A moeda dos dias de hoje é a atenção dos consumidores, por João Cachulo (Generix)
A moeda dos dias de hoje é, mais do que nunca, a atenção dos consumidores. E captar essa atenção, porque esta é tão preciosa, requer acima de tudo um enorme respeito por parte de quem a solicita. Respeito pela privacidade, pelo tempo, e acima de tudo pela inteligência de quem requer os nossos serviços e com eles interage. E por isso é tão fundamental adoptarmos uma postura de clareza: nas intenções, nos processos e na apresentação do que colocamos ao dispor através da tecnologia

Rita Gonçalves
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João Cachulo, SaaS & IT Manager na Generix Group
A Apple introduziu o iPad há pouco mais de cinco anos; o iPhone há quase 10. Foram dois momentos transformativos que redefiniram aquilo que entendemos por ‘mobile computing’ e que impulsionaram a massificação de tablets e smartphones – computadores pessoais por excelência, dotados de sistemas operativos ‘desktop-class’ e ricos ecossistemas de aplicações – que hoje são ubíquos e parte integrante da nossa vida pessoal, social, profissional e, em não menor medida, da nossa atitude como consumidores.
Lembro-me de oferecer o primeiro iPad aos meus pais em dezembro de 2010. Os computadores que tinham tido até então nunca passaram de dispositivos indecifráveis para uma geração que não cresceu de mãos dadas com a tecnologia. O paradigma do ‘desktop’, abstracção que nos parecia tão intuitiva, não escondia a complexidade de coisas tão simples como “onde está o documento que criei”. O propósito da tecnologia é dar-nos a capacidade de ir (muito) mais longe do que nos é possível como “meros” seres biológicos, e isso não deve (nem tem de) ser um privilégio exclusivo de ‘nerds’ e entusiastas.
Em pouco tempo, e com relativamente pouco apoio da minha parte, a minha mãe torna-se uma prolífica utilizadora do Facebook e do e-mail, gestora da sua biblioteca digital de fotografias (fazendo inclusive ‘scans’ competentes do seu acervo físico), consumidora ávida de notícias e de um serviço de ‘streaming’ de música (outra das suas paixões), compradora de bilhetes electrónicos para espectáculos, e frequente utilizadora de video-chamadas. O meu pai, sempre pouco dado a estas coisas, descobre o prazer dos jogos de paciência (os baralhos de cartas não mais saíram da gaveta) e das notícias desportivas online.
Tudo isto é revelador de uma profunda transformação na forma como a tecnologia se apresenta hoje ao consumidor – uma clara simplificação dos modelos de interacção, a abstracção quase total de camadas que não são de todo relevantes para o utilizador comum, e o foco claramente dirigido para as tarefas a desempenhar. É a tecnologia a servir-nos e não o contrário, sendo cada vez menos aparente e interferente a sua presença.
E isso traduz-se numa enorme responsabilidade para todos nós, developers, designers e produtores de conteúdos, no sentido de garantir essa transparência e aproximar as nossas aplicações, os nossos portais, enfim, todo o mundo digital, à realidade de um cada vez maior número de pessoas que está ‘always-on’, e para quem os dispositivos de interacção com esse mundo são cada vez menos os de outros tempos. ‘Responsive design’ (uma abordagem ao ‘web design’ que visa a adaptabilidade dos conteúdos a uma diversidade de dispositivos de diferentes dimensões), para dar apenas um exemplo, deve ser uma prioridade inquestionável.
A moeda dos dias de hoje é, mais do que nunca, a atenção dos consumidores. E captar essa atenção, porque esta é tão preciosa, requer acima de tudo um enorme respeito por parte de quem a solicita. Respeito pela privacidade, pelo tempo, e acima de tudo pela inteligência de quem requer os nossos serviços e com eles interage. E por isso é tão fundamental adoptarmos uma postura de clareza: nas intenções, nos processos e na apresentação do que colocamos ao dispor através da tecnologia.
As pessoas votam efectivamente com a sua atenção e têm hoje a capacidade e os meios para o fazer em qualquer momento e em qualquer lugar (ou quase). E é esse novo paradigma, potenciado pelo surgimento de dispositivos tão enormemente transformativos como o iPad e o iPhone (e todos os que subsequentemente capitalizaram a sua influência), que lhes confere um poder imenso, poder esse que é tão salutar como, ele próprio, transformador.
O autor escreve segundo o antigo acordo ortográfico