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“Mercadona não vai mudar a estratégia devido à pressão dos preços”

Em entrevista ao Hipersuper, Elena Aldana, diretora-geral internacional de relações externas da Mercadona, faz um balanço do primeiro ano da operação em Portugal e salienta que a empresa não muda a sua estratégia em Portugal

Filipe Pacheco
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“Mercadona não vai mudar a estratégia devido à pressão dos preços”

Em entrevista ao Hipersuper, Elena Aldana, diretora-geral internacional de relações externas da Mercadona, faz um balanço do primeiro ano da operação em Portugal e salienta que a empresa não muda a sua estratégia em Portugal

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Em entrevista ao Hipersuper, Elena Aldana, diretora-geral internacional de relações externas da Mercadona, faz um balanço do primeiro ano da operação em Portugal e salienta que a empresa não muda a sua estratégia em Portugal

O primeiro ano de operação foi o teste “empírico” da Mercadona em Portugal, depois do processo de aprendizagem desde que a empresa espanhola começou a investir em Portugal. Elena Aldana garante que os portugueses estão a reconhecer cada vez mais a qualidade da cadeia de distribuição. E defende que, mesmo em cenário de crise, a Mercadona não altera uma vírgula à sua estratégia.

Com um ano de operação, que aprendizagem retiraram do mercado português?

A Mercadona anunciou a entrada em Portugal em 2016. Até 2019 estivemos a estudar todo o mercado e a criar toda a infraestrutura da Mercadona Portugal, como a criação da sociedade, a contratação e formação das pessoas, a procura de fornecedores, o conhecimento da sociedade, instituições e associações. E foi criada, na parte do capital, uma sociedade para pagar os impostos em Portugal. O que foi muito relevante. Tivemos de estudar toda a gama e sortido dos produtos que tínhamos de pôr nas prateleiras, sempre com uma visão de que, em Portugal, tínhamos de ser portugueses. Descobrimos imensas diferenças no centro de Coinovação de Matosinhos, como no packaging e nos sabores dos produtos. Este trabalho de aprendizagem, que foi no início mais teórico, teve posteriormente uma parte prática, principalmente no relacionamento com a sociedade e com os fornecedores.  Os produtos eram comprados e enviados para Espanha, mas realmente tínhamos de ver como iam funcionar nas lojas assim que abrissem em Portugal. Depois da abertura, a adaptação foi imensa.

Que adaptações foram feitas?

Na gama dos produtos percebemos que talvez fôssemos portugueses a mais, que podíamos trazer produtos novos de Espanha que os próprios clientes estavam à procura porque já conheciam a Mercadona em Espanha. Começámos a lançar produtos que tínhamos no sortido em Espanha também em Portugal, mas sempre com a ambição de que o principal era a compra a fornecedores locais. Depois da adaptação, tivemos de descer os preços de 2.000 produtos, porque estávamos um bocado desposicionados. Temos a política de não fazer promoções, uma política sempre de preços baixos.

Já estão totalmente adaptados?

É um processo de aprendizagem continua. A Mercadona, em Espanha, também está continuamente a mudar  e a lançar novos projetos. O que estamos a fazer em Portugal é ver projetos que estão em andamento em Espanha que poderiam ter sucesso em Portugal. Espanha também está a pedir coisas para lá porque são coisas inovadoras e que podemos lançar no mercado

A Mercadona faturou 32 milhões de euros em 2019 em Portugal. A faturação nos dois primeiros meses do ano, em média, esteve em linha com os meses anteriores?

Faturámos 32 milhões de euros num semestre. Não foi no ano completo. E também não foi com as dez lojas a funcionar. Estamos ainda a abrir lojas todos os meses. Estamos ainda numa fase de crescimento e desenvolvimento. Janeiro e fevereiro, depois da campanha de natal, são normalmente meses fracos. Temos na distribuição muita sazonalidade. Estava dentro do que podia ser o normal. Claro que nunca vou dizer a 100% que era o normal porque nunca tivemos um janeiro e um fevereiro em Portugal.

Em março houve um recorde de faturação no grupo, no período de açambarcamento. O que ocorreu na Mercadona?

Uma venda inusitada. Com a campanha de Páscoa, as pessoas começam a preparar-se também para as férias e levam mais produto. Há normalmente um pico em março. Neste caso o pico foi totalmente anormal. As pessoas foram à procura de muitos produtos movidos sobretudo pelo medo. Temos os casos do papel higiénico, desinfetante, lixívias. Estes produtos de primeira necessidade são aqueles normalmente os que têm uma margem menor. Pode-se vender muito, mas o lucro é muito baixo. Devemos acrescentar que os custos também dispararam porque tivemos de implementar todas as medidas de segurança e saúde nas próprias lojas.

O mês foi rentável?

Março não foi rentável. Vendemos muito, mas também tivemos muitos custos. E o lucro caiu bastante. A partir de abril, as pessoas começaram a comprar outro tipo de produtos. Começou o bom tempo e já estamos mais próximos do verão. Em abril e maio, as vendas continuaram a subir, mas de uma forma mais racional. As pessoas passaram a levar produtos de maior valor acrescentado e com maior margem. Abril e maio foram bastante bons em termos de vendas. Também para as contas da empresa. Os próprios clientes valorizaram imenso as medidas que a Mercadona implementou na própria loja. Todos o serviço e atenção dados aos clientes ajudaram-nos imenso a valorizar esse esforço que fizemos em termos de custos. Mas esse esforço era necessário e penso que devíamos fazer.

E, em termos de custos, atribuíram também um prémio de 20% do salário bruto aos trabalhadores.

No próprio salário de março já receberam esses 20%. Foi fundamental para que estivessem motivados numa situação em que ainda nem sabíamos o que ia acontecer. Para que eles soubessem que, em primeiro lugar, segurança e saúde estava garantida. Depois houve uma motivação, em termos do salário, pelo esforço que estão a desenvolver.

Em Espanha foi noticiado que os lucros da Mercadona desceram, no global 95%, em março. Em Portugal houve lucro?

O lucro caiu 95% em março, porque as medidas de segurança foram implementadas em Espanha e em Portugal. Não sei dizer as vendas. Mas posso dizer que, mesmo que as vendas estivessem a subir por causa do açambarcamento, tratava-se de bens de primeira necessidade, havendo uma margem não muito alta. Aumentámos os custos por causa dessas medidas. Por isso é que lucro caiu.

Falou que abril e maio, o desempenho foi bom. Mas as previsões económicas são negativas. Está a haver, em junho, alguma diferença em relação a esses meses?

