Too Good to Go chega ao Porto e prevê alargar a Faro no próximo mês. Parcerias com grande distribuição em teste
Cerca de 60 estabelecimentos no Porto disponibilizam a partir desta terça-feira as “caixas mágicas” com alimentos que, se não fosse a aplicação Too Good to Go, estariam confinados ao desperdício
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Ana Catarina Monteiro
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O evento de lançamento da Too Good to Go no Porto decorreu esta manhã no espaço Harmonia
Cerca de 60 estabelecimentos no Porto disponibilizam a partir desta terça-feira as “caixas mágicas” com alimentos que, se não fosse a aplicação Too Good to Go, estariam confinados ao desperdício.
Três meses depois de se instalar em Portugal, concretamente em Lisboa, a plataforma internacional que se posiciona como precursora do movimento “waste warrior” acaba de alargar a uma segunda cidade portuguesa.
O objetivo inicial mantém-se: a Too Good to Go quer chegar a todas as 18 capitais de distrito de Portugal continental até final deste ano, sendo que a próxima cidade a receber a aplicação será Faro, onde deve ficar disponível entre final de março e o mês de abril, revela Madalena Rugeroni, country manager da Too Good To Go para Portugal, ao Hipersuper.
Outro dos objetivos da empresa passa por aliar-se às cadeias da distribuição, estando já a ser desenvolvido um projeto-piloto com “cerca de três supermercados” das cadeias Meu Super e Auchan, em Lisboa, envolvendo também “outras lojas e mercearias mais pequenas”. A Auchan juntou-se à plataforma em final de dezembro passado, nomeadamente através da loja instalada no Almada Fórum.
A Makro é outra das distribuidoras em Portugal que já se aliaram a este projeto, no entanto, com esta cadeia “a parceria é um pouco diferente, até porque os clientes só conseguem entrar nas lojas Makro com o cartão da cadeia”, explica a country manager.
“O nosso objetivo é também criar o maior impacto possível, por isso temos todo o interesse em associar-nos às cadeias alimentares de maior dimensão”, sublinha. As retalhistas Lidl e Os Mosqueteiros, dona do Intermarché, são parceiras da plataforma em outros mercados.
No Porto, a segunda cidade portuguesa a disponibilizar este serviço, são para já “cerca de 60” os parceiros comerciais da plataforma, entre cafetarias, restaurantes independentes e pastelarias, entre outros.
Na invicta, são desperdiçadas entre 23 a 26 mil toneladas de alimentos todos os anos, segundo dados da empresa municipal Porto Ambiente. Um número que a plataforma criada na Dinamarca e já disponível em 15 países pretende combater com o seu modelo de negócio.
O funcionamento é simples. Através da plataforma digital gratuita Too Good to Go, estabelecimentos como restaurantes, cafés, hotéis e supermercados podem vender os seus excedentes alimentares, no formato de “caixas mágicas”, dentro das quais os clientes finais sabem apenas que podem encontrar um conjunto de produtos que equivale a uma refeição, seja pequeno-almoço, almoço ou jantar. Após a compra na aplicação, os consumidores podem recolher as caixas nas próprias lojas, nos horários previamente estipulados e mediante a apresentação do talão de compra. Os preços variam entre os dois e os cinco euros. Por parte da empresa, é angariada uma comissão de “entre 20 a 25%” por cada caixa vendida.
A Too Good to Go chegou a Portugal no final de outubro. Arrancou em Lisboa, com cerca de 50 parceiros, inicialmente, contando agora com entre “350 a 400 estabelecimentos parceiros”, dá conta Madalena Rugeroni. Em três meses, a plataforma já permitiu a venda de 18 mil refeições. “Só no mês de janeiro, evitamos que oito mil refeições fossem desperdiçadas e queremos aumentar este número em fevereiro”, manifesta a country manager.
Portugal foi o 13º país a receber a plataforma, que entretanto já alargou também à Suécia e, mais recentemente, aos Estados Unidos, onde está já disponível nas cidades de Nova Iorque e Boston. A nível global, a plataforma conta com mais de 37 mil estabelecimentos e mais de 19 milhões de utilizadores registados e já permitiu a venda de mais de 30 milhões de refeições.
Em Portugal, “o desperdício alimentar chega a um milhão de toneladas por ano, o que representa cerca de 50 mil refeições por dia”, ressalva a responsável pelo mercado nacional.
Depois de Lisboa e Porto, Faro foi a cidade escolhida para o próximo passo na expansão da plataforma, dado o número de utilizadores já registados naquela cidade algarvia. “Escolhemos as cidades para onde vamos consoante a adesão que verificamos à plataforma, da densidade populacional e de estabelecimentos. Queremos agora responder à adesão que os consumidores em Faro têm demonstrado”, explica.
Para os estabelecimentos, as vantagens de aderir a esta plataforma passam sobretudo pela “angariação de novos clientes e a visibilidade associada à imagem de sustentabilidade, mas também permite “obter um rendimento extra a partir de produtos que iriam para o lixo e que pode cobrir custos de produção”, sublinha Madalena Rugeroni.
Atualmente a empresa detém 18 colaboradores em Portugal, que operam a partir de Lisboa, e pretende crescer para entre os “25 e os 30” colaboradores até final do ano.