oão Barreta, Mestre em Gestão do Território e autor do livro “Comércio de Proximidade e Regeneração Urbana”
Distribuição

Mercados municipais como “lojas-âncora” do centro das cidades

João Barreta, Mestre em Gestão do Território, identifica os principais problemas na gestão dos mercados municipais em Portugal e aponta caminhos para fazer “renascer” este formato comercial

Rita Gonçalves
oão Barreta, Mestre em Gestão do Território e autor do livro “Comércio de Proximidade e Regeneração Urbana”
Distribuição

Mercados municipais como “lojas-âncora” do centro das cidades

João Barreta, Mestre em Gestão do Território, identifica os principais problemas na gestão dos mercados municipais em Portugal e aponta caminhos para fazer “renascer” este formato comercial

Rita Gonçalves
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João Barreta, Mestre em Gestão do Território e autor do livro “Comércio de Proximidade e Regeneração Urbana”

Entrevista a João Barreta, Mestre em Gestão do Território

João Barreta, Mestre em Gestão do Território, identifica os problemas na gestão dos mercados municipais em Portugal e aponta caminhos a seguir

Quais os principais e actuais problemas na gestão dos mercados municipais em Portugal?

Numa frase, diria que o principal problema é precisamente a ausência de gestão, propriamente dita. Se reparamos a abordagem que se tem feito, nas últimas décadas, em Portugal, sobre os mercados, acaba sempre por se quedar, numa primeira aproximação, por aspectos que não fugirão muito a problemas de condições hígio-sanitárias do equipamento, de estacionamento, de acessibilidades, e a inevitável concorrência movida pelas médias/grandes superfícies.

A um outro nível, já se aborda a adequação dos horários de funcionamento, a redefinição do mix comercial, a fidelização da clientela, os serviços complementares a prestar (prévios, durante e/ou pós-venda), o marketing (interno, externo e/ou interactivo), entre outros.

Num patamar superior, cuja abordagem já implica maior poder, responsabilidade e capacidade de decisão por parte dos actores (entenda-se, autarquias e operadores/comerciantes), falam-se de novos modelos de gestão (directa, indirecta ou mista), parcerias público-privadas, (re)engenharia financeira (financiamento público, privado), negociação (concessão/exploração), entre outros. Apesar destes distintos níveis de aprofundamento da discussão, na maioria dos casos fica-se, quase sempre, pelos diagnósticos que olham bem para o problema, mas ao que parece não o conseguem ver.

Os problemas estão identificados mas faltam soluções?

Sim, identificado o problema e a sua natureza, depois falha-se na definição das soluções. Obviamente que a escassez de recursos (financeiros, humanos, entre outros) surge à cabeça das razões para a inacção, mas tenho a ideia de que o problema é outro.

Durante muitos anos, poucos terão percepcionado a necessidade de adoptar um modelo de gestão para os mercados municipais, dado que o facto de se estar perante um equipamento propriedade das autarquias, portanto de posse pública, onde se desenvolvem negócios privados (individuais) constitui-se como o mais sério entrave.

Se as autarquias não “abdicam”, sem contrapartidas, do que é seu (por deterem a propriedade e as competências), os operadores/comerciantes não ponderam a hipótese de gerir um espaço comercial (comum) que, efectivamente, não é seu. Assim as autarquias fazem valer a sua posição de proprietário, “alugando espaços” e assegurando a prestação de alguns serviços (e entendem isto como … gestão do mercado!) e os operadores, por pagarem uma renda, optam por ser tratados como meros inquilinos, de preferência com mais direitos do que deveres!

Para mim, as autarquias “gerem” o espaço como um senhorio, mas não querem (ou não sabem!) gerir o equipamento comercial e os operadores têm agido quase como aqueles inquilinos que vão pagando o condomínio, mas nunca se comprometem nem comparecem às reuniões do dito.

Não existindo plena consciência da importância dos mercados, seja como equipamento comercial, seja como potencial “loja-âncora” dos centros das cidades em que estão integrados, não haverá, ainda, a percepção clara da necessidade de gerir os mercados.

A que entidades compete a gestão dos mercados? O que tem sido feito para melhorar a competitividade desde formato até aqui?

Trata-se de uma competência das autarquias, devendo entender-se por autarquias, como a recente experiência de Lisboa parece vir demonstrar, câmaras municipais e juntas de freguesia.

Mas, as autarquias não detêm as competências específicas para gerir os mercados, ainda que as possam ter no papel, pois jamais se poderá entender a gestão de um espaço comercial, como a simples garantia de manutenção, limpeza e segurança do espaço, em troca de uma comparticipação (taxa) por parte daqueles que, realmente, detêm o conhecimento, a experiência e, acima de tudo, sentem os mercados.

Ainda que o problema não resida apenas na propriedade do espaço, o que é facto é que tal condiciona a iniciativa dos comerciantes e das suas estruturas associativas, ou seja, quem os tem (aos mercados), deles não sabe tirar proveito, e quem deles o tem de tirar não os tem!

O cerne da questão é que deter a competência está num plano, e ser competente para tal está noutro, daí que costumo dizer que ser incompetente não é necessariamente o contrário de ser competente.

A inacção das partes directamente envolvidas no assunto e o desprezo que a administração central tem revelado sobre o mesmo, têm deixado os mercados à margem de quase tudo aquilo que se tem feito em prol das actividades económicas, o que, como bem sabemos, também não tem sido grande coisa.

Algumas vezes tenho sido contactado, por estudantes, na maioria dos casos, na procura de informação sobre os mercados em Portugal, dado que têm dificuldades em encontrar dados para as suas teses de licenciatura e/ou mestrado. Estranham o facto de não existir tal informação – Quantos mercados existem em Portugal? Onde se localizam? Quantos comerciantes desenvolvem a sua actividade nos mercados? Qual o emprego gerado? Qual o volume de negócios? Qual a área comercial dos mercados? Qual o número total de pontos de venda (bancas, lojas)? Qual a sua procura (actual e potencial)? Qual o número de visitantes/compradores diários?

A razão para a falta de respostas residirá no facto de se desconhecer quem, a nível da administração central, detém tal informação. Mas a resposta é que não há, actualmente, qualquer organismo da administração central que tenha tal tipo de informação. A realidade é que nunca existiu!

