Paletes e contentores: sector resiste à crise
Os operadores de paletes e contentores estão a conseguir trocar as voltas à recessão no consumo. Apostar na exportação, crescer à boleia da Moderna Distribuição e diferenciar a oferta, são estratégias para crescer na crise
Rita Gonçalves
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O consumo privado em Portugal caiu 5,2% no primeiro semestre deste ano, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.
Apesar de a actividade dos produtores e distribuidores de paletes e contentores estar directamente ligada à produção e distribuição de bens de consumo, os operadores perscrutados pelo Hipersuper afirmam que a derrapagem no consumo está a afectar o negócio “de forma ligeira” havendo mesmo empresas que anunciam aumentos nas vendas. Porque estão activamente a fazer frente à crise ou aprenderam a tirar partido das contrariedades.
Por outro lado, como explica Paula Afonso, responsável da Plastidom, o pior poderá estar para vir. “O contexto económico pode repercutir-se negativamente assim que os níveis de stockagem e de entregas sejam reajustados aos novos padrões de consumo, se se mantiver a tendência de redução”. Com a incerteza à espreita, vale a pena tomar nota das iniciativas das empresas portuguesas para combater as vicissitudes que afectam um sector em alerta.
Para fazer face ao abrandamento da procura em Portugal, a Baquelite Liz virou-se para o mercado externo. “Exportar é cada vez mais sinónimo de crescer e desenvolver”, sublinhou em entrevista ao Hipersuper Lucilina Barreiro, responsável pelo departamento de marketing da empresa. “O esforço da Baquelite tem sido empregue na procura de novos mercados, entre os quais se destacam Marrocos, Argélia, Tunísia e alguns países do Norte da Europa. O objectivo é diversificar a carteira de clientes para garantir vendas que compensem a quebra resultante do abrandamento da procura nacional”.
2011 está, no entanto, a ser um ano difícil para a empresa de Leiria que perdeu facturação. “Aguardamos uma retoma lenta, a fragilidade dos sinais de melhoria no mercado não permite grandes optimismos”.
Como trabalha com as principais marcas em Portugal, a retracção no consumo quase passa ao lado da Palette Rouge. A mudança nos hábitos dos consumidores, que optam cada vez mais por marcas do distribuidor em lugar das dos produtores de marca, permitiu à LPR manter o volume de negócios, porque “na maioria dos casos é a mesma empresa que produz ambas as marcas”, revela Flávio Guerreiro, director comercial da empresa que movimenta actualmente mais de 5 milhões de paletes por ano.
Apesar de se notar um decréscimo no consumo de paletes, destacam-se no mercado algumas PME (Pequenas e Médias Empresas) que estão a compensar a quebra alicerçadas nas relações com a distribuição moderna, refere o director comercial da LPR.
E a exportação não é remédio para todos os males. “Para os mercados africano e brasileiro, por exemplo, os produtos são expedidos a granel em contentor, não são utilizadas paletes”.
A exportação pode “impulsionar o volume de paletes movimentadas quando ocorre na União Europeia (UE)”. E ainda há muito potencial neste capítulo, lembra Flávio Guerreiro. “A LPR tem um fluxo substancialmente superior de importação de paletes face às exportadas. Há ainda um largo esforço a desenvolver pelo tecido empresarial nacional”.
A empresa estima fechar o ano com um crescimento de 5%, fruto da captação de novos clientes, sobretudo da área alimentar, oriundos de outras empresas de pool da paletes. “Este indicador revela que, apesar de o mercado viver pressionado com a componente “custo”, não deixa de valorizar a qualidade e o nível de serviço”.
O próximo ano vai ser difícil para todos, prevê o responsável. “Algumas empresas que hoje lutam pela sobrevivência poderão não resistir e outras relativamente confortáveis poderão sentir alguma instabilidade”.
Palser
A Palser estima em 2011 manter a facturação em linha com a do ano passado. Para isso, reforçou o departamento comercial, conseguindo novos clientes e estendido parcerias que já existiam, de forma “a compensar a baixa de produção de alguns clientes e o encerramento de outros”, explica ao Hipersuper Mónica Fernandes, directora de marketing.
Apesar de a crise ainda não ter feito mossa nesta empresa, a responsável de marketing da Palser está convicta que com “todos os aumentos previstos, como, por exemplo, o pagamento de portagens, é impossível às empresas não sentirem alterações no negócio. Perde-se competitividade e as dificuldades aumentam”.
Plastidom
A dona da Domplex aposta na exportação para atenuar a quebra de consumo e da produção na grande maioria das actividades económicas em Portugal. No entanto, Paula Afonso, responsável da Plastidom, corrobora a ideia de que a exportação não é por si só a tábua de salvação para a economia nacional. “A crise é geral e os países de destino procuram minimizar também as suas crises internas”.
O sector de paletes e contentores apresenta um “ligeiro decréscimo” desde o inicio deste ano. Paula Afonso não descarta no entanto a possibilidade de a situação se agravar. “Ainda é cedo para um indicador mais preciso até porque uma das medidas com mais impacto vai fazer-se sentir no final do ano”.
Rotom Portugal
A Rotom está a aumentar as vendas. A empresa com apenas três anos de vida atribui o crescimento, a facturação duplicou no ano passado, à oferta alargada de produtos (ver caixa). As perspectivas de crescimento “são as melhores, temos várias operações em mãos até ao final do ano e já para 2012”, assegura Miguel Correia, director-geral da Rotom.
Além disso, a empresa está atenta às oportunidades. “As empresas mais rudimentares estão em dificuldade e alguns são nossos parceiros, logo a crise também abre portas e estamos a tirar partido dessas oportunidades”.
O consumo de paletes não tem diminuído, explica, acrescentando que “alguns clientes têm optado por comprar paletes semi-novas, em vez de novas, por questões de aforro económico”.
O mercado angolano, em expansão, e Espanha, “o mercado mais apetecível”, são as apostas da Rotom na frente externa.