Por enquanto estamos bem em termos de vendas. Também devemos ter em conta que, mesmo que haja uma crise, as pessoas vão continuam a comer.  O nosso trabalho é garantir que vendemos produtos de uma muito boa qualidade a um preço competitivo. Se as pessoas começarem a experimentar, vão acabar por valorizá-los. E esperemos que acabem por se fidelizar. O nosso principal problema, desde o início da operação Portugal, está relacionado com a política de não fazermos promoções. O facto de a pandemia ter travado o boom das promoções e ter valorizado mais a segurança das pessoas fez com que muitas tenham experimentado a Mercadona pela primeira vez. Daí que as nossas vendam tenham começado a crescer.

Já falou que tiveram de reduzir os preços. Porquê? E porque é que decidiram reduzir o tamanho das lojas?

Por enquanto as lojas que temos abertas e as que vamos abrir este ano têm a mesma dimensão. No futuro veremos. É verdade que a Mercadona não um sortido muito alargado. Não é um hipermercado. Não temos 20 mil referências, mas dentro das referências que temos nas lojas, o que estamos agora a testar é, se os produtos distintos que talvez venhamos a ter em Espanha, serão também a ser valorizados em Portugal. Em relação à diminuição dos preços foi realizada no fim do ano passado e no início deste. Terminámos em janeiro a descida. E foi uma descida de 2000 produtos.

Mas porquê?

Demo-nos conta de que estávamos desposicionados em alguns. Se um produto está a 50% numa semana em outro distribuidor e 50% na semana seguinte noutro, o cliente acaba por não perceber que o preço real é outro, porque ficou na sua cabeça que o preço é sempre metade. Logo, não podemos colocar o preço normal. Devemos estudar todas estas descidas, sendo que, como digo, não fazemos promoções. Não vamos reduzir os preços a 50%, mas haverá talvez um preço mais reduzido do que aquele que já tínhamos, para não ficarmos tão longe dos preços das promoções.

Prevê-se, no futuro, uma política agressiva nos preços. Como é que a Mercadona vai dar reposta a esta realidade para manter a sua competitividade no mercado?

Ainda não temos certeza do impacto real que esta crise sanitária vai ter na economia. A Comissão Europeia já lançou previsões de baixa do PIB para Portugal e para Espanha. Da nossa parte, o que estamos a presenciar são imensas solicitações das instituições sociais com pedidos de ajuda. Recebemos imensas e estamos a tentar dar saída. Temos uma equipa dedicada às doações e estas aumentaram. Entre janeiro e junho doámos 400 toneladas de produto. E vamos continuar a fazê-lo até ao final do ano.

Mas num cenário que se avizinha mais promocional, como é que Mercadona poderá manter a sua competitividade?

O que os outros fazem é um tema deles. Espero que os clientes valorizem muito mais do que o preço. Eu sei que é difícil, pois é uma que existe há muitos anos em Portugal.  Mas queremos que os clientes valorizem a qualidade, que valorizem como tratamos os nossos colaboradores, como tratamos os nossos fornecedores, o nosso relacionamento com a sociedade, o pagamento de impostos em Portugal. E que valorizem todo o modelo da Mercadona. Eu sei que é difícil.  Quando há uma crise económica e quando há despedimentos, eu percebo que a variável principal seja o preço. Mas adaptaremos os nossos preços para sermos competitivos. O que não vamos fazer nunca é entrar numa guerra de preços.

Falou na qualidade dos produtos da Mercadona. Mas há outras cadeias que não descuram a qualidade.

Só posso falar da Mercadona. É muito fácil subir ou descer os preços, mas subir a qualidade não é tão fácil. É um projeto de muitos anos, de ter um relacionamento muito próximo junto do fornecedor e de estar continuamente a melhorar e a adaptar os produtos clientes. Que os outros melhorem a qualidade, tudo bem. Isso é benéfico para todos. Ter uma concorrência forte é sempre bom para todos. Estamos muito focados em qualidade, qualidade e, sobretudo, em qualidade.

O lema da Mercadona é ter preços sempre preços baixos. Mas não vai entrar no jogo das promoções?

Ter preços sempre baixos é ter preços baixos de forma estável. E porque está negociado com o fornecedor, para que as duas partes ganhem dinheiro. Uma guerra de preços é para reduzi-los ao mínimo para conseguir clientes com base no preço e não em outras variáveis como a qualidade. Mão vamos entrar nesse tipo de práticas.

Elena Aldana 1Disse que quer trabalhar com mais fornecedores portugueses. Fizeram compras de 126 milhões de euros. Quanto esperam comprar este ano a fornecedores nacionais?

Não marcámos objetivos em termos de compras. O nosso objetivo é mais alargar a rede de fornecedores portugueses, conhecer mais e comprar mais. Com a Covid foi difícil viajar, ter reuniões presenciais para conhecer um fornecedor, visitar a fábrica, o cultivo, mas já houve algumas reuniões. Agora que parece que as coisas estão um pouco mais tranquilas, vamos ver se podemos retomar todo o trabalho e poder a voltar a visitar o terreno, na agricultura, na pecuária e nas lotas.

São mais de 300 fornecedores. Entretanto fecharam contratos com mais?

Esses dados serão dados no final do ano. Mas com certeza que iremos alargar a rede porque, se com dez lojas em Portugal, já eram 300, com 20 continuaremos a conhecer mais e a comprar mais. Estamos sempre à procura de fornecedores portugueses, do setor primário, da indústria agroalimentar e de todas as indústrias de produtos que vendemos produtos nas nossas lojas. Se eles estão motivados e querem conhecer a Mercadona, as portas estão abertas.

Desses 126 milhões de produtos adquiridos, 90% são exportados. Mas quanto importam de Espanha?

Teríamos de ver todos os produtos que entraram em Portugal, porque, por exemplo, as massas vêm da Itália. Mas os produtos perecíveis, todos os frescos são principalmente portugueses, além do leite e do azeite. O vinho também é português. Agora temos só duas garrafas de vinho espanhol para ver se os clientes gostariam de experimentar. Foi uma novidade lançada em maio. Lançámos agora em maio. As pessoas querem experimentar coisas novas e o que estamos agora a tentar fazer é trazer estes produtos espanhóis e italianos, simplesmente porque os clientes estão a pedir.  Trazer estes produtos de outros países não é em prejuízo dos fornecedores nacionais. Em Portugal somos portugueses.

O comércio online disparou com a pandemia. Pensam antecipar a introdução do e-commerce em Portugal?

