Diogo Castelo-Branco, responsável de I&D e Sustentabilidade
da Mendes Gonçalves
“Existe uma procura crescente do vinagre pelos benefícios reconhecidos para a saúde”
A Mendes Gonçalves, empresa portuguesa da Golegã que produz molhos e temperos para cerca de 40 países, faturou no ano passado 47 milhões de euros. A empresa que desde 2012 […]
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A Mendes Gonçalves, empresa portuguesa da Golegã que produz molhos e temperos para cerca de 40 países, faturou no ano passado 47 milhões de euros. A empresa que desde 2012 produz para a cadeia de fast-food McDonald’s em Portugal e que em 2022, na unidade da Golegã produziu mais de 184 milhões de unidades para a McDonald’s Israel, espera, neste ano que está prestes a terminar, chegar aos 52 milhões.
Com a época natalícia em andamento, quisemos saber mais sobre os vinagres Paladin, que se distinguem cada vez mais pela inovação, irreverência e originalidade. A conversa com Diogo Castelo-Branco, responsável de I&D e Sustentabilidade da Mendes Gonçalves, confirmou o porquê da Paladin ser hoje uma marca referência nesta fileira. O responsável sublinhou ao Hipersuper que o final do ano é sempre interessante para as marcas e destacou a sustentabilidade como tema essencial, que ganha importância crescente de dia para dia a todos os níveis.
O vinagre de vinho branco é a escolha da maioria, mas os vinagres de sidra e biológicos que invadiram as prateleiras dos supermercados, conquistaram definitivamente o seu espaço no cesto de compras dos consumidores. O seu peso nas vendas das empresas é real, muito pela procura por uma alimentação saudável.
“A perda de poder compra é, atualmente, um dos temas na ordem do dia”
Diogo Castelo-Branco afirma que o mês de dezembro é sempre um período de reflexão para as marcas por ser feito o balanço anual e ser pensada a estratégia para o ano seguinte, “perspectivando aquilo que se avizinha, estabelecendo objetivos e metas a alcançar”.
Isto sem esquecer que estamos na época festiva onde a estratégia passa por comunicar e promover, juntamente do consumidor, “os nossos produtos mais especiais” sublinha. “Falo, por exemplo, do nosso vinagre moreno de figo seco, do engarrafado, que é um kit com três vinagres “de alma portuguesa” (cerveja, ginjinha e moscatel) ou dos vinagres de vinho branco e de vinho tinto envelhecidos em barricas de carvalho. Todos estes combinam aquilo que consideramos mais importante para ser percepcionado pelo consumidor nesta altura do ano: a intensidade e a diferenciação do sabor e a exclusividade da embalagem” destaca. “Estes fatores fazem com que estes produtos sejam, ano após ano, aqueles que os consumidores mais procuram” avança ao nosso jornal.
O responsável de I&D e Sustentabilidade da Mendes Gonçalves, reconhece que nenhuma empresa se pode distanciar do ambiente que a envolve e, por isso, garante que a Mendes Gonçalves acompanha o contexto económico e social e está atenta “profundamente e continuamente, as preocupações dos consumidores”. “A perda de poder compra é, atualmente, um dos temas na ordem do dia e, claro, não podemos nem devemos ignorar esta realidade. Nesse sentido, a nossa estratégia mantém-se e passa por ter um posicionamento de preço competitivo para com o mercado, sem nunca descurar a qualidade, sabor e autenticidade a que habituámos o consumidor” assegura. “Continuaremos, todos os dias, a trabalhar no sentido de desenvolver os melhores e mais adequados produtos para os consumidores, sem descurar o preço competitivo e adequado para o mercado em que nos inserimos” acrescenta ainda.
Diogo Castelo-Branco sublinha que em Portugal, e “os dados que dispomos confirmam-nos que a categoria de vinagre mantém a sua importância” com a Paladin a manter-se “como uma das marcas preferidas dos portugueses neste segmento”.