Desconfio, até, que possa, nas mais altas esferas, quem não saiba se os mercados serão tutela de “alguém”, da economia, da agricultura, ou outra, da administração central ou regional, ou se julgam já ter delegado, há muito, o assunto, para a administração local, pelo que quaisquer responsabilidades estarão descartadas. Apesar de se tratar de mercados locais, a existência de largas dezenas de unidades, distribuídas por todo o país, justificaria algum “acompanhamento” por parte da administração central, tirando partido do efeito de escala de se poder “conhecer e trabalhar” um universo de mais de duas centenas e meia de mercados.

A existência da SIMAB (Sociedade Instaladora de Mercados Abastecedores), órgão tutelado pelo Ministério da Economia, ainda podia constituir uma esperança, embora muito ténue, uma vez que as incursões feitas ao nível de projectos de mercados retalhistas não têm revelado, por razões que não adianta aqui explorar, os resultados que certamente todos ambicionariam.

Está a desenvolver um estudo que propõe e desenvolve ferramentas de gestão aplicáveis aos mercados municipais. Pode dar exemplos de modelos que se apliquem os nossos mercados municipais? O que é que estes modelos podem trazer de novo à gestão dos mercados, quais os principais benefícios?

Os mercados encarados como verdadeiros formatos comerciais e, portanto, geridos como tal, são susceptíveis de se apresentarem como campo de aplicação de metodologias e ferramentas de gestão. Nesse sentido, o estudo avança com propostas de ferramentas de gestão para os mercados, sendo de destacar uma grelha de diagnóstico/propostas de acção, uma matriz de auto-avaliação (classificação tipológica) e o balanced scorecard (BSC).

A tese defendida assenta na ideia de que o principal problema dos mercados residirá na sua gestão (na falta de um modelo aplicável), sendo que o aliciante do estudo e da sua aplicabilidade efectiva consiste na percepção daquilo que é efectivamente cada mercado objecto de trabalho (partindo da constatação que não haverá dois mercados iguais, também não haverá soluções “à la carte”).

A ideia de uma ”classificação tipológica” dos mercados em Portugal, a definição e construção de “indicadores de performance” e a criação de um sistema de “certificação de qualidade”, são outras ideias resultantes do trabalho e que fundamentam, também, a ideia de que o futuro dos mercados depende da inovação e da criatividade na forma de os pensar e de os trabalhar, para além de meros equipamentos comerciais.

No caso concreto do balanced scorecard, a aplicação de uma tal ferramenta de gestão constituir-se-á como experiência pioneira em Portugal, provando-se que os mercados justificam novas abordagens de investigação conducentes a novas dinâmicas, cada vez mais necessárias, inclusive para a sobrevivência e afirmação do formato.

Ter, de facto, uma visão para os mercados, identificar a sua missão, enquadrar e explanar as suas distintas perspectivas (clientes, processos, desenvolvimento, e financeira) será mais um contributo que apenas fica a carecer de adopção prática por parte deste ou daquele mercado, desta ou daquela autarquia.

Em relação a modelos aplicáveis, algumas experiências têm demonstrado que a existência de uma estrutura própria, criada para o efeito, é indispensável. Já todos teremos percebido que o tempo dos amadorismos de se deixar a gestão dos mercados entregue ao veterinário ou ao fiscal municipal tem os dias contados. Apesar de se tratar de valências indispensáveis que interessa integrar na estrutura de gestão, os mercados e a sua gestão exigem outras competências, designadamente na área da gestão, do marketing, entre outras.

Não defendo a criação de entidades “paralelas” aos serviços municipais (tipo empresas municipais) que, no fundo, acabam apenas por, grosso modo, dar cumprimento a atribuições/competências das autarquias. Muitas vezes, os recursos humanos afectos pertencem precisamente às respectivas câmaras, pelo que muito legitimamente se pode questionar – porque não estavam já antes a desempenhar tais funções?

O problema não residirá tanto nos recursos disponíveis, mas sim na importância e prioridade que se dá ao assunto, e também na agilização de processos e procedimentos que uma estrutura distinta da câmara municipal permite.

Há actualmente boas gestões de mercados municipais em Portugal? Exemplos a ter em conta?

É uma questão sempre melindrosa. Tendo apenas como critério a perspectiva da actividade económica, em geral, e do comércio, muito em particular, e não querendo ferir susceptibilidades, poderei distinguir entre exemplos de experiências bem-sucedidas que já se constituem como certezas e outros cujas potencialidades, mercê da sua dimensão, constituir-se-ão como verdadeiras oportunidades de se virem a transformar como exemplos.

No primeiro caso, e daquilo que melhor julgo conhecer, destacaria Portimão e Torres Vedras e, a um outro nível de “experiência, Campo de Ourique (em Lisboa) e Bom Sucesso (no Porto). Já no que se refere ao campo das potencialidades múltiplas, direi que estou curioso para ver o será feito no caso do Bolhão (no Porto) e da Ribeira (em Lisboa), entre outros.

De facto existem alguns casos que se podem constituir como exemplos a seguir, se bem que a gestão dos mercados não pode descurar as outras vertentes de que se faz o comércio, ou seja, a realidade evidenciada pela procura (actual e potencial).

No entanto, a boa gestão – eficiente, eficaz e de qualidade, afere-se pelos bons resultados, o que no caso dos mercados podem ser medidos por vários indicadores.

Falar de números é sempre complexo, uma vez que a perspectiva financeira é distinta consoante estejamos a falar do mercado municipal (“da autarquia”) ou do mercado municipal (“dos operadores”).

Parecendo uma e a mesma coisa, convém perceber que são duas realidades distintas, embora não devesse ser assim.

Para as autarquias, o pretenso sucesso da sua gestão poderá ser, porventura, a relação favorável entre as receitas e as despesas (ou seja, o produto das rendas e taxas cobradas ser superior aos encargos detidos com o funcionamento do espaço (despesa com o pessoal afecto ao mercado, fornecimentos e serviços “externos”), se bem que não sejam muitas as autarquias que tenham estas contas “disponíveis em tempo real”.

Para os comerciantes, o sucesso revela-se na facturação conseguida, ou melhor no lucro obtido, que resultará da diferença entre o produto (margem) das suas vendas e o valor que pagam pelo usufruto do espaço municipal.

Diria que uns e outros não estarão satisfeitos com os resultados obtidos, no entanto, quando se trata de números é complicado conseguir que tal informação seja disponibilizada, pelo que conhecer exemplos com provas dadas, entenda-se resultados, só os próprios os conhecerão.

