Pescanova quer ‘livrar-se’ de unidade em Mira
A Pescanova quer “livrar-se” da sua unidade de aquicultura em Mira por considerar que o projecto não é estratégico e acumula prejuízos, avança um jornal galego
Rita Gonçalves
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A empresa pesqueira espanhola Pescanova, actualmente em pré-concurso de credores, quer “livrar-se” da sua unidade de aquicultura em Mira por considerar que o projecto não é estratégico e acumula prejuízos, avança hoje um jornal galego.
O jornal La Voz de Galicia refere que, aquela unidade, na qual a Pescanova investiu 140 milhões de euros – e que chegou a ser considerado “o projecto-estrela” da empresa – “se converteu agora num lastro”.
O jornal cita fontes conhecedoras do plano de negócios da Pescanova, que referem que a unidade portuguesa está na lista de activos não estratégicos do grupo e que o futuro passa pelo desinvestimento em Portugal, numa unidade, “que desde a sua inauguração em 2009, só representou perdas”.
Recorde-se que a empresa Acuinova Portugal estava inicialmente para ser instalada na zona de Touriñán, mas o então Governo de coligação do PSOE e do BNG impediu a sua construção alegando que aquela era uma zona protegida.
O então presidente da Pescanova, Manuel Fernández de Sousa, mudou o projecto para Portugal com o objectivo de criar a maior unidade de rodovalho do mundo, capaz de produzir 7.000 toneladas por ano, refere a imprensa.
Números que não se cumpriram, tendo a unidade portuguesa produzido apenas 2.880 toneladas em 2010, 3.931 em 2011 e 4.397 toneladas no ano passado.
O jornal refere que esses resultados se devem a graves falhanços na infra-estrutura, que levaram a Pescanova a apresentar uma queixa contra a Sacyr por defeitos de construção que ocasionaram vários acidentes e prejuízos superiores a 50% da produção.
Fontes da Acuinova Portugal insistem que a unidade é viável e garantem que deverá retomar a produção em 2014.
Em Agosto, fonte da unidade em Mira disse à Lusa que o fecho da fábrica em Mira “não é um tema em cima da mesa” e que a unidade, investimento contestado pelo antigo presidente do grupo espanhol, continua a ser “viável”.
Na altura, o vice-presidente da câmara municipal de Mira, Miguel Grego, considerou que a imprensa espanhola “nunca gostou que o investimento tivesse ido para Mira, pois defendiam-no para a Galiza”, notando também “um ‘revanchismo’ claro” e “um acertar de contas” do ex-administrador da Pescanova Alfonso Paz-Andrade por “não ter conseguido o investimento” para a comunidade autónoma espanhola.
“Estas guerras internas da Pescanova não têm reflexo dentro da fábrica de Mira”, disse então à agência Lusa Miguel Grego que, apesar de “confiante”, apresenta alguma preocupação face às “notícias alarmistas, que podem criar uma pressão sobre os bancos e estes pressionarem a empresa”.
A unidade de aquicultura de Mira, que conta com cerca 170 trabalhadores nos quadros, e um investimento inicial de cerca de 140 milhões de euros, teve problemas de funcionamento ao nível do emissário de recolha de água, que motivaram um processo de ‘layoff’ de metade dos trabalhadores em Janeiro deste ano, sendo que mais de 50 dos trabalhadores dispensados foram reintegrados em Julho, segundo Miguel Grego.
Na próxima semana, os accionistas, credores e administradores da Pescanova deverão conhecer a versão definitiva de um plano de viabilidade para a empresa preparado pela consultora PwC.
Com Lusa