Por enquanto não. O negócio online, que são as colmeias, desenvolvidas em Valência, em Barcelona e, em abril, em Madrid, não vêm para Portugal por enquanto. Ainda estamos numa fase de alargar e de continuar a testar em diferentes regiões de Espanha. Durante a pandemia, o online cresceu também por causa da necessidade de não se poder sair de casa, de querer os produtos que fossem levados a casa dos clientes. Depois do Covid, talvez permaneça. Porque as pessoas que nunca experimentaram provavelmente vão continuar a utilizar.  Devemos continuar a desenvolver este tipo de projetos online, de melhoria tecnológica, de digital business. E depois há o blockchain, Internet of Things. muitas outras coisas que ainda poderiam ser desenvolvidas e que ainda estamos numa fase de estudo.

De momento pensam que não seria rentável lançar a operação online?

De facto, a Mercadona online é rentável. Na Espanha estamos a inserir o online nas principais cidades do país. No dia em que vamos para outra região onde o online talvez não seja tão potente vamos ver se funciona. Em Portugal, acontece a mesma coisa. Não seria a mesma coisa levar o online para Lisboa ou Porto do que para outra região onde há menos população ou as pessoas estão mais dispersas. O online em Espanha está a funcionar muito bem. Sempre se disse que o e-commerce não era rentável. No nosso caso, já é, graças a todo este projeto da Mercadona online.

O presidente da Mercadona disse recentemente que este ano é para manter o plano de investimento. Não haverá alterações. As dez lojas serão assim abertas este ano. Para 2021, nada se alterará?

Por enquanto não. Abriremos mais dez lojas.

Mesmo que a crise agrave os resultados da empresa?

Os resultados vão ser muito bons. Os resultados do semestre foram muito bons. Está dentro dos nossos objetivos anuais. E esperamos fechar o ano com os objetivos cumpridos. Continuamos com o plano de investimento, de recrutamento, de aberturas e esperamos também alargar as compras aos fornecedores portugueses.

É seguro que a Mercadona chegue a 2022 a Lisboa?

Sim. Ainda não posso confirmar nada, mas está nos planos chegar entre 2022 e 2023.

Tendo em conta que abrirão 20 lojas a partir de 2022, o plano de expansão até às 150 lojas será concluído em 2027?

Não posso dizer o que vai acontecer a tão longo prazo, porque talvez para o ano possamos dizer que afinal vamos abrir 30 por ano. Nunca se sabe. Agora só posso dizer até 2022.

Em 2021, onde vão abrir lojas?

Posso adiantar que vamos continuar a abrir no norte. Não vamos abrir ainda mais para o sul.

Em que estado está o processo do bloco logístico de Lisboa?

Ainda estamos à procura de um terreno para fazer toda a construção e desenvolvimento do projeto. A ideia é construir uma plataforma logística num terreno de aproximadamente 400 mil metros quadrados. E construir uma plataforma logística automatizada, como a que temos em Madrid. O projeto é esse, assinar o terreno e começar com todo o desenvolvimento do projeto. Também estamos para construir um centro de coinovação também na zona de Lisboa e devemos alargar também os escritórios de Lisboa porque já temos uma equipa bastante ampla e vamos precisar de escritórios maiores.

Será na Azambuja?

Não sei. O que estamos a fazer é a apresentar o nosso projeto às Câmaras Municipais para que saibam podem tratar diretamente connosco qualquer questão. Não trabalhamos com intermediários. Estamos a ter reuniões normais com todas as câmaras para apresentar o nosso projeto. Esse é o nosso objetivo atual.

E quanto poderão investir no bloco logístico?

A plataforma logística de Póvoa, que começou com 50 mil metros quadrados, vai ter agora uma nave de limpeza de embalagens para a economia circular. O projeto, na totalidade, não temos os dados de quanto acabará por custar. Mas posso dizer que uma plataforma logística pode representar um investimento à volta dos 300 milhões de euros.

E em relação à Póvoa de Varzim?

A obra começou em julho. E vai terminar aproximadamente no final de 2021. O investimento representa 20 milhões de euros.

A dada altura houve um estudo da DECO que afirmava que a Mercadona não era a cadeia com os preços mais baratos.

Os estudos da Deco foram realizados na Mercadona e nos concorrentes que estão à volta. Na data de abertura e no natal, os nossos concorrentes desceram ainda mais os preços. Se comprarmos os preços da Mercadona com os dos nossos concorrentes que estão ao redor e depois comparamos com os nossos concorrentes que estão em Lisboa, concluímos que os preços também são distintos. Se comprarmos preços da Mercadona num mesmo produto estando em promoção em outra cadeia, não estamos a comparar a mesma coisa. Comparemos o preço quando o nosso concorrente não está em promoção. Não somos os mais baratos em todos os produtos. Há outros que têm preços mais baratos em alguns dos produtos. E há outros que fazem promoções. O que podemos garantir é que quando uma pessoa faz uma compra normal, com total tranquilidade, enche o carrinho com os produtos que precisa e passa pela caixa. Aí somos competitivos.

Pode especificar?

Quando se compra um produto que está em promoção e outro que não está, acaba-se por compensar uma coisa com outra. Acaba-se por pagar a promoção de um no preço de outro que não estava em promoção. Como não fazemos promoções, o cliente está tranquilo, pode comprar qualquer um dos nossos produtos a preços estáveis e assim sabe com o que conta. Este produto tem este preço porque é o preço que tem de ter, para ser rentável para nós e para o produtor. E além disso, se o cliente passar pela caixa, o preço vai ser competitivo. E se experimentar em casa, vai ver que a qualidade é ótima. Estamos a apostar muito na qualidade de todos os produtos. E especialmente naqueles que são perecíveis, todos os produtos frescos. Qualquer pessoa que compre morangos na Mercadona, cerejas, melancia ou melão, tem a garantia de que quando chega em casa não vai atirar uma cereja para o lixo. É aí é que estamos a trabalhar, na qualidade dos produtos. E daí a confiança e a fidelização dos próprios clientes. É a parte que estamos a trabalhar. Se vamos alterar a nossa estratégia para promoções, não vejo sinceramente a Mercadona a alterar a estratégia só pela pressão dos preços. Teremos os nossos clientes. Os outros terão os clientes deles. Esperemos que os clientes gostem da Mercadona e é para isso que estamos a trabalhar.

 

 

 

 

Sobre o autorFilipe Pacheco

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A marca Activia continua a inovar para responder ao crescimento do mercado de bebidas funcionais, especialmente no segmento da saúde digestiva. Diogo Costa, diretor de marketing da Danone, sublinha que a Activia mantém a sua relevância com base em três pilares estratégicos: a escuta ativa dos consumidores, a inovação no portefólio e uma comunicação eficaz.

