Brio chega ao Porto em 2017
A Brio estreou em 2008 o conceito de supermercado biológico em Lisboa. Depois de experimentar um crescimento de dois dígitos em 2015, abriu pela primeira vez fora da capital este ano e quer chegar ao Porto no próximo. A insígnia ambiciona gerir uma rede de lojas de dimensão nacional e criar uma marca própria
Ana Catarina Monteiro
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A Brio estreou em 2008 o conceito de supermercado biológico em Lisboa. Depois de experimentar um crescimento de dois dígitos em 2015, abriu pela primeira vez fora da capital este ano e quer chegar ao Porto no próximo. A insígnia ambiciona gerir uma rede de lojas de dimensão nacional e criar uma marca própria.
O consumidor atual, mais preocupado com a saúde e com a origem dos alimentos, está a impulsionar o crescimento da agricultura biológica em Portugal. As mercearias biológicas, que entregam aos clientes produtos naturais, sem os aditivos artificiais que contêm os alimentos industrializados, multiplicam-se pelas ruas das principais cidades do País. Mas foi a Brio que em 2008 estreou em Lisboa, e no País, o conceito de supermercado biológico. A cadeia, que hoje detém oito pontos de venda e que este ano expandiu para fora de Lisboa, vende tudo o que um supermercado tradicional oferece, desde os alimentos aos artigos de limpeza, higiene e cosmética, com a diferença que aqui são quase todos produtos biológicos.
“Não são todos mas 99% dos nossos produtos são biológicos. Alguns não são porque não podem ser. A água, por exemplo, não é biológica porque não há certificação para a água. Para se designarem como biológicos, os produtos devem estar certificados pelo símbolo europeu, sendo que depois há outros símbolos de certificação, como o francês. Nós hoje nem falamos com fornecedores que não sejam certificados. É a primeira pergunta que fazemos”, explica em entrevista António Alvelos, diretor-geral da cadeia de supermercados biológicos, que recebeu o HIPERSUPER na loja situada em Picoas, em Lisboa.
Inaugurado em outubro de 2014, o espaço apresenta a mesma diversidade de oferta do que um supermercado da grande distribuição. À entrada há um conceito de “bake off”, com pão aquecido no espaço que, neste momento, está a ser relançado em toda a cadeia. “Lançámos este conceito em junho passado mas as nossas lojas, como se localizam na sua maioria em Lisboa, ficam muito mais vazias durante os meses de verão. Agora que vamos voltar aos bons meses de vendas, aproveitamos para relançar este conceito”, dá conta o responsável.
Cosmética biológica e produtos sem glúten a crescer
O espaço divide-se em secções de conveniência como “Pronto a Levar” ou “Ao peso”, com produtos vendidos avulso – feijão, cereais, cuscuz, quinoa, sementes de papoila, de sésamo ou linhaça, entre outros – dispostos em dispensadores alinhados na parede. Percorrendo os lineares, encontramos as tradicionais áreas de congelados, laticínios, talho, peixaria, cosmética, vinhos e frutas e legumes. Devidamente assinaladas estão também secções mais específicas como “Vegetariano” ou “Sem Glúten”.
“Vendemos de tudo. Temos panos de limpeza feitos com componentes naturais. Já tivemos roupa biológica, feita com animais tratados biologicamente. Temos fraldas para bebés e produtos de cosmética, que estão em franco crescimento. Cada vez há mais pessoas com alergias e com problemas de pele que procuram estes produtos. Mas diria que o maior crescimento atualmente diz respeito aos produtos sem glúten e sem lactose. O que nos obrigou a abrir uma secção dedicada apenas a estes produtos. Como as pessoas sabem que somos uma loja mais especializada, chegam cá à procura destes artigos, umas porque os médicos aconselham outras porque este tipo de alimentos são agora uma moda”.
Faturar €5,5 milhões em 2016
Este ano, a Brio inaugurou três novas lojas, que representam um investimento de 500 mil euros. No final de fevereiro, a cadeia inaugurou o primeiro espaço fora da região de Lisboa, em Aveiro. Este estabelecimento e o localizado no Estoril são os únicos supermercados da insígnia que integram o formato de talho, com atendimento personalizado.
Além de Aveiro, os supermercados biológicos expandiram na capital, com as aberturas em Telheiras e Amoreiras. O último a abrir, no mês de agosto no shopping center, apresenta também a cafetaria Origem, que serve refeições.
Neste momento, a cadeia soma oito lojas, com uma dimensão média de 350 metros quadrados, e está em negociações para abrir uma nova unidade em Lisboa, na zona das Avenidas Novas. O diretor-geral prevê que inaugure em janeiro ou fevereiro do próximo ano.