O responsável confirma que o vinagre de sidra continua a merecer a procura dos consumidores lembrando que o balsâmico merece também destaque. “Olhando para a performance deste segmento, destaco o vinagre de sidra, que é o mais procurado pelos consumidores portugueses no que ao retalho diz respeito e também o condimento balsâmico, destacando ainda “a recetividade do mercado a uma das novidades que apresentámos este ano nesta categoria: o vinagre de arroz, que inclui uma gama completa de oito produtos `Molhos do Mundo´, totalmente alinhada com uma das grandes tendências verificadas nos últimos anos: os sabores do mundo e o fenómeno da globalização”.
Presente e futuro por Diogo Castelo-Branco
Quais as principais tendências em Portugal?
As principais tendências na categoria vinagre em Portugal estão cada vez mais relacionadas com a sua sustentabilidade, principalmente em temas relacionados com o modo de produção e origem das matérias-primas utilizadas na produção de vinagre, privilegiando-se o upcycling de frutas, procurando potenciar a redução do desperdício alimentar, e a utilização de matérias-primas provenientes de agricultura biológica. Na saúde e nutrição existe uma procura crescente do vinagre pelos benefícios reconhecidos para a saúde que este pode ter, em particular o vinagre de sidra e variações de vinagres a partir de vinagre de sidra, inclusive em bebidas, como infusões, sendo a tendência das bebidas com base de vinagre uma tendência com mais expressão em mercados mais desenvolvidos, como os EUA e alguns países do Centro e Norte da Europa.
Os consumidores procuram também indulgência na categoria de vinagres existindo um interesse e consumo crescentes de vinagres agridoces, em que se procura utilizar a mesma matéria-prima que deu origem ao vinagre, criando excelentes combinações sensoriais entre uma base doce e a base ácida, características dos vinagres. Este tipo de vinagres trouxe algumas aplicações culinárias que não estavam anteriormente destinadas à categoria de vinagres, deixando de fazer apenas parte de saladas, passando a fazer parte de toda a refeição, desde a sopa a sobremesas.
Por via do aumento do teor de açúcares em vinagres começa agora a surgir uma nova tendência de redução do teor de açúcar sem que a indulgência e a experiência sensorial seja comprometida.
Que principais desafios esperam para o próximo ano?
Como principais desafios, destaco aqueles que acredito serem transversais a todas as marcas. Em primeiro lugar, no que diz respeito à sustentabilidade dos produtos. A sustentabilidade dos nossos produtos é um tema essencial, que ganha importância crescente de dia para dia a todos os níveis. A nível de matérias-primas, a proximidade e resiliência da cadeia de fornecimento é um ponto essencial que procuramos garantir num espírito de parceria e confiança com os nossos fornecedores, procurando também junto dos fornecedores soluções mais sustentáveis a nível de redução de utilização de materiais de embalagem ou a nível logístico, que nos permitam reduzir a nossa pegada. A nível de materiais de embalagem para os nossos produtos estamos a trabalhar, no curto prazo, ao nível da incorporação de plástico reciclado, da otimização de pesos de embalagens e da garantia de reciclabilidade dos materiais utilizados (através de uma seleção muito criteriosa dos materiais e dos vários componentes de embalagem que compõem o produto final).
Em segundo lugar, o crescimento das marcas de distribuição, transversal a todos os mercados e categorias. As marcas de distribuição representam uma fatia cada vez maior do mercado, e em especial no retalho alimentar, pelo que é cada vez mais importante apostar na diferenciação e na inovação, garantindo uma relação qualidade-preço justa e adequada, sendo estes os grandes pilares de atuação da Paladin no mercado.
Por último, sabemos a importância de continuar a investir na inovação, de forma a aportar valor a todas as categorias da marca, seja através de novos lançamentos, aposta em novos sabores ou reformulação de receitas atuais. A inovação é um dos pilares da marca, e é dessa forma que conseguimos diferenciar-nos no mercado e distanciarmo-nos da concorrência.
*Artigo originalmente publicado na edição 418 do Hipersuper