Especial

Especial Logística. Transportadoras promovem comércio sincronizado

A pressão para redução de custos, aliada à exigência de uma rede de distribuição flexível que garanta rápidas entregas, levou o setor da logística a reinventar a sua proposta de valor. Recorrendo à inovação tecnológica, hoje um poderoso aliado na gestão dos negócios

Ana Catarina Monteiro
Especial

Especial Logística. Transportadoras promovem comércio sincronizado

A pressão para redução de custos, aliada à exigência de uma rede de distribuição flexível que garanta rápidas entregas, levou o setor da logística a reinventar a sua proposta de valor. Recorrendo à inovação tecnológica, hoje um poderoso aliado na gestão dos negócios

Sobre o autor
Ana Catarina Monteiro
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A globalização do comércio desenvolve-se à boleia das redes globais de distribuição inteligentes e dinâmicas, desenvolvidas pelas empresas de transporte. Desde a crise deflagrada em 2009, o retalho procura conter despesas e o setor dos serviços, onde se encaixam a logística e os transportes, tornou-se vulnerável a estes cortes. “A redução dos custos logísticos foi muito grande, a crise obrigou as empresas sobreviventes a repensar o negócio e a deduzir os desperdícios quer na área da produção, quer nas operações de suporte das quais a logística e transportes são parte integrante”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Sofia Ferreira, general manager da Plogistics.
Esta situação concedeu uma consciência de otimização e inovação ao setor logístico, que foi alargando a outros segmentos de negócio, como por exemplo a analítica, para uma proposta de valor acrescentado. Os serviços disponibilizados abrangem hoje muito mais do que a simples gestão da cadeia de abastecimento, estendendo-se a todos os processos de um negócio, desde a atração do cliente final à antecipação das suas exigências.

logistica“Fotografia de todos os processos”

“Os sistemas de gestão de transporte fornecem hoje uma fotografia clara de todos processos de uma empresa. Este conjunto de dados permite fazer análises rápidas e claras de forma a melhorar e otimizar as diferentes atividades, bem como as suas interligações, e, assim, gerir melhor os processos de negócio. A analítica possibilita à gestão definir a quantidade de indicadores que serão úteis na melhoria da sua performance global. Com esta tecnologia, as empresas têm todas as condições para conhecerem a sua atividade – os seus clientes e os recursos afetos à gestão das operações -, saber de forma mais fiável qual a rentabilidade de um determinado cliente e, consequentemente, decidir em conformidade”, explica em entrevista José Cardoso, administrador da portuguesa Klog, fundada em 2012.

O responsável da empresa que atua nos segmentos terrestre, aéreo, marítimo multimodal (short sea e rail) e logística contratual entende que “os retalhistas estão cada vez mais a apostar na velocidade das entregas”. Os maiores desafios que estes assumem na gestão logística prendem-se com a “conciliação da redução de custos fixos e o crescimento da atividade”. A contratação da logística em “outsourcing” permite à distribuição focar-se na qualidade de atendimento e estratégias de promoção, que formam o seu ‘core business’. “As empresas atualmente têm ‘know-how’ e experiência suficientes que lhes permitem saber o que querem, definindo um caderno de encargos claro e preciso que faz com que o parceiro logístico produza serviços com qualidade e competitividade que são medidos diariamente mediante os KPI (Key Performance Indicator) contratualizados. Juntando a todo este processo os sistemas de informação, o cliente acaba por nem se aperceber que tem a sua operação logística em outsourcing”, reforça.

Cadeia de fornecimento focada no “trade-in-time”

UPS Frota ElétricaPara Carlos Pinheiro, BD manager da UPS, “assumindo-se como uma tendência cada vez mais forte, a estratégia relativa à ‘supply chain’ passa por localizar as várias etapas da produção – investigação e desenvolvimento, produção, fabricação de componentes, montagem final, marketing, distribuição e comercialização – o mais próximo possível dos melhores recursos disponíveis, para que assim se possa acrescentar valor aos produtos”. Desta forma, “os líderes na gestão das ‘supply chains’ encontram-se focados no ‘time-in-trade’, garantindo que cada componente da cadeia de valor se encontra precisamente no local certo, no momento certo, na condição certa e com um custo altamente competitivo. Em suma, falo do comércio sincronizado”. A empresa direciona “mil milhões de euros” do seu orçamento anual para tecnologia, apostando numa “abordagem holística na gestão da cadeia de abastecimento”. Uma das prioridades da multinacional é o aumento da sua “frota alternativa ao diesel, com intenção de reduzir o uso dos convencionais combustíveis fósseis até 12% por ano”. Além disso, lançou “nos Estados Unidos a solução de processamento de dados ORION (On-Road Integrated Optimization and Navigation) que utiliza detalhes da embalagem e mapas de dados online altamente personalizados, para criar a rota de entrega mais eficiente para os nossos motoristas”.

DHLPara uma maior eficiência das redes “há uma série de facilidades que podem ser exploradas e algumas que já estão a ser testadas, como por exemplo a utilização de robots (drones) nas entregas e outros produtos inovadores, dá conta em entrevista José Ferreira, diretor de operações da DHL em Portugal. “Para isso, o grupo DPDHL tem atualmente dois Centros de Inovação, um na Alemanha e outro em Singapura”. Além disso, a empresa detém “um departamento dedicado ao estudo de tendências de mercado e respetivas soluções que possam prever, antecipar e dar resposta às necessidades mais prementes dos nossos clientes”.

Aplicar ‘big data’ à logística

Com a automatização de processos através do investimento em tecnologia, que permite retirar mais CentroInovaçãoDHLinformações e controlar toda a cadeia, o setor de logística transforma-se num poderoso aliado para os processos de gestão dos negócios. “O setor está a orientar-se para rentabilizar a informação de que dispõe e encontra-se numa posição privilegiada para beneficiar dos avanços tecnológicos e metodológicos inerentes ao conceito ‘big data’. As empresas de logística gerem ao minuto um fluxo massivo de produtos que, por sua vez, origina muita informação. Por dia são monitorizados milhões de envios, com origem e destino diversos, e dimensões, peso e conteúdo distintos”.

A DHL realizou um estudo sobre o conceito ‘big data’ na área da logística (“Big Data in Logistics”), no âmbito do programa “Logistics Trend Radar”. Segundo este estudo, “o big data pode otimizar três categorias diferentes de informação na logística: eficiência operacional (otimização de rotas, gestão massiva de recolhas e entregas, planeamento estratégico de toda a rede e planeamento da capacidade operacional); a experiência do cliente (gestão dos níveis de fidelização de clientes, melhoria contínua do serviço e inovação de produtos, avaliação de risco e planeamento da capacidade de adaptação e de renovação); e os novos modelos de negócios (‘market intelligence’ para pequenas e médias empresas, análise financeira do mercado e de toda a cadeia de valor, e ‘environmental intelligence’). Sabemos que a análise de grandes volumes de informação, pelas áreas de gestão de produto, pode permitir fornecer serviços cada vez mais adaptados às necessidades do mercado e desejos dos clientes”.

entregasEcommerce: Aposta em pontos de recolha e ‘tracing’

Segundo o BD manager em Portugal da empresa UPS, sediada em Altanta, nos Estados Unidos, “os portugueses são cada vez mais adeptos do ecommerce, estando este setor a apresentar uma dinâmica de crescimento muito interessante. Os dados apontam que cerca de 4,8 milhões de cidadãos portugueses acederam a websites de comércio eletrónico a partir dos seus computadores pessoais no último trimestre de 2014. Este número corresponde, de acordo com os resultados do Netpanel da Marktest, a 79,7% dos internautas nacionais”.

