Marcas pedem ajuda ao Governo espanhol
As Marcas de Fabricante pedem ao novo Governo espanhol, liderado por Mariano Rajoy, que as ajude na internacionalização e que ponha um travão ao domínio das cadeias de distribuição.
Victor Jorge
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O sector alimentar quer que se reconheça a sua importância na economia. “Somos o sector mais importante da produção espanhola, à frente do automóvel ou construção, com uma participação de 17% no PIB industrial. Também somo o primeiro sector em termos de emprego, além de ter sido dos pouco que não destruiu postos de trabalho durante os últimos anos de crise. E temos uma balança de pagamentos positiva. Isso tudo tem a ver com o valor que criamos”. É desta forma que Bernard Meunier, director-geral da Nestlé Espanha se referia ao sector à realidade vivida no país vizinho ao falar num evento organizado pela Associação Espanhola de Empresa de Produtos de Marca (Promarca).
Já o presidente da Promarca, Ignacio Larracoechea, acrescentava que “o grande consumo é o segundo sector industrial espanhol, atrás do turismo, por contribuição para o PIB geral e com metade da taxa de desemprego do país”.
Estes pressupostos serviram às marcas de grande consumo em Espanha para pedir apoio ao novo Governo liderado por Mariano Rajoy para poderem manter a sua capacidade de inovação e reequilibrar a cadeia de valor que geram e que se viu alterada devido à crise. Além disso, a internacionalização é um tema importante para os responsáveis das marcas. “A inovação está registar uma paragem no grande consumo, onde 80% dos novos lançamento fracassam porque não existe a distribuição necessária. Reter o desenvolvimento e a capacidade de escolher o consumidor é negativo para a economia”, salientou, por sua vez, o director-executivo do grupo Leche Pascual, Ignacio García-Cano.
As Marcas de Fabricante (MdF) geram cerca de 22 mil milhões de euros para a economia espanhola, avançaram os números disponibilizados pela ESADE Business School, registando-se que estão a ser fortemente afectadas pelo consumo de Marcas da Distribuição (MdD).
“A descompensação é enorme”, admitiu Josep M. Oroval, director do Centro da Marca da ESADE Business School. “As cinco grandes cadeias de distribuição controlam 75% das compras que se realizam no país e algumas destas cadeias podem representar 20% para as vendas de um fabricante”, salientou ainda Oroval.
Por isso, as marcas de grande consumo, bem como as empresas espanholas em geral, “também necessitam do apoio do Governo na sua internacionalização. É prioritário”.
Para Larracoechea, por sua vez, o Executivo liderado por Rajoy deveria potenciar a liderança das empresas alimentares espanholas nos mercados externos e adequar as normas de concorrência à realidade actual. “Antes, as marcas eram poderosas e acusavam-nos de posição dominante. Hoje, contudo, são as cadeias de distribuição que concentram 60% do consumo, o que é negativo para as grandes marcas e para o sector primário, onde o desemprego não pára de crescer e as empresas a fechar”.