Qual tem sido a evolução deste formato comercial ao longo dos últimos anos em Portugal? Este formato está ameaçado pela crescente concorrência das superfícies comerciais de retalho alimentar e o seu respectivo peso na venda de produtos frescos?

Como qualquer outro formato comercial, os últimos anos não têm sido propícios ao aumento do volume de negócios, a acréscimos de facturação e à realização de investimentos, no entanto, no caso dos mercados a conjuntura tem-se revelado ainda mais desfavorável, uma vez que o binómio oferta-procura tem-se caracterizado por uma conjugação de factores claramente desfavorável.

A questão da concorrência acrescida movida por outros formatos (grandes e médias superfícies) é um facto, mas não justificará tudo, pois há outras razões para a perda de protagonismo dos mercados ao nível dos produtos frescos (e não só) – preços praticados, horários desajustados, oferta pouco diversificada, operadores com formação insuficiente, gestão pouco profissional, serão apenas alguns exemplos.

Uma vez mais a procura de respostas vai desembocar no problema da gestão.

Nos últimos anos temos, de facto, assistido ao acréscimo do nível concorrencial, fazendo cada formato apelo àquilo que são as suas vantagens competitivas. O marketing mais agressivo, as campanhas de fidelização (cartões-cliente, os pontos, os descontos, os vales, os “novos serviços” prestados aos clientes) revelam que os distintos formatos têm reagido às dificuldades que a capacidade e as preferências da procura têm determinado. Por sua vez, os mercados, pouco ou nada têm feito, no que se refere a delinear algo que se assemelhe a uma “estratégia” (no caso, talvez seja mais uma táctica!) para fazer frente ao problema, tentando cativar novos clientes ou, pelo menos, manter os que ainda vão tendo.

Em termos de quota de mercado, não disponho de informação fiável, não será de estranhar que a quota detida pelos mercados, ao nível dos frescos, seja pouco relevante, quando ponderadas as potencialidades detidas por tal formato em nichos como os produtos biológicos, produtos regionais/locais, artesanato, entre outros, e que estão a ser pouco explorados.

Costumo dizer que, a pouco e pouco, os hipermercados, principalmente, foram plagiando aquilo que de melhor ainda ia distinguindo os mercados, seja ao nível da “exposição dos horto-frutícolas” e “apresentação do pescado em banca”, seja do serviço de “amanhar o peixe”, seja da “desmancha das peças de carne”, seja de “provas/degustações”.

Apetece dizer que já não faltará muito para começarmos a ouvir os velhinhos e tradicionais pregões nos hipermercados!

Que exemplos de boas práticas de gestão chegam da Europa, por exemplo?

Ao nível da Europa, independentemente de algumas boas práticas reconhecidas e em curso há algum tempo – Espanha, Reino Unido, entre outros países, o debate do tema iniciou-se recentemente. Pode-se dizer que os mercados não têm tido o seu espaço próprio ao nível da União Europeia, surgindo um pouco diluído entre as tutelas do comércio (retalho), da agricultura e outras.

Não que tal o possa justificar, mas como se sabe, na maioria dos países da UE os mercados têm enquadramento análogo, ou seja, ao nível central, regional e local a administração têm pura e simplesmente ignorado os mercados, na medida em que é raro depararmo-nos com um “departamento” que tenha por missão, no mínimo, abordar o assunto.

Claro que há excepções, no entanto, o seu número diminuto apenas confirma a regra.

O recente URBACT MARKETS (no âmbito do URBACT II) será uma verdadeira “pedrada no charco”, ao trazer o tema dos mercados para a ordem do dia. Constitui-se como um projecto pioneiro ao nível da UE que assim pode também compilar trabalho realizado, sistematizar informação, identificar boas práticas, em suma, traçar caminhos para o futuro dos mercados.

Com uma visão abrangente e integrada do tema, o projecto está estruturado em três dimensões principais – regeneração urbana (revitalização do centro das cidades), ambiente (economia de baixo carbono) e emprego e parcerias, o que revela conhecimento da realidade e do papel que os mercados podem desempenhar no contexto urbano em que se inserem.

A perspectiva que assim parece encarar os mercados como equipamentos integrados nas cidades, e não apenas nelas localizados, já confere um claro indício de uma nova forma de abordagem do tema, denotando que todo o trabalho a fazer terá de ser integrado, integrador e multidisciplinar.

Já vai sendo quase um lugar-comum, mas é inquestionável que Barcelona se constitui como um exemplo de boas práticas, no entanto, essa experiência tem de ser estudada no seu conjunto e não olhando apenas para o “resultado final” da mesma.

Há que analisar e tentar conhecer a estrutura regional e local que está a montante e ver todo o trabalho desenvolvido nas distintas áreas de actuação. Depois a nível nacional importa não esquecer o papel que a MERCASA tem desempenhado ao nível da revitalização dos mercados em Espanha, no âmbito do “Programa Nacional de Remodelación de Mercados Municipales Minoristas”, e a partir daí começamos a perceber as diferenças e a compreender o que nos faltará fazer, que é muito, face ao pouco que por cá se tem feito.

Como vê os mercados municipais do futuro?

No final de 2011, tive oportunidade de publicar um outro trabalho, curiosamente numa revista espanhola – Distribución y Consumo, no qual foram traçados cenários possíveis para o futuro dos mercados em Portugal.

Não se tratando de qualquer tipo de “adivinhação”, um dos objectivos consistia em poder alertar e sensibilizar os principais actores envolvidos – autarquias, comerciantes, associações para a situação (actual e potencial) dos mercados e da importância do papel e acção dos mesmos com vista à construção de futuro(s) para os mercados.

Grosso modo, tracei quatro cenários prováveis a partir de dois vectores principais – “pensar a actividade económica/pensar o comércio” e “pensar o urbanismo/pensar a cidade”, contemplando quatro factores – “economia local”, “experiências do espaço urbano”, “turismo, cultura e património” e “socialização – causa ambiental, social, coesão, integração”.

Daí resultaram os cenários, cujas narrativas se traduziram em:

– Cenário 1: “Investir, Desistindo” (“Não os Matem, que Eles Morrem”);

– Cenário 2: “Investir, Desinvestindo” (“Vão-se os Anéis, Ficam os Dedos”);

– Cenário 3: “Investir, Coexistindo” (“Se Não os Vences, Junta-te a Eles”);

– Cenário 4: “Investir, Investindo” (“Via Barcelona”).

