a criar-se a estratégia do estudo Porter para definir aquilo que seria a visão e a estratégia para os vinhos portugueses. Numa altura em que era preciso uma direção, uma orientação para as exportações, definir como se iria trabalhar a categoria de Vinhos de Portugal. Eu tinha acabado de chegar de fora, a ViniPortugal contratou-me para ser o pivô do estudo Porter.

Tive a sorte de integrar a equipa da Monitor Group e relacionar-me com todos os players que participaram no estudo. Foi uma forma ótima de conhecer o setor, a sua dinâmica e as pessoas chave. Depois disso, fui contratada ViniPortugal para o cargo de diretora geral que desempenhei durante seis anos. O presidente era o Vasco Avillez.

Do que se falava na altura?

Lembro-me que um dos temas era o vinho a copo. Um conceito difícil de colar e de passar em Portugal: de um consumo mais moderado, mas consistente, como forma rentabilizar a venda de vinho na restauração, e mantê-la viva, realizando mais dinheiro na venda do vinho. E até levar a uma experimentação de diferentes tipos de vinho na restauração, fosse esta mais económica ou de topo.

Naquela altura, ao contrário de muitos países na Europa, em Portugal a experiência de consumo de vinho a copo em Portugal era de muito baixa qualidade. Hoje, passados quase 20 anos, é raro ir a um restaurante, de qualquer categoria, que não tenha pelo menos um ou duas ofertas de vinho a copo.

Da ViniPortugal vai para a CVR do Alentejo.

Sim. Em 2008, a CVRA estava à procura de um novo presidente. O anterior presidente iria sair, numa altura em que as CVR deixaram de ter um representante do Estado. Candidatei-me e fiquei na posição durante sete anos. Saí no final de 2015 e dediquei-me ao negócio familiar, no Alentejo.

Dora Simões 2Entretanto, assumiu a presidência da CVRVV.

Há cerca de dois anos, estava já no Porto por motivos familiares, apresentou-se a possibilidade de me candidatar à comissão do vinho verde. Apesar de ter a minha atividade, que exercia entre o Porto e o Alentejo, tinha gostado muito de fazer este serviço na CVRA e, quando me desinquietaram para uma função similar, embora diferente, fiquei muito interessada e estou a gostar muito. Não é propriamente uma função fácil, mas tem desafios muitos interessantes, há sempre muita coisa a mudar, há muita coisa a pensar antes de mudar.

Faz, entretanto, em agosto um ano desde a sua tomada de posse.

Foi mesmo no final de julho que tomou posse a nova direção. Os meus colegas da direção são o Óscar Meireles (Quinta da Lixa) em representação do comércio e Rui Pinto (Terras Felgueiras) em representação da produção.

Que balanço faz do primeiro ano de atividade da comissão?

Numa altura em que o comércio está tão volátil e instável, e não sendo o vinho um bem essencial, é também verdade que é difícil retirá-lo dos hábitos de quem já o consome. É de facto uma forma muito gratificante de poder consumir algo que tem um apelo diferente dos outros produtos alimentares. Mas, mesmo assim, a situação económica tem vindo a dificultar a tarefa. Não é só no comércio, é em toda a cadeia, desde a viticultura à produção.

Quando entrei com os colegas desta direção, vivia-se um momento de grande incerteza que permanece. Há muitas áreas a precisarem de ser restruturadas, há os desafios da sustentabilidade, das alterações climáticas e do seu impacto na viticultura. Há muitos temas que já vêm de trás que precisam de ser pensados a médio e longo prazo para preparar a região para o futuro. É necessário priorizá-los, para os executar bem, ou pelo menos do que achamos que é bem aos olhos de hoje. Para isso, é preciso consultar bastante o setor.

Escutar. É o trabalho que têm vindo a fazer?

Sim, temos estado a fazer levantamento junto dos produtores e viticultores, a fazer visitas, comités técnicos e grupos técnicos de consulta onde vamos refletindo sobre estes levantamentos, procurando refletir as suas preocupações e expectativas no trabalho da comissão.

Não quero deixar de dizer que esta comissão está muito bem organizada, está muito sólida. Teve como presidente Manuel Pinheiro durante 22 anos, que fez um grande trabalho na área da promoção, na organização dos serviços, que permite à comissão pode fazer o seu trabalho de certificação quase sem mexidas. No entanto, é necessário ir adaptando aos tempos e às necessidades dos agentes económicos. Melhorar a eficiência dos serviços, a forma de os trabalhar, a informatização, o acesso à tecnologia por parte dos associados.

Que ilações já retiraram?

É preciso pensar em linhas gerais a Denominação de Origem (DO) e Identificação Geográfica (IP) Vinho Verde. Que caminho vão tomar? Quais as necessidades em termos de regulamentação e também daquilo que a região quer ter em termos de portefólio de produtos e estilos de vinho? Onde é que a região acha que deve ser um player e deve estar a jogar? Para nos prepararmos nessa medida, porque isso reflete-se na viticultura, na produção e nos estilos de vinho aprovados. Depois, há outras questões mais transversais e estratégicas ao setor, como as questões de auxílio aos produtores, no que diz respeito à implementação de medidas de sustentabilidade que são absolutamente necessárias. Dada a pulverização do negócio e da viticultura na região são mais difíceis de implementar porque são pequenos negócios, nos quais é necessário fazer um trabalho de proximidade no que diz respeito à formação, informação e passagem de conhecimento prático, que possa ser aplicado na viticultura no âmbito de boas práticas e que os leve a valorizar o valor da uva e do vinho.

Os desafios são muitos e estão identificados.

Sim, mas não ficam por aqui. Perceber em que áreas da investigação e desenvolvimento, e do conhecimento, é que vamos apostar para seguir caminho da melhor forma possível, como um acelerador da posição do vinho verde como um produto bem feito, de qualidade, que possa ser valorizado mais tarde.

Não quer isto dizer um produto totalmente moderno porque também é preciso valorizar a tradição, um aspeto a conhecer melhor através da história. Queremos preservar a herança da viticultura porque também é uma aposta em relação ao turismo e a uma série de outras áreas.

Falta ainda o património. Esta comissão é muito interessante e rica em património. O local onde estou a dar esta entrevista é a casa do vinho verde, o Palacete Silva Monteiro, que também necessita de ser restruturado e requalificado no sentido de servir o enoturismo e de ser o ponto de partida, o quilómetro zero, para a rota do vinho verde.

Temos ainda a Estação Vitivinícola Amândio Galhano (EVAG), localizada em Arcos de Valdevez, onde se fazia investigação, que necessita de ser revitalizada para continuar a fazer investigação e produzir essa experimentação em termos de viticultura. Este espaço deve ser exatamente um centro experimental que sirva aos produtores para se poderem ir lá informar e participar em estudos. Ter o seu próprio centro de inovação e desenvolvimento é uma coisa fantástica. Pelo que conheço não há nenhuma CVR que tenha. Demora algum tempo, mas temos de o fazer.

Já tem pistas sobre este caminho a seguir para o DO e IG? Falou por exemplo de necessidades de regulamentação.

Temos algumas pistas que resultam sobretudo de levantamentos feitos no passado. O vinho verde até há algum tempo era uma categoria muito ocupada por vinhos com um perfil mais jovem, leve e fresco. Atualmente, grande parte das empresas têm também no portefólio vinhos varietais, das castas Loureiro, Alvarinho, Avesso, Azal, entre outras, que resultam em vinhos com potencial de estágio.

A região ainda não fez, no entanto, o percurso de os colocar devidamente no conhecimento do público e deve fazer esse trabalho, porque atualmente o vinho branco está em alta, é muito procurado. Há até um défice de vinho branco de qualidade, que é o que a região mais tem, e isto está a ajudar-nos na comercialização. Uma região que quer ver a sua uva e o seu vinho valorizado tem de apostar, talvez, num menor volume dos lotes, mas ter vinhos de bastante qualidade, que estão bem em restaurantes, têm um preço mais elevado, afirmando-se pela qualidade em termos de topo de gama.

É este trabalho que é preciso ser feito. É uma das direções que é necessário continuar a trabalhar em segmentos específicos. O vinho verde tradicional tem o seu público e a sua ocasião. A ocasião de consumo determina também o tipo de vinho que bebemos. Depois, tem o outro segmento que tem de ser trabalhado e onde tem de ser feita uma aposta grande também por parte da CVR em termos de orçamento e de promoção.

Como se comportaram os vinhos verdes nos primeiros seis meses do ano?