O estudo da UPS “2014 Pulse of the Online Shopper”, revelou a ascensão do “cliente flex”, um comprador online que muda facilmente de canais e dispositivos para avaliar e comprar produtos. “Este novo modelo de consumo mudou os padrões de compra dos consumidores domésticos em muitos aspetos, nomeadamente ao nível da comparação de produtos. Usando cada vez mais múltiplos dispositivos, o omnicanal é também altamente valorizado por estes consumidores que esperam uma experiência positiva e consistente em todos os canais – desde o online e ‘mobile’ até à compra na loja física”.

As novas tecnologias revolucionaram a forma de fazer negócios e a atividade das transportadoras em particular. O mundo do comércio eletrónico abriu portas ao setor para as áreas de negócios B2C (Business to Consumer), que vieram trazer uma avalanche de novas possibilidades de operação.

Para a Chornospost Portugal, o ecommerce já representa “20% do volume da atividade e 15% da faturação”, revela Carla Pereira, diretora de Marketing e Comunicação da filial portuguesa da transportadora. Com a evolução do comércio eletrónico, a empresa sentiu necessidade de “alterar toda a estratégia e reformular a sua estrutura” para dar resposta às necessidades do eshopper, introduzindo uma série de novos serviços para otimizar a entregas.

Rede de recolha dos operadores logísticos

Uma das apostas foi a construção da rede ‘Pick up’, a partir de “2010”, formada em parceria com Pick meestabelecimentos comerciais. Em Portugal já conta com “500 lojas parceiras” e previsão aponta para as “600 insígnias aderentes no final de 2016”. Além do comércio tradicional, a rede ‘Pick up’ da Chronopost integra lojas de retalhistas como o AKI ou o Jumbo.

“O nosso objetivo é melhorar a conveniência destas lojas, sendo que atualmente já temos mais de 90% da população a menos de 15 minutos de distância de um destes pontos. Estamos certos da importância que a rede ‘Pick Up’ tem para os nossos clientes, razão pela qual passámos a entregar ao sábado, na nossa rede, as encomendas recolhidas à sexta-feira. A rede ‘Pick up’ teve um reforço superior a 10% em número de lojas e celebrou, em novembro passado, a encomenda cinco milhões”, explica a diretora.

“No setor da Distribuição são cada vez mais os retalhistas que procuram um operador logístico que lhes possibilite integrar as soluções de ‘shipping’, ‘tracing’ e de escolha do tipo de entrega nos seus próprios ‘websites’. E muitos já confiam as suas entregas na nossa rede de recolha para proporcionarem aos seus clientes uma nova experiência de entrega que dê resposta àquelas que são as necessidades de proximidade e de interatividade dos clientes finais”, salienta.

ChronopostnewFocada no consumidor final, a empresa lançou no “início do verão passado”, a solução ‘LiveTracking’, que “permite ao destinatário da encomenda acompanhar o percurso da mesma em ambiente ‘Google Maps’”. Um outro dos serviços de “bandeira” é o ‘Predict’, um alerta interativo ao destinatário que lhe permite controlar o dia e hora de entrega da sua encomenda. A solução está no mercado “desde 2013”. Além disso, a empresa alargou o serviço de entregas e recolha de encomendas ao domingo, tornando-se a “primeira operadora de entregas expresso a oferecer esta possibilidade”.

Os operadores batalham pela “redução do número de tentativas” na entrega de encomendas. “Os operadores logísticos têm-se esforçado para reduzir custos, recorrendo a formas mais inteligentes de fazer entregas, evitando desperdícios”, considera Carla Pereira. Constrangimentos da entrega ao domicilio levaram também a UPS a apostar num modelo de recolha na Europa, assim como no serviço “My Choice”, que faz com que os consumidores controlem, “de forma abrangente e em vários domínios”, as suas entregas no lar.

Outras das operadoras que tem vindo a apostar num modelo de recolha associado a “lojas de dhl_vinhoproximidade” é a DHL, que assegura a distribuição em Portugal Continental e Ilhas, através de 13 centros de distribuição. Presente em mais de 220 países, a empresa também passou por uma adaptação do negócio para dar resposta à expansão do comércio online. “Com o aparecimento e o crescimento repentino do modelo de negócio B2C, passámos a pensar na ótica do destinatário final. Nesse sentindo, criámos a solução ‘On Demand Delivery’ (ODD), que permite ao destinatário ser informado assim que a encomenda é recolhia no local de origem e aceder a um link, para que de forma rápida e cómoda possa decidir em que dia, hora e local pretende receber a encomenda. Esta solução permite pensar em conjunto, com o destinatário, a forma como este pretende receber a sua encomenda aumentando decisivamente as probabilidades de as entregas serem feitas com sucesso à primeira”, dá conta o diretor de operações em Portugal.

Reduzir o ‘lead time’ com soluções flexíveis

Com três plataformas logísticas (Vila do Conde, Coimbra e Lisboa) em Portugal e dois ‘hubs’ internacionais, em França (Poitiers) e Alemanha (região de Frankfurt), a operadora nacional Klog está neste momento a “preparar uma novo segmento de negócio para responder à expansão das compras online”.
“A nossa experiência diz que os retalhistas estão cada vez mais a apostar na velocidade das entregas”, explica o administrador. A operadora portuguesa que no último ano conquistou uma faturação de 33 milhões de euros, oferece “janelas horárias fixas para realizar estas entregas no mercado de grande consumo, normalmente ao início do dia até final da manhã e já começa a “sentir necessidade de entregas frequentes noturnas”. “Temos equipas de ‘customer service’ que funcionam 24 horas, de forma a responder com eficiência a todo este processo. Disponibilizamos ainda retorno de informação e comprovativo de entrega online e fazemos toda gestão documental associada a este processo”, sustenta José Cardoso. Com seis agências no mercado nacional, que asseguram a distribuição em todo o País em 24 horas, a empresa oferece “rotas de distribuição bi-diárias nos principais centros urbanos” para reduzir o ‘lead time’.

transportes_mercadoriasSendo que hoje as lojas “não têm stock devido à elevada rotatividade dos produtos”, a escolha no mercado de grande consumo passar por “centrar em grandes polos e distribuir”. “Aposta-se muito na troca entre lojas”, diz a diretora de marketing da Chornospost. O que sobrecarrega os operadores de transporte, que se deslocam com mais frequência e com volumes de encomendas fracionados, ao mesmo tempo que são pressionados para a redução do tempo de entrega.

Por outro lado, a dinâmica de abertura de lojas de proximidade também veio trazer novas exigências para os entrepostos logísticos, sobretudo ao nível da aquisição de espaços. “A concentração dos polos logísticos situados em locais estratégicos para o abastecimento das lojas é uma das consequências destas transformações a que temos assistido nos últimos anos e que comprovadamente criam sinergias, com a consequente redução de custos. A procura de armazéns e espaços logísticos está a aumentar novamente, mas a exigência dos ‘players’ é crescente. Vemos muitos espaços “abandonados” simplesmente porque a localização não faz sentido”, indica a general manager da Plogistics.
Para Carlos Pinheiro, da UPS, há uma tendência nos últimos anos “para abandonar armazéns em ‘velhos’ setores, abrindo novas lojas de grandes dimensões em áreas mais recentes e de maior desenvolvimento. Os operadores cuja atividade se baseia numa rede à escala nacional, desde a produção até à entrega final, tem que estar bem posicionado, de preferência perto dos aeroportos e da A1, a autoestrada que liga o Porto a Lisboa, dois dos principais centros populacionais. Para os operadores logísticos nacionais é mais rentável estar perto dos grandes centros de distribuição no País, o que, no caso do mercado alimentar, é a área da Azambuja, onde os grandes distribuidores estão concentrados”.
O setor logístico impulsiona também as exportações portuguesas e os centros de distribuição dos operadores logísticos devem estar localizados em zonas estratégicas. Para apoiar as exportações, a DHL inaugurou “em 2012 um terminal de carga expresso com mais de 12 500 metros quadrados no aeroporto do Porto e está a avançar com um projeto semelhante no aeroporto de Lisboa”. Por sua vez, a Chornospost tem apostado no serviço rodoviário “Chrono Classic”, que permite entregas “por exemplo do Porto para qualquer parte de França “em dois dias”. Já a Plogistics, além de ter parceiros em “praticamente todos os países do mundo”, garante “atrativas condições para envio de pequenas encomendas para destinos em Cabo Verde e Guiné-Bissau”.

