Futuro de centros comerciais passa por “serviços e ambientes integrados”
Ao mesmo tempo que este ano se assiste ao regresso do investimento em centros comerciais, o comércio de rua cresce, dinamizado sobretudo pelo turismo. O que fazer parta tornar os shoppings mais competitivos?
Ana Catarina Monteiro
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O mercado de centros comerciais em Portugal, que perdeu investimento desde que explodiu a crise económica, parece ter voltado a estar na mira dos investidores. Depois de permanecer estagnado, o setor que já se apresenta maduro no país tem observado ao longo dos últimos tempos algumas trocas de operadores e renovações de espaços. Este ano, além do Nova Arcada que abriu em Braga, os antigos centros Dolce Vita Douro e Coimbra deram lugar a novas marcas.
No entanto, estes encontram pela frente a concorrência das lojas de rua, que estão a ganhar um novo dinamismo devido em grande parte ao crescimento do turismo. Qual das localizações é o melhor investimento para um lojista?
“Desde há 20 anos, quando o Colombo abriu, o preço por metro quadrado em centros comerciais aumentou. Hoje, as insígnias preferem apostar numa loja de rua na Avenida da Liberdade, por exemplo, do que num centro comercial”, diz António Gil Machado, diretor da Vida Imobiliária, por ocasião da segunda sessão do Ciclo de Conferências Rousseau, no passado dia 25 de maio, que girou em torno do tema Gestão de Centros Comerciais.*
Apesar disso, investir numa loja de rua supõe um maior risco, no que diz respeito ao retorno do valor, do que a aposta num shopping, onde o cliente é atraído pela conveniência da oferta variada. Este aspeto de menor risco funciona como atrativo para as novas insígnias que queiram entrar no mercado.
Centros comerciais impulsionam marcas
“Muitas marcas nasceram nos centros comerciais. Por exemplo, a Sacoor e a Salsa começaram com lojas pequenas de 20 metros quadrados e hoje são grandes marcas. O mesmo acontece com marcas internacionais, como a Loja do Gato Preto”, lembra . A aposta em novas marcas permite também cativar o público jovem para visitar os centros.
O diretor considera que cada shopping deve definir a sua própria identidade. Para contrariar os clientes que dizem que “os shoppings são todos iguais”, a Soane Sierra, dona do centro instalado em Lisboa, criou o programa Onboarding para “facilitar a entrada de colaboradores, diminuir as queixas dos operadores de loja e dos consumidores”. O programa pretende manter uma cultura de familiaridade entre todos os trabalhadores dos centros comerciais do grupo.
“Retorno depende muito da gestão”
“No Colombo, as visitas estão a cair, porque o cliente faz compras cada vez mais racionais, mas as vendas estão a subir”, desvenda o responsável, admitindo ainda que a operadora de centros comerciais do grupo Sonae está “a captar investimento para reformar centros comerciais”.
O retorno do investimento em um espaço de retalho num centro comercial depende muito do operador que gere o espaço. “O negócio dos shoppings é um negócio “the winner take it all” – há uns operadores que ganham e outros nem tanto”, explica o diretor da publicação sobre o setor imobiliário.
António Carlos Almeida, diretor de gestão dos centros Pragma, reconhece que para competir com as lojas de rua há também que mudar a gestão dos espaços. “Temos que reposicionar de forma estratégica os centros. É preciso encontrar novas fórmulas e proceder a uma reciclagem dos ativos, agora que o mercado está maduro e que dificilmente baterá novos recordes. É necessário apostar em ‘layouts’ mais sustentáveis, trazer a cidade para dentro do shopping e proporcionar mais experiência”.
“Lisboa é um dos destinos mais procurado por famílias”
Hoje em dia a sustentabilidade é um aspeto “obrigatório” a ter em conta quando se gere um centro comercial, sobretudo se o futuro destes empreendimentos passar por uma confluência mais natural com a cidade. O diretor de gestão de centros como o Dolce Vita Tejo acredita que “no curto prazo vão aparecer centros integrados”. Isto é, que conjugam espaços interiores e exteriores, envolvendo-se mais com a cidade.
Paulo Gomes defende que os centros não devem competir mas sim criar um plano estratégico entre si para fazer circular o público. “É preciso construir um macroplano em conjunto, que envolva todo o mercado. Um cliente se vai todos os dias ao Colombo morre de tédio. Necessita de variar nos espaços comerciais que visita. Temos que promover um ambiente integrado. Lisboa é neste momento um dos destinos mais procurados por famílias na Europa e não está a vender bem a sua marca”.
O responsável prevê que o futuro desta indústria passe pela oferta de serviços, que ainda não é abundante. “Quando despertar para esta realidade, vai crescer bastante, uma vez que estará mais próxima do público. A proximidade é o principal fator da procura”.
*O HIPERSUPER é ‘media partner’ das conferências promovidas pelo Forum do Consumo.