Calculamos as vendas em função dos selos de garantia. A partir do momento em que o selo de garantia é vendido ao produtor, o vinho entrará no comércio, funcionando como uma antecipação do que vai ser comercializado. O que tem acontecido é que as vendas de vinho branco têm estado a aumentar. As vendas de selos analisadas no ano móvel de maio 2022 a maio deste ano, aumentaram 8% no vinho branco. Também aumentaram no rosado e mantiveram-se estáveis nos tintos.

É verdade que vendas estão a aumentar, em função de alguma sazonalidade neste período do ano e também das tendências de mercado.

Como estima que as vendas evoluam até ao final do ano?Dora Simões 5

A tendência não nos leva a acreditar que a situação se inverta. É verdade que pode haver alguma alteração, mas o mercado mantém-se bastante interessante pelo efeito muito positivo do turismo. Ainda que possa haver alguma estabilização no consumo de vinho por parte da população portuguesa, tem-se vindo a verificar que o consumo cresce, especialmente nos vinhos brancos.

Na exportação, se vai ter inflexão? Penso que tem muito a ver com os mercados. Há alguns mercados onde verificamos alguma retração, mercados onde o vinho verde tem posições importantes, o caso dos EUA e da Alemanha, por exemplo. Quando há retração de consumo nestes mercados em resposta a uma crise, o vinho está entre os produtos com maior decréscimo de consumo. Estamos a ver algum decréscimo nas vendas para os EUA, por exemplo, mas também há mercados onde as exportações estão a aumentar.

Se esta tendência de desvio nas exportações se mantiver, poderemos ficar numa situação mais neutra e não de grande impacto. Mas tudo depende das importações individuais de cada país. Para já, não vemos inflexão. A comercialização de selos aos produtores, que são quase de imediato colocados nas garrafas para serem comercializados está a subir e esse movimento dá-nos alguma segurança.

Quais são os mercados externos onde os verdes estão a ganhar vendas?

Há uma ideia generalizada de que tem havido uma valorização grande em todos os vinhos portugueses nos mercados de exportação. Penso que vendemos vinhos mais caros, de facto, porque os vinhos se tornaram mais caros para fazer face aos incrementos de preço nos componentes de embalagem, dos custos de produção, entre outros. Invariavelmente, todas as empresas fizeram uma atualização de preços nestes últimos dois anos. Mas esse aumento de preço está a fazer face a um aumento do custo de produção. Não é uma valorização intrínseca do produto, antes um reflexo dos seus custos.

Posto isto, o valor aumentou em todos os mercados, numa medida maior do que aumentou o volume, mas as maiores subidas em valor deram-se em Espanha, EUA, Letónia e Rússia. No Reino Unido também tem havido incremento, embora tenha um tracking diferente desde que não é membro da União Europeia, assim como na Irlanda e Polónia.

Pelo contrário, verificam-se decréscimos no Japão, no Brasil e na Estónia. Os que nos preocupam mais são países como Brasil, França, Canadá e Alemanha que tiveram algum decréscimo nas importações.

Noto que os produtores estão a dar atenção a outros mercados. Na organização da própria comissão estamos também a iniciar agora mercados onde não havia promoção, como é o caso da Coreia do Sul. Mesmo em Inglaterra não se fazia muita atividade. São iniciativas promocionais que ainda estão a arrancar, mas que têm em vista dar resposta a alterações de mercado que consideramos que vão acontecer nos próximos anos.

Quais as linhas estratégicas da promoção internacional?

A região tem vindo a acolher produtores que estão noutras regiões vinhateiras. Até pelo tipo de vinhos que aqui se pode produzir, a região tem vindo a receber uma série de novos agentes económicos. Ao ter produtores multi região, muitas vezes, por uma questão de oportunidade, a região organiza-se com a ViniPortugal mas também faz promoção com produtores locais que querem fazer parte daquilo que é a marca da região.

A região tem muita tradição de promoção no mercado nacional, mas principalmente em mercados externos. Tem uma vocação exportadora muito grande. A região dos vinhos verdes coordena-se com a ViniPortugal também no sentido de ter uma calendarização diferenciada. E temos também a possibilidade de ir a alguns mercados onde a ViniPortugal não está presente, da mesma forma que levamos produtores de menor dimensão, que de outra forma não tinham provavelmente capacidade para estar enquadrados nos programas da ViniPortugal. Os programas da região, pela sua especificidade, são ações mais micro e dedicados a determinadas categorias de produto.

Temos vindo a fazer ainda participações em feiras e recebemos a visita de jornalistas, importadores e líderes de opinião no sentido de divulgar o vinho verde e as virtudes da região.

Pode-se dizer que o alvarinho é a casta estrela da região?

É a estrela no topo de gama. Penso que talvez seja a casta mais valorizada em Portugal. Produz vinhos muito elegantes, frescos, vinhos que atualmente competem mundialmente, que estão a ganhar espaço nessa frente, e ajudam na promoção de qualidade da região.

O Loureiro é a casta mais plantada na região. Há ainda muito a descobrir sobre esta casta que já tinha alguma tradição em monovarietais e também em blends. Também o Avesso, o Azal, o Trajadura são muito utilizadas na produção de vinhos brancos.

A região faz uma produção muito baixa de vinhos tintos, dos que produz o Vinhão é a casta que se usa maioritariamente. Se bem que se começa a fazer um trabalho de descoberta de castas tintas mais aptas para fazer rosés. Este é um segmento que não existia nos verdes até há bem pouco tempo e os produtores estão a utilizar novas castas para fazer rosés de cor mais clara dando resposta às tendências de consumo.

Essa tendência já se materializa em vinhos?

Sim, o portefólio dos produtores abriu-se aos rosés. A maioria das empresas que têm castas tintas, há poucas só a fazer exclusivamente brancos, faz também rosés, com maior ou menor volume. Uma questão levantada nos comitês técnicos que temos feito com produtores e viticultores é exatamente a necessidade de plantar e saber mais sobre castas tintas que possam trazer à região bons vinhos rosés adaptados às necessidades de mercado. Porque naturalmente os vinhos da região já vão ter menos álcool e pouca acidez, sendo já muito adaptados às tendências de mercado no que diz respeito ao perfil. Vão ter de melhorar é a cor. O Vinhão não dá essa possibilidade. Dá um rosé bastante escuro. Há técnicas enológicas que permitem fazer um vinho mais claro, mas há uma necessidade de aperfeiçoar a região no que diz respeito a rosés e também tintos mais leves e de cor mais aberta.

Embora seja uma região altamente especializada em brancos e continuará a ser, quer também ter um percurso de qualidade e valor e de adaptação ao mercado nos tinto e rosés.

Qual a área cultivada de vinha na região?

São cerca de 17 mil os hectares plantados na região. Na última década e meia, a região modernizou-se. Era uma região muito tradicional nas técnicas de viticultura e de forma de condução da vinha. Apostou em conduções modernas que permitiram algum tipo de mecanização e também uma produção mais constante e com menos impacto das condições climáticas, porque permitem, por exemplo, maior arejamento e maior exposição solar.

O programa de apoio à reestruturação da vinha – o Vitis – teve um grande impacto no vinho verde. Apesar de ter diminuído a área de plantação de vinha, a modernização da viticultura no vinho verde tem aumentada a produção em virtude de um aumento da eficiência na vinha.

É preciso também ter cuidado com aquilo que é a paisagem tradicional de vinho verde, tem de haver um equilíbrio entre o que é a modernidade e a tradição para que não se percam valores importantes para o enoturismo. Ao nível da viticultura e da manutenção da paisagem, tem de haver também manutenção do enforcado, das ramadas, entre outros. Daquilo que é característico da região.

Como é que o terroir da região e as próprias castas influenciam o perfil dos vinhos e os distinguem dos restantes produzidos em Portugal?

Os vinhos verdes não são um estilo de vinho. São a DO. Há uma dificuldade em comunicar porque dizer vinho verde parece que é um tipo de vinho. Na verdade, é a DO. A região foi delimitada em 1908, assinala este ano 115 anos. Tem uma diversidade enorme, pela geografia montanhosa do próprio Minho. É quase um anfiteatro que vai até ao mar. Tem também muitos rios que são entradas de ventos do Atlântico na região. E tem altitude, uma vez que a região tem muita viticultura de montanha. Esta diversidade vai criar diferentes microclimas. A DO Vinho Verde permite assim vinhos de perfil muito diferente. Veja, por exemplo, o caso dos alvarinhos da sub-região de Monção e Melgaço.