Custo logístico está estável

UPS - Worldwide ExpressA UPS apresenta uma “Rede Multimodal” conciliando soluções de transporte “marítimos, aéreo e rodoviário” para uma maior flexibilidade nas soluções que oferece a empresas exportadoras. O BD manager destaca o apoio a empresas nacionais, como o produtor de vinhos de mesa mais antigo de Portugal José Maria da Fonseca (JMF), que encontrou na empresa “um conjunto de soluções projetadas para agilizar todo o processo – carga, despacho aduaneiro e entrega das encomendas. Hoje, 75% dos vinhos de maior qualidade da marca são exportados para retalhistas de mais de 70 países”. No setor do retalho, a rede da da operadora permitiu à retalhista portuguesa Salsa reduzir o “time to market” para as suas lojas. Consegue “fazer envios em qualquer dia útil para qualquer destino com tempos de entrega reduzidos, assim como a escolha do tipo de serviço mediante a urgência no envio”.

Segundo administrador da Klog, depois de uma “ligeira queda desde 2009”, os preços no setor da logística “estabilizaram” assim devem ficar, pelo menos, até final de 2016”.

Sobre o autorAna Catarina Monteiro

Ana Catarina Monteiro

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Retalho gerou 70.015 M€ de volume de negócios em 2023

Em 2023, o VAB do retalho representou aproximadamente 4% do PIB nacional e o volume de negócios ascendeu a 70.015 milhões de euros. Cada euro de produção do retalho gera 3,1 euros de produção total na economia portuguesa. É o segundo maior setor na economia nacional.

Estas são algumas das conclusões do estudo ‘Impacto Económico do Setor do Retalho em Portugal, realizado pela NOVA SBE, com coordenação dos professores João Duarte e Pedro Brinca, a pedido da APED (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição).

Um sumário executivo do estudo foi apresentado durante o APED Retail Summit, que decorreu esta quarta-feira, 7 de maio, no SUD Lisboa. “O setor do retalho representa uma enorme fatia da criação de riqueza no país”, começou por referir João Duarte, na apresentação do estudo.

O documento teve como objetivo estimar o impacto económico do setor em Portugal, não apenas na atividade direta como também o efeito, por via da cadeia de valor, na economia nacional. E caracterizou o retalho a nível nacional, incluindo a caracterização dos associados APED e estimou o impacto em termos dos principais indicadores económicos.

Uma das principais conclusões aponta que o setor gerou 70.015 milhões de euros de volume de negócios em Portugal, em 2023, o que representou 12,7% de toda a faturação das empresas privadas do país. O Valor Acrescentado Bruto (VAB) do setor foi de 11.300 milhões de euros, que representa 7,7% do VAB nacional.  “O setor do retalho é o segundo maior em termos de faturação, de valor acrescentado e de emprego na economia nacional”, revelou João Duarte, com base nas conclusões do estudo.

“Não só tem um peso significativo na economia, mas é ele próprio, também, um motor de crescimento da economia”, sublinhou João Duarte na apresentação do estudo

6.114 milhões de euros em salários

Quanto às remunerações, atingiram 6.114 milhões de euros, ou seja, 9,2% do total de salários em Portugal. E um em cada dez trabalhadores em Portugal, está diretamente ligado setor.

O setor emprega uma grande fatia da população. Um em cada dez trabalhadores está diretamente relacionado com a atividade do retalho. São 76.896 empregos gerados, ou seja, 10,1% do total dos empregos no tecido empresarial privado do país.

O estudo destacou também o impacto do retalho no desenvolvimento económico do país. O setor representou, diretamente, em 2023, aproximadamente 4% do PIB nacional. “Não só tem um peso significativo na economia, mas é ele próprio, também, um motor de crescimento da economia. Porque além de ter um peso elevado, cresce acima da média nacional”, sublinhou o professor da NOVA SBE.

O documento coloca ainda em evidência o peso dos associados da APED no global do setor do retalho nacional. Em 2023, do total de 70.015 milhões de euros de volume de negócios gerado, 31.004,9 milhões de euros foram gerados pelas empresas associadas à APED. O que representa 44,3% da faturação do setor.

Impacto total, direto e indireto

Com base nas informações retirados de um inquérito enviado a todos os associados da APED, e complementadas pelos dados do INE, a NOVA SBE chegou aos impactos diretos e indiretos (fornecedores e clientes) do setor em Portugal. E concluiu que em 2023, o impacto total do retalho na economia portuguesa, ascendeu a 62.430,8 milhões de euros em produção (12% do total), 35.340 milhões de euros em VAB /15,2%), 6.057 milhões de euros em receitas fiscais (14,6%) e 18.275 milhões de euros em remunerações (14,5%). Foi ainda responsável por 1.204.460 empregos equivalentes a tempo completo (23,7% dos empregos no país).

“O retalho é, portanto, um amplificador económico em Portugal, que alavanca a atividade económica da produção agrícola e industrial ao mesmo tempo em que também alavanca serviços profissionais e empresariais que são cruciais na atividade do retalho”, conclui o estudo.

 

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California Fotografia Frame It
Alimentar

Marta Baptista: “A agricultura faz-se com pessoas”

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, alerta para os desafios que se impõem na produção de pequenos frutos, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Em entrevista, sublinha a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Fotografias Frame It

A sustentabilidade da produção de pequenos frutos enfrenta uma pressão crescente, impulsionada pela escassez de recursos naturais, alterações climáticas e exigências sociais. Em entrevista ao Hipersuper, realizada em Odemira, no dia do 20º Aniversário do Test Plot da Driscoll’s, a vice-presidente de Investigação Agrícola e Investigação Global de Plantas da Driscoll’s California, Marta Baptista, alerta para os desafios que se impõem ao setor, com destaque para a gestão da água, a escassez e retenção de mão de obra e a necessidade de reforçar a inovação. Marta Baptista sublinha também a importância de colocar as pessoas no centro da estratégia agrícola. E não tem dúvidas: o melhor sítio para trabalhar é onde sente que pode fazer a diferença.

