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Opinião

Comissões com meios de pagamento não são uma inevitabilidade

Venho falar-vos de algo icónico na mercearia do Sr. Pires e em muitas outras, por esse país fora. Era estreito e verticalmente longo, de capa dura, com manchas negras, e os cantos reforçados. Era o caderno de fiados. Nas folhas, divididas verticalmente em três colunas, já gastas e meio amarelecidas, tomava-se rigorosa nota das compras feitas pelos clientes que, religiosamente, no final de cada mês, saldavam o valor em dívida.

Opinião

Comissões com meios de pagamento não são uma inevitabilidade

Venho falar-vos de algo icónico na mercearia do Sr. Pires e em muitas outras, por esse país fora. Era estreito e verticalmente longo, de capa dura, com manchas negras, e os cantos reforçados. Era o caderno de fiados. Nas folhas, divididas verticalmente em três colunas, já gastas e meio amarelecidas, tomava-se rigorosa nota das compras feitas pelos clientes que, religiosamente, no final de cada mês, saldavam o valor em dívida.

Sobre o autor
Sara Monte e Freitas

Já aqui vos falei, noutros artigos, do Sr. Pires. O simpático proprietário da mercearia que, na minha infância, tinha tudo aquilo que fazia uma menina sonhar (leia-se: guloseimas!). Receber uma ordem para ir à mercearia, era abrir a porta à esperança de voltar com um saboroso rebuçado de oferta.
Mas, não vos venho falar de guloseimas. Venho falar-vos de algo icónico na mercearia do Sr. Pires e em muitas outras, por esse país fora. Era estreito e verticalmente longo, de capa dura, com manchas negras, e os cantos reforçados. Era o caderno de fiados. Nas folhas, divididas verticalmente em três colunas, já gastas e meio amarelecidas, tomava-se rigorosa nota das compras feitas pelos clientes que, religiosamente, no final de cada mês, saldavam o valor em dívida.
Naquele tempo, havia um único meio de pagamento: dinheiro. Hoje, multiplicam-se as possibilidades. Cartão de débito, cartão de crédito, MB Way, Paypal, referência Multibanco, transferência bancária, carteira digital e até, pasme-se, dinheiro.
Os métodos de pagamento sofisticaram-se, os livros de fiados acabaram, tal como as mercearias, drogarias, pronto-a-vestir, lojas de ferragens e outros pequenos negócios, quase desapareceram. Hoje, raramente pagamos em numerário e as nossas compras são, maioritariamente, em grandes marcas de retalho e grande distribuição.
A desmaterialização do dinheiro e a transição para pagamentos eletrónicos tem-se intensificado, afirmando-se como uma tendência crescente e de futuro. É assim imperativo que os estabelecimentos ofereçam uma variedade alargada de opções de pagamento, para evitar a perda de vendas. Existem diversas opções de terminais de pagamento e modelos de contratação que podem ser adotados, sendo crucial considerar a integração desses terminais com o software de faturação.
Ora, é aí que aparece o lado mais desafiante: comissões. Podem variar, sendo fixas ou variáveis, e podem incluir mínimos ou máximos por transação, dependendo dos montantes transacionados. A avaliação do número de terminais necessários por local também é importante, bem como a adequação ao negócio. O suporte e a manutenção dos terminais são críticos, especialmente em casos de avarias ou necessidade de reposição.
Atualmente, o serviço de pagamento eletrónico é prestado, tanto por bancos tradicionais, como por empresas multinacionais especializadas. Há mais de 20 a operar em Portugal. Cada uma oferece diferentes valências, sendo fundamental conhecê-las para escolher a melhor solução.
Quando falamos destes comissionamentos, há uma ideia cristalizada de que se terão de acomodar na operação, o que não tem de ser, de todo, uma inevitabilidade. Há margem de negociação, que tem de ser sempre considerada, e que, fruto da minha experiência, pode levar a poupanças de milhares de euros anuais em cadeias de grande dimensão.
Ao contrário do senhor Pires, hoje, qualquer empresa de retalho ou distribuição pode fazer os seus recebimentos da forma mais cómoda para si e para os seus clientes, sem que tal tenha impactos maiores na liquidez, na satisfação do cliente e nas fartas comissões a pagar. Há que desmistificar! Não são, de todo, uma inevitabilidade.

Sobre o autorSara Monte e Freitas

Sara Monte e Freitas

Partner da Monte e Freitas | ERA Group
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