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“Portugal está à frente de muitos países a nível europeu”
A Powerdot nasceu em 2018 com a missão de acelerar a mobilidade sustentável e estar onde as pessoas circulam. Fomos perceber como funciona o modelo de negócio desta empresa que tem crescido não só em Portugal, como noutros países.
Ana Rita Almeida
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A Powerdot nasceu em 2018 com a missão de acelerar a mobilidade sustentável e estar onde as pessoas circulam. Fomos perceber como funciona o modelo de negócio desta empresa que tem crescido não só em Portugal, como noutros países.
É em Lisboa que funciona o centro de operações, mas a Powerdot tem uma forte expansão internacional, estando presente em Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo e Polónia. Fechou 2022 com 1500 pontos instalados (que representa um crescimento de 114% e pretende chegar aos 4000 em 2023 e aos 19000 até 2025. A empresa portuguesa tem uma estrutura estável e ambiciosa, com acionistas como o fundo francês Antin Infrastructure Partners, que já investiu 150 milhões de euros na Powerdot, permitindo olhar para o futuro de forma confiante, assente num modelo de negócio que José Maria Sacadura, CEO da Powerdot, considera inovador.
A Powerdot surgiu em 2018 com um conceito transformador: destination charging. Na prática os carregadores são instalados em locais que frequentamos no nosso dia-a-dia como parques de estacionamento de acesso público em centros comerciais, supermercados, retail parks, restaurantes, hotéis ou hospitais, por exemplo.
“Foi sempre o nosso objetivo: colocar os carregadores onde as pessoas estão, onde fazem a sua vida. No fundo, onde haja estacionamento público é para nós uma oportunidade para investir” refere José Maria Sacadura em conversa com o Hipersuper.
Quando surgiu, o modelo da Powerdot foi logo reconhecido como inovador: são instalados, de forma totalmente gratuita, carregadores para veículos elétricos em parques de estacionamento e é garantido, a gestão e manutenção dos mesmos sem qualquer custo para os proprietários dos parques.
Cinco anos depois o balanço é claramente positivo. “Estamos em mais sítios onde queríamos estar, o que é um ótimo sinal. É um sinal de que o mercado deu confiança à nossa solução e houve um conjunto de fatores que fez com que a mobilidade elétrica crescesse e vingasse cada vez mais” afirma José Maria Sacadura ao nosso jornal.
“Nós somos uma mais-valia porque apostamos num serviço diferenciador num parque de estacionamento dos proprietários de pontos de venda. O seu serviço acontece, seja restauração, um ginásio, retalho, e nós apostamos num espaço que é o estacionamento que muitas vezes não tem tanta atenção” acrescenta o responsável.
“Nós investimos na infraestrutura e gerimos toda a operação com um serviço totalmente chave na mão. É win-win: os proprietários continuam com o seu serviço core e a Powerdot, através do seu know how, consegue então iniciar e implementar este serviço para os clientes do espaço” enaltece.
José Maria Sacadura lembra que este modelo ajuda a mudar o mindset: o condutor carrega quando está parado, “ao invés do que estamos habituados na combustão que paramos de propósito para abastecer. Aqui vamos fazendo a nossa vida, vamos aos sítios e aproveitamos para carregar”.
“Há que desmistificar alguns mitos da mobilidade elétrica que dizem que isto só vai vingar se houver carregadores híper rápidos. Isso não é verdade. O que interessa é que haja carregadores que se adaptem às necessidades desses espaços e as pessoas vão carregando naturalmente” sublinha.
O mercado está a evoluir e a crescer cada vez mais. “O número de veículos elétricos tem aumentado em número de vendas face a veículos a combustão” enaltece.
Os valores de penetração de veículos elétricos e Híbridos no mercado nacional em 2022 mostram que é um mercado que está a crescer cada vez mais: segundo dados da Associação Portuguesa de Veículo Elétrico, cerca de 11,4% das vendas nacionais foram elétricas e 25,6% Híbridas.