Marta Baptista, vice-presidente de Investigação Agrícola
e Investigação
Global de Plantas da Driscoll’s California

Quais são os principais desafios quando falamos na produção de pequenos frutos?
Os recursos naturais são, hoje, uma preocupação global. Falo, desde logo, da água e da disponibilidade de solos, que precisam de ser utilizados de forma equilibrada – não demasiado intensiva, mas ainda assim rentável. Se tivermos muitos hectares concentrados numa mesma zona, acabamos por usar os recursos de forma insustentável para a comunidade. Já nos aconteceu em alguns locais e aprendemos com isso. A água é cada vez mais o desafio número um.
A mão de obra é outro fator crítico. Precisamos de garantir condições sustentáveis, que levem as pessoas a querer voltar e a sentir-se bem. Os pequenos frutos são muito intensivos em termos de mão de obra, especialmente porque a colheita é manual. Esta representa entre 50% a 70% do custo total de produção, dependendo do país e da variedade. Exige muitas pessoas, que por sua vez necessitam de habitação, escolas, água… é um desafio.
Outro desafio é a instabilidade climática resultante das alterações climáticas. Ainda há quem pense que as alterações climáticas são algo do futuro. Não são. Estão aqui, há muito tempo, e afetam a produção esperada, as curvas de produção e os volumes. Sem previsibilidade, não conseguimos vender bem, nem trabalhar com os produtores na gestão de expectativas. Falta ainda muita tecnologia e informação, especialmente nos pequenos frutos, para mitigar estes efeitos. Como operamos em muitos países, sentimos isto todas as semanas – há sempre um evento climático extremo. Dá uma boa noção do quão real isto já é.

Em Portugal, a água é também o principal desafio?
Sem dúvida nenhuma. É o número um. Os restantes vêm muito depois.

O que é que precisamos, então?
Não queria entrar em questões políticas, mas a verdade é que o perímetro de rega foi construído nos anos 60. Na altura foi bom, inovador, mas hoje está completamente desadequado. As infraestruturas são as mesmas, com fraca manutenção. Não há pressão nos canais de rega, há muitas perdas. Os colegas da Lusomorango podem dar números mais precisos, mas há perdas significativas. Precisamos de soluções estruturais, que não são fáceis, mas são investimentos para gerações, não apenas pontuais.

Com essas infraestruturas, poderíamos produzir mais?
Sim, poderíamos produzir mais, em mais regiões, e de forma menos concentrada. A Driscoll’s já está a crescer em regiões como o Norte de Portugal, Cantanhede, Tocha, Algarve, exatamente para diversificar esta intensidade.

Que frutos é que já colheram com essa atuação em Portugal?
Nos campos de ensaio implementámos e otimizámos técnicas de uso de água, como a recolha de água da chuva – não toda, para permitir a recarga dos aquíferos, mas uma parte. Também promovemos a recirculação da água. Dois dos nossos maiores produtores já utilizam este sistema. Ontem visitámos uma quinta da Maravilha Farms que está a 100% em recirculação. A água de drenagem, que contém adubo, é recolhida, analisada, desinfetada com luz ultravioleta e reutilizada. Isto permite poupança de adubo e evita a poluição. São exemplos concretos de frutos colhidos – metafóricos e literais – destes investimentos. Mas ainda há muito por fazer. Fundámos o Centro de Investigação para a Sustentabilidade em 2023 com o INIAV, a Lusomorango e um produtor parceiro. É o início da jornada.

Para além da água, que outros exemplos de inovação estão a ser aplicados?
O sistema de produção em substrato não foi inventado aqui, mas era utilizado em pequena escala em países frios para proteger as plantas no inverno. Inovámos ao otimizá-lo para climas mais temperados, como o português. Comparado com o solo, o substrato permite poupanças de até 25% de água e fertilizantes. É uma inovação replicável que se tornou praticamente o standard da indústria, dentro e fora da Driscoll’s. Este campo foi pioneiro nesse processo.

Sai muita inovação daqui para o mundo?
Sim, muita. Tanto para a Driscoll’s como, por vezes, para a indústria em geral.

Os fertilizantes são um mal necessário ou há alternativas?
Os fertilizantes são essenciais – potássio, azoto, fósforo – são elementos naturais e fazem parte da nossa alimentação. Mas são recursos finitos e o seu fabrico e desperdício têm impactos. A recirculação é uma inovação que permite reutilizar esses nutrientes. Outra inovação é a seleção de variedades mais eficientes – como a ‘Reina’, que precisa de menos 30% de adubo para produzir o mesmo. Hoje, priorizamos essas variedades.

Como se equilibra a sustentabilidade com a produtividade e o negócio?
Criámos métricas que refletem esse equilíbrio. Por exemplo, em vez de medir a água total usada, medimos litros por quilo de fruta vendida. Isso dá uma perceção mais realista da eficiência e cria consciência. Hoje, produtores perguntam quantos litros por quilo usa determinada variedade – algo impensável há poucos anos. Isso já faz parte do pensamento agrícola.

Nota uma mudança de mentalidade entre os produtores?
Sim. Aqui, na região do Sudoeste Alentejano, onde há escassez real e legal de água, os produtores têm muita vontade de aprender. Noutros locais, onde a escassez não é tão evidente, pode haver mais resistência. Mas as técnicas e variedades já estão desenvolvidas e são transferíveis, com pequenas adaptações.

Essa partilha de conhecimento é uma das coisas mais valiosas do seu trabalho?
Sem dúvida. Gosto muito disso. A informação bem aplicada e bem transferida é uma ferramenta poderosa. Estamos na era do social media, mas na agricultura a partilha entre pares ainda é essencial. Informação é poder, também na agricultura.

A agricultura de hoje é diferente daquela que vemos nos livros escolares?
Completamente. Hoje é uma ciência com tecnologia, sensores, melhoramento genético. Esta manhã falávamos de usar inteligência artificial para desenvolver programas de fertilização. Não é ficção científica, é real. Mas os jovens ainda não têm essa perceção. Falta mostrar o que há de melhor na agricultura, especialmente nas idades mais jovens.

É um setor que precisa de pessoas, certo?
Claro. A tecnologia não substitui pessoas, transforma o trabalho. Pode ser mais intelectual, com mais valor acrescentado. Não precisamos de cavar, temos tratores, mas precisamos de pensar em soluções, como para a água. Pode até ser mais estimulante.

Diz-se que os frutos mais doces são de Portugal. Porquê?
Algumas regiões em Portugal, como esta onde estamos, têm uma combinação de fatores naturais muito especial: clima ameno, invernos suaves, verões não excessivamente quentes, e uma brisa refrescante que ajuda as plantas. Esta combinação encontra-se em poucas regiões no mundo. Quem me dera encontrar mais Zambujeiras por aí.

Quais são as linhas de investigação mais transformadoras no Centro de Investigação e Sustentabilidade?
A recirculação da água é uma das mais adotadas. Há também investigação sobre o uso de luz ultravioleta no combate a doenças, substituindo pesticidas. Outro foco é a compostagem do substrato de coco – queremos fazer mais. Não sei se haverá um breakthrough, mas há avanços incrementais em várias áreas. Estamos também a estudar formas de medir a biodiversidade usando inteligência artificial e fotografia. A ideia é que os sistemas indiquem ao produtor onde existe uma praga, para que ele possa atuar com precisão.

A inteligência artificial é já presente ou ainda é futuro?
É aspiracional, mas será realidade nos próximos cinco anos. Vai ser utilizada de várias formas: programas de fertilização, melhoramento genético, deteção de pragas. Estamos a começar com ideias piloto, mas vai ser transformador.

O estudo de pragas e doenças é essencial?
Sim. Se não conhecermos as pragas, não podemos preveni-las. E prevenir é sempre mais barato do que tratar. É preciso conhecimento profundo: há insetos que se alimentam de outros, e só com essa base científica conseguimos soluções biológicas eficazes.