O trabalho acabou por fazer mais eco em Espanha do que em Portugal.

Em síntese, julgo que as autarquias não têm, efectivamente, de saber gerir comércio, mas é sua competência, no mínimo, pensá-lo, enquadrá-lo, regulá-lo e ordená-lo.

Os comerciantes e as suas estruturas associativas devem assumir a iniciativa e propor-se como líderes de todo e qualquer processo de gestão/dinamização do “negócio”.

À tutela (seja ela qual for!) competirá dar sinais de que é conhecedora do problema e reconhece a importância de se criar condições para que o caminho a seguir passe pela (…) inovação e pelo empreendedorismo, não se excluindo do processo nem se coibindo de avançar com desafios e ideias mobilizadoras, incluindo a sugestão de modelos de gestão de mercados, assentes em boas-práticas já conhecidas e com provas dadas.

Ficar à margem de iniciativas e projectos comunitários, como o já referido URBACT MARKETS, não me parece que seja o melhor caminho a seguir, nem a atitude mais inteligente.

Por desconhecimento, desinteresse ou incompetência, por qualquer uma ou por todas em conjunto, não haverá razão que justifique uma tal passividade no que se refere à abordagem desta temática dos mercados municipais.

No fundo, estamos a falar da economia local e quando o assunto é economia, seja local ou nacional, há um mundo … ainda por explorar, mas gostaria, no entanto, de realçar que os mercados municipais estão longe de ser um problema apenas da esfera da economia.

Sobre o autorRita Gonçalves

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Sidul adoça a Páscoa com conto infantil

Através desta história, a Sidul quer transmitir uma mensagem de afeto e resiliência, reforçando a importância de pequenos gestos e da doçura dos momentos em família.

A pensar no espírito familiar e nos sabores reconfortantes da Páscoa, a Sidul lança “Lar Doce Folar”, uma história encantada que transforma os ingredientes tradicionais em protagonistas de uma aventura culinária com final feliz. Mais do que uma ação promocional, esta iniciativa pretende reforçar os valores da marca, aproximando-a das famílias portuguesas num dos momentos mais doces do ano.

No centro do conto está Marco, um jovem aprendiz de pasteleiro que tenta encontrar o seu lugar na icónica Pastelaria LUDIS, um espaço fictício, mas carregado de simbolismo, passado de geração em geração desde 1909. Confrontado com a pressão de corresponder às expectativas do pai, Marco vive momentos de frustração — até que os ingredientes ganham vida e, com uma pitada de magia, o ajudam a descobrir confiança, superação e o verdadeiro significado da partilha.

A narrativa culmina com a criação do “Folar Mágico”, uma receita que reúne toda uma comunidade e simboliza a união, o carinho e a tradição. Através desta história, a Sidul quer transmitir uma mensagem de afeto e resiliência, reforçando a importância de pequenos gestos e da doçura dos momentos em família.

Disponível no site da Sidul, o conto é acompanhado por atividades complementares pensadas para serem realizadas em conjunto, promovendo o convívio intergeracional e a ligação emocional à marca.

Sobre o autorHipersuper

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Legado 2020 homenageia o passado e o saber geracional da Sogrape

Com pouco mais de 2.000 garrafas produzidas, o Legado 2020 é um brinde à memória de Fernando Guedes e também “uma promessa de futuro”.

“Desde a primeira colheita, em 2008, que em cada garrafa de Legado reside um vinho que honra a memória, a paixão e a visão de um homem que sonhava em transmitir um testemunho às gerações vindouras”, apresenta a Sogrape, que está lançar o Legado 2020. A colheita, que chega em maio ao mercado, e é um tributo de Fernando Guedes à herança que recebeu de seu pai, “à vinha velha que o emocionou e a quem permitiu que esta história inspiradora se continuasse a escrever”.

Proveniente das vinhas centenárias da Quinta do Caêdo, em Ervedosa do Douro, o Legado resulta do sonho de Fernando Guedes de criar um vinho que homenageasse o Douro, a paixão e os valores de uma família dedicada ao vinho. “O vinho ensinou-me que o tempo não se mede apenas em colheitas, mas em emoções partilhadas e em memórias que perduram. Legado é o sonho vivo do meu pai, um testemunho silencioso do que somos, do que recebemos e do que desejamos deixar a quem vem depois de nós”, sublinha Fernando da Cunha Guedes, atual presidente da Sogrape e filho do criador de Legado.

A Sogrape destaca, num comunicado, que o ano vitícola de 2020 trouxe uma primavera generosa em chuva, o que permitiu restaurar o equilíbrio da terra, embora com menor produção, e um verão quente e seco, que foi suavizado por uma chuva inesperada em agosto, “suficiente para permitir às uvas uma maturação pausada, proporcionando uma grande elegância e expressão aromática aos vinhos”. Com pouco mais de 2.000 garrafas produzidas, o Legado 2020 brinda à memória de Fernando Guedes, sendo também “uma promessa de futuro”.

Sobre o autorHipersuper

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Aldi reforça aposta na produção nacional com sortido artesanal para a Páscoa

A Aldi Portugal vai disponibilizar, a partir de 16 de abril, um sortido exclusivo de bolos artesanais para a Páscoa, fruto de uma parceria com a Pão da Vermelha, fornecedor nacional de longa tradição na pastelaria e panificação.

Entre as propostas, a insígnia destaca o tradicional Folar de Páscoa – simples ou com dois ovos –  Bolo-rainha e o Bolo Finto de Páscoa, ainda uma novidade: o Bolo Inglês, feito com frutas cristalizadas e massa húmida. Todos os produtos serão entregues diretamente da panificadora para as lojas, assegurando a sua máxima frescura, acrescenta a Aldi Portugal.

“Este sortido especial é mais uma das nossas apostas para celebrar a Páscoa e resulta da relação de longevidade e confiança que temos com a Pão da Vermelha. Além de frescura e qualidade, queremos que as famílias portuguesas tenham à mesa doces únicos e com um sabor autenticamente português.”, sublinha Daniel da Silva, managing director procurement da ALDI Portugal.

“A Aldié um parceiro que partilha os mesmos padrões de qualidade que nós, razão pela qual já mantemos uma relação há muitos anos, apoiando a nossa confeção artesanal, que incorpora o conhecimento de gerações anteriores.”, refere Pedro Ferreira, gerente da Pão da Vermelha.