A crescente procura por alimentos funcionais tem impulsionado o dinamismo do segmento de leites fermentados com probióticos. Para Diogo Costa, o sucesso da Activia reside, em grande parte, na capacidade de ouvir o consumidor e adaptar-se às suas necessidades. “Estamos sempre atentos às necessidades e preferências dos nossos consumidores em Portugal, e é a partir dessa conexão direta que conseguimos adaptar a nossa oferta”, afirma.

Esse foco no consumidor traduziu-se, por exemplo, no lançamento da gama Activia Triplo Zero em 2023, uma resposta direta a dois grandes insights do mercado: a crescente preocupação com a redução do consumo de açúcar e a maior procura por produtos sem lactose. “Esta gama tem trazido excelentes resultados com crescimento a dois dígitos em volume, valor e penetração”, explica Diogo Costa, salientando a importância da inovação no portfólio para acompanhar as mudanças no mercado.

Além da gama Triplo Zero, a Activia tem também apostado na expansão da sua linha de kefir, que já conta com cinco referências e continua a crescer, refletindo as tendências de consumo mais recentes. “Pretendemos continuar a expandi-la, acompanhando as novas tendências de consumo”, refere.

Outro ponto crucial para o sucesso de Activia tem sido a constante validação de insights junto dos consumidores, ajustando as suas campanhas de comunicação para garantir que estas sejam eficazes. “Temos investido fortemente na validação de insights junto dos consumidores, testando constantemente para identificar quais os elementos que geram maior relevância e conversão”, explica Diogo Costa. Esta estratégia permite à marca manter-se presente e relevante na vida dos consumidores, ajustando continuamente as mensagens e campanhas.

O papel dos especialistas em saúde e nutrição

Os especialistas em nutrição e saúde desempenham um papel fundamental na promoção dos benefícios das bebidas probióticas da Activia, reforçando o seu posicionamento como uma marca funcional de referência. Diogo Costa destaca que, para além da investigação e desenvolvimento rigorosos, a colaboração com estes profissionais é essencial para validar a proposta de valor dos produtos. “Chegamos mesmo a sentar-nos com especialistas para encontrar mais insights e reforçar a nossa proposta de valor”, afirma.

Esta colaboração resulta numa promoção orgânica e natural dos produtos da Activia por parte dos especialistas durante as suas consultas, reconhecendo a relevância das bebidas probióticas como parte da alimentação diária dos seus pacientes. “Eles reconhecem o benefício e relevância dos nossos produtos enquanto parte diária da alimentação dos seus pacientes”, salienta Diogo Costa.

A Activia aposta numa oferta diversificada e adaptada a diferentes perfis de consumidores, sempre com uma base científica sólida. A linha de kefir, por exemplo, é uma das inovações que tem sido bem recebida, combinando os tradicionais fermentos da marca com grãos de kefir, que proporcionam uma fermentação com 16 microrganismos específicos distintos. “Este é o tipo de inovação e superioridade que trazemos, sempre assente em evidência científica comprovada”, reforça Diogo Costa.

 

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

I&D

Está a IA a revolucionar a forma como as empresas encontram e selecionam talentos?

Daniela Lourenço, brand leader da Manpower, responde.

Hipersuper

Por Daniela Lourenço, brand leader da Manpower

A Inteligência Artificial (IA) está a transformar o mundo do trabalho, nomeadamente os processos de recrutamento das empresas, oferecendo oportunidades significativas para uma seleção de talento mais rápida e eficaz. Segundo o I mmersive Tech Report, da Experis, sete em cada dez organizações já adotaram novas tecnologias, como IA, Realidade Virtual (RV) e Machine Learning (ML) nos seus processos de recrutamento, ou planeiam fazê-lo nos próximos três anos.

São várias as vantagens que estas novas tecnologias trazem ao recrutamento. Em primeiro lugar, as tecnologias de IA aumentam a sua eficiência através da automatização das fases iniciais do processo, permitindo às organizações obter mais rapidamente perfis de candidatos ajustados às suas necessidades. Isto reduz o tempo e o esforço que os recrutadores têm de despender na seleção de perfis, permitindo-lhes concentrarem-se noutros aspetos críticos do processo de contratação, onde a interação humana é privilegiada.

Além disso, através da análise preditiva potenciada pela IA é possível ir mais longe e identificar as futuras necessidades de talento associadas à estratégia das empresas e preparar, de forma antecipada, uma base sólida para responder a essas necessidades, quer seja através do recrutamento ou de iniciativas de upskilling ou reskilling, ajustando as competências dos colaboradores às necessidades emergentes.

A IA permite ainda reduzir o enviesamento e a subjetividade nos processos de recrutamento. Através de critérios objetivos, e eliminando fatores subjetivos como idade, género ou etnia, promove um recrutamento mais justo e inclusivo. A este nível é, no entanto, fundamental, que a os algoritmos de IA sejam desenvolvidos de forma ética e inclusiva, sendo este um dos principais fatores de preocupação identificados pelas empresas, apesar do entusiasmo que mostram relativamente à IA.

Também a utilização de assistentes virtuais e chatbots tem sido transformadora, permitindo uma comunicação imediata com os candidatos, respondendo a dúvidas, fornecendo feedback instantâneo e acelerando o processo de contratação. Esta interação personalizada não só melhora a experiência do candidato como também proporciona às empresas informações relevantes sobre os perfis, permitindo otimizar futuras interações.

A análise aprofundada que a IA permite fazer na seleção dos candidatos está, assim, a revolucionar a forma como as empresas encontram e selecionam o talento, promovendo um recrutamento mais eficaz, objetivo e justo. Ao mesmo tempo, não podemos deixar de sublinhar que, apesar de oferecerem importante benefícios, as tecnologias de IA não estão lá para substituir os recrutadores – mas sim para os reforçar. Os candidatos continuam a valorizar a interação humana e os recrutadores têm de encontrar o equilíbrio certo entre a automatização que permite poupar tempo e o envolvimento pessoal ao longo do processo de recrutamento, de modo a poder encontrar as pessoas certas para as funções certas.

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Entrevista

Afonso Almeida: “A intermodalidade e a multimodalidade são o presente e o futuro da logística de transportes”

Entrevista com Afonso Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Logística.

Hipersuper

As empresas do setor da logística e transportes precisam que avance o TGV entre Lisboa e Porto e a ligação entre Lisboa e Madrid. É ainda urgente terminar a nova ligação entre Sines e a fronteira espanhola, avançar a nova fase de Sines e, acima de tudo, “que se tomem as decisões certas com uma visão estratégica em termos logísticos para o país e com uma rapidez bem superior ao passado”, defende Afonso Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Logística, nesta entrevista ao Hipersuper.