O que são as iniciativas Ask the Grower e Virtual Test Plots?
O Ask the Grower nasceu na pandemia, quando vimos que era necessário continuar a transferir conhecimento, mesmo sem poder viajar. É uma plataforma virtual onde produtores partilham experiências com outros produtores. Continuou após a pandemia e vai regressar este ano.
Os Virtual Test Plots são visitas virtuais aos campos de ensaio, com vídeos bem preparados. Mostramos variedades novas ou inovações tecnológicas. Estão acessíveis a todos os produtores e colaboradores da Driscoll’s no mundo, desde que tenham internet.

Portugal pode beneficiar das experiências de outros países?
Sem dúvida. Por exemplo, neste campo desenvolvemos a produção de mirtilo em substrato, algo que parecia impensável. Hoje, essa técnica é usada no Peru, México, África do Sul… Aprendemos também com outros, como na poda de mirtilo – aprendemos com Austrália e Peru. Copiar boas práticas deve ser feito com orgulho.

Em que ponto está Portugal em relação a outros países?
Nada para trás. O recorde de produção de framboesa fresca que conheço, dentro e fora da Driscoll’s, é em Portugal. Também tivemos o recorde de mirtilo até há poucos anos. Fala-se muito de Portugal como estando atrasado, mas não está.

De todos os países onde já trabalhou, onde gosta mais de trabalhar?
Onde sinto que posso fazer a diferença. Há 20 anos, quando começámos aqui, os produtores sabiam pouco e o impacto era enorme. Hoje, são eles que nos ensinam. O impacto mais forte acontece agora em regiões que estão onde Portugal estava há 20 anos. É gratificante trabalhar onde conseguimos fazer um impacto real na comunidade.

A Marta valoriza muito o papel das pessoas…
Sem dúvida. A fruta faz-se com pessoas. A agricultura faz-se com pessoas. A Driscoll’s faz-se com pessoas. As pessoas têm de estar no centro das nossas preocupações. Infelizmente – ou felizmente – as framboesas não crescem sozinhas.

E o bem-estar das pessoas ultrapassa a apanha da fruta. Falamos de alojamento, de condições…
Sim. Um trabalhador que não tenha boas condições não vai querer voltar. E, se não voltar, temos de ensinar outro. E um novo trabalhador, no início, tem baixa produtividade. Portanto, temos todo o incentivo para reter e para fazer com que as pessoas se sintam bem. Custa muito tempo e dinheiro ensinar constantemente. Reter trabalhadores — tanto os da apanha como os técnicos especializados — é recompensador. Vale mesmo a pena. E estou a dar-lhe uma resposta muito honesta do ponto de vista económico: vale mesmo a pena.

Como olha para tudo o que foi construído nestes 20 anos? Começaram do zero…
Começámos com a ajuda do INIAV, com o engenheiro Pedro Carlos Oliveira, e com poucos colegas. Cabíamos todos num carro, eramos cinco. Hoje, só na Driscoll’s Europa, somos… talvez mil. Tenho muito orgulho, claro, mas o que mais me fascina é o impacto das pessoas que passaram por aqui. Pessoas que formámos e que depois formaram outras. Esse efeito de cadeia é a parte mais bonita de tudo isto.

É isso que a mantém aqui?
Sim. Fazer a diferença. Ver que há impacto. Podia ter seguido outros caminhos, tive convites, mas o que me mantém é ver o crescimento das pessoas, perceber que deixamos marca. Pessoas que agora ocupam cargos importantes. Por exemplo, o Andy, hoje vice-presidente das operações na Europa, esteve na minha equipa até maio do ano passado. Podia olhar para isso como uma perda, mas olho com orgulho. Ele merece. E há mais como ele. Muitos estão aqui agora mesmo.

Essa filosofia da Driscoll’s é muito forte?
Temos processos de recrutamento muito exigentes. Às vezes até pedimos desculpa aos candidatos — são entrevistas atrás de entrevistas. Mas vale a pena. Porque depois de entrarem, investimos. E custa muito recomeçar do zero. Quando perdemos alguém — e já perdemos pessoas muito boas — recrutar e formar de novo é difícil. O conhecimento técnico pode ensinar-se. O alinhamento de valores é mais difícil. Por isso damos tanta importância a essa área. E depois, queremos reter as pessoas o máximo de tempo possível.

A retenção de talento é hoje também um desafio?
É, sim. Mas se formos proativos e pensarmos: “Como é que podemos ajudar esta pessoa a dar o próximo passo?”, conseguimos manter as pessoas motivadas e na empresa. Se formos passivos e esperarmos que a pessoa levante a mão, nem todos o farão. Nem todos dizem: “Eu quero o próximo desafio.” Temos mesmo de ser proativos. No trabalho que faço atualmente, já não faço ensaios com plantas, já não cresço plantas diretamente, mas… talvez cresça pessoas. Parece poético, mas é mesmo verdade. E essas pessoas vão fazer o mesmo com outras.

Como se antecipa o futuro da agricultura sustentável?
É uma previsão, mas acredito que terá de ser cada vez mais precisa, baseada em mais informação e mais ciência. Porque os desafios vão continuar a aumentar. A água, por exemplo, não se renova. O que existe hoje é o que existirá daqui a 100 anos, a menos que se descubra uma forma de a criar — o que ainda não existe. As alterações climáticas vão agravar-se em frequência e intensidade. Preocupa-me que alguns governos ainda não levem o tema a sério. Já impacta vidas, economias e, claro, a agricultura — talvez até mais do que outras indústrias, porque dependemos diretamente do clima e dos recursos naturais.

Esse contexto político influencia também onde se investe?
Sim. As mudanças na agricultura acontecem quando precisam de acontecer. A agricultura é uma atividade económica e precisa de incentivos económicos para evoluir. Esses incentivos podem ser regulamentares, relacionados com procura, custos, etc. Eu podia dar-lhe uma resposta romantizada e dizer que se inova só porque queremos produzir de forma sustentável. Mas a verdade é que muitas das inovações surgiram por necessidade. Por exemplo, quando os fumigantes do solo deixaram de estar disponíveis, foi preciso encontrar alternativas. A necessidade conduz à inovação. E isso também influencia onde e como se investe.

Este equilíbrio entre competitividade, negócio e sustentabilidade será determinante para o futuro da agricultura?
Tem de ser. O produtor precisa de rentabilidade para pagar salários, investir em centros de inovação… e precisa de água. Esta exigência dupla — económica e ambiental — ajuda-nos a focar nas soluções certas. Em ciência e inovação, uma das grandes dificuldades é o excesso de opções. Mas quando temos estas duas diretivas claras, conseguimos filtrar melhor.

Há pouco dizia-me, meio em tom de brincadeira, que se reformava se conseguisse eliminar o plástico. Mas ainda há muito por fazer?
Sim, ainda há muito a fazer. A utilização intensiva de plásticos é uma questão que nos incomoda. Usamo-los porque precisamos, mas gostávamos de ter alternativas. É um dos desafios para os quais ainda não encontrámos boas soluções. E isso é frustrante.

Os plásticos são um problema pouco visível para quem olha de fora.
Sim. Mas fazem muita diferença para o ambiente. São necessários para garantir fruta fresca e de qualidade. Para congelados ou sumos, pode produzir-se ao ar livre. Mas framboesas e amoras são muito sensíveis — ao vento, à radiação solar… queimam-se, como nós. O morango e o mirtilo têm mais tolerância. Já fazemos mirtilo ao ar livre no norte, mas as outras culturas ainda precisam de proteção. Gostaríamos de usar menos plástico, claramente.

