A agonia da produção de leite continuará em 2016?, por APROLEP
“Bruxelas prometeu milhões para compensar as perdas do último ano, consequências das suas opções políticas sobre o fim das quotas e a crise com a Rússia. Desses milhões o pouco que chegou aos produtores portugueses foi significativamente menos do que receberam os produtores de países vizinhos, com apoios reforçados pelos seus governos”
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Rita Gonçalves
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Por Direção da APROLEP (Associação dos Produtores de Leite em Portugal)
2015 foi um ano negativo para a produção de leite em Portugal. Terminámos o ano com preço médio ao produtor a rondar 28 cêntimos, menos 6 cêntimos do que em dezembro de 2014, 2 cêntimos abaixo da média comunitária e vários cêntimos abaixo do custo de produção, que deverá aumentar em 2016. E continuámos com enorme importação de produtos lácteos, provocando um défice anual de 200 milhões de euros.
Considerando o efeito da inflação, o consumidor português pode hoje adquirir leite a metade do preço que se registava em Portugal há 30 anos, aquando da adesão à CEE (Comunidade Económica Europeia). Houve de facto enormes ganhos de eficiência e produtividade em toda a fileira, mas houve também, nos últimos anos, uma grande desvalorização do leite, usado como isco para atrair consumidores à custa de derreter totalmente a margem do produtor para baixo do custo de produção, sem falar dos mais recentes ataques ao leite como alimento que beneficiam bebidas vegetais alternativas.
As consequências desta situação que se arrasta têm sido desastrosas para as seis mil famílias que sobrevivem a produzir leite nacional, assistindo com angústia ao aumento das dívidas a bancos e fornecedores, à falência de colegas, ao abandono da atividade, falta de comida e abate indiscriminado de animais em plena produção. Mantém-se em atividade muitas explorações suportadas no crédito de fornecedores, na expetativa que a situação melhore, mas não se vislumbram soluções nem perspetivas positivas para os próximos meses.
Em 2015, tal como noutras crises, Bruxelas prometeu milhões para compensar as perdas do último ano, consequências das suas opções políticas sobre o fim das quotas e a crise com a Rússia. Desses milhões o pouco que chegou aos produtores portugueses foi significativamente menos do que receberam os produtores de países vizinhos, com apoios reforçados pelos seus governos, o que provoca uma concorrência desleal com os produtores nacionais, já depauperados pelo baixo preço recebido.
Aguardamos agora com expectativa a atuação do novo governo face à situação dramática em que sobrevivem os produtores de leite. Esperamos, nomeadamente:
– Que defenda na União Europeia uma política para evitar excedentes de produção e a inundação do mercado português com as sobras de leite de outros países, cuja rotulagem precisa ser reforçada
– Que assuma como objetivo atingir em Portugal um preço ao produtor não inferior à média comunitária e ajudas ao mesmo nível dos produtores de outros países da Europa
– Que assuma o esclarecimento dos consumidores sobre a qualidade do leite português e as qualidades reconhecidas do leite como alimento recomendado pela Direção Geral de Saúde
– Que incentive e apoie a inovação na transformação do leite por parte da indústria e a conquista de novos mercados