É possível quantificar o peso do setor da logística e transportes na economia nacional?
Não é fácil ter dados totalmente concretos sobre o peso da logística e transportes na economia nacional, mas estudos internacionais apresentados em conferências indicavam que estes setores tinham na economia mundial um peso de mais de 10%. Estes últimos anos, com um aumento significativo das entregas on-line e tudo o que está por detrás desta atividade, fez seguramente com que tenha existindo um crescimento no peso do setor da logística e transportes na economia portuguesa.

Para a APLOG, e, consequentemente, para os players da logística e transportes, quais deviam ser as prioridades do atual Governo em termos de infraestruturas?
Em termos de infraestruturas, existem diversas prioridades. O aeroporto foi uma decisão importante, após tantos anos de espera. Esta decisão irá também desbloquear e permitir um maior planeamento de outras infraestruturas, tais como uma terceira travessia do Tejo, a questão do TGV, entre outras infraestruturas necessárias para suportar todo este projeto. A nível da ferrovia é fundamental o avanço do TGV entre Lisboa e Porto, mas também acelerar a ligação entre Lisboa e Madrid.
Para o transporte de mercadorias, é fundamental terminar o mais rápido possível a nova ligação entre Sines e a fronteira espanhola, de forma a estramos ligados à Europa de forma mais eficiente, permitindo que os produtos que possam chegar aos nossos portos e muitas das nossas exportações possam ter uma alternativa de transporte mais sustentável e mais rápida. No caso dos portos, é também importante avançar com a nova fase de Sines e terminar também ligações mais eficientes com o Porto de Leixões, entre muitas outras obras que estão planeadas e a decorrer. É, acima de tudo, fundamental, que se tomem as decisões certas com uma visão estratégica em termos logísticos para o país e com uma rapidez bem superior ao passado.

A APLOG e a KPMG juntaram-se para realizar um estudo sobre a maturidade e as praticas ESG dos operadores logísticos, nas suas várias valências. Do que consta e o que pretendem? E de que forma será uma mais-valia para os associados?
Pretendemos com este estudo contribuir para aumentar a disseminação do conhecimento sobre: os requisitos e práticas de sustentabilidade atuais, e potenciais espaços para melhoria e desenvolvimento para os múltiplos agentes que actuam nas cadeias logísticas.
Quanto à mais valia para os associados, será um maior conhecimento e partilha de como está a maturidade das empresas relativamente às praticas ESG.

A intermodalidade e a multimodalidade são o futuro? Os custos ainda são impeditivos de uma maior procura por parte dos clientes? Uma maior oferta ferroviária é a ‘peça que falta’?
Sem dúvida que a intermodalidade e a multimodalidade são o presente e o futuro da logística de transportes. É fundamental definir qual o papel do nosso país em termos logísticos e definir prioridades e pensar não a curto prazo, mas a médio longo prazo. Qual a estratégia, quais as indústrias que queremos apostar, o que fazer para tornar o nosso país mais competitivo e atrair cada vez mais fluxos de produtos e matérias primas através dos nossos portos, tornando cada vez mais Portugal como uma porta de entrada na Europa para produtos vindos da Ásia, Américas e África.
Para sermos mais atrativos, temos que ser mais eficientes, investir em mais tecnologia, reduzir a burocracia e sermos muito mais rápidos nas tomadas de decisões. A peça ferroviária é sem dúvida importante e tem que estar alinhada com os nossos portos e também com uma definição clara de que localizações são prioritárias para serem implementados os novos hub’s logísticos. Essa definição deverá ser integrada a nível do governo, com a colaboração das entidades regionais e autarquias. É preciso trabalho de equipa e liderança.

A integração de tecnologias como Big Data e Inteligência Artificial está a moldar o setor. Em Portugal, as empresas estão a ‘abraçar’ as oportunidades da logística 4.0?
As empresas do setor logístico têm feito um esforço brutal, em especial nestas últimas décadas no sentido de modernizarem e utilizarem as tecnologias disponíveis tais como o Big Data, Digitalização, Automação, Robotização, Inteligência Artificial entre outras ferramentas. A evolução tem sido muito grande. Quando falamos em empresas, temos nalguns casos que distinguir entre empresas multinacionais e empresas portuguesas, nomeadamente as PME´s que representam mais de 90% do nosso tecido empresarial. Em termos de empresas nacionais de dimensão, os investimentos estão a ser feitos no sentido de tornar as suas empresas mais competitivas e eficientes. No caso da PME´s, esse esforço também existe, mas nalguns casos poderão não ter a mesma capacidade de investimento e de recursos humanos preparados para todos estes desafios.

Nesse sentido, a capacitação dos trabalhadores para esta logística mais digitalizada é uma dificuldade?
É um fato que para muitas das funções que são necessárias hoje nesta logística mais digitalizada, são precisos recursos humanos muito mais bem preparados e com formação adequada para responderem aos desafios que hoje são colocados. É um facto que, para muitas funções, existe uma escassez de recursos humanos com formação adequada, tais como operadores de empilhador, motoristas entre muitas outras atividades. Existe falta de pessoas especializadas e é necessário que as empresas por um lado consigam atrair as pessoas, por outro terem que dar formação específica e no final conseguirem reter as pessoas. Este é seguramente um dos maiores desafios que as empresas têm hoje. É preciso dar mais atenção às pessoas e proporcionar um trabalho e um ambiente que seja mais motivador.

Apesar de ainda estar abaixo dos seus pares europeus, em Portugal o e-commerce tem crescido (o Barómetro de E-commerce previa o crescimento das vendas online no 1º semestre de 2024 e comparação ao período homólogo de 2023). Para a APLOG, quais são os desafios da logística no e-commerce?
Este é um setor que explodiu durante e após a pandemia. As vendas on-line continuam a crescer e essa tendência deverá continuar a aumentar. Para isso muitas empresas tais como operadores logísticos e empresas especializadas em transportes e nomeadamente no last mille têm vindo a equipar-se de forma cada vez mais profissional, para poderem responder de forma adequada aos desafios que o mercado está a colocar. Vieram novos projetos, novos hub´s com muita tecnologia, automação, digitalização e ferramentas muito sofisticadas de planeamento e controle das operações. A resposta penso que no geral tem sido muito positiva e os avanços são contínuos. A questão da sustentabilidade é também um tema muito relevante, nomeadamente com a eletrificação das frotas nas grandes cidades a ser já uma realidade bastante relevante.