Até a nível de embalagens. Falávamos disso há pouco. Por que não são todas em cartão?
Por causa da durabilidade. A fruta dura muito mais nestas embalagens atuais. Já estamos com cerca de 40% em cartão na Europa. Mas custou muito. As primeiras embalagens desfaziam-se com a humidade. É preciso mais inovação, mais trabalho. Substituir o plástico nas embalagens, túneis, vasos… é um desafio. E não só nos pequenos frutos, é transversal à agricultura.

Como vê o papel das universidades nesta mudança? Essa ligação entre investigação e setor produtivo está suficientemente consolidada?
Não. É preciso muito mais. Assistimos a uma desvalorização da investigação pública nas últimas décadas, especialmente na agricultura. E as empresas não conseguem fazer tudo sozinhas. Por isso, estas parcerias são fundamentais. Já temos colaborações com o INIAV, Universidade de Évora, Nova, Instituto Superior de Agronomia. E a nível internacional, com a Universidade de Wageningen, na Holanda. Mas precisamos de fazer mais.

Porquê?
Porque ajuda muito se as universidades e os alunos compreenderem os desafios reais da indústria. Assim, podem orientar melhor a investigação, para problemas urgentes, como os plásticos, a água, a biodiversidade, a poluição. As empresas terão sempre mais dificuldade em resolver tudo sozinhas.

20 anos do Test Plot de Taliscas, Zambujeira do Mar

Um campo de ensaios (test plot) tem como missão testar e definir as variedades com melhor adaptação à região onde estão localizados, servindo também como um showcase das melhores práticas agrícolas. A principal finalidade é otimizar o crescimento e desenvolvimento das plantas, permitindo que os produtores tenham acesso ao melhor produto disponível e às informações mais completas para tomarem decisões informadas.
Na Europa, a Driscoll’s opera sete campos de ensaio, dois em Portugal: Taliscas, na zona da Zambujeira do Mar, e Foja, em Cantanhede.

Alguns marcos históricos:
2005 – Abertura do Campo de Ensaios com plantação de morangos em solo.
2006 – Aumento de área para 1 hectare e acrescentando ensaios de framboesas, amora e mirtilos. Primeiros ensaios de Driscoll Maravilla.
2008 – Redução de área com retirada dos ensaios de amoras e framboesas.
2009 – Reativação de 0,5 hectares com ensaios de mirtilos e morangos em solo.
2013 – Início de expansão da área para cerca de 3 hectares de ensaios com plantações em solo. Primeiras plantações de ensaios de Driscoll’s Victoria.
2014 – Retirada dos ensaios de morango.
2016 – Introdução das primeiras plantações em substrato nos ensaios de mirtilo.
2017 – Instalação da estação de rega automatizada. Introdução de ensaios de morango em plantações de substrato.
2018 – Conclusão da conversão do total da área de ensaios exclusivamente para substrato.
2019 – Instalação de melhores estruturas de túneis com possibilidade de recolha de águas de chuva.
2020 – Anos de pandemia sem comprometer a execução dos ensaios planeados. Primeiras plantações de ensaios Driscoll’s Reyna.
2021 – Primeiros ensaios de Driscoll’s Clara.
2023 – Início da recolha de água da chuva e recirculação da água de drenagem.
2024 – Efetiva utilização de água de chuva em exclusivo para regar os ensaios durante quatro meses.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Exportação

Vinhos de Portugal promovem-se na APAS SHOW 2025 em São Paulo

A ViniPortugal marca presença na Apas Show 2025 que decorre entre 12 e 15 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo.

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A participação insere-se na estratégia de internacionalização dos vinhos portugueses, com foco no reforço da notoriedade no mercado brasileiro e latino-americano.

Com um stand de 98 metros quadrados, sob a insígnia “Vinhos de Portugal”, a presença portuguesa contará com 21 balcões dedicados a produtores nacionais, promovendo uma oferta diversificada e de qualidade perante importadores, distribuidores e retalhistas do setor.

Segundo Frederico Falcão, presidente da ViniPortugal, “a participação na APAS SHOW permite-nos posicionar os Vinhos de Portugal numa das maiores feiras do sector alimentar e retalhista a nível mundial. Este é um momento-chave para reforçarmos relações comerciais, darmos visibilidade à nossa oferta e explorarmos novas oportunidades num mercado onde os vinhos portugueses têm vindo a crescer de forma sustentada. O Brasil é, hoje, um dos nossos principais destinos de exportação, e queremos continuar a afirmar a marca Vinhos de Portugal junto dos profissionais e consumidores brasileiros.”.

O Brasil tem-se afirmado como um dos principais mercados de exportação para os vinhos portugueses, beneficiando de uma procura crescente e de um consumidor cada vez mais atento à qualidade e diversidade da oferta nacional.

A edição de 2024 da Apas Show atraiu mais de 73 mil visitantes, reunindo empresas de toda a cadeia de valor — da alimentação e bebidas à tecnologia, logística e serviços financeiros. Em 2025, a expectativa é reforçar o papel da feira como plataforma de networking, geração de negócios e análise de tendências para o setor.

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Retalho

Mar Shopping Matosinhos realiza ação de prevenção para séniores

A 4ª edição de ‘Todos juntos, somos segurança e saúde’ realiza-se entre 8 e 10 de maio, em parceria com a autarquia da Matosinhos, com o foco na prevenção em segurança e saúde na comunidade sénior.

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O Mar Shopping Matosinhos volta a organizar a ação ‘Todos juntos, somos segurança e saúde’, que, na sua 4ª edição, visa promover o apoio à comunidade e destacar o trabalho determinante das organizações que se dedicam a potenciar o impacto social. Entre 8 e 10 de maio, a iniciativa, que decorre em parceria com Câmara Municipal de Matosinhos, conta com várias ações de formação e de sensibilização, tendo por objetivo envolver a comunidade em geral, com destaque para a comunidade sénior.

Este ano, a promoção de uma vida ativa, segura e saudável para a comunidade sénior, fortalecendo os laços comunitários e garantindo o bem-estar de todos, é o o evento tem como foco principal da ação. DO programa destacam-se a peça de teatro ‘A Raposa Chama’, que faz
parte de um projeto educativo e de sensibilização sobre a prevenção de incêndios rurais em Portugal, e uma peça de teatro desenvolvida e apresentada pela Universidade Sénior da Senhora da Hora.

Demonstrações de cães de assistência e resgate, exposições de viaturas de emergência e apresentações de viaturas de resgate animal pela Associação Portuguesa de Busca e Salvamento (APBS); atividades educativas com sessões de contos, divulgação de programas de segurança como ‘Eu estou aqui’, pela PSP, informações sobre os objetivos de desenvolvimento sustentável do Município de Matosinhos, são outras das ações de edição deste ano.

No âmbito da ‘Todos juntos, somos segurança e saúde’, haverá ainda rastreios de saúde promovidos pela ULSM (Unidade Local de Saúde de Matosinhos), exposição de meios, tapete simulador teste de álcool e sistema de retenção de cadeiras auto de transporte de crianças apresentados pela Polícia Municipal, e Suporte Básico de Vida com Interpretação em Língua Gestual Portuguesa pela Cruz Vermelha
Portuguesa,  entre outras.

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Nuno Carvalho e Maria Carceller Arce
Retalho

Grupo Rodilla adquire 100% da A Padaria Portuguesa

O grupo de restauração espanhol, que chegou a um acordo para adquirir as 84 lojas e duas fábricas da marca portuguesa, considera esta a operação internacional mais relevante realizada até à data, sendo também a primeira em território português.