A acompanhar este crescimento também a infraestrutura de carregamento tem crescido e “portanto aquela ansiedade de não ter onde carregar vai sendo cada vez menor” lembra o CEO.
“Trabalhamos para isso, investindo, fazendo parcerias, partilhando parte da sua receita com os proprietários. Acreditamos que é um modelo de negócio com o qual saímos todos a ganhar” refere também.
Graças à evolução da tecnologia das baterias, à expansão acelerada de cada vez mais postos de carregamento e aos diversos incentivos governamentais, os carros elétricos vieram para ficar. Para fomentar ainda mais este avanço, a União Europeia prevê a proibição da venda de automóveis com motor de combustão a partir do ano de 2035.
A Powerdot tem tido um papel importante no acelerar da transição energética nas estradas portuguesas (e internacionais) e a ‘Lei 2035’ “vai dar um empurrão muito importante para a proliferação de veículos elétricos”.
“A tendência vai passar por aí. Os vários fabricantes automóveis já apontam cada vez mais para modelos elétricos – em gamas baixas, médias e altas – e isto vai permitir que os fabricantes ao apostar nos veículos elétricos terem economias de escala no fabrico, permitindo que os preços baixem, tornando mais competitivo no fabrico do automóvel e posterior preço de venda” sublinha.
“Portugal tem sido um bom exemplo no que toca à mobilidade elétrica”
Presente em Espanha, França, Bélgica, Luxemburgo e Polónia, a Powerdot tem crescido de forma sustentada. O recente investimento do fundo francês Antin, um dos maiores negócios do setor a nível global, “veio dar um boost muito grande a esta expansão internacional” avança José Maria Sacadura.
A internacionalização é hoje uma realidade na Powerdot, um passo que surgiu naturalmente: “no princípio dos princípios não pensávamos muito nisso, mas há medida que o tempo foi passando, fomos percebendo que havia outras oportunidades que podíamos explorar. Depois de analisar e perceber como podíamos utilizar a experiência em Portugal e exportar, fomos criando então equipas locais. Há sempre nuances, leis, experiências diferentes em cada mercado, mas no final do dia a nossa missão é a mesma: criar infraestrutura, dentro dos parques, para que as pessoas possam carregar os seus veículos”.
“Portugal é o nosso mercado fundador e depois partimos para outros mercados onde criámos equipas locais. Em Portugal temos a nossa ‘central team’ que faz um bocado a ‘cola’ entre todos os mercados, para operarmos todos com os mesmos moldes, as mesmas orientações, a mesma estratégia” conta.
Hoje a Powerdot já conta com mais de 100 colaboradores e José Maria Sacadura não esconde: “queremos chegar ao final de 2023 com 200 pessoas”.
“O grande desafio neste momento é a velocidade que temos que ter para colocar a infraestrutura nestes espaços, acompanhar o crescimento do número de veículos elétricos. Temos alguns desafios que são globais relacionados com os tempos de instalação que por vezes têm sido demorados por causa de algumas burocracias, alguns licenciamentos” admite.
O CEO da Powerdot alerta para a importância de atualizar algumas leis e diretrizes que “que foram feitas e redigidas muito antes do atual mercado de mobilidade elétrica e, como tal, há coisas que já estão desatualizadas. Acho que está na altura de revermos alguns conceitos e alguns termos”.
“Portugal tem sido um bom exemplo no que toca à mobilidade elétrica” avança também, sublinhando que “somos um bom exemplo para os outros mercados”. “Estar em diferentes mercados dá-nos muito know how e experiência” diz ainda.
Com pontos de carregamento em 160 municípios e com um linha de suporte 24 horas, para dar resposta a problemas ou dúvidas, José Maria Sacadura avança mesmo que a Powerdot está a crescer “e a colocar cada vez mais infraestruturas, sobretudo em novos parques. No futuro vamos ter que expandir a infraestrutura dentro dos parques onde já estamos. Vamos ter que colocar mais carregadores porque dois não chegam”.