“Realizar os WCA em Viseu e na Região Centro é um sentimento de enorme orgulho e satisfação”
A cidade de Viseu recebe, em novembro, os World Cheese Awards 2024. Considerados os ‘Óscares do Queijo’, decorrem pela primeira vez em Portugal. Motivo para uma entrevista a Bruno Filipe Costa, o impulsionador da vinda do evento para Portugal. “A organização portuguesa sempre defendeu a visão que, mais do que ser em Portugal, era na Região Centro, o que significaria receber este evento no berço de um dos mais antigos, mais tradicional e de maior prestígio internacional, entre os queijos nacionais: o Queijo Serra da Estrela”, destaca.
Ana Grácio Pinto
Staples une-se à EDP e dá passo importante na descarbonização de toda a sua cadeia de valor
CTT prepara peak season com reforço da capacidade da operação
Já são conhecidos os três projetos vencedores do Prémio TransforMAR
Campolide recebe a terceira loja My Auchan Saúde e Bem-Estar
Montiqueijo renova Selo da Igualdade Salarial
Sensodyne com novidades nos seus dentífricos mais populares
Salutem lança Mini Tortitas com dois novos sabores
LIGARTE by Casa Ermelinda Freitas chega às prateleiras da Auchan para promover inclusão social
Portugal não tem falta de água, não está é a saber geri-la como deve ser
Zippy convida as famílias a explorarem as suas emoções de forma inclusiva
Como decorreu o processo até a Guild of Fine Food decidir realizar o World Cheese Awards 2024 em Portugal?
Num evento com a dimensão e relevância dos World Cheese Awards, a escolha da região e país anfitriões é encarada como um passo determinante no processo de organização de cada edição, desempenhando um papel significativo, não só para o sucesso do próprio evento, mas sobretudo para a promoção e divulgação dos melhores queijos do mundo em mercados reconhecidos pela sua importância na produção queijeira a nível mundial, que é um dos principais objetivos dos World Cheese Awards.
Dito isto, o processo acabou por ser bastante longo devido, não apenas aos valores envolvidos, mas à necessidade de garantir o envolvimento de uma região que nos permitisse reunir as condições certas para receber o evento. A par disso, a existência de um espaço físico com as dimensões e características adequadas para o evento, a logística, os hotéis, os voos, tudo foram variáveis, por vezes desafiantes de solucionar, e que levaram a que o processo de negociação se estendesse por largos meses. Começámos a falar com a Guild of Fine Food em agosto de 2023, alcançámos o acordo em fevereiro de 2024 e só no final de maio foi possível formalizar com todas as entidades envolvidas. De ressalvar a postura sempre aberta e simpática com que a Guild of Fine Food sempre recebeu a delegação portuguesa.
No final, o que pesou para que o país fosse escolhido? A qualidade dos queijos produzidos em Portugal foi um fator importante?
Acredito que tínhamos a proposta que melhor personificava o evento. Por um lado, era um país que ainda não tinha recebido os WCA, com a mais-valia de que o erámos, ao mesmo tempo, um dos países com melhor gastronomia e produção artesanal. Desde o início, a organização portuguesa sempre defendeu a visão que, mais do que ser em Portugal, era na Região Centro, o que significaria receber este evento no berço de um dos mais antigos, mais tradicional e de maior prestígio internacional, entre os queijos nacionais: o Queijo Serra da Estrela. Tudo isto, combinado com o empenho e profissionalismo da nossa candidatura, onde tenho de destacar o Paulo Salvador, resultaram na vitória de Portugal nessa decisão.
Como se processa a competição e as escolhas do júri?
Vou tentar simplificar um processo que engloba alguma complexidade. Os cerca de 4500 queijos a concurso são divididos por grupos de 45 unidades (100 mesas) e cada uma dessas mesas recebe um grupo de jurados que irá pontuar cada queijo individualmente, numa prova cega e sem saber nada sobre cada um deles – origem, produtor, etc. Assim, teremos um queijo vencedor em cada mesa, resultando num lote de 100 queijos apurados para passar à grande final. Nessa segunda avaliação, um grupo restrito dos mais prestigiados juízes do mundo irá realizar uma nova prova cega. Dessa segunda pontuação, irão resultar as 13 medalhas Super Gold – Os Melhores Queijos do Mundo 2024.
O que destacaria, para além do concurso, como importante no programa deste evento? Haverá outras ações?
A Feira de Produtores é um dos pontos de maior atratividade deste evento. Obviamente que assistir ao vivo, e poder provar, alguns dos melhores queijos do mundo, podendo interagir, no mesmo espaço, com autênticas estrelas mundiais, é uma oportunidade ímpar e talvez única. No entanto, não só de super chefs e jornalistas internacionais mediáticos se faz o evento. As verdadeiras estrelas são os nossos produtores. Numa tenda com 1.100 metros quadrados, os visitantes poderão, não só provar os melhores queijos do mundo, como celebrar aquilo que de melhor se faz em Portugal a nível gastronómico. Serão três dias de queijos, vinho, enchidos e doces, ou seja, os melhores sabores e aromas estarão disponíveis a todos aqueles que nos quiserem visitar.
Referiu que a escolha de Viseu como cidade do evento teve em conta a sua cultura gastronómica e tradição da indústria queijeira. Houve também uma preocupação em descentralizar a realização de grandes eventos?
Sim, isso é bastante claro. Tanto eu como o Paulo Salvador tínhamos esse objetivo delineado desde o primeiro momento. É importante, num país tão pequeno, poder criar condições para que outras cidades e regiões tenham o destaque internacional que tanto merecem. Poder realizar os WCA em Viseu e na Região Centro é um sentimento de enorme orgulho e satisfação, e talvez o maior prémio de termos ganho esta organização. Cada dia que passo na região, com os produtores e com as pessoas, cresce a minha admiração e profundo agradecimento por aquilo que melhor representa Portugal: aqueles que, diariamente, muitas vezes enfrentando profundas adversidades e assimetrias, elevam o nome do país, através do seu trabalho, do seu talento, produtores que criam, com as suas próprias mãos, verdadeira riqueza, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento regionais. Viseu e a Região Centro mereciam esta distinção e tenho a certeza de que será impactante, para quem nos visita de fora de Portugal, conhecer esta terra e esta gente.
Que importância pensa que venha a ter para Viseu e para a região da Beira? Acredita que possa ir além da divulgação do setor e dos seus queijos DOP ou de cariz ‘único’ e dar visibilidade a outros produtos endógenos? Ou até a outros setores, como o do turismo?
Tenho a certeza e tudo faremos por isso. Teremos mais de 100 jornalistas internacionais no território ao longo dessa semana, além de influencers e profissionais de quatro continentes, a quem iremos apresentar a região. Nessa semana, teremos o nosso foco, extraconcurso, na promoção das pessoas, do turismo, dos produtos e, numa palavra, do Centro. Esta pode ser a melhor ação de promoção internacional para esta região e espero que possamos contribuir para futuras exportações e ganhos turísticos e de notoriedade.
E, num plano mais alargado, o que poderão Portugal e os produtores a concurso ganhar com a realização deste evento mediático?
Acima de tudo, acredito que ganham dimensão mundial. Viseu é, neste momento, a ‘Capital Mundial do Queijo’ e isso, por si só, já nos garante uma visibilidade internacional que irá perdurar nos próximos anos. Nesse plano mais alargado, os produtores vão ganhar palco internacional para alavancar os seus produtos e marcas, aumentando significativamente o seu espectro de clientes.