No geral, quais são os obstáculos da moderna logística e quais serão os grandes desafios a enfrentar no futuro próximo?
Os obstáculos passam por diversos fatores, tais como a falta de recursos humanos especializados, em alguns casos, falta de imobiliário logístico disponível em zonas ao redor de Lisboa e Porto em timings que sejam exequíveis para as empresas, nomeadamente novos projetos internacionais em que a capacidade de resposta na implementação desses projetos pode ser determinante na escolha de Portugal ou escolherem outras geografias que possam trazer mais rapidez e qualidade. No futuro a curto prazo, questões como as taxas de juro, inflação e custos energéticos poderão ser relevantes para a concretização de alguns projetos. É também muito importante que os potenciais investidores sintam estabilidade nas diferentes decisões políticas em áreas como a fiscalidade, a justiça entre outras.

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Crescimento dos pagamentos fracionados impulsiona transformação no comércio

Fomos falar com Alexandre Carrera Lejeune, responsável da FLOA para a Península Ibérica, Alexandre Fernandes, country manager da Klarna para Portugal e Espanha, e Laurence Griseti, diretora de recrutamento clientes e parcerias do Oney Bank em Portugal que partilham a sua visão sobre o mercado de soluções de pagamento fracionado e flexível.

Em Portugal, 71% dos consumidores já utilizam o BNPL, posicionando o país como o segundo na Europa com maior adesão a esta solução, apenas atrás da Alemanha. A flexibilidade proporcionada pelo pagamento fracionado, sem juros em muitos casos, está a transformar-se num fator decisivo para os consumidores. Fomos falar com Alexandre Carrera Lejeune, responsável da FLOA para a Península Ibérica, Alexandre Fernandes, country manager da Klarna para Portugal e Espanha, e Laurence Griseti, diretora de recrutamento clientes e parcerias do Oney Bank em Portugal que partilham a sua visão sobre o mercado de soluções de pagamento fracionado e flexível.

A FLOA, filial do grupo BNP Paribas, revelou recentemente os resultados do seu estudo anual sobre tendências no setor dos pagamentos, realizado em parceria com a Kantar. O relatório destaca o crescimento do mercado de “Buy Now, Pay Later” (BNPL) na Europa, com quase 7 em cada 10 cidadãos europeus a recorrerem a esta modalidade (68%). O pagamento fracionado afirma-se como uma solução amplamente adotada pelos consumidores, que as consideram essenciais no planeamento de compras.
Os dados do estudo mostram que 71% dos consumidores portugueses já utilizaram soluções BNPL, com 41% a reportarem uma utilização regular. Estes números estão alinhados com a média europeia, onde 68% dos inquiridos afirmam usar o BNPL e 44% são utilizadores regulares.
Portugal é, atualmente, o segundo país europeu com maior adoção do BNPL, apenas atrás da Alemanha. Os consumidores portugueses utilizam ligeiramente mais o pagamento a prestações (59%) do que o diferido (57%).
Em termos de frequência, 51% dos utilizadores portugueses recorrem ao BNPL entre uma a três vezes por ano, um valor superior à média europeia de 40%. Por outro lado, 26% dos consumidores em Portugal fazem oito ou mais compras anuais com este método de pagamento, em comparação com 40% dos europeus.
As categorias de produtos mais compradas com soluções BNPL em 2023 refletem mudanças no comportamento de consumo. Os eletrodomésticos lideram a lista (50%), seguidos por produtos tecnológicos (44%) e viagens (34%).

Solução para imprevistos
O estudo, que envolveu mais de 4.000 pessoas em sete países europeus (França, Espanha, Bélgica, Itália, Portugal, Alemanha e Países Baixos), destaca que os portugueses recorrem ao BNPL principalmente para lidar com imprevistos financeiros (64%), mas também como uma forma de adquirir produtos de maior qualidade ou mais sustentáveis (49%) e para compras de indulgência (39%).
A escolha do método de pagamento está mesmo a tornar-se central na experiência do cliente e em Portugal é o segundo critério mais importante na escolha de uma marca (37%), a par da notoriedade da mesma. A importância do BNPL é tão significativa que mais de metade dos utilizadores nacionais (54%) afirmam que mudariam de ponto de venda se este método de pagamento não estivesse disponível.
No comércio online, os consumidores portugueses ainda enfrentam alguns desafios, como a recusa de uma facilidade de pagamento (95%) ou a obrigatoriedade de descarregar uma aplicação (90%), fatores que muitas vezes levam ao abandono da compra. Em lojas físicas, a recusa de uma facilidade de pagamento (93%) ou a necessidade de fornecer dados pessoais (90%) são igualmente incómodos, e mais de 40% dos consumidores referem que estas situações podem fazê-los abandonar o estabelecimento.
O estudo revela também que o BNPL pode ser um impulsionador do consumo responsável, uma vez que 49% dos utilizadores portugueses pensam nesta solução como uma forma de adquirir produtos de maior qualidade ou mais sustentáveis. Além disso, 37% dos inquiridos indicam que seriam mais inclinados a comprar produtos em segunda mão se o BNPL estivesse disponível para este tipo de transação.

Retalhistas procuram soluções flexíveis

Segundo Alexandre Carrera Lejeune, responsável da FLOA para a Península Ibérica, a procura por soluções de pagamento flexíveis por parte dos retalhistas está em constante crescimento, acompanhando a evolução do comércio digital. “A procura dos retalhistas por soluções de pagamento flexíveis está em clara ascensão, impulsionada pela necessidade de acompanhar o crescimento do e-commerce, aumento de competitividade e expectativas/novos hábitos dos consumidores que agora querem mais opções, mais rapidez e uma experiência semelhante em loja e e-commerce e mais rapidez no momento da compra.”, refere.

Alexandre Carrera Lejeune, responsável da FLOA para a Península Ibérica

A FLOA destaca-se neste cenário como uma fintech especializada em Buy Now Pay Later (BNPL), oferecendo soluções simples e rápidas tanto para comerciantes como para consumidores. “A nossa solução de pagamento não necessita de registos complexos, downloads de aplicações ou documentação adicional”, explica o responsável da FLOA para a Península Ibérica, sublinhando que o objetivo é criar uma experiência fluida, semelhante a um pagamento tradicional com cartão, mas com maior flexibilidade.

Além disso, a FLOA tem como missão apoiar a digitalização do comércio local, facilitando a implementação de soluções de BNPL que impulsionam as vendas. “Da perspetiva de um parceiro, a FLOA vem trazer um novo método de pagamento fácil de implementar que ajuda a potenciar as vendas, seja no e-commerce ou nos pontos de venda físicos”, acrescenta Alexandre Carrera Lejeune..