Sobre o autorHipersuper

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Foto : Pedro Melim
Bebidas

Setor cervejeiro quer reforço da produção nacional de cevada

O setor defende um diálogo interno com o Governo para garantir um quadro fiscal que não discrimine negativamente a cerveja. E desafia os decisores a tomar medidas concretas no que respeita ao aumento de produção de cevada.

Hipersuper

O setor cervejeiro português quer o reforço da produção nacional de cevada, alertando para a forte dependência de matérias-primas importadas, num momento em que Portugal regista uma das mais baixas taxas de aprovisionamento de cereais da Europa.

A mensagem foi transmitida durante a Assembleia Geral dos Cervejeiros de Portugal, que decorreu a 10 de abril, e que reuniu representantes da indústria, decisores políticos e membros da sociedade civil. Rui Lopes Ferreira, presidente da associação, revelou que, em 2024, o setor consumiu cerca de 114 mil toneladas de cevada, das quais apenas 14% tiveram origem em território nacional. No caso do lúpulo, o cenário é semelhante: das 55 toneladas de ácidos alfa consumidas, apenas 15% foram de origem portuguesa.

Na sessão de encerramento do evento, o Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, reconheceu a necessidade urgente de inverter esta tendência. “estamos entre os países europeus com menor taxa de aprovisionamento de cereais, que hoje se cifra em 19% quando em 1990 era de 50% das necessidades de consumo”, destacou.

Rui Lopes Ferreira, Presidente da Cervejeiros de Portugal, com o Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, reconheceu a necessidade urgente de inverter esta tendência. Foto: Pedro Melim

Por forma a contrariar esses dados foi assinado no dia 9 de abril, um memorando de entendimento entre várias associações de produção, agrícolas, alimentares, distribuição, e ainda a Cervejeiros de Portugal, o +CEREAIS, com a ambição de criar uma organização interprofissional na área dos cereais como forma de valorizar a produção nacional em todos os elos da cadeia.

“Caso houvesse uma maior garantia de produção por parte do setor agrícola nacional, bem como uma política fiscal que trate o setor cervejeiro de forma mais justa, o cenário seria diferente. Desde há muito tempo que sentimos um tratamento desigual em termos fiscais, em comparação a outro tipo de bebidas alcoólicas. Uma situação totalmente injustificada”, defendeu Rui Lopes Ferreira, Presidente dos Cervejeiros de Portugal.

Portugal lidera no consumo fora de casa

Portugal é o único país europeu no qual o mercado cervejeiro já recuperou os níveis de venda pré-pandemia. Esta dado foi partilhado por Julia Leferman, secretária-geral da Brewers of Europe, na mesma Assembleia Geral durante a 2ª parte pública deste evento, promovido com o objetivo de fomentar um diálogo entre o setor cervejeiro português, o poder político e a sociedade civil.

Julia Leferman, secretária-geral da Brewers of Europe Foto: Pedro Melim

De acordo com a secretária-geral da associação europeia, apesar de o consumo per capita português se fixar nos 60 litros por ano (contra os 128 litros da República Checa, que lidera a tabela), Portugal é o país da Europa que lidera o consumo fora de casa, com 67%. Atualmente, estima-se que o setor cervejeiro português seja representado por cerca de 120 empresas produtoras de cerveja que, juntas, representam 1,53% do PIB nacional (2.6 mil milhões de euros).

Também o setor cervejeiro europeu gera um impacto económico considerável, com 40 mil milhões de euros em receitas fiscais e 52 mil milhões de euros em valor acrescentado. Quanto à empregabilidade, em Portugal, o setor gera cerca de 98 mil empregos (2 milhões a nível europeu) e embora a sua produtividade seja duas vezes superior à média nacional, os níveis poderiam ser superiores, avança a Associação de setor, sem fins lucrativos, que representa as empresas que, em território nacional, exerçam a indústria da produção e/ou enchimento de cerveja.

O evento da Assembleia Geral dos Cervejeiros de Portugal contou ainda com um painel de discussão composto pelo economista e investigador João Duarte, a professora catedrática Conceição Calhau, a advogada e ex-presidente do GRACE Margarida Couto e a grã-mestre da Confraria da Cerveja, Teresa Apolónia, que debateram a cerveja sob os prismas da economia, saúde e bem-estar, sustentabilidade e cultura cervejeira.

Sobre o autorHipersuper

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José Serras Pereira, Portugal Sales Manager da Lotus Bakeries
José Serras Pereira, Portugal Sales Manager da Lotus Bakeries
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José Serras Pereira: “Biscoff não é apenas uma bolacha, é um sabor”

A Lotus Bakeries, empresa belga reconhecida pelas icónicas bolachas Biscoff, está a reforçar a sua presença em Portugal. Para compreender melhor o que implica esta mudança de estratégia da marca no nosso país, falámos com José Serras Pereira, Portugal Sales Manager da Lotus Bakeries.

Como é que surgiu este desafio de trabalhar a presença da Lotus Bakeries em Portugal?
Sempre trabalhei no setor dos bens de consumo e passei por diversas multinacionais, como a Central de Cervejas, Prime Drinks e Philips. Fui contactado através de um processo de recrutamento para gerir a Lotus Bakeries diretamente em Portugal.
A marca já estava presente no país há alguns anos, através de um distribuidor. No entanto, a nossa estratégia global passa por assumir a gestão direta do negócio quando a marca atinge um certo nível de desenvolvimento. Foi nesse contexto que entrei para liderar este processo, após um exigente processo de entrevistas, e aceitei o desafio de consolidar a presença da Lotus Bakeries no mercado português.

osé Serras Pereira, Portugal Sales Manager da Lotus Bakeries

José Serras Pereira, Portugal Sales Manager da Lotus Bakeries

O que mudou com a transição da distribuição para uma gestão direta da marca?
Quando uma marca é gerida diretamente, conseguimos um foco maior e uma estratégia mais alinhada com os nossos objetivos. O distribuidor fez um excelente trabalho, mas, quando é a própria marca a gerir o conhecimento, os recuros e o foco naturalmente são superiores, com impacto directo nos resultados.
Antes de assumirmos a operação, realizámos uma análise ao mercado, avaliando fatores como o consumo per capita e o potencial de crescimento da categoria. Identificámos um forte potencial de expansão, o que nos levou a tomar a decisão de gerir diretamente a operação. Essa mudança já deu frutos: nos primeiros 8 a 9 meses, realizámos uma transição estruturada e, agora, estamos efetivamente a acelerar o crescimento do negócio.

