Fileira dos pequenos frutos exporta €36 milhões
O cultivo de pequenos frutos está “na moda” em Portugal, com a crise a disponibilizar a mão-de-obra que faltava para a colheita

Rita Gonçalves
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O cultivo de pequenos frutos está “na moda” em Portugal, com a crise a disponibilizar a mão-de-obra que faltava para a colheita e a fazer da agricultura um projecto de vida alternativo para muitos jovens desempregados.
“Os pequenos frutos já existem em Portugal há 20 anos, mas, como são uma actividade que incorpora muita mão-de-obra, sobretudo na colheita, antes da crise não eram muito apetecíveis, porque não havia pessoas desempregadas com necessidade de trabalhar na colheita”, afirmou o engenheiro agrónomo José Martino, em entrevista à agência Lusa.
A esta “oportunidade” criada pela crise, que disponibilizou mão-de-obra disponível para responder às solicitações da colheita, juntou-se uma outra: a percepção, por parte dos muitos jovens sem emprego, de que a agricultura “é uma alternativa de trabalho e de projecto de vida”.
Segundo José Martino, as “aliciantes” ajudas do Programa de Desenvolvimento Rural (PRODER) fizeram o resto, facilitando bastante o “empreendedorismo na agricultura”.
Rentáveis em áreas pequenas
Actualmente, os dados do Gabinete de Planeamento e Política do Ministério da Agricultura apontam que a fileira nacional dos pequenos frutos representa mais de 36 milhões de euros de exportações, mas o engenheiro agrónomo antecipa que, “nos próximos cinco anos, vai ultrapassar os 50 milhões de euros e, dentro de 10 anos, aproximar-se muito do valor das exportações de azeite, cerca de 215 milhões de euros”.
Entre as plantações preferidas pelos jovens agricultores, desde logo assumiram lugar de destaque os pequenos frutos – kiwis, mirtilos, morangos, amoras, framboesas e groselhas – seguidos das plantas medicinais e aromáticas e dos cogumelos.
No caso dos pequenos frutos, o engenheiro agrónomo destaca o facto de poderem ser “rentabilizados com áreas muito pequenas, o que se adapta quer à estrutura do minifúndio, quer ao valor do investimento” dominantes no País.
280 jovens por mês
Segundo avançou à Lusa, o investimento num hectare de pequenos frutos pode custar entre 75 e 100 mil euros, incluindo plantações e infra-estruturas e melhoramentos fundiários, sendo as ajudas públicas disponíveis “muito interessantes”: No caso dos jovens agricultores (até 40 anos) e de um investimento até 75 mil euros, os apoios são de 100% numa região desfavorecida e de 90% nas regiões favorecidas.
Neste contexto, José Martino diz estarem actualmente a lançar-se na agricultura em Portugal “280 jovens por mês”, a “grande maioria” dos quais na área dos pequenos frutos.
De acordo com o engenheiro agrónomo, Portugal tem, na cultura destes frutos, “uma vantagem competitiva muito forte”, designadamente no Algarve e no sudoeste alentejano: devido ao clima, consegue-se aqui “uma precocidade na produção que cria uma mais-valia no mercado, pois, dependendo das espécies, podem produzir durante o Inverno ou a Primavera, sem ser necessário aquecer como acontece na maioria da Europa”, explica.
Margem elevada
Apesar de a actual produção de pequenos frutos em Portugal ser ainda modesta, o engenheiro agrónomo nota que tem já algum significado em valor, devido ao preço elevado praticado ao consumidor.
Vendidos em cuvetes de 125 gramas, cujo preço varia entre os dois e os quatro euros, os pequenos frutos permitem um valor por quilo “relativamente elevado, entre os 16 e os 32 euros”.
“Mesmo tirando a margem do supermercado e do grossista, dá sempre um preço à produção entre os quatro e os oito euros e este é que é o aliciante do negócio”, sustentou José Martino.
Outra “grande vantagem” do negócio dos pequenos frutos é estarem “em linha com o novo posicionamento dos consumidores na alimentação”: são frutos muito ricos em antioxidantes, pelo que podem ser consumidos em quantidade com benefícios para a saúde.
Adicionalmente, têm grande procura por parte de mercados “com grande poder de compra”, sendo a quase totalidade da produção nacional exportada para os países do norte e centro da Europa.
O circuito habitual, explicou, é a venda para a Holanda, Bélgica e Alemanha, de onde depois se dissemina para os países nórdicos.
Com Lusa