Fátima Vila Maior, diretora de relações internacionais da fundação AIP
“Portugal Exportador ajudou milhares de empresas e empresários a chegar a novos mercados”
Na próxima quinta-feira, dia 19, o Portugal Exportador regressa ao Centro de Congressos de Lisboa. O Hipersuper conversou com Fátima Vila Maior, diretora de relações internacionais da fundação AIP.
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O Portugal Exportador está de regresso ao Centro de Congressos de Lisboa. O dia 19 de outubro será inteiramente dedicado ao networking e aos encontros B2B, entre outros eventos. Ao longo do dia, o certame vai ainda permitir às pequenas e médias empresas encontrarem soluções para chegarem a novos mercados e crescerem na exportação.
Este ano, a grande novidade será o Green Trade Lab, que pretende apontar caminhos concretos às PME para o desenvolvimento de estratégias de ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança) e sensibilizar as empresas para a adoção dessas medidas, “demonstrando a vantagem competitiva que isso lhes pode trazer”, revela ao Hipersuper, Fátima Vila Maior, diretora de internacionalização da Fundação AIP, que promete: “as empresas podem esperar um excelente dia de trabalho ao nível do networking”. “São 10 horas de consecutivas a fazer negócios, partilha de experiências e um enorme intercâmbio de conhecimento”, sublinha.
Portugal Exportador realiza-se há 18 anos. Em que aspetos, veio contribuir para alterar a visibilidade das empresas dentro e fora do mercado nacional?
O Portugal Exportador é uma iniciativa que permite às pequenas e médias empresas adquirirem ferramentas e competências para o seu negócio, permitindo melhorar a sua resposta nos mercados internacionais, ou seja, alargar a sua exportação. Bem sabemos que os mercados externos são cada vez mais competitivos e por essa razão as empresas têm de reunir as melhores condições para apresentar os melhores produtos. Nesse sentido o Portugal Exportador pode ser visto como um excelente parceiro que num só dia permite, encontrar soluções e informação sobre mercados e fornecedores certos que podem ajudar a aumentar o seu negócio, mas sobretudo permite reforçar oportunidades de networking entre empresas, fornecedores, parceiros e visitantes.
Acreditamos, e o feedback que temos confirma, que Portugal Exportador ajudou milhares de empresas e empresários a chegar a novos mercados e a iniciar os seus processos de exportação. Este é um trabalho de continuidade e o Portugal Exportador, realizado em parceria com a AICEP, contribui para não só para melhorar a visibilidade das empresas, mas também a potenciar essa mesma visibilidade nos mercados internacionais. Todos ganhamos quando temos cada vez mais empresas portuguesas a chegar a mais mercados na área da internacionalização/exportação.
O espaço Green Trade Lab é a grande novidade da edição deste ano. Que mais valias trará aos participantes?
É verdade, este ano temos esta grande novidade que certamente será uma mais-valia para os presentes no Portugal Exportador. Na edição deste ano decidimos criar esta temática especificamente para ajudar as empresas a acelerar a adoção de práticas sustentáveis e a consideração dos fatores ESG que fortalecem a imagem das empresas e ajudam a garantir relacionamentos sólidos com fornecedores e parceiros comerciais, melhorando a resiliência e a sustentabilidade de toda a cadeia de valor. Percebemos que a sustentabilidade e os fatores ESG são temas importantes para as empresas exportadoras, uma vez que desempenham um papel fundamental na competitividade, acesso a mercados, gestão de riscos, acesso a financiamento bem como à construção de relacionamentos comerciais e sólidos.
Não tenhamos dúvidas de que esta temática está na agenda da atualidade, logo o Portugal Exportador cria esta novidade com o objetivo de promover a necessidade da certificação e todas as vantagens para as empresas/marcas que estão interessadas em assumir o compromisso com a sustentabilidade e o meio ambiente. Acreditamos que o Green Trade Lab será um espaço privilegiado para partilha de informação, apresentação de casos de estudos em PME exportadoras e, ao mesmo tempo, represente uma oportunidade para as empresas visitantes de contactarem potenciais fornecedores, como por exemplo entidades de certificação, consultadorias na área do ambiente, experts em sustentabilidade e outras prestadores de serviço na área. O Green Trade Lab pretende apontar caminhos concretos às PME para o desenvolvimento de estratégias de ESG, demonstrando a vantagem competitiva que isso lhes pode trazer. A ideia é sensibilizar para adoção de medidas de ESG (sustentabilidade, ambiente social e boa governance) não só enquanto imperativo ético, apontando-o também como uma oportunidade para acesso a financiamento, para melhorias a nível de recursos humanos, competitividade, acesso a novos mercados, reputação e valorização das empresas.