Forte adoção pelos consumidores portugueses

Alexandre Carrera Lejeune destaca o interesse crescente dos consumidores portugueses por esta modalidade de pagamento, refletido nos dados do mais recente estudo da FLOA, em parceria com a Kantar. “O que temos vindo a observar é que a opção de BNPL já é utilizada nos mais diversos setores – eletrodomésticos, tecnologia, hotelaria ou formação.”

A flexibilidade oferecida pelo BNPL permite que os consumidores gerem melhor os seus orçamentos, sem recorrerem a créditos de longo prazo. “Esta modalidade oferece aos consumidores um controlo mais personalizado sobre o seu orçamento, permitindo uma gestão mais equilibrada para fazer face a despesas inesperadas, investir no desenvolvimento profissional ou pessoal, ou adquirir produtos de maior qualidade, durabilidade e mais sustentáveis”, partilha Alexandre Carrera Lejeune.
A possibilidade de pagamentos sem juros é um dos principais fatores de atração desta solução. “A possibilidade de realizar pagamentos sem juros tornou-se um fator facilitador na jornada de compra, pois elimina obstáculos relacionados ao custo do serviço”, destaca. De acordo com o estudo da FLOA, 54% dos utilizadores de BNPL em Portugal estariam dispostos a mudar de loja ou marca para usufruírem desta opção, reforçando o impacto que o BNPL tem nas decisões de compra.

A FLOA quer diferenciar-se pela combinação de tecn ologia avançada e segurança, oferecendo aos retalhistas uma solução inovadora que melhora a experiência de compra. “Com a expertise comprovada da FLOA, além do progresso do nosso software de inteligência artificial e machine learning, garantimos uma experiência ao consumidor eficiente e muito semelhante a um pagamento tradicional com cartão, sem complicações tanto para os retalhistas como para os consumidores”, explica Alexandre Carrera Lejeune.

Klarna expande soluções de pagamento em Portugal

A Klarna tem vindo a consolidar a sua presença no mercado português, oferecendo soluções de pagamento flexíveis e serviços personalizados, alinhados com as exigências dos consumidores. Segundo Alexandre Fernandes, country manager da Klarna para Portugal e Espanha, o mercado está a evoluir para uma maior personalização, tanto nas compras em loja física como no comércio online. “O mercado está sem dúvida a caminhar para uma maior personalização, seja na compra presencial em loja, como na compra online. Soluções de compras que permitam essa mesma personalização são muito procuradas pelos consumidores, pelo que, naturalmente, as marcas procuram-nas também, para corresponderem às expectativas e apresentarem uma oferta diversificada.”, refere o responsável da fintech.

Alexandre Fernandes, country manager da Klarna para Portugal e Espanha

A Klarna começou com uma oferta focada no Buy Now Pay Later (BNPL), mas evoluiu para se tornar uma plataforma de compras integrada, colocando o consumidor no centro da sua operação. “Se olharmos para a própria evolução da Klarna, que nasce focada numa solução de BNPL – Buy Now Pay Later – cresceu e desenvolveu-se para uma solução integrada de compras, focada no consumidor e na aproximação das marcas às suas expectativas”, explica Alexandre Fernandes.

A Klarna, que já colabora com mais de 575 mil operadores de retalho em todo o mundo, incluindo marcas como H&M, IKEA, Prozis e LaRedoute. quer fazer a diferença neste mercado. “A nível global temos mais de 85 milhões de utilizadores ativos a nível global e 2.5 milhões de transações diárias”, destaca Alexandre Fernandes, sublinhando o impacto global da Klarna no comércio e a sua capacidade de ajudar as marcas a impulsionarem o crescimento e a fidelização dos seus clientes.

Em relação à aceitação do pagamento fracionado em Portugal, Alexandre Fernandes reconhece que os portugueses têm, historicamente, uma certa resistência ao crédito devido aos juros associados. Contudo, lembra que o BNPL da Klarna oferece uma solução que coloca o ónus nos retalhistas, facilitando a compra para os consumidores. “Os portugueses são habitualmente mais avessos a soluções de crédito por causa dos juros, mas o pagamento fracionado transfere esse ónus para a marca, simplificando o processo de compra e expandindo o orçamento do consumidor.”, afirma ao nosso jornal.

Esta solução é especialmente útil em momentos de maior pressão orçamental, como o regresso às aulas ou a época natalícia, lembra. “Se olharmos para alturas do ano onde o orçamento está mais apertado, soluções de fracionamento são muito úteis. Falo por exemplo, do regresso às aulas, com gastos avultados em materiais escolares e livros, num momento pontual em que uma máquina de lavar roupa se avaria, ou até agora na altura do Natal.”

Apesar de os juros serem um fator importante, Alexandre Fernandes sublinha que a Klarna oferece muito mais do que apenas a opção de pagamento fracionado. “Os juros são um fator decisivo, mas todas as experiências e tendências de compra vão muito além deste fator, e queremos estar junto dos consumidores em todo o processo.”

Compras inteligentes e tecnologia inovadora

Para além do pagamento fracionado, a Klarna está a investir em ferramentas que respondem às necessidades dos consumidores em cada fase do processo de compra. “Sabemos, por dados próprios, que 97% dos portugueses compara o preço de um produto antes de o adquirir e a Klarna tem uma solução de alertas / notificações de descida de preços”, revela Alexandre Fernandes. Esta funcionalidade permite aos consumidores serem notificados quando o preço de um produto desce, ajudando-os a tomar decisões mais informadas.

Outra tendência destacada é o facto de muitos consumidores começarem o seu processo de compra online, mesmo que acabem por adquirir o produto numa loja física. “Sabemos também que, apesar de continuarem a comprar maioritariamente em loja física, o processo de compra dos consumidores portugueses começa em ambiente online com pesquisas nas lojas das marcas (73%) ou em motores de pesquisa (40%). Mais uma vez, a Klarna tem solução para esta realidade”, afirma Alexandre Fernandes.

A Klarna quer posicionar-se como uma solução que vai muito além do pagamento fracionado, transformando o comércio e colocando as necessidades dos consumidores no centro da sua estratégia de inovação. “A proposta da Klarna vai hoje muito além do pagamento fracionado, pois pretendemos revolucionar o comércio tendo as necessidades dos consumidores no centro da nossa operação e da inovação que trazemos ao mercado”, conclui Alexandre Fernandes.