Hipersuper

“Continuo a ver A Padaria Portuguesa como um verdadeiro diamante em bruto, com um enorme potencial de crescimento. Encontrámos no Grupo Rodilla as características ideais – nomeadamente solidez financeira, competências de gestão, valores familiares e um forte enfoque no desenvolvimento das pessoas – para acelerar o ciclo de investimento e expansão da marca, cujo cenário natural de atuação passa agora a ser a Península Ibérica, levando-a a novos patamares”, afirma Nuno Carvalho, CEO e fundador da A Padaria Portuguesa, acerca da aquisição da cadeia pelo Grupo Rodilla.

Proprietário das marcas de restauração Rodilla, Hamburguesa Nostra, Vaca Nostra, Café de Indias e Jamaica, o Grupo Rodilla chegou agora um acordo para adquirir 100% da cadeia A Padaria Portuguesa, uma das principais marcas de restauração em Portugal. O grupo de restauração espanhol,  com mais de 85 anos de história e pertencente à Damm, considera, num comunicado, que esta é a operação internacional mais relevante realizada até à data, sendo também a primeira em território português. Esta é a segunda a sua nível internacional, após a sua entrada em Miami em 2019.

María Carceller Arce, CEO do Grupo afirma que “tanto A Padaria Portuguesa como o Grupo Rodilla partilham valores fundamentais, sendo empresas familiares que oferecem produtos de elevada qualidade e um serviço excecional aos seus clientes”. “No Grupo Rodilla valorizamos a proximidade, bem como o caráter artesanal na produção diária dos nossos produtos, com matérias-primas da mais alta qualidade – uma filosofia que se alinha perfeitamente com a da cadeia portuguesa. A Padaria Portuguesa tem sido um caso de sucesso desde a sua fundação e, no Grupo Rodilla, estamos empenhados em continuar a impulsionar o seu crescimento. Esta união fortalecerá a nossa missão de proporcionar experiências excecionais aos nossos clientes”, assegura.

Padaria Portuguesa Paço de Arcos

Fundada há 15 anos por Nuno Carvalho, A Padaria Portuguesa emprega cerca de 1.000 pessoas, possui 84 lojas na Grande Lisboa e no Grande Porto e conta com duas fábricas, em Lisboa e no Porto.

Objetivo de expansão internacional

A operação está sujeita à aprovação da Autoridade da Concorrência (AdC), mas o grupo espanhol avança que irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa. No comunicado, o grupo indica que após a aprovação da operação, irá concentrar-se em assegurar um período de transição cuidado, “mantendo o foco na gestão das equipas e nas operações diárias da empresa”. Paralelamente, irá implementar um plano de crescimento para a cadeia portuguesa, com o objetivo de reforçar a identidade nacional da marca e impulsionar a sua internacionalização.

A Padaria Portuguesa foi fundada há 15 anos por Nuno Carvalho e é especialista na produção de uma ampla gama de produtos de padaria e pastelaria, bem como em menus de almoço e saladas. Atualmente, emprega cerca de 1.000 pessoas e possui 84 lojas na Grande Lisboa e no Grande Porto, que se irão juntar aos cerca de 300 pontos de venda do Grupo Rodilla. Além disso, A Padaria Portuguesa conta com duas fábricas, em Lisboa e no Porto, onde produz os seus produtos.
“Sinto um enorme orgulho por ter criado e desenvolvido uma marca que se tornou uma das mais relevantes do país e, muito importante, com grande reconhecimento internacional. Este sucesso é fruto de uma década e meia de muito trabalho, sempre com um forte foco no consumidor, levado a cabo por uma equipa extraordinária, por quem tenho uma enorme admiração e eterna gratidão. O investimento que a empresa fez no seu capital humano e na construção de uma equipa forte e coesa foi determinante para o sucesso alcançado”, sublinha
Nuno Carvalho.

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Bebidas

Buondi é o café oficial do Primavera Sound Porto 2025

Durante o festival, a Buondi marcará presença com três espaços de venda de café distribuídos pelo recinto.

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A Buondi anunciou a sua associação oficial ao Primavera Sound Porto 2025, tornando-se o café oficial do festival.

Esta parceria representa um reforço do posicionamento da marca, fortemente ligada ao ritmo urbano e à cultura da cidade, agora espelhada na presença ativa num dos eventos musicais mais emblemáticos do país. Durante o festival, a Buondi marcará presença com três espaços de venda de café distribuídos pelo recinto, pensados para proporcionar uma experiência intensa e memorável aos festivaleiros.

A marca estará também presente na zona vip, através do sistema Nescafé Dolce Gusto Neo, a mais recente solução da marca em cápsulas de café Buondi. Este sistema destaca-se pela sua vertente sustentável, utilizando cápsulas compostáveis à base de papel, adequadas tanto para compostagem doméstica como industrial, em linha com a preocupação ambiental do Primavera Sound.

“Fazer parte do Primavera Sound Porto faz todo o sentido para Buondi. O café e a música vivem do mesmo propósito: criar ligações, despertar emoções e criar memórias. Estar neste festival é a nossa forma de reforçar o posicionamento da marca – e de estar ao lado de quem vive intensamente cada momento”, afirma Jorge Santos Silva, marketing manager da Nestlé Profissional.

Para assinalar esta colaboração, Buondi lança ainda um passatempo dirigido aos consumidores. Até 30 de maio, os interessados poderão participar adquirindo produtos da marca em pontos de venda do retalho (incluindo hipermercados, supermercados, minimercados e lojas de proximidade) e submetendo os comprovativos de compra online. Os cinco consumidores com maior volume de compras Buondi serão premiados com bilhetes diários para o festival.

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Retalho

Nuno Loureiro é o novo country manager da Mastercard em Portugal

“É com um grande entusiasmo que abraço esta nova etapa de liderar o negócio em Portugal, especialmente numa indústria pela qual sou apaixonado e que está em enorme desenvolvimento”, afirmou Nuno Loureiro.

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Nuno Loureiro está de regresso à Mastercard como novo country manager da empresa em Portugal, cargo que assumiu a 1 de maio de 2025. O responsável regressa assim à tecnológica norte-americana, onde já desempenhara funções entre 2011 e 2019, inicialmente como gestor de conta para o mercado português e, mais tarde, como diretor da Mastercard Advisors para Espanha e Portugal.

Nos últimos seis anos, Nuno Loureiro foi diretor de pagamentos no Banco Santander, tendo liderado iniciativas de inovação, desenvolvimento de novos negócios e gestão da oferta de pagamentos em Portugal.

Na nova função, será responsável por acelerar a inovação e digitalização dos pagamentos no mercado nacional, fomentando parcerias estratégicas com os principais stakeholders do setor. Entre os objetivos definidos, está a implementação das soluções e serviços da Mastercard que promovem experiências de pagamento mais rápidas, simples e seguras.

“Estou grato pela confiança que a Mastercard deposita em mim, com esta nomeação. É com um grande entusiasmo que abraço esta nova etapa de liderar o negócio em Portugal, especialmente numa indústria pela qual sou apaixonado e que está em enorme desenvolvimento”, afirmou Nuno Loureiro. “A partir de hoje, estarei ao serviço das empresas, consumidores, clientes, parceiros e colaboradores para garantir que os pagamentos continuarão a ser seguros, simples, sustentáveis e inclusivos.”, acrescenta.

Paloma Real, presidente da Divisão Europa Ocidental da Mastercard, sublinha que “a paixão do Nuno Loureiro pela inovação, desenvolvimento de negócios e foco no cliente posiciona-o como a pessoa certa para impulsionar o nosso sucesso em Portugal. O seu profundo conhecimento sobre o setor vai ser um ativo chave para esta nova etapa da Mastercard”.

