Ignorar a Crise não ajuda
Filipe Charters de Azevedo, Manager de Client Profiling da PricewaterhouseCoopers, dá a sua opinião sobre como ignorar a crise não ajuda.

Victor Jorge
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Confesso que há coisas que me enervam. Não estou a falar da crise, guerra, pobreza ou da fome no mundo – esses dados põe-me soturno e com uma tristeza enorme.
Estou a falar de ficar com os nervos em franja com as pequenas miudezas do dia-a-dia, que insidiosamente entram nas nossas vidas e são noticiadas com grande estrondo. São pequenas trivialidades do dia-a-dia que desgastam pela sua agenda escondida, pelo seu ar de inocente e pelo seu ar de quase cientificidade.
De acordo com os títulos dos últimos dias de 2010, os portugueses viveram em folia os dias de Natal, desbaratando em duas semanas o que tanto lhes custa a ganhar em tempo de crise. A empresa que gere o multibanco afirma que as famílias gastaram 6,45 mil milhões de euros na última quadra festiva, mais 387 milhões de euros (9,8%) face a Dezembro de 2009. Associado a este facto indesmentível, alguns analistas concluem que “os portugueses não estão por isso em crise!”, que “nunca se gastou tanto dinheiro!”, e ainda que “apesar da crise, os portugueses não apertam o cinto quando chega o Natal”.
O INE, no seu índice deflacionado de volume de negócios, afirma que em Novembro o volume de negócios do comércio a retalho, excluindo combustíveis e os produtos alimentares, caiu 9% em termos homólogos. Uma tendência negativa que se vem sentindo desde o início do segundo semestre de 2010. Os dados do Banco de Portugal revelam que o consumo privado está a desacelerar já há bastante tempo.
E é de notar que a subida do IVA, agora em 2011, leva evidentemente à antecipação de consumo de bens como os automóveis, electrodomésticos e outros bens duradouros. Bens que, pela sua natureza, são mais fácies de suportar com uma boa entrada, associada ao subsídio de Natal.
Mais, em tempos de crise, os consumidores fazem a despesa apenas no momento em que “tem mesmo de ser”; adiam as suas decisões de consumo para os últimos dias. Não sabendo o que o futuro reserva, este navegar à vista, trata-se de um comportamento racional. Por fim, os saldos e as promoções de algumas lojas iniciaram-se ainda durante a época festiva.
Não sei como fechou o ano em 2010… e muito menos como foram as últimas semanas do ano. Se os gastos subiram, mas o volume de negócios da época festiva desceu, ou vice-versa, é algo que mais cedo ou mais tarde os números do INE irão dizer. Não me parece que os portugueses não saibam o que é a crise e que vivam a Leste das dificuldades. De outra forma, a única coisa que tenho certa é que vivemos tempos difíceis e negar não ajuda.
Filipe Charters de Azevedo, Manager de Client Profiling da PricewaterhouseCoopers