No workshop que decorrerá nessa área, para além da estratégia nacional ESG para PME, vamos aprofundar a discussão sobre o que é na realidade o ESG, e queremos igualmente mostrar às empresas os quatro principais impactos do ESG numa empresa, partilhando o “how to”, com base em casos reais.
Quais serão os mercados em foco no Portugal Exportador 2023?
Os mercados em foco são todos aqueles que as pequenas e médias empresas portuguesas queiram estar, embora haja mercados mais apetecíveis que outros até por razões de maior proximidade ou devido a questões comerciais mais vantajosas. Europa, América Latina e Africa são mercados que tradicionalmente tem sempre uma forte presença, no entanto há novos mercados que podem surgir porque é importante que as empresas portuguesas possam alargar a base exportadora nacional, esse também é um dos objetivos do Portugal Exportador.
Globalmente, o que as empresas participantes podem esperar da edição deste ano?
As empresas podem esperar um excelente dia de trabalho ao nível do networking. Na verdade, o Portugal Exportador é considerado como o melhor Marketplace físico a nível nacional pela diversidade que apresenta e também porque este evento aperfeiçoa as capacidades das pequenas e médias empresas portuguesas exportadoras. São 10 horas consecutivas a fazer negócios, partilha de experiências e um enorme intercâmbio de conhecimento. Uma iniciativa que reúne no mesmo espaço um mundo de oportunidades promovendo empreendedorismo, workshops, conferências, cafés temáticos, consultoria, B2B e Executive Meetings. O Centro de Congressos de Lisboa recebe dezenas de empresas, fornecedores e investidores com o comum objetivo de partilhar conhecimento e experiências.
Que evolução verificam no acesso das empresas portuguesas e produtos nacional aos mercados externos ao longo dos últimos 18 anos? O que mudou no setor da exportação nacional?
A evolução do acesso e penetração das empresas portuguesas e produtos nacionais nos mercados externos ao longo dos últimos 18 anos foi significativa e refletiu várias mudanças no cenário internacional e na economia global.
Uma das tendências mais importantes foi a diversificação de mercados de exportação. Portugal tradicionalmente exportava principalmente para países europeus, mas ao longo dos anos expandiu para mercados emergentes, como países da Ásia, África e América Latina. Isso ajudou a reduzir a dependência dos mercados europeus.
A globalização trouxe novas oportunidades de exportação para as empresas portuguesas. A conectividade global facilitou a expansão dos negócios para outros continentes, permitindo que as pequenas e médias empresas também participassem das exportações.
Também o uso crescente da tecnologia e da internet facilitou o acesso a mercados internacionais para empresas portuguesas, permitindo que elas alcancem clientes em todo o mundo através do comércio eletrónico e da presença online.
Mas o que considero mais importante foi, por um lado, a capacidade das empresas nacionais competirem internacionalmente. Tiveram que investir em qualidade e inovação, o que inclui a melhoria da qualidade dos produtos, a adoção de práticas sustentáveis e a diferenciação por meio de inovações. E por outro, a resiliência que tiveram na superação de desafios, como a concorrência global acirrada, as flutuações cambiais, as barreiras comerciais e os desafios logísticos associados ao transporte internacional.
Setores como o turismo, o vinho, a cortiça, a moda e os produtos agroalimentares têm sido particularmente bem-sucedidos nas exportações, ganhando reconhecimento internacional pela qualidade e autenticidade de seus produtos.
Por último e não obstante os nefastos efeitos da pandemia de COVID-19 para todo o planeta, ela teve um impacto significativo nas exportações, se por um lado afetou a cadeia de abastecimento e a procura global, também acelerou a digitalização e a adoção de novas estratégias de exportação.