Que impacto teve esta mudança nos resultados da empresa em Portugal?
Os primeiros números são bastante positivos. Nos primeiros dois meses de 2025, já crescemos mais de 200% face ao mesmo período do ano anterior.
Em 2024, temos seis meses com o distribuidor e seis meses independente. Portanto, temos um ano atípico. Mas se olharmos para 2023, o último ano completo com o distribuidor, e compararmos com 2025, vamos quadruplicar o nosso negócio.

Em que retalhistas podemos encontrar as bolachas Biscoff?
Neste momento, estamos em todos os principais retalhistas, exceto Lidl e Mercadona, onde, estrategicamente, não planeamos entrar no curto prazo. E estamos na Aldi a fazer alguns in and outs.
Estamos também a expandir a nossa presença através de inovação e a garantir que os consumidores têm mais oportunidades de experimentar os nossos produtos em diferentes momentos de consumo.

E as parcerias que têm com McDonald’s e Delta, por exemplo, são importantes?
É importantíssimo. Mantemos parcerias estratégicas com marcas como McDonald’s, KFC, Delta e Wheel Frozen Yogurt, entre outros, que são fundamentais para aumentar a notoriedade da marca e permitir que mais consumidores experimentem o sabor Biscoff.

Quais são os principais fatores para o sucesso da Lotus Bakeries a nível global?
A marca apresentou no mês passado os resultados globais na Bélgica. E voltámos a crescer a cerca de 16%. Vamos com uma média de crescimento dos últimos 10 anos muito perto dos 20%. Ou seja, a marca globalmente está de facto num momento muito saudável. E isso ajuda-nos a todos, pois cada vez mais vivemos num mundo global.
A Lotus Bakeries, nomeadamente com Biscoff tem três pilares fundamentais para o seu crescimento global. O primeiro é o produto. O nosso sabor, a nossa textura é muito forte. E, dentro do produto, destaco a versatilidade. Nascemos como uma marca cujo grande momento de consumo era o café. Se formos a países como a Bélgica e Holanda, o consumo do café é um momento fortíssimo.
Depois a marca evoluiu, e esse é um foco a curto prazo em Portugal, para um snack de consumo doméstico, onde somos cada vez mais fortes.
O segundo está relacionado com parcerias globais. Acreditamos que trabalhar com marcas como McDonald’s, KFC, Haagen dazs entre outras, tem sido um motor de crescimento, permitindo que os consumidores experimentem o nosso produto de forma natural e integrada no dia a dia.
Por último, a acessibilidade: a nossa estratégia passa por estar presente em vários momentos de consumo, tanto no retalho como em cafés e pastelarias, e oferecer um preço competitivo que facilite a experimentação.

A Lotus Biscoff posiciona-se como uma marca premium?
Não. Queremos afastar-nos dessa perceção. Não somos premium, somos mass market. É aí que nós queremos competir. Como sabe, nesta categoria, assistimos a uma série de subidas de preços e todos têm subido, de forma bastante relevante, os preços. Nós temos aguentado exatamente para nos posicionarmos com um preço médio mais competitivo.

Como têm acompanhado esta subida de preços das matérias-primas?
Optámos por manter um preço competitivo. Utilizamos promoções estratégicas para garantir que mais consumidores experimentam o nosso produto, uma tática essencial num mercado tão competitivo como o português. No curto prazo, o principal o principal KPI do nosso negócio, mais do que a quota de mercado, é a penetração. Ou seja, para nós é fundamental chegar à casa dos consumidores.
As promoções desempenham um papel fundamental no mercado português. Funciona muito bem e, portanto, temos tentado estar mais vezes em promoção, garantindo que o nosso posicionamento promocional é suficientemente atrativo para as pessoas experimentarem.

Como estão a trabalhar o crescimento e a inovação da marca?
A inovação é um fator-chave. O Biscoff não é apenas uma bolacha, é um sabor, e o nosso objetivo é expandir esse sabor para novas categorias, como gelados, chocolates e cremes de barrar.
Biscoff não é só bolachas, Biscoff é um sabor. A inovação passa muito mais por dentro de outras categorias tendo o sabor Biscoff presente junto dos nossos consumidores e dos nossos shoppers. O grande foco da empresa é o desenvolvimento do sabor Biscoff, que é ligeiramente diferente do tradicional da FMCG das grandes empresas.

O mercado português tem alguma particularidade em relação a outros países que exija um trabalho específico da marca?
Sim, cada mercado tem as suas especificidades, e Portugal não é exceção. Em comparação com Espanha, por exemplo, onde a regionalização tem um peso significativo. Nós é quase tudo nacional.
Uma das principais particularidades do mercado nacional é o peso das promoções e a elevada concentração do retalho. Dois dos principais players representam quase 50% do mercado, o que é uma realidade pouco comum noutros países. Além disso, no mercado português as promoções têm um grande peso.
Outra especificidade relevante é a estrutura de distribuição para o canal Horeca. Em Portugal, os cash & carries são tipicamente route to market para o canal tradicional. Esta dinâmica obriga-nos a ter uma estratégia de pricing bem definida para os três canais principais: retalho, cash & carry e distribuidores.

A marca tem uma estratégia específica para diferentes faixas etárias?
Essa segmentação é essencial. Fizemos alguns estudos de consumidor e um dos insights mais interessantes foi perceber que o maior momento de consumo de bolachas em Portugal é ao pequeno-almoço, e que o maior grupo de consumidores tem menos de 35 anos.
Atualmente, o nosso produto é mais consumido por um público acima dos 35 anos, associado a momentos como o café, um snack indulgente à tarde ou um guilty pleasure ocasional depois do jantar. No entanto, para expandirmos o consumo a faixas etárias mais jovens, apostámos na inovação, lançando bolachas recheadas com chocolate, baunilha e creme Biscoff.
Nos mercados onde já introduzimos esta inovação, verificámos um aumento da penetração em consumidores mais jovens e um maior consumo ao pequeno-almoço. Acreditamos que essa tendência se repetirá em Portugal, o que nos permitirá aumentar a nossa base de consumidores e impulsionar o crescimento da marca.