“Somos pioneiros no pagamento fracionado”

Laurence Griseti, diretora de recrutamento de clientes e parcerias do Oney Bank em Portugal, acredita que a evolução da procura por parte dos retalhistas por soluções de pagamento flexíveis é um reflexo das necessidades dos consumidores e da conjuntura económica. “Como em qualquer setor de atividade, a evolução é sempre positiva e vem responder a necessidades presentes ou futuras. No nosso caso concreto, vemos esta evolução como algo muito positivo porque já somos pioneiros no pagamento fracionado”, afirma. A responsável destaca que esta tendência beneficia tanto os retalhistas como os consumidores finais, ao permitir uma gestão mais equilibrada dos orçamentos e um aumento do cabaz de compras sem esforço financeiro adicional.

Laurence Griseti, diretora de recrutamento de clientes e parcerias do Oney Bank em Portugal

O Oney Bank, com um forte enfoque no digital, aposta em soluções que combinam simplicidade, agilidade e segurança, especialmente num período de desafios económicos. “É importante oferecer aos consumidores diferentes soluções de pagamento e, acima de tudo, soluções de pagamento flexíveis”, sublinha Laurence Griseti.

A oferta do Oney Bank inclui uma vasta gama de produtos que se adaptam às diferentes necessidades dos consumidores e retalhistas, desde linhas de crédito e cartões co-branded a soluções de Buy Now Pay Later.

“O cliente pode pagar online ou em loja física, em 3, 4, 6, 10 ou 12 meses sem juros, e portanto, sem esforço adicional”, explica Laurence Griseti, reforçando que o Oney se distingue no mercado pela sua oferta abrangente, que abrange tanto o cliente final como o retalhista.

Laurence Griseti confirma que os consumidores portugueses demonstram um grande interesse pelo pagamento fracionado, especialmente no atual contexto económico. “A opção de pagamento fracionado adequa-se à realidade de muitos portugueses, principalmente se tivermos em conta as oscilações das condições económicas das famílias em Portugal nos últimos anos”, partilha.

A diretora de recrutamento de clientes e parcerias revela que, de acordo com o barómetro europeu das melhores práticas de compra de 2023, realizado pelo banco, “79% das pessoas acredita que os pagamentos fracionados são um incentivo para comprar produtos de economia circular”. Este dado sublinha a importância do pagamento fracionado na adoção de comportamentos de consumo mais conscientes e responsáveis, o que é uma prioridade para o Oney.

Além disso, Laurence Griseti destaca que o pagamento fracionado ajuda as famílias a manter os seus hábitos de consumo e a gerir melhor o orçamento, permitindo-lhes enfrentar imprevistos financeiros sem recorrer a créditos de longo prazo. “O pagamento fracionado também ajuda a enfrentar acontecimentos inesperados, que possam ter mais peso nos orçamentos familiares, e pode ser uma opção que ajuda a equilibrar as contas dos consumidores.”, diz.

Pagamentos sem juros

Um dos aspetos mais atrativos das soluções de pagamento fracionado do Oney Bank é a possibilidade de pagar sem juros, o que tem contribuído para a crescente adesão a esta modalidade. “A variável ‘sem juros’ é muito importante e ganha ainda mais relevo se inserida num pagamento fracionado”, afirma Laurence Griseti.

Contudo, a responsável sublinha a importância da literacia financeira, alertando que os consumidores devem estar informados sobre as diferenças entre soluções com e sem juros.

“É fundamental que a literacia financeira esteja presente na vida dos consumidores, para que saibam, por exemplo, que existem pagamentos fracionados com e sem juros e que deve haver uma responsabilidade partilhada, entre banca e consumidores, na transmissão de informação clara e transparente.”.

Algo que o Oney Bank valoriza e está empenhado em garantir que os consumidores compreendam as opções disponíveis. “Acreditamos que estamos a contribuir para a implementação no mercado das soluções sem juros, que, sem dúvida, facilitam o dia a dia dos consumidores”, conclui Laurence Griseti.

Artigo publicado na edição 427

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

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Nestas lojas cabem a história e o valor das conservas portuguesas

Da Comur – Fábrica de Conservas da Murtosa, uma das poucas em Portugal a manter métodos de produção artesanais, saem conservas que brilham nas 20 lojas O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa em Portugal e na loja inaugurada em 2023 na Times Square, Nova Iorque. Esta última foi em 2024, a única marca portuguesa entre os finalistas dos Creative Retail Awards.

Pode dizer-se que a sardinha é o produto icónico desta rede de lojas, mas o portefólio reúne cerca de 30 variedades. A marca, que nasceu da vontade de celebrar as conservas de peixe como património da cultura portuguesa, comercializa as que são produzidas de forma artesanal na Comur, conserveira fundada em 1942 na Murtosa e adquirida em 2015 pelo Grupo O Valor do Tempo.

“Quando a Comur – Fábrica de Conservas da Murtosa se juntou ao Grupo O Valor do Tempo criámos O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa, a marca visível por detrás da fábrica e onde cabe toda a história e magia. Queríamos criar algo mais do que apenas uma marca de conservas. Ambicionávamos ser um defensor ativo da gestão dos oceanos, um promotor da pesca responsável, um apoiante dos pescadores e das pessoas que trabalham, há gerações, na indústria conserveira portuguesa”, destaca Sónia Felgueiras, diretora de Marketing do grupo O Valor do Tempo.

Desde a abertura da primeira loja, em 2016, no Rossio, Lisboa, o projeto cresceu e levou as icónicas lojas um pouco por todo o Portugal Continental, Açores e Madeira. Em 2023 chegou aos EUA, com a abertura da loja na Times Square, Nova Iorque, e há a hipótese de, até ao final do ano, haver novidades sobre a abertura de um novo espaço da marca. As 21 lojas representam um volume de faturação anual de 20 milhões de euros.

Sónia Felgueiras afirma que a grande ambição do O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa é dar a conhecer Portugal ao mundo através de um dos seus maiores ícones, “de uma forma original e com elevação, alinhando a marca com o projeto de economia social, que é a grande missão do Grupo O Valor do Tempo”.

“Hoje, com 20 lojas em Portugal e uma em Times Square, Nova Iorque, estamos seguros de que a nossa visão e estratégia não podiam ser mais diferenciadoras e bem-sucedidas”, assegura.

O legado da Murtosa
Iguaria que já ultrapassou as fronteiras nacionais, as conservas portuguesas são consideradas das melhores do mundo. Da fábrica da Comur saem anualmente 2,5 milhões de latas de conservas. Quando iniciou a sua atividade em 1942 esta era predominantemente dedicada às enguias, dada a abundância na Ria de Aveiro. A fábrica diversificou a produção, mas mantém até hoje os métodos de produção artesanais comuns à indústria conserveira da altura. “É à mão que todo o peixe é preparado delicadamente por quem herdou um legado de conhecimento de gerações”, explica Sónia Felgueiras, assegurando que esse legado