A maior de todas as lojas situa-se em Carnaxide que, assim como os pontos de venda do Chiado e do Estoril, apresenta “vendas ligeiramente acima dos outros espaços”. No último ano, a retalhista atingiu um volume de negócios de “quatro milhões de euros, um crescimento de cerca de 20%” face ao ano anterior. “É normal crescer a dois dígitos quando se abre três lojas num ano como aconteceu em 2016. No ano passado abrimos apenas uma. No entanto, notamos que as vendas ‘like for like’ crescem também a dois dígitos. A faturação da loja do Estoril, por exemplo, está a crescer 30% este ano. A nossa expetativa é atingir aos 5,5 milhões de euros no final de 2016”, revela o diretor-geral, um dos três accionistas da insígnia, sendo que a maior fatia do negócio pertence ao grupo de investimento The Edge Group.
Brio quer chegar ao Porto até 2017
Todos os supermercados Brio estão na rua. Abrir em centros comerciais “não é uma opção estratégica”, embora também não seja uma hipótese colocada de lado. “Chegamos a negociar com o centro comercial Colombo. A iniciativa partiu deles mas depois desistiram. Temos agora a oportunidade de abrir no Porto, também dentro de um espaço já existente”.
A cadeia está à procura de espaços no Porto, com a ambição de “em 2017” já estar presente na cidade invicta. A longo prazo, o objetivo é claro: alcançar uma cobertura nacional. “Há uma zona que faz todo o sentido, mas é um passo difícil de dar, que é a do Algarve. Ainda estamos a aprender muita coisa com as lojas que temos em Lisboa. Para aumentar a operação temos que ter um negócio mais consolidado”, sublinha António Alvelos.
O mesmo acontece em relação à marca própria, um assunto que está “muitas vezes em cima da mesa”. “Estamos muito perto de atingir o volume de compras necessário para podermos ter uma marca própria. Temos que cumprir determinadas quantidades para podermos ter um embalamento próprio em português. Quando tivermos estas oito lojas a funcionar em pleno, já podemos ter marca própria”, revela.
Para promover a fidelização, a insígnia tem um cartão. Os cerca de 40 mil aderentes, apelidados de “brioneiros”, acumulam pontos para descontar nas faturas e recebem promoções exclusivas, uma newsletter, informação adicional, além de usufruírem de vantagens em serviços de entidades parceiras da cadeia.
Faltam transformados biológicos em Portugal
As lojas Brio oferecem em média “cerca de 3 500 referências”. Se pensarmos em quantidade, os fornecedores são na maior parte portugueses, mas em valor o cenário muda. Na área dos produtos perecíveis, que representa “cerca 45% das vendas” da insígnia, “80% dos fornecedores são nacionais”. Nas restantes categorias, que representam “cerca de 55% da faturação” da cadeia, “talvez apenas 20% dos fornecedores” são nacionais.
“Há muito pouca oferta de produtos transformados na agricultura biológica em Portugal. Nos lácteos, temos dois iogurtes produzidos pela Agros, que também tem leite biológico, e um fornecedor da Serra da Estrela que produz queijo biológico. Todos os restantes lácteos vêm de fora”, aponta o responsável, revelando que em Portugal só há um fornecedor de frango biológico – a Quinta da Azóia – e um único matador que pode tratar os animais em modo biológico.
“A agricultura biológica é um mercado relativamente recente no nosso País. Está a crescer consistentemente agora, comparando com a Alemanha, por exemplo, onde este já é um mercado maduro”.
Ainda assim, a área das conservas, compotas, chás, vinhos e mel é abastecida apenas por produtores portugueses. O diretor-geral destaca o dinamismo do setor nacional do vinho neste ramo da agricultura. “É interessante perceber o que cresceu em termos de oferta. Quando vim para a Brio, há cinco anos, a nossa garrafeira era toda internacional, existia dois ou três vinhos portugueses biológicos mas hoje há cada vez mais. Todos os dias nos aparecem produtores que agora fazem vinho biológico. O azeite português também apresenta cada vez mais oferta biológica”.
As frutas e legumes também são todas nacionais, embora “alguns produtores, por falta de volume de produção, às vezes vão buscar lá fora”.
Certificação portuguesa para peixe “biológico”
Apesar de a produção biológica ter regras definidas e certificados que atestam o cumprimento dos requisitos, há produtos para os quais ainda não se consegue comprovar a proveniência biológica. Nestes casos, os certificados atribuem-se às boas práticas no tratamento e comércio dos alimentos. Certificados como “Fair Trade”, ou outros mais específicos, fazem com que estes produtos se insiram no mundo biológico.
“Nas carnes, por exemplo, os alimentos dos animais têm que ter certificação biológica e não se podem dar hormonas nem antibióticos, como se dá todos os dias aos perus nos aviários. Têm que haver um espaço por animal com área para circularem, não podem estar enfiados a vida toda num sítio onde não se mexem”, explica o diretor-geral.
Já no que diz respeito ao peixe, as prateleiras exibem a marca Fixe em Casa que, em conjunto com a empresa portuguesa de certificação Sativa, criou um certificado específico para o pescado. “É um referencial. Metade da receita vai para o barco, que é pago na hora, e os produtos vêm diretamente para cá. Não pescam espécies protegidas, não fazem arrastões que provocam danos na biodiversidade do oceano, entre outras regras que a Sativa certifica que são cumpridas”.