Como está a evoluir a operação ibérica da Lotus Bakeries?
A nossa expansão em Espanha nos últimos anos foi impressionante: em 2017, faturávamos 3 milhões de euros e, em 2025, vamos fechar com cerca de 50 milhões de euros.
O nosso objetivo para Portugal é replicar esse sucesso, ajustando a estratégia às especificidades do mercado nacional, como a concentração do retalho e a forte dependência das promoções.

Quais são os planos futuros para a marca em Portugal?
A curto prazo, o foco está no crescimento das vendas e ponto de venda. Queremos garantir que os consumidores encontram os nossos produtos nos principais retalhistas e canais de consumo.
A médio prazo, vamos expandir a equipa e estruturar melhor as nossas operações, contratando Key Account Managers, especialistas em Category Management e equipas de vendas para fortalecer a nossa presença no mercado.

Sustentabilidade é uma prioridade para a Lotus Bakeries?
Sim, totalmente. A sustentabilidade é um pilar estratégico para o grupo e não abdicamos dele para crescer mais rapidamente.
Temos metas ambientais definidas, como a redução da pegada de carbono, e todas as nossas novas fábricas seguem critérios de sustentabilidade rigorosos. Este compromisso reflete-se também na forma como desenvolvemos os nossos produtos e embalagens.

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Alimentar

Planta junta-se a Gordon Ramsay em nova campanha global Skip the Cow

A Planta acaba de anunciar uma nova parceria com o chef Gordon Ramsay, no âmbito da campanha internacional Skip the Cow, que convida os consumidores a experimentarem uma alternativa vegetal à manteiga tradicional.

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Nesta nova colaboração, Ramsay testa e aprova a Planta Planteiga, um produto 100% vegetal, feito com apenas sete ingredientes naturais e que promete o mesmo desempenho e sabor rico da manteiga de origem animal, mas com menos 75% de impacto climático. O objetivo da campanha é claro: ajudar os consumidores a elevarem os seus hábitos culinários de forma mais sustentável, sem comprometer o sabor.

“Acredito numa alimentação natural, com ingredientes de qualidade, e posso dizer com toda a sinceridade que a Planta Planteiga me surpreendeu. Desde ovos mexidos a bolos de chocolate, pus o produto à prova. Dá-me a cremosidade e o sabor rico que obtenho da manteiga, com a vantagem de ser mais sustentável. Convido as pessoas testarem este produto e verem o que conseguem criar nas suas casas!”, afirma Gordon Ramsay.

“Não podia estar mais orgulhosa de anunciar a nossa nova campanha Skip the Cow, que conta com a participação do icónico Gordon Ramsay. Esta campanha representa um ousado passo em frente na apresentação da versatilidade e sabor da Planta Planteiga para cozinhar. A paixão de Gordon por comida excecional alinha-se perfeitamente com o nosso compromisso com a inovação e a oferta de alternativas sustentáveis, sem lacticínios, que não comprometem o sabor ou o desempenho. E se Gordon Ramsay acha que é bom, quem somos nós para discordar?”, comenta Jessica Pita, Iberia Marketing Lead da Flora Food Group.

A parceria surge num momento em que, segundo um estudo da OnePoll, 57% dos portugueses que cozinham confiam nas mesmas cinco receitas, e 20% só experimentam uma nova receita de poucos em poucos meses. No entanto, 86% dizem querer melhorar as suas competências na cozinha.

A campanha Skip the Cow já está a ser lançada a nível mundial, com presença em televisão, canais digitais e outdoor, e chega agora também a Portugal.

Sobre o autorHipersuper

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Retalho

Lidl reforça apoio aos Bombeiros Portugueses com nova campanha através da app Lidl Plus

A iniciativa decorre até 27 de abril e vai atribuir 3.000 euros a uma corporação por distrito, totalizando 54.000 euros em donativos.

Hipersuper

O Lidl Portugal acaba de lançar uma nova campanha solidária que reforça o apoio às Corporações de Bombeiros Portugueses, desafiando os seus clientes a contribuírem de forma simples, através da utilização da app Lidl Plus.

A campanha insere-se na estratégia de sustentabilidade da insígnia, ‘Mais Lidl’, que se estrutura em três eixos: Mais para o Planeta, Mais para a Comunidade e Mais para Si. Neste caso, a ação visa simultaneamente incentivar a digitalização de faturas, promovendo a redução do consumo de papel, e apoiar os bombeiros portugueses num momento em que se aproximam os meses críticos do verão.

A dinâmica é apresentada como simples: a loja Lidl de cada distrito que registar o maior número de faturas eletrónicas entre 14 e 27 de abril vai escolher a Corporação de Bombeiros local a quem será entregue o donativo. A campanha volta assim a mobilizar clientes para causas sociais, reforçando a parceria com a Liga dos Bombeiros Portugueses, numa colaboração que já soma três campanhas consecutivas.

Desde 2016, o Lidl já doou mais de 200.000 bens alimentares, equivalentes a 154.000 euros, às corporações de bombeiros em Portugal. Estes apoios têm sido distribuídos através das lojas e entrepostos da insígnia, de Norte a Sul do país, especialmente durante os períodos mais críticos de combate a incêndios.

Apoio do Lidl aos Bombeiros


  • 200.000 bens alimentares doados desde 2016

  • +154.000 euros em valor total de apoio

  • 54.000 euros em donativos previstos na campanha de abril de 2024

  • 3.000 euros por corporação distrital

  • 18 corporações apoiadas diretamente nesta nova iniciativa

  • 3 campanhas já realizadas através da app Lidl Plus

Sobre o autorHipersuper

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Alimentar

Nacional moderniza a embalagem das suas icónicas Marinheiras

A nova embalagem destaca-se pelo seu sistema de abertura e fecho fácil, que permite o consumo gradual das bolachas, mantendo-as frescas por mais tempo.

