Língua portuguesa é passaporte para um mundo com 260 milhões de falantes
Pelas contas do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua, o português “é a quinta língua mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais como o Facebook e o Twitter”
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Rita Gonçalves
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Logo nas primeiras aulas do curso de português, os alunos da Universidade de Estudos Estrangeiros de Pequim (Beiwai) aprendem os nomes dos oito países lusófonos, descobrindo que, afinal, aquela língua não é falada apenas em Portugal ou no Brasil.
Por coincidência, Portugal é dos mais difíceis de pronunciar, devido ao som “r”, que não existe na sua língua em chinês, Portugal chama-se “Pu Tao Ya”. É uma tradução sonora, como A n Ge La (Angola), Mo Sang Bi Ke (Moçambique) ou Ba Xi (Brasil).
“Quando comecei (em 1998) não sabia sequer que no Brasil também se falava português”, contou uma antiga aluna da Beiwai. “Nessa altura não tinha internet nem telemóvel”.
Cerca de 600 milhões de chineses estão já ligados à internet, mas ainda hoje, “antes de ingressarem no curso, muitos alunos não sabem quais são os países que falam português”, diz o director do Departamento de Português da Beiwai, Ye Zhiliang.
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) representa cerca de 260 milhões de pessoas, 80% das quais brasileiras. O Brasil é também o quinto país mais populoso do mundo, a seguir à China, Índia, Estados Unidos e Indonésia.
Pelas contas do Camões – Instituto de Cooperação e da Língua, o português “é a quinta língua mais usada na Internet e a terceira nas redes sociais como o Facebook e o Twitter”.
Até há cerca de uma década, não contando com Macau e Hong Kong, apenas três universidades chinesas tinham licenciaturas em português: a Beiwai, a mais antiga do país, criada em 1961, a Universidade de Estudos Estrangeiros de Xangai e a Universidade de Comunicações, em Pequim.
Actualmente há dezoito, espalhadas por uma dezena de cidades, desde Harbin, capital da província de Heilongjiang, junto à Sibéria, até Haikou, na tropical ilha de Hainan.
A maioria apareceu nos últimos cinco anos, coincidindo com o rápido desenvolvimento das relações económicas da China com a CPLP, e em particular Angola e Brasil.
O número de estudantes ultrapassou os 1.100 em 2012 e no próximo ano, só em Pequim, deverão abrir mais dois cursos.
Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil e centenas de empresas chinesas operam em Angola.
Em 2012, uma companhia estatal chinesa, China Three Gorges, pagou 2.700 milhões de euros por 21,3% do capital da EDP, tornando-se o maior accionista da eléctrica portuguesa. Foi uma das maiores aquisições da China na Europa.
A presença chinesa em Moçambique, Timor-Leste e outros países da CPLP é também cada vez mais forte. “Os chineses que falam português são muito procurados”, diz Liu Jiantong, finalista do curso de português da Beiwai.
O embaixador de Portugal na China, Jorge Torres-Pereira, constatou o mesmo fenómeno: “Nos contactos com empresas chinesas interessadas nos mercados de língua portuguesa noto sempre uma grande apetência por funcionários que consigam falar português”.
“Falar português é uma mais-valia para obter emprego”, salienta o diplomata.
Governantes da China e de sete países de língua portuguesa, entre os quais um primeiro-ministro, um vice-presidente e três vice-primeiros-ministros – entre os quais o representante de Portugal, Paulo Portas -, reúnem-se na próxima semana em Macau para dinamizar as relações económicas e iniciar “um novo ciclo” de cooperação.
“Novo ciclo, novas oportunidades” é também o lema da IV reunião ministerial do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial China-Países de Língua Portuguesa, que decorrerá na terça e quarta-feira naquela Região Administrativa Especial chinesa.
Com Lusa