Licenciado em Gestão pela Nova School of Business and Economics, Nuno Loureiro possui ainda uma especialização em Gestão Bancária pela Católica Lisbon School of Business & Economics e um MBA pela IE Business School.

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Retalho

Pingo Doce cresce 2,8% no 1.º trimestre para 1,2 mil milhões de euros

Num contexto de consumo marcado pela elevada sensibilidade ao preço e por um calendário menos favorável, o Pingo Doce encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um crescimento das vendas de 2,8%, totalizando 1,2 mil milhões de euros.

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Excluindo o segmento de combustíveis, o crescimento like-for-like (LFL) atingiu os 1,1%, sustentado pelo desempenho das lojas que operam sob o conceito All About Food, que têm vindo a ganhar peso estratégico na proposta da insígnia.

A operar num mercado fortemente promocional, o Pingo Doce manteve a sua agressiva política de descontos, o que lhe permitiu preservar quota num ambiente de grande competitividade. No trimestre, a insígnia do grupo Jerónimo Martins abriu uma nova loja e concluiu a remodelação de 13 localizações.

Em termos consolidados, o EBITDA da Distribuição Portugal cifrou-se em 78 milhões de euros, 0,7% abaixo do trimestre homólogo, tendo a respetiva margem atingido 5,2% (5,3% no 1T 24), pressionada pela subida dos custos com pessoal na sequência do aumento de 6,1% do salário mínimo nacional.

A Jerónimo Martins fechou o primeiro trimestre de 2025 com um resultado líquido de 127 milhões de euros, 31,4% acima do ano anterior, ou 6,1% abaixo se excluídos os outros ganhos e perdas de natureza não recorrente. No 1º trimestre de 24, esta rubrica incluiu os 40 milhões de euros da dotação inicial da Fundação Jerónimo Martins.

As vendas cresceram 3,8% (+1,9% a taxas de câmbio constantes), impactadas negativamente pelo efeito de calendário já que o ano anterior, sendo bissexto, contou com mais um dia de vendas e também com a Páscoa, que em 2025 foi no 2T. O EBITDA aumentou 3,8% (+1,2% a taxas de câmbio constantes) com a respetiva margem, em linha com o ano anterior, a cifrar-se em 6,3%, informa a Jernónimo Martins em comunicado

Pedro Soares dos Santos, presidente e administrador-delegado da Jerónimo Martins, sublinha a resiliência do grupo num cenário de grande incerteza: “Neste ambiente de contenção, todas as nossas Companhias trabalharam com disciplina para gerir a pressão sobre as margens que decorre da subida dos custos com pessoal na sequência do aumento dos salários mínimos em cada país, num momento em que a inflação nos cabazes permanece baixa”.

“Ainda que o primeiro trimestre apenas permita uma leitura muito limitada das tendências nos mercados, os resultados do Grupo, nestes três meses e perante o comparativo muito exigente do ano anterior, são sólidos e confirmam a competitividade das propostas de valor e a estratégia, dos últimos anos, de reforçar os modelos de negócio das diferentes insígnias”, pode ler-se na mensagem divulgada

“Atentos ao desenvolvimento das dinâmicas de consumo e da concorrência, manteremos o foco no crescimento sustentável, defendendo as nossas bases de clientes, executando o nosso ambicioso plano de expansão, e respondendo aos desafios ambientais e sociais que enfrentamos num contexto particularmente volátil.”, garante.

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Bebidas

Quinta da Lagoalva lança colheita de 2024 de brancos e rosé

Com assinatura dos enólogos Pedro Pinhão e Luís Paulino, estes vinhos refletem o perfil mais leve e fresco da colheita deste ano, marcada por menos picos de calor e maior exuberância aromática, refere a Quinta da Lagoalva.

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Com a chegada dos dias mais longos e solarengos da primavera, a Quinta da Lagoalva apresenta os primeiros vinhos da vindima de 2024, apostando num trio refrescante e aromático que espelha o potencial da região dos Vinhos do Tejo: o Lagoalva branco, o Lagoalva Sauvignon Blanc e o Lagoalva rosé. Com assinatura dos enólogos Pedro Pinhão e Luís Paulino, estes vinhos refletem o perfil mais leve e fresco da colheita deste ano, marcada por menos picos de calor e maior exuberância aromática, refere.

A gama agora lançada assume uma identidade moderna e alinhada com as tendências de consumo, destacando-se pelo menor teor alcoólico (10,55% no rosé e 11,30% no branco) e por um estilo descomplicado, que valoriza os aromas primários e a autenticidade da fruta, sem passagem por madeira.

O Lagoalva branco 2024 é um lote composto maioritariamente por Fernão Pires (80%), complementado por Arinto (10%) e Sauvignon Blanc (10%), revelando notas de fruta citrina e pera no nariz, com boa acidez e equilíbrio na boca. Já o Lagoalva Sauvignon Blanc 2024, elaborado exclusivamente com a casta internacional que a propriedade explora desde 2009, destaca-se por aromas vegetais e tropicais, num perfil fresco e vibrante. Por fim, o Lagoalva rosé 2024, com Touriga Nacional e Syrah em partes iguais, oferece um perfil aromático dominado por morango e framboesa, com uma cor rosa-pálido apelativa e uma prova de boca marcada pela leveza e frescura.

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Produção

Agricultura perde mais de 16 mil trabalhadores num ano e enfrenta desafios estruturais no recrutamento

O setor agrícola perdeu, num ano, mais de 16 mil profissionais em Portugal, revelam os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE).

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Entre o segundo trimestre de 2023 e o final de 2024, o número de trabalhadores nas áreas da agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca caiu de 158,8 mil para 142,9 mil, o que representa uma quebra de 10% e inverte a tendência de crescimento registada desde 2021.

A análise é da Eurofirms – People First, que alerta para a natureza estrutural do problema, num setor historicamente marcado pela elevada sazonalidade, forte predominância masculina e dificuldades persistentes no recrutamento, particularmente acentuadas nas regiões do interior do país.

Num esforço para compreender os entraves enfrentados por empregadores e candidatos, a Eurofirms ouviu empresas do setor primário e profissionais acompanhados pela empresa de recursos humanos. Um dos testemunhos é da SALM, empresa neerlandesa instalada em Salvaterra de Magos, especializada na produção de lavanda. Um porta-voz da empresa salienta a escassez de pessoal qualificado, sobretudo em períodos críticos como plantação e colheita. “A demanda por trabalhadores aumenta em períodos específicos, como em momentos de plantação e colheita, o que pode dificultar a atração de candidatos disponíveis”, refere o responsável, adicionando que “muitos jovens não consideram a agricultura como uma carreira viável, e isso resulta na escassez de mão de obra”, sublinha.

Do lado dos trabalhadores, Ana Filipa Santos, candidata acompanhada pela Eurofirms, reconhece a importância estratégica do setor agrícola e mostra entusiasmo em integrar esta atividade. Ainda assim, identifica desafios relevantes: “É um setor que não oferece, por exemplo, a quem tem filhos as condições necessárias para a conciliação entre a vida pessoal e profissional”.

Para João Lourenço, business leader da Eurofirms em Portugal, os dados devem ser um sinal de alerta para os decisores e operadores do setor. “É um setor que não oferece, por exemplo, a quem tem filhos as condições necessárias para a conciliação entre a vida pessoal e profissional”, defende. O responsável acrescenta ainda que o setor agroalimentar tem demonstrado grande potencial económico, tendo atingido, em 2024, o valor recorde de 2,5 mil milhões de euros em exportações de frutas, legumes e flores – um crescimento de 7,5% face ao ano anterior, segundo o INE.

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