O que se pode dizer transversalmente em relação ao vinho verde é que tradicionalmente têm acidez elevada, uma frescura aromática grande, graus de álcool inferiores e que muitas das castas utilizadas, se vinificadas da forma certa, vão ter potencial de envelhecimento. Estamos a ver esse potencial agora e já o podemos demonstrar. Há produtores que já podem fazer provas verticais com vinhos com mais de uma década de envelhecimento.

Este é um dos grandes tabus do vinho branco. Há a ideia de que o vinho branco não envelhece bem. Mas isto não é verdade em muitos vinhos brancos da região do vinho verde. Temos de alterar este paradigma que não é exclusivo dos vinhos verdes, nem de Portugal. Todos os brancos no mundo e em Portugal devem trilhar este caminho porque todos perdemos que não o fizermos.
*Entrevista originalmente publicada na edição 415

Sobre o autorRita Gonçalves

Rita Gonçalves

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Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California Fotografia Frame It
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Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, alerta para os desafios que se impõem na produção de pequenos frutos, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Em entrevista, sublinha a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Fotografias Frame It

A sustentabilidade da produção de pequenos frutos enfrenta uma pressão crescente, impulsionada pela escassez de recursos naturais, alterações climáticas e exigências sociais. Em entrevista ao Hipersuper, realizada em Odemira, no dia do 20º Aniversário do Test Plot da Driscoll’s, a vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, Marta Baptista, alerta para os desafios que se impõem ao setor, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Marta Baptista sublinha também a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola
e Investigação
Global de Plantas da Driscoll’s California

Quais são os principais desafios quando falamos na produção de pequenos frutos?
Os recursos naturais são, hoje, uma preocupação global. Falo, desde logo, da água e da disponibilidade de solos, que precisam de ser utilizados de forma equilibrada – não demasiado intensiva, mas ainda assim rentável. Se tivermos muitos hectares concentrados numa mesma zona, acabamos por usar os recursos de forma insustentável para a comunidade. Já nos aconteceu em alguns locais e aprendemos com isso. A água é cada vez mais o desafio número um.
A mão de obra é outro fator crítico. Precisamos de garantir condições sustentáveis, que levem as pessoas a querer voltar e a sentir-se bem. Os pequenos frutos são muito intensivos em termos de mão de obra, especialmente porque a colheita é manual. Esta representa entre 50% a 70% do custo total de produção, dependendo do país e da variedade. Exige muitas pessoas, que por sua vez necessitam de habitação, escolas, água… é um desafio.
Outro desafio é a instabilidade climática resultante das alterações climáticas. Ainda há quem pense que as alterações climáticas são algo do futuro. Não são. Estão aqui, há muito tempo, e afetam a produção esperada, as curvas de produção e os volumes. Sem previsibilidade, não conseguimos vender bem, nem trabalhar com os produtores na gestão de expectativas. Falta ainda muita tecnologia e informação, especialmente nos pequenos frutos, para mitigar estes efeitos. Como operamos em muitos países, sentimos isto todas as semanas – há sempre um evento climático extremo. Dá uma boa noção do quão real isto já é.

Em Portugal, a água é também o principal desafio?
Sem dúvida nenhuma. É o número um. Os restantes vêm muito depois.

O que é que precisamos, então?
Não queria entrar em questões políticas, mas a verdade é que o perímetro de rega foi construído nos anos 60. Na altura foi bom, inovador, mas hoje está completamente desadequado. As infraestruturas são as mesmas, com fraca manutenção. Não há pressão nos canais de rega, há muitas perdas. Os colegas da Lusomorango podem dar números mais precisos, mas há perdas significativas. Precisamos de soluções estruturais, que não são fáceis, mas são investimentos para gerações, não apenas pontuais.

Com essas infraestruturas, poderíamos produzir mais?
Sim, poderíamos produzir mais, em mais regiões, e de forma menos concentrada. A Driscoll’s já está a crescer em regiões como o Norte de Portugal, Cantanhede, Tocha, Algarve, exatamente para diversificar esta intensidade.

Que frutos é que já colheram com essa atuação em Portugal?
Nos campos de ensaio implementámos e otimizámos técnicas de uso de água, como a recolha de água da chuva – não toda, para permitir a recarga dos aquíferos, mas uma parte. Também promovemos a recirculação da água. Dois dos nossos maiores produtores já utilizam este sistema. Ontem visitámos uma quinta da Maravilha Farms que está a 100% em recirculação. A água de drenagem, que contém adubo, é recolhida, analisada, desinfetada com luz ultravioleta e reutilizada. Isto permite poupança de adubo e evita a poluição. São exemplos concretos de frutos colhidos – metafóricos e literais – destes investimentos. Mas ainda há muito por fazer. Fundámos o Centro de Investigação para a Sustentabilidade em 2023 com o INIAV, a Lusomorango e um produtor parceiro. É o início da jornada.

Para além da água, que outros exemplos de inovação estão a ser aplicados?
O sistema de produção em substrato não foi inventado aqui, mas era utilizado em pequena escala em países frios para proteger as plantas no inverno. Inovámos ao otimizá-lo para climas mais temperados, como o português. Comparado com o solo, o substrato permite poupanças de até 25% de água e fertilizantes. É uma inovação replicável que se tornou praticamente o standard da indústria, dentro e fora da Driscoll’s. Este campo foi pioneiro nesse processo.

Sai muita inovação daqui para o mundo?
Sim, muita. Tanto para a Driscoll’s como, por vezes, para a indústria em geral.

Os fertilizantes são um mal necessário ou há alternativas?
Os fertilizantes são essenciais – potássio, azoto, fósforo – são elementos naturais e fazem parte da nossa alimentação. Mas são recursos finitos e o seu fabrico e desperdício têm impactos. A recirculação é uma inovação que permite reutilizar esses nutrientes. Outra inovação é a seleção de variedades mais eficientes – como a ‘Reina’, que precisa de menos 30% de adubo para produzir o mesmo. Hoje, priorizamos essas variedades.

Como se equilibra a sustentabilidade com a produtividade e o negócio?
Criámos métricas que refletem esse equilíbrio. Por exemplo, em vez de medir a água total usada, medimos litros por quilo de fruta vendida. Isso dá uma perceção mais realista da eficiência e cria consciência. Hoje, produtores perguntam quantos litros por quilo usa determinada variedade – algo impensável há poucos anos. Isso já faz parte do pensamento agrícola.

Nota uma mudança de mentalidade entre os produtores?
Sim. Aqui, na região do Sudoeste Alentejano, onde há escassez real e legal de água, os produtores têm muita vontade de aprender. Noutros locais, onde a escassez não é tão evidente, pode haver mais resistência. Mas as técnicas e variedades já estão desenvolvidas e são transferíveis, com pequenas adaptações.

Essa partilha de conhecimento é uma das coisas mais valiosas do seu trabalho?
Sem dúvida. Gosto muito disso. A informação bem aplicada e bem transferida é uma ferramenta poderosa. Estamos na era do social media, mas na agricultura a partilha entre pares ainda é essencial. Informação é poder, também na agricultura.

A agricultura de hoje é diferente daquela que vemos nos livros escolares?
Completamente. Hoje é uma ciência com tecnologia, sensores, melhoramento genético. Esta manhã falávamos de usar inteligência artificial para desenvolver programas de fertilização. Não é ficção científica, é real. Mas os jovens ainda não têm essa perceção. Falta mostrar o que há de melhor na agricultura, especialmente nas idades mais jovens.

É um setor que precisa de pessoas, certo?
Claro. A tecnologia não substitui pessoas, transforma o trabalho. Pode ser mais intelectual, com mais valor acrescentado. Não precisamos de cavar, temos tratores, mas precisamos de pensar em soluções, como para a água. Pode até ser mais estimulante.

Diz-se que os frutos mais doces são de Portugal. Porquê?
Algumas regiões em Portugal, como esta onde estamos, têm uma combinação de fatores naturais muito especial: clima ameno, invernos suaves, verões não excessivamente quentes, e uma brisa refrescante que ajuda as plantas. Esta combinação encontra-se em poucas regiões no mundo. Quem me dera encontrar mais Zambujeiras por aí.

