Especial Refrigeração e Climatização. Inovação vem reduzir fatura energética de comerciantes
A adaptação às novas regras europeias no combate ao aquecimento global é um dos motores da indústria nacional de refrigeração, que tem provas dadas no mercado internacional e está sobretudo focada na customização e eficiência energética
Ana Catarina Monteiro
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A adaptação às novas regras europeias no combate ao aquecimento global é um dos motores da indústria nacional de refrigeração, que tem provas dadas no mercado internacional e está sobretudo focada na customização e eficiência energética.
As fornecedoras europeias de equipamentos de refrigeração, conservação e congelamento de produtos alimentares para espaços comerciais têm mais quatro anos para adaptar a oferta ao regulamento da União Europeia “F-Gas”, que entrou em vigor no início de 2015. A medida ambiental proíbe a utilização de gases refrigerantes com elevado potencial de aquecimento global (GWP – Global Warming Potencial) a partir de 2022.
“Temos desenvolvido novos produtos, adaptado alguns e abandonado a produção de outros”, conta em entrevista ao HIPERSUPER Rui Martins, diretor-geral da Mafirol, que fornece o canal Horeca mas tem os seus principais clientes na distribuição alimentar, dos quais são exemplo a Jerónimo Martins, a E.Leclerc, o Minipreço ou a Covirán.
Os equipamentos com gases refrigerantes cujo índice de GWP se fixa em zero já são os “produtos estrela” da fabricante de Águeda, entre os quais se destaca o expositor vertical “Bartolomeu”, equipamento com portas de vidro que funciona com o gás refrigerante R290, do tipo HFC (hidrofluorcarbonetos) e cujo GWP é quase nulo (3).
Refrigeração pesa cerca de 50% da fatura energética
A reformulação dos produtos para cumprir a legislação, adotando tecnologias “limpas” e gases menos poluentes, está também associada a uma maior eficiência energética, que é para a indústria nacional uma exigência crescente dada a preocupação dos clientes em reduzir custos.
No caso dos supermercados, o equipamento de refrigeração é responsável por “cerca de 50%” da fatura energética. Um peso que “tem diminuído nos últimos anos, dada a adoção de componentes como a iluminação LED ou a colocação de portas frontais nos lineares refrigerados”, explica Isidro Lobo, diretor-geral da Jordão Cooling Systems. Em termos de práticas naturais em detrimento dos gases florados com efeito de estufa, a produtora vimaranense começou em 2012 a entregar ao mercado equipamentos com gases mais “amigos do ambiente”, três anos antes da entrada em vigor da diretiva europeia que as exige.
Também para a Fricon, o regulamento “F-Gas” não trouxe urgência na adaptação dos equipamentos a gases refrigerantes mais ecológicos. “A migração foi acontecendo naturalmente ao longo dos anos e de forma sustentada. Fizemos investimentos nas linhas de produção para oferecer ao mercado soluções inovadoras e que vão ao encontro das necessidades do meio ambiente”, indica por sua vez Hércules Zurita, assessor da administração da fabricante de Vila do Conde.
Personalização reduz 55% dos custos
A Jordão tem alocado esforço financeiro na “investigação e desenvolvimento de soluções termodinâmicas” para a otimização da oferta. O investimento trouxe a possibilidade de criação de sistemas configuráveis consoante as necessidades de cada cliente, podendo levar a “uma poupança superior a 55% na conta relacionada com a energia e um rápido retorno do investimento”, estima o diretor-geral.
A personalização de sistemas de refrigeração disponibilizada pela produtora mereceu recentemente a confiança do Intermarché para a estreia de um novo conceito de loja no hipermercado de Lagos, no Algarve. As secções especializadas em pastelaria, padaria, talho, take away e até as ilhas de sushi e iogurtes apresentam configurações saídas da fábrica da empresa de Guimarães.
Por outro lado, no que diz respeito às lojas de proximidade, uma aposta crescente dos distribuidores, são exigidos diferentes equipamentos, mais compactos para rentabilizar o espaço. Neste sentido, a Fricon lançou este ano na feira Euroshop o WRC 2500, um equipamento que assume as versões de refrigeração e congelação, direcionado a pequenos estabelecimentos, uma vez que se “encaixa perfeitamente em qualquer espaço”, salienta Hércules Zurita.
Para dar resposta àquela necessidade, a Jordão tem também diversificado a oferta para o canal alimentar, que absorve 55% das suas vendas. “O segmento de proximidade tem-se revelado muito dinâmico e adotado conceitos do Horeca, canal em que a Jordão é uma referência”, nota Isidro Lobo.
Design dá protagonismo ao produto
O tamanho dos equipamentos varia em função das necessidades dos retalhistas mas as tendências em termos de “design” são transversais aos vários produtos. “Móveis de linhas direitas e ergonómicas”, destaca Rui Martins, da Mafirol, que reflete nas suas mais recentes inovações esta aposta, como a Chopin – “uma vitrine que se destina a diversos conceitos comerciais, desde pastelarias e estações de serviço, passando por supermercados, que representa precisamente esse design de linhas retas”, confere o diretor-geral.
O responsável da Jordão Cooling Systems acrescenta outra tendência: as “superfícies vidradas” que combinam com “ambientes de loja mais cuidados e cativantes”. A transparência dos equipamentos vai ao encontro de um “maior protagonismo dado ao produto no ponto de venda por oposição ao destaque do próprio equipamento” que traduz, para o assessor da administração da Fricon, uma “inversão” da oferta dos fabricantes de frio. “Privilegiam-se cada vez mais áreas de exposição amplas, que tornam o produto mais apelativo aos olhos do consumidor”. O desafio aqui está também em agregar “efeitos especiais” aos expositores que destaquem o produto sem encarecer o equipamento.
Portugal é uma referência
O mercado que representa o “benchmark” da indústria lusa de refrigeração é o “italiano” mas a produção portuguesa está em linha com a desse País, considera o diretor-geral da Jordão, que no último ano exportou 61% das sua produção. Em 2016, a produtora de Guimarães atingiu uma faturação de “13,4 milhões de euros” e prevê crescer para os “14 milhões” este ano.
“Em muitas ocasiões, fazemos em Portugal o ‘teste de campo’ de soluções inovadoras a serem introduzidas no mercado interncional”, sublinha por sua vez o assessor de administração da Fricon, cuja exportação pesa 80% nas suas vendas em 50 países. Os espaços do Carrefour e da Walmart, no Brasil, são alguns dos exemplos internacionais de retalhistas que utilizam os equipamentos da produtora de Vila do Conde, que no ano transato faturou “18,5 milhões de euros”.
Especial Climatização
Internet das Coisas ganha relevância na climatização
O verão de 2016 foi o segundo mais quente desde 1931, o que puxou pelas vendas de equipamentos de ar condicionado. A Samsung foi uma das operadoras que beneficiou do “bom momento” para o setor, cuja tendência passa “cada vez mais por ecossistemas suportados pela Internet das Coisas, não só para empresas como para clientes finais”, explica ao HIPERSUPER Ricardo Martins, Air Conditioner Sales Manager da empresa para Portugal. Neste sentido, no início deste ano a marca lançou a série XB. O sistema de arrefecimento compatível com wi-fi pode ser controlado remotamente através da app “Smart Home” da marca, que dá acesso a “notificações em tempo real sobre o desempenho e uso diário de energia”, entre outras opções. Além disso, a abordagem ao equipamento permite reduzir até “72%” o consumo energético. O responsável considera, no entanto, que a atual falta de investimento em reabilitação para tornar os edifícios inteligentes é um dos principais entraves ao setor de climatização.