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A Nacional acaba de lançar uma nova embalagem para a sua gama de bolachas Marinheiras, numa iniciativa que se insere no processo de rebranding da marca. Esta novidade chega ao mercado com o objetivo de proporcionar uma melhor experiência aos consumidores.
Atualmente posicionada como uma das marcas de referência no segmento das Marinheiras, a Nacional continua a investir em inovação para consolidar a sua presença nos lares portugueses. A nova embalagem destaca-se pelo seu sistema de abertura e fecho fácil, que permite o consumo gradual das bolachas, mantendo-as frescas por mais tempo.
“Este lançamento representa um marco importante na evolução da nossa marca. Queremos oferecer aos consumidores produtos que aliam tradição, qualidade e praticidade. A nova embalagem das Marinheiras reflete o nosso compromisso com a inovação, sem nunca perder a essência que nos define há mais de 170 anos”, afirma Filipa Rosa, Biscuit Category Manager da Nacional.
Sobre o autorHipersuper

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ESG

Recolha de embalagens aumentou mas Portugal mantém risco de incumprimento

O país precisa de acelerar para aumentar a recolha em todos os materiais de embalagem, nomeadamente no vidro e ECAL, conseguir cumprir as metas de 2025, alerta a Sociedade Ponto Verde.

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Nos primeiros três meses de 2025, Portugal registou um aumento de 4% na recolha seletiva de embalagens, com mais 4.377 toneladas a serem enviadas para reciclagem, em comparação com o período homólogo do ano anterior.

O volume total recolhido supera as 116 mil toneladas, mas este ritmo de crescimento é insuficiente para Portugal conseguir cumprir as metas para este ano.

Em 2024, para o mesmo período, os serviços de recolha seletiva de resíduos de embalagens financiados ao SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens), pela Sociedade Ponto Verde (SPV) e outras entidades gestoras, atingiram o montante de 26,4M€. Já em 2025 os custos destes mesmos serviços atingiram 47,7M€, após a decisão de novos valores de contrapartida pelo Ministério do Ambiente e Ministério da Economia, igualmente para o 1º trimestre.

“O país tem de garantir a recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado durante este ano. Nesta medida, a prioridade tem de passar por melhorar significativamente o nível de serviço que é prestado aos cidadãos por parte dos sistemas municipais e multimunicipais, dispondo o SIGRE  de mais recursos financeiros para realizar investimentos em gerem resultados e ajudem a alcançar esse objetivo”, defende a Sociedade Ponto Verde.

Turismo é um desafio

Os dados dos três primeiros meses deste ano mostram que o vidro continua a ficar aquém da performance das outras embalagens, já que foram recolhidas 48.568 toneladas dos vidrões, “o que significa uma estagnação em comparação com igual período de 2024 (0%)”, informa a SPV.  Em relação às embalagens de cartão para alimentos líquidos (ECAL), foram recolhidas 2.247 toneladas (-5%), enquanto nos restantes materiais os dados do SIGRE, no mesmo período em análise, revelam que foram encaminhadas para reciclagem 38.157 toneladas de papel/cartão (+5%), 20.425 toneladas de plástico (+7%) e 467 toneladas de alumínio (+5%).

Nos três primeiros meses de 2025 a quantidade de vidro recolhido nos vidrões, estagnou em relação ao mesmo período de 2024

A SPV refere ainda o crescimento do turismo, impulsionado pelo aproximar do verão, como um desafio acrescido para a meta de recolha seletiva de 65% de todas as embalagens colocadas no mercado este ano. “Reduzir o impacto dos visitantes nos resíduos produzidos e na reciclagem de embalagens, torna ainda mais crucial acelerar a implementação de soluções tecnológicas inovadoras, em determinadas zonas do país, que permitam melhorar as redes de recolha junto do consumidor residencial e/ou do canal Horeca, onde existe uma maior pressão no consumo fora de casa”, alerta.

Para a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, “estes dados mostram que continua a existir a necessidade de uma maior articulação e colaboração entre todos os agentes da cadeia de valor para tornar o sistema cada vez mais eficiente e o país conseguir cumprir a meta que está definida para a reciclagem de embalagens em 2025”. A SPV mantém não só a sua disponibilidade, mas também um investimento muito significativo ultrapassar os desafios. Em particular, no tema do vidro e com foco no Horeca, alocámos 600 mil euros para financiar projetos de comunicação integrados no nosso programa ‘Juntos a Reciclar ++’, um claro esforço para continuarmos a trazer inovação ao país, sempre em cooperação com os parceiros que estão no terreno, e de forma a gerar mais e melhor reciclagem de embalagens deste material”, exemplifica.

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Exportação

CONFAGRI quer grupo de trabalho a monitorizar taxas dos EUA

“É tempo de olhar e reconhecer a importância estratégica da agricultura e abrir novos canais comerciais”, defende Idalino Leão, presidente da CONFAGRI.

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Para a CONFAGRI é “essencial” haver uma resposta concertada, “assente no diálogo, na união e na preparação estratégica do setor”.

Em causa está a “crescente incerteza gerada pelos mais recentes desenvolvimentos nas políticas comerciais internacionais”, aponta, em particular no que respeita à imposição de taxas de importação de 25% 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis e outras “recíprocas” de 20% para um leque alargado de outros bens e que deverão entrar em vigor a 15 ne julho.

Em respostas, a União Europeia avançou, a 9 de abril, com a decisão de cobrar tarifas sobre importações a bens agrícolas e industriais norte-americanos.  São cerca de 1700 produtos, que vão passar a pagar pelo menos 25% para entrarem no espaço da UE.

Partilhando a legítima preocupação dos produtores e empresas agroalimentares nacionais, Idalino Leão, presidente da CONFAGRI sublinha que “este é o momento para agir com bom senso e serenidade, sendo importante alavancar medidas que visem mitigar as dificuldades dos setores agrícolas mais afetados direta e indiretamente pelas tarifas”.

Para a CONFAGRI é “essencial” haver uma resposta concertada “assente no diálogo, na união e na preparação estratégica do setor”

Nesse sentido, e ainda que afirme manter “a esperança de que se consiga alcançar um bom entendimento entre os líderes mundiais”, a CONFAGRI está a propor a criação de um grupo de trabalho que congregue os representantes de todos os elos da cadeia de abastecimento e produção agroalimentar, “com o objetivo de monitorizar, de modo articulado e permanente, os desenvolvimentos e negociações internacionais, de forma a agir, atempadamente, em prol da defesa da estabilidade económica e da soberania alimentar de Portugal”.

Para Idalino Leão, “é tempo de olhar e reconhecer a importância estratégica da agricultura e abrir novos canais comerciais.”, sendo necessário garantir que, perante contextos de crise, o setor agroalimentar dispõe dos instrumentos necessários para assegurar estabilidade aos produtores, às empresas e aos consumidores portugueses”.

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