Quais são as linhas de investigação mais transformadoras no Centro de Investigação e Sustentabilidade?
A recirculação da água é uma das mais adotadas. Há também investigação sobre o uso de luz ultravioleta no combate a doenças, substituindo pesticidas. Outro foco é a compostagem do substrato de coco – queremos fazer mais. Não sei se haverá um breakthrough, mas há avanços incrementais em várias áreas. Estamos também a estudar formas de medir a biodiversidade usando inteligência artificial e fotografia. A ideia é que os sistemas indiquem ao produtor onde existe uma praga, para que ele possa atuar com precisão.

A inteligência artificial é já presente ou ainda é futuro?
É aspiracional, mas será realidade nos próximos cinco anos. Vai ser utilizada de várias formas: programas de fertilização, melhoramento genético, deteção de pragas. Estamos a começar com ideias piloto, mas vai ser transformador.

O estudo de pragas e doenças é essencial?
Sim. Se não conhecermos as pragas, não podemos preveni-las. E prevenir é sempre mais barato do que tratar. É preciso conhecimento profundo: há insetos que se alimentam de outros, e só com essa base científica conseguimos soluções biológicas eficazes.

O que são as iniciativas Ask the Grower e Virtual Test Plots?
O Ask the Grower nasceu na pandemia, quando vimos que era necessário continuar a transferir conhecimento, mesmo sem poder viajar. É uma plataforma virtual onde produtores partilham experiências com outros produtores. Continuou após a pandemia e vai regressar este ano.
Os Virtual Test Plots são visitas virtuais aos campos de ensaio, com vídeos bem preparados. Mostramos variedades novas ou inovações tecnológicas. Estão acessíveis a todos os produtores e colaboradores da Driscoll’s no mundo, desde que tenham internet.

Portugal pode beneficiar das experiências de outros países?
Sem dúvida. Por exemplo, neste campo desenvolvemos a produção de mirtilo em substrato, algo que parecia impensável. Hoje, essa técnica é usada no Peru, México, África do Sul… Aprendemos também com outros, como na poda de mirtilo – aprendemos com Austrália e Peru. Copiar boas práticas deve ser feito com orgulho.

Em que ponto está Portugal em relação a outros países?
Nada para trás. O recorde de produção de framboesa fresca que conheço, dentro e fora da Driscoll’s, é em Portugal. Também tivemos o recorde de mirtilo até há poucos anos. Fala-se muito de Portugal como estando atrasado, mas não está.

De todos os países onde já trabalhou, onde gosta mais de trabalhar?
Onde sinto que posso fazer a diferença. Há 20 anos, quando começámos aqui, os produtores sabiam pouco e o impacto era enorme. Hoje, são eles que nos ensinam. O impacto mais forte acontece agora em regiões que estão onde Portugal estava há 20 anos. É gratificante trabalhar onde conseguimos fazer um impacto real na comunidade.

A Marta valoriza muito o papel das pessoas…
Sem dúvida. A fruta faz-se com pessoas. A agricultura faz-se com pessoas. A Driscoll’s faz-se com pessoas. As pessoas têm de estar no centro das nossas preocupações. Infelizmente – ou felizmente – as framboesas não crescem sozinhas.

E o bem-estar das pessoas ultrapassa a apanha da fruta. Falamos de alojamento, de condições…
Sim. Um trabalhador que não tenha boas condições não vai querer voltar. E, se não voltar, temos de ensinar outro. E um novo trabalhador, no início, tem baixa produtividade. Portanto, temos todo o incentivo para reter e para fazer com que as pessoas se sintam bem. Custa muito tempo e dinheiro ensinar constantemente. Reter trabalhadores — tanto os da apanha como os técnicos especializados — é recompensador. Vale mesmo a pena. E estou a dar-lhe uma resposta muito honesta do ponto de vista económico: vale mesmo a pena.

Como olha para tudo o que foi construído nestes 20 anos? Começaram do zero…
Começámos com a ajuda do INIAV, com o engenheiro Pedro Carlos Oliveira, e com poucos colegas. Cabíamos todos num carro, eramos cinco. Hoje, só na Driscoll’s Europa, somos… talvez mil. Tenho muito orgulho, claro, mas o que mais me fascina é o impacto das pessoas que passaram por aqui. Pessoas que formámos e que depois formaram outras. Esse efeito de cadeia é a parte mais bonita de tudo isto.

É isso que a mantém aqui?
Sim. Fazer a diferença. Ver que há impacto. Podia ter seguido outros caminhos, tive convites, mas o que me mantém é ver o crescimento das pessoas, perceber que deixamos marca. Pessoas que agora ocupam cargos importantes. Por exemplo, o Andy, hoje vice-presidente das operações na Europa, esteve na minha equipa até maio do ano passado. Podia olhar para isso como uma perda, mas olho com orgulho. Ele merece. E há mais como ele. Muitos estão aqui agora mesmo.

Essa filosofia da Driscoll’s é muito forte?
Temos processos de recrutamento muito exigentes. Às vezes até pedimos desculpa aos candidatos — são entrevistas atrás de entrevistas. Mas vale a pena. Porque depois de entrarem, investimos. E custa muito recomeçar do zero. Quando perdemos alguém — e já perdemos pessoas muito boas — recrutar e formar de novo é difícil. O conhecimento técnico pode ensinar-se. O alinhamento de valores é mais difícil. Por isso damos tanta importância a essa área. E depois, queremos reter as pessoas o máximo de tempo possível.

A retenção de talento é hoje também um desafio?
É, sim. Mas se formos proativos e pensarmos: “Como é que podemos ajudar esta pessoa a dar o próximo passo?”, conseguimos manter as pessoas motivadas e na empresa. Se formos passivos e esperarmos que a pessoa levante a mão, nem todos o farão. Nem todos dizem: “Eu quero o próximo desafio.” Temos mesmo de ser proativos. No trabalho que faço atualmente, já não faço ensaios com plantas, já não cresço plantas diretamente, mas… talvez cresça pessoas. Parece poético, mas é mesmo verdade. E essas pessoas vão fazer o mesmo com outras.

Como se antecipa o futuro da agricultura sustentável?
É uma previsão, mas acredito que terá de ser cada vez mais precisa, baseada em mais informação e mais ciência. Porque os desafios vão continuar a aumentar. A água, por exemplo, não se renova. O que existe hoje é o que existirá daqui a 100 anos, a menos que se descubra uma forma de a criar — o que ainda não existe. As alterações climáticas vão agravar-se em frequência e intensidade. Preocupa-me que alguns governos ainda não levem o tema a sério. Já impacta vidas, economias e, claro, a agricultura — talvez até mais do que outras indústrias, porque dependemos diretamente do clima e dos recursos naturais.

Esse contexto político influencia também onde se investe?
Sim. As mudanças na agricultura acontecem quando precisam de acontecer. A agricultura é uma atividade económica e precisa de incentivos económicos para evoluir. Esses incentivos podem ser regulamentares, relacionados com procura, custos, etc. Eu podia dar-lhe uma resposta romantizada e dizer que se inova só porque queremos produzir de forma sustentável. Mas a verdade é que muitas das inovações surgiram por necessidade. Por exemplo, quando os fumigantes do solo deixaram de estar disponíveis, foi preciso encontrar alternativas. A necessidade conduz à inovação. E isso também influencia onde e como se investe.

Este equilíbrio entre competitividade, negócio e sustentabilidade será determinante para o futuro da agricultura?
Tem de ser. O produtor precisa de rentabilidade para pagar salários, investir em centros de inovação… e precisa de água. Esta exigência dupla — económica e ambiental — ajuda-nos a focar nas soluções certas. Em ciência e inovação, uma das grandes dificuldades é o excesso de opções. Mas quando temos estas duas diretivas claras, conseguimos filtrar melhor.

Há pouco dizia-me, meio em tom de brincadeira, que se reformava se conseguisse eliminar o plástico. Mas ainda há muito por fazer?
Sim, ainda há muito a fazer. A utilização intensiva de plásticos é uma questão que nos incomoda. Usamo-los porque precisamos, mas gostávamos de ter alternativas. É um dos desafios para os quais ainda não encontrámos boas soluções. E isso é frustrante.

Os plásticos são um problema pouco visível para quem olha de fora.
Sim. Mas fazem muita diferença para o ambiente. São necessários para garantir fruta fresca e de qualidade. Para congelados ou sumos, pode produzir-se ao ar livre. Mas framboesas e amoras são muito sensíveis — ao vento, à radiação solar… queimam-se, como nós. O morango e o mirtilo têm mais tolerância. Já fazemos mirtilo ao ar livre no norte, mas as outras culturas ainda precisam de proteção. Gostaríamos de usar menos plástico, claramente.

Até a nível de embalagens. Falávamos disso há pouco. Por que não são todas em cartão?
Por causa da durabilidade. A fruta dura muito mais nestas embalagens atuais. Já estamos com cerca de 40% em cartão na Europa. Mas custou muito. As primeiras embalagens desfaziam-se com a humidade. É preciso mais inovação, mais trabalho. Substituir o plástico nas embalagens, túneis, vasos… é um desafio. E não só nos pequenos frutos, é transversal à agricultura.

Como vê o papel das universidades nesta mudança? Essa ligação entre investigação e setor produtivo está suficientemente consolidada?
Não. É preciso muito mais. Assistimos a uma desvalorização da investigação pública nas últimas décadas, especialmente na agricultura. E as empresas não conseguem fazer tudo sozinhas. Por isso, estas parcerias são fundamentais. Já temos colaborações com o INIAV, Universidade de Évora, Nova, Instituto Superior de Agronomia. E a nível internacional, com a Universidade de Wageningen, na Holanda. Mas precisamos de fazer mais.

Porquê?
Porque ajuda muito se as universidades e os alunos compreenderem os desafios reais da indústria. Assim, podem orientar melhor a investigação, para problemas urgentes, como os plásticos, a água, a biodiversidade, a poluição. As empresas terão sempre mais dificuldade em resolver tudo sozinhas.

20 anos do Test Plot de Taliscas, Zambujeira do Mar

Um campo de ensaios (test plot) tem como missão testar e definir as variedades com melhor adaptação à região onde estão localizados, servindo também como um showcase das melhores práticas agrícolas. A principal finalidade é otimizar o crescimento e desenvolvimento das plantas, permitindo que os produtores tenham acesso ao melhor produto disponível e às informações mais completas para tomarem decisões informadas.
Na Europa, a Driscoll’s opera sete campos de ensaio, dois em Portugal: Taliscas, na zona da Zambujeira do Mar, e Foja, em Cantanhede.

Alguns marcos históricos:
2005 – Abertura do Campo de Ensaios com plantação de morangos em solo.
2006 – Aumento de área para 1 hectare e acrescentando ensaios de framboesas, amora e mirtilos. Primeiros ensaios de Driscoll Maravilla.
2008 – Redução de área com retirada dos ensaios de amoras e framboesas.
2009 – Reativação de 0,5 hectares com ensaios de mirtilos e morangos em solo.
2013 – Início de expansão da área para cerca de 3 hectares de ensaios com plantações em solo. Primeiras plantações de ensaios de Driscoll’s Victoria.
2014 – Retirada dos ensaios de morango.
2016 – Introdução das primeiras plantações em substrato nos ensaios de mirtilo.
2017 – Instalação da estação de rega automatizada. Introdução de ensaios de morango em plantações de substrato.
2018 – Conclusão da conversão do total da área de ensaios exclusivamente para substrato.
2019 – Instalação de melhores estruturas de túneis com possibilidade de recolha de águas de chuva.
2020 – Anos de pandemia sem comprometer a execução dos ensaios planeados. Primeiras plantações de ensaios Driscoll’s Reyna.
2021 – Primeiros ensaios de Driscoll’s Clara.
2023 – Início da recolha de água da chuva e recirculação da água de drenagem.
2024 – Efetiva utilização de água de chuva em exclusivo para regar os ensaios durante quatro meses.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Retalho

Pingo Doce cresce 2,8% no 1.º trimestre para 1,2 mil milhões de euros

Num contexto de consumo marcado pela elevada sensibilidade ao preço e por um calendário menos favorável, o Pingo Doce encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um crescimento das vendas de 2,8%, totalizando 1,2 mil milhões de euros.

Excluindo o segmento de combustíveis, o crescimento like-for-like (LFL) atingiu os 1,1%, sustentado pelo desempenho das lojas que operam sob o conceito All About Food, que têm vindo a ganhar peso estratégico na proposta da insígnia.

A operar num mercado fortemente promocional, o Pingo Doce manteve a sua agressiva política de descontos, o que lhe permitiu preservar quota num ambiente de grande competitividade. No trimestre, a insígnia do grupo Jerónimo Martins abriu uma nova loja e concluiu a remodelação de 13 localizações.

Em termos consolidados, o EBITDA da Distribuição Portugal cifrou-se em 78 milhões de euros, 0,7% abaixo do trimestre homólogo, tendo a respetiva margem atingido 5,2% (5,3% no 1T 24), pressionada pela subida dos custos com pessoal na sequência do aumento de 6,1% do salário mínimo nacional.

A Jerónimo Martins fechou o primeiro trimestre de 2025 com um resultado líquido de 127 milhões de euros, 31,4% acima do ano anterior, ou 6,1% abaixo se excluídos os outros ganhos e perdas de natureza não recorrente. No 1º trimestre de 24, esta rubrica incluiu os 40 milhões de euros da dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins.

As vendas cresceram 3,8% (+1,9% a taxas de câmbio constantes), impactadas negativamente pelo efeito de calendário já que o ano anterior, sendo bissexto, contou com mais um dia de vendas e também com a Páscoa, que em 2025 foi no 2T. O EBITDA aumentou 3,8% (+1,2% a taxas de câmbio constantes) com a respetiva margem, em linha com o ano anterior, a cifrar-se em 6,3%, informa a Jernónimo Martins em comunicado

Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins, sublinha a resiliência do grupo num cenário de grande incerteza: “Neste ambiente de contenção, todas as nossas Companhias trabalharam com disciplina para gerir a pressão sobre as margens que decorre da subida dos custos com pessoal na sequência do aumento dos salários mínimos em cada país, num momento em que a inflação nos cabazes permanece baixa”.

“Ainda que o primeiro trimestre apenas permita uma leitura muito limitada das tendências nos mercados, os resultados do Grupo, nestes três meses e perante o comparativo muito exigente do ano anterior, são sólidos e confirmam a competitividade das propostas de valor e a estratégia, dos últimos anos, de reforçar os modelos de negócio das diferentes insígnias”, pode ler-se na mensagem divulgada

“Atentos ao desenvolvimento das dinâmicas de consumo e da concorrência, manteremos o foco no crescimento sustentável, defendendo as nossas bases de clientes, executando o nosso ambicioso plano de expansão, e respondendo aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos num contexto particularmente volátil.”, garante.

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Retalho

Continente e Pingo Doce lideram ranking das marcas mais relevantes para os consumidores

Entre as 20 marcas mais referidas no Estudo ao Consumidor 2025, nove são portuguesas, com destaque para Continente, Pingo Doce, Delta Cafés, Mimosa, Galp, MEO, NOS, EDP e Worten. O pódio é liderado por Continente, seguido de Pingo Doce e Adidas, sinalizando uma crescente valorização de marcas nacionais por parte dos consumidores. Pedro Diogo Vaz, country manager da Superbrands Portugal, destaca o reforço da presença de marcas nacionais no ranking geral, com especial evidência para o retalho.

A Superbrands Portugal divulgou esta terça-feira, 7 de maio, os resultados do Estudo ao Consumidor 2025, colocando duas insígnias nacionais de retalho alimentar — Continente e Pingo Doce — no topo da lista das marcas com maior referenciação espontânea pelos consumidores portugueses. Os dados foram apresentados na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

Entre as 20 marcas mais referidas no estudo, nove são portuguesas, com destaque para Continente, Pingo Doce, Delta Cafés, Mimosa, Galp, MEO, NOS, EDP e Worten. O pódio geral é liderado por Continente, seguido de Pingo Doce e Adidas, sinalizando uma crescente valorização de marcas nacionais por parte dos consumidores.

O estudo revela ainda que o setor do Retalho reforçou significativamente a sua presença no TOP 20 entre 2020 e 2025, aumentando de 22,1% para 30,2%. Esta evolução reflete-se também na entrada de novas marcas como Mercadona e na consolidação de insígnias como Lidl.

Para Pedro Diogo Vaz, um dos destaques da edição deste ano prende-se com o reforço da presença de marcas nacionais no ranking geral, com especial evidência para o retalho. “Há uma diversidade muito grande no mercado, mas essa abundância acaba por valorizar ainda mais as marcas que fazem parte do nosso quotidiano. Marcas como o Continente e o Pingo Doce estão presentes de forma contínua na vida das pessoas e, por isso, são mencionadas instintivamente pelos consumidores”, explicou em declarações ao Hipersuper.

O responsável sublinha ainda que o contexto económico e social atual pode influenciar este comportamento: “Vivemos num período de incerteza, e isso leva os consumidores a procurar segurança e familiaridade. As marcas portuguesas acabam por despertar uma ligação emocional mais forte, seja pelo enraizamento cultural, seja por uma perceção de maior proximidade e confiança”.

Pedro Diogo Vaz destaca também a importância da análise promovida pela Superbrands enquanto ferramenta útil para os profissionais de marketing e gestão de marcas. “Este é um estudo independente, que pretende refletir de forma genuína a perceção do consumidor. Não há interferência comercial nas escolhas, o que confere credibilidade aos resultados e torna-os relevantes para a estratégia das marcas, sobretudo no que toca à avaliação do seu posicionamento face à concorrência”, conclui.

O Continente assume um papel transversal no estudo, surgindo como a marca mais mencionada nas cinco dimensões avaliadas — Notoriedade, Marcas Únicas, Confiança, Identificação e Satisfação das Necessidades — e liderando o ranking em todas as gerações analisadas, da Silent Generation à Geração Z.

Já o Pingo Doce e a Delta Cafés destacam-se por integrarem o TOP 3 em duas dimensões, enquanto marcas como Adidas, Nike, Lidl e Nestlé também mantêm uma presença constante nos rankings multidimensionais.

A análise por geração demonstra que o retalho mantém uma relevância transversal, sendo o setor com maior peso em todas as faixas etárias. Por outro lado, os Baby Boomers e a Geração X apresentam maior afinidade com marcas de Alimentação, Telecomunicações, Bebidas e Energia, enquanto a Geração Z se destaca nas áreas de Desporto e Tecnologia.

Existem cinco áreas de atividade que monopolizam 81% do TOP 20 do ranking geral, sendo estas o Retalho, Alimentação, Desporto, Tecnologia e Telecomunicações. Numa comparação entre 2020 e 2025, observa-se que o Retalho aumentou o seu peso de 22,1% para 30,2% no TOP 20, tendo também a Energia e a Moda registado um ligeiro aumento.

O estudo, conduzido pela consultora independente AMINT, decorreu entre 7 de janeiro e 12 de fevereiro de 2025, através de 1.000 entrevistas online a uma amostra representativa da população portuguesa em termos etários (com idade igual ou superior a 16 anos), género e distribuição geográfica. A margem de erro é de 3,2%.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Logística

DHL Supply Chain adquire IDS Fulfillment e reforça oferta para PME no setor de e-commerce

A aquisição da empresa norte-americana especializada em logística de distribuição de retalho e fulfillment de e-commerce representa a segunda aquisição estratégica da DHL no setor de e-commerce na América do Norte em 2025, depois da compra do negócio de logística inversa da Inmar em janeiro.

Hipersuper

A DHL Supply Chain anunciou a aquisição da IDS Fulfillment num movimento que reforça a presença da multinacional no setor e amplia significativamente a sua capacidade de resposta às necessidades das pequenas e médias empresas (PME).

A operação, concluída em maio, representa a segunda aquisição estratégica da DHL no setor de e-commerce na América do Norte em 2025, depois da compra do negócio de logística inversa da Inmar em janeiro. Com esta aquisição, a DHL integra mais de 120 mil metros quadrados de espaço de armazém e distribuição multicliente, distribuídos por localizações estratégicas nos EUA, incluindo Indianápolis, Salt Lake City, Atlanta e Plainfield.

“O e-commerce tem sido um motor de crescimento para a DHL nos últimos anos e é um foco importante na nossa agenda da Estratégia 2030. A aquisição da IDS Fulfillment não só expande a nossa presença operacional, como também garante que as pequenas e médias empresas tenham acesso às nossas soluções logísticas de última geração, concebidas para as suas necessidades específicas”, disse Patrick Kelleher, CEO da DHL Supply Chain North America.

Mark DeFabis, CEO da IDS Fulfillment, afirma: “Acreditamos que o compromisso da DHL com a inovação e a excelência do serviço faz da empresa o parceiro ideal para melhorar as nossas operações e fornecer as capacidades líderes da indústria aos nossos clientes e membros da nossa equipa.”

A IDS Fulfillment continuará a operar sob a liderança atual, assegurando uma transição sem perturbações para os clientes e colaboradores. Para além da infraestrutura física, a operação traz à DHL uma carteira diversificada de clientes e um know-how adicional em fulfillment, reforçando a oferta de soluções escaláveis e integradas.

Com o setor global de e-commerce a crescer a uma taxa anual composta (CAGR) de 8% até 2029, a DHL aposta numa estratégia de expansão seletiva, que fortalece a sua rede e capacidade tecnológica, ao mesmo tempo que democratiza o acesso a serviços de logística de ponta.

“Com o crescimento global do setor e-commerce a um CAGR de 8% ao ano até 2029, a DHL tem como objetivo investimentos que expandam ainda mais as nossas capacidades para assegurar as necessidades deste segmento em crescimento e tornar a nossa rede e soluções facilmente acessíveis a empresas de todas as dimensões. O IDS Fulfillment complementa a nossa atual Rede DHL Fulfillment, aumentando a nossa capacidade de oferecer soluções globais de e-commerce sem descontinuidades, com conhecimentos e alcance locais. Especialmente oportuno, uma vez que mais organizações multinacionais estão a procurar estabelecer capacidades de fulfillment na América do Norte”, sublinha
Oscar de Bok, CEO Global da DHL Supply Chain.

“Estas aquisições demonstram o nosso compromisso com o crescimento contínuo no sector do e-commerce e reforçam a posição de liderança da DHL como o fornecedor de logística de eleição para clientes de todas as dimensões”, reforçou Patrick Kelleher.

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Bebidas

ÉvoraWine celebra 10ª edição com 300 vinhos em prova

O ÉvoraWine regressa à Praça do Giraldo nos dias 23 e 24 de maio para celebrar uma década de existência com uma edição que promete superar recordes de adesão e reforçar a notoriedade dos vinhos da região.

Hipersuper

Com entrada livre e copo oficial de prova disponível por 15 euros, a organização estima receber cerca de 10 mil visitantes ao longo dos dois dias, atraídos pela possibilidade de provar cerca de 300 referências vínicas oriundas de mais de 50 produtores alentejanos.

O evento arranca na sexta-feira, às 18h00, com a habitual sessão de abertura e a entrega dos prémios “Por todo o Alentejo”, que distinguem figuras de destaque nas áreas do vinho, gastronomia e cultura. O ambiente será marcado por uma combinação de provas vínicas, gastronomia regional e música ao vivo, com atuações que vão desde os cantares tradicionais dos Almocreves até à energia do Grupo Mala Conexion, passando pelo fado e ritmos sevilhanos.

A principal novidade desta edição comemorativa é a festa de encerramento “ÉvoraWine Party”, agendada para sábado, dia 24, a partir das 22h30, na Horta das Laranjeiras. O evento, animado pelo grupo “Os Vizinhos” e pelo DJ Pedro d’Orey, prolonga-se até às 02h00. A entrada tem o custo de 5 euros para os participantes do ÉvoraWine e de 10 euros para o público geral.

Durante o certame, os visitantes poderão ainda degustar pratos típicos alentejanos, preparados por restaurantes parceiros, numa aposta da organização na promoção da harmonização entre gastronomia e vinho da região.

A 10.ª edição do ÉvoraWine conta com o apoio da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, da Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), da Câmara Municipal de Évora, da Confraria dos Enófilos do Alentejo e da Confraria da Gastronomia do Alentejo.

Programa

Sexta-feira // 23 de maio  
18h00 – Sessão de Abertura com Grupo de Cante Tradicional Alentejano “Os Almocreves”
19h00 – Grupo Caranguejos da Cevada
20h00 – Fado com Inês Villa-Lobos
21h00 – Teresa Franco, Bruno Cramez e Nuno Páscoa
22h00 – Encerramento das provas de vinho

Sábado // 24 de maio  
18h00 – Abertura ÉvoraWine
18h30 – Grupo Sevilhanas
19h00 – Carla Saramago, Rui Gonçalves, Bruno Cramez e José Silva
20h30 – Grupo Mala Conexion
22h00 – Encerramento das provas de vinho
22h30 – ÉvoraWine Party na Horta das Laranjeiras com “Os Vizinhos” e Dj Pedro d’Orey
2h00 – Encerramento da ÉvoraWine Party

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Continente
Retalho

Continente promove “O Melhor de Portugal” em feira dedicada à produção nacional

A feira reúne frutas e legumes, queijos, vinhos, enchidos e outros produtos típicos, representando o melhor da diversidade gastronómica nacional, com destaque para a seleção especial dos melhores frescos nacionais e de produtos inovadores desenvolvidos pelo Clube de Produtores Continente, como é caso do famoso Arroz Carolino Caravela.

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Até 18 de maio, todas as lojas Continente e a plataforma Continente online recebem a primeira edição da feira “O Melhor de Portugal”, uma iniciativa que celebra a qualidade e o sabor dos produtos portugueses, valorizando o trabalho dos produtores locais e das marcas nacionais.

A nova feira, que conta com uma forte campanha multimeios sob o mote “Quem é que passa sem o melhor de Portugal?”, destaca uma seleção especial de produtos frescos nacionais e referências inovadoras, com origem no Clube de Produtores Continente. Entre os destaques está o Arroz Carolino Caravela, uma variedade 100% portuguesa resultante de quase duas décadas de investigação em parceria com a Lusosem, a Novarroz e o INIAV/COTArroz.

Esta iniciativa insere-se na estratégia do Continente de reforçar a aposta na produção nacional, garantindo qualidade, sustentabilidade e inovação em diversas categorias. A feira reúne frutas e legumes, queijos, vinhos, enchidos e outros produtos típicos, representando o melhor da diversidade gastronómica nacional.

A campanha publicitária, com criatividade da Fuel, está presente em televisão, rádio, digital, outdoor, lojas e folheto. A narrativa destaca o apreço dos portugueses pelos sabores autênticos do país, mesmo quando estão longe, demonstrando o orgulho e amor pelos sabores e tradições da sua terra.

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Alimentar

Encontro da FENAZEITES vai debater os problemas urgentes do setor olivícola

O encontro terá lugar pelas 10h, na sede da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros, centrado no tema ‘Desafios para o Futuro’.

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A Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Olivicultores (FENAZEITES), realiza na sexta-feira, 9 de maio, o 10º Encontro com as Cooperativas Olivícolas para discutir o futuro perante as tendências de mercado, o cálculo do sequestro de carbono no olival e o futuro da interprofissional do setor olivícola.

O encontro, que conta com o apoio da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros, terá lugar pelas 10h0, na sede da Cooperativa, centrado no tema ‘Desafios para o Futuro’ que terá como objetivo “não só identificar alguns dos problemas mais urgentes do sector olivícola, mas também fazer um levantamento de propostas em defesa do mesmo, tendo em conta as tendências do setor, o aumento da produção, o condicionamento do mercado nacional pela produção em Espanha, a oscilação dos preços e os custos de produção”, avança a FENAZEITES, associada da CONFAGRI.

A sessão de abertura será feita por Nuno Serra, secretário-geral da CONFAGRI, António Brito, presidente da FENAZEITES e Luís Rodrigues. presidente da Cooperativa Agrícola de Macedo de Cavaleiros. Moderado por Patrícia Falcão, secretária-geral da FENAZEITES, o debate “Desafios para o Futuro” contará com o analista internacional Juan Vilar, com Juan Antonio Polo, chefe do departamento de Oleicultura e meio-ambiente do COI, e Fernando do Rosário, presidente da Cooperativa Agrícola de Beja e Brinches. A sessão de encerramento estará a cargo de Idalino Leão, presidente da CONFAGRI, Benjamim Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros, e Paulo Ramalho, vice-presidente da CCDR-Norte.

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Hipersuper

Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED
Distribuição

Gonçalo Lobo Xavier: “Antecipar e preparar são as palavras de ordem”

Num momento marcado pela incerteza, disrupções nas cadeias de valor e exigências crescentes em matéria de sustentabilidade e digitalização, Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, sublinha que liderar o futuro no retalho exige antecipação, resiliência e uma visão estratégica partilhada. A poucos dias da edição de 2025 do APED Retail Summit (7 de maio, em Lisboa), o responsável destaca ao Hipersuper as prioridades do setor, os desafios estruturais e o papel da APED na construção de um ecossistema mais sustentável, competitivo e preparado para responder à transformação em curso.

O tema desta edição do APED Retail Summit é “Liderar o Futuro”. Que competências e capacidades considera essenciais para que o retalho e a distribuição possam, de facto, liderar num contexto marcado por incerteza e transformação acelerada?
O contexto é incerto, é acelerado, e também desafiante. E qualquer um destes atributos não é compatível com uma atitude passiva ou excessivamente reactiva. Antecipar e preparar são, por isso, as palavras de ordem para responder aos desafios constantes e emergentes do sector, quer do ponto de vista regulatório, como tecnológico ou de mercado/supply chain. Se há uma lição a retirar das múltiplas crises que atravessámos nos últimos anos, – e usando o que já é quase um “lugar comum” – é a necessidade de resiliência e reforço da capacidade de gestão e adaptação das empresas. As empresas, hoje, necessitam de uma boa dose de resiliência e cultura organizacional forte, fundada na confiança, na responsabilidade e na agilidade, para responder à imprevisibilidade internacional e aos efeitos decorrentes daquilo a que se convencionou designar de “policrises”. Não estamos muito afastados dessa realidade. E por isso, num sector como o do retalho, que está, por definição, mais exposto aos constrangimentos ou disrupções das cadeias de valor, a antecipação e preparação assumem, pois, uma relevância central em qualquer dos nossos Associados. Deste ponto de vista, “liderar o futuro” é também gerir a mudança e os seus efeitos conjunturais e estruturais. É esse o debate a que nos propomos.

O evento reúne um leque alargado de especialistas internacionais. Que contributos espera retirar destas perspectivas globais para a realidade concreta do setor em Portugal?
O perfil dos vários oradores é revelador da transversalidade dos temas que hoje se colocam ao sector. Teremos especialistas de várias áreas e sensibilidades da sociedade, desde a tecnologia à política, passando pela formação e coaching, para nos ajudarem a compreender e perspectivar o futuro. O APED Retail Summit ocorre de dois em dois anos e é não só o momento de encontro entre o sector e os vários interlocutores com quem lidamos e interagimos de forma frequente e regular – desde autoridades públicas a fornecedores e clientes – mas é também uma oportunidade para refletir sobre as principais tendências que moldam o futuro da economia e do sector. De forma muito sucinta destacaríamos a apresentação de um estudo de impacto económico do sector na sociedade portuguesa e uma discussão produtiva e esclarecedora do enquadramento regulatório europeu e o seu impacto no sector, ou seja, o que podemos esperar para os próximos anos do ponto de vista regulatório; uma reflexão profunda dos efeitos da IA no mercado de trabalho do sector e a requalificação de profissionais; uma discussão sobre liderança em tempos de incerteza, justamente, para responder à questão suscitada anteriormente; e uma conversa entre dois dos Associados da APED sobre a sua experiência na sua jornada para a sustentabilidade e o seu impacto ao longo de toda a cadeia de valor. Parece-nos um programa completo e motivador!

A inovação e a transformação digital continuam a ser prioridades para o setor. Quais são, na sua visão, os principais desafios na sua implementação e como é que as empresas portuguesas se estão a posicionar nesta transição?
A inovação é crucial para impulsionar a transição digital de muitas das empresas do sector. Um dos desafios principais é, obviamente, de natureza financeira, da capacidade financeira das empresas para investirem na dinâmica da transformação digital sem perderem competitividade.
A exigência da incorporação tecnológica em muitos dos equipamentos e soluções adoptadas pelos nossos Associados nas suas operações – desde as caixas self-checkout. p.e. às plataformas e-commerce passando pela simplificação das operações, através da automação e IA – traz consigo um elevado custo financeiro. Para se ter uma ideia, o EuroCommerce aponta para um investimento entre 155 e 230 mil milhões de euros, até 2030, para as empresas de retalho europeias responderem ao desafio da transição digital, nomeadamente: melhoria da experiência omnicanal e serviço ao cliente, optimização da eficiência operacional e de toda a cadeia valor, a modernização das tecnologias de informação ou ainda a integração de ferramentas digitais na operação, como IA ou advanced analytics. Ou dito de outra forma, a estimativa de investimento prevista para esta dimensão situa-se entre os 0.8% e 1.6% da receita anual das empresas. É motivo de preocupação, mas também de motivação para todos.

Ao longo do dia, vão ser debatidos temas como sustentabilidade e requalificação de talento. Na sua perspectiva, como pode a APED liderar/apoiar esse processo de transformação ou reforço do compromisso?
A sustentabilidade e as pessoas são dois dos eixos estratégicos do posicionamento institucional da APED. É assim desde há muitos anos. Tem sido um caminho que o sector tem vindo a fazer. Na área da sustentabilidade, p.e., destaco a iniciativa emblemática lançada pela APED para apoiar os seus Associados na resposta aos desafios das Alterações Climáticas, em particular no que respeita à descarbonização: o Roteiro para a Descarbonização da Distribuição. Hoje são mais de 20 os Associados da APED que fazem parte do Roteiro com metas ambiciosas até 2040 e que já representam mais de 65% da faturação do sector. Em paralelo, o acompanhamento e participação da APED na discussão e definição das políticas públicas na área da sustentabilidade é, hoje, absolutamente crucial.
No que respeita às Pessoas, para um conjunto de associados que a APED representa e que emprega quase 150.000 trabalhadores, o nosso compromisso é claro na resposta a três desafios estruturais: aumentar a produtividade, promover a transformação e adaptação de competências e cargos às novas exigências do mercado; e ser um sector magnético na atração e retenção de talento. Há ainda muito para fazer nestes domínios, mas estamos firmes neste caminho.

O evento tem uma forte componente de antecipação estratégica. Que tendências globais acredita que vão moldar o retalho nos próximos anos e como pode o setor posicionar-se de forma competitiva nesse cenário?
Por muito que se invista e estude, os exercícios de antecipação estratégica são sempre complexos. Podemos tentar trabalhar e antecipar tendências, mas trata-se sempre de algo com um risco elevado de sucesso. Quem é que antecipou uma pandemia e um período de confinamento como aquele que vivemos entre 2020 e 2022? Quem é que anteviu as disrupções nas cadeias abastecimentos decorrentes da invasão da Ucrânia e na tensão no Mar Vermelho, entre 2022 e 2023? Ou ainda, quem é que consegue prever a magnitude da guerra tarifária lançada pelos EUA? Estes três exemplos refletem bem o ambiente de incerteza que vivemos e as repercussões negativas que estas situações tiveram na vida financeira das nossas empresas e nas suas respectivas operações. Por isso, mesmo sabendo que não conseguiremos antecipar alguns dos principais acontecimentos e que, mais cedo ou mais tarde, seremos surpreendidos, as empresas devem ser ágeis o suficiente para ajustar objetivos, recalibrar metas e reconsiderar investimentos.
Do nosso ponto de vista, as empresas adaptarem os seus negócios aos novos padrões de consumo, corresponderem à necessidade de descarbonização e acelerarem a implantação de tecnologias inovadoras nas suas operações não é uma escolha, é condição para as empresas serem competitivas. E isso não irá mudar. O caminho terá sempre de passar pela formação das pessoas e pela capacidade de adaptação a novas realidades e desafios, tendo em vista a competitividade e a inovação. Os consumidores esperam isso de nós.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Retalho

Pingo Doce doou 7,1 mil toneladas de alimentos em 2024

Os donativos aumentaram mais de 35% face a 2023, devido à implementação do programa ‘Alimenta o Bairro’.

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Em 2024, o Pingo Doce doou géneros alimentares equivalentes a 7,1 mil toneladas. “São excedentes alimentares que já não podem ser vendidos, por exemplo, por terem as suas embalagens danificadas ou por se aproximarem do fim da validade, mas que estão conformes com os padrões de segurança”, informa a insígnia de retalho alimentar.

Os donativos aumentaram mais de 35% relativamente ao ano passado, em resultado da implementação do programa ‘Alimenta o Bairro’, que tem como objetivo alargar as categorias de artigos que são doados, bem como tornar o processo de recolha e a relação entre as lojas e as instituições mais eficiente.

Este programa reforçou o papel ativo no combate à fome nos bairros em que o Pingo Doce está presente. Em 2024, o Pingo Doce respondeu ao apelo de cerca de 1.350 instituições de cariz social nas zonas de influência das suas lojas. Os apoios em géneros alimentares e em valor monetário – que incluem apoios fixos, cartões-presente e apoio a projetos de conservação ambiental – ultrapassaram os 19,3 milhões de euros, mais 6,6% do que em 2023.

De referir que o apoio a situações de carência alimentar é uma das prioridades do Pingo Doce que apoia regularmente instituições de solidariedade social nas comunidades envolventes das suas mais de 480 lojas em todo o país.

Ainda no âmbito do programa ‘Alimenta o Bairro’, o Pingo Doce implementou também um programa de capacitação das instituições focado na segurança alimentar e na gestão de organizações sociais, com dicas práticas para gestão de recursos humanos e de voluntários, gestão de stocks, gestão de orçamento e otimização de donativos.

“Orgulhamo-nos de termos conseguido aumentar o apoio às nossas comunidades e assim sermos, cada vez mais, um supermercado de proximidade. A cada ano, procuramos sempre novas formas de poder contribuir com um bem tão essencial como a alimentação, ajudando a minimizar a carência de tantas pessoas e famílias”, sublinha Filipa Pimentel, diretora de Desenvolvimento Sustentável e Impacto Local do Pingo Doce.

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Retalho

Retalho lidera investimento em imobiliário comercial no primeiro trimestre de 2025

O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu os 651 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025. O setor do retalho destacou-se como o principal motor deste desempenho, captando cerca de 59% do volume total de investimento, num montante que ascende aos 385,5 milhões de euros.

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O investimento em imobiliário comercial em Portugal atingiu os 651 milhões de euros no primeiro trimestre de 2025, traduzindo-se num crescimento de 151% face ao período homólogo, de acordo com o mais recente estudo Investment Market Overview da consultora Savills. Este valor representa também um acréscimo de 144% quando comparado com a média dos primeiros trimestres dos últimos três anos.

O setor do retalho destacou-se como o principal motor deste desempenho, captando cerca de 59% do volume total de investimento, num montante que ascende aos 385,5 milhões de euros. Centros comerciais, retail parks e supermercados mantêm-se como os ativos preferenciais dos investidores, sendo particularmente relevante a aquisição da totalidade do capital social do NorteShopping pelo Fundo Sierra Prime, gerido pela Sonae Sierra, operação que teve um peso determinante na liderança do segmento.

Apesar do contexto internacional adverso, marcado pela guerra comercial entre os EUA e a China e pela imposição de novas tarifas aduaneiras, que têm gerado cautela entre consumidores e operadores, o mercado de retalho em Portugal revela uma resiliência significativa. Esta performance sugere uma atratividade contínua do país enquanto destino de investimento, sobretudo em ativos de conveniência e proximidade.

Geograficamente, a Região Norte, com especial destaque para o Porto, concentrou 67% do capital investido, reforçando a sua posição enquanto polo estratégico para o imobiliário comercial. Lisboa e a respetiva Área Metropolitana registaram 15,5% do volume total, enquanto o Algarve captou 16,9%.

Os investidores nacionais lideraram a atividade, representando 77,6% do total investido, seguidos por capital proveniente do Reino Unido e da Suíça.

Para Paulo Silva, head of country da Savills Portugal, “este primeiro trimestre de 2025 revelou sinais muito positivos para o mercado de investimento imobiliário comercial em Portugal, com um crescimento assinalável face ao período homólogo. Apesar do atual contexto internacional marcado pela incerteza, tudo indica que 2025 poderá ser um ano particularmente dinâmico, com volumes de investimento expressivos. O setor de hospitality continuará a desempenhar um papel de relevo, beneficiando das condições únicas que o país oferece aos visitantes. Ainda que se antecipe uma ligeira desaceleração no curto prazo, a economia portuguesa está bem posicionada para manter a sua trajetória de crescimento, sustentada por uma procura interna robusta, investimento consistente e um alinhamento positivo com as tendências económicas da zona euro.”.

“A Região Norte está a assumir um papel cada vez mais relevante na captação de investimento nacional e internacional em Portugal, O dinamismo que temos vindo a assistir em segmentos como os de escritórios e de industrial e logística vai certamente manter-se ao longo de 2025, pois existe um número crescente de empresas que pretendem instalar-se ou expandir as operações e consequentemente as suas instalações no norte do país. A mão de obra altamente qualificada, a qualidade das infraestruturas e a proximidade a rotas marítimas e terrestres de grande importância são apenas alguns dos fatores que tornam a região tão atrativa para os investidores.”, acrescenta Ricardo Valente, managing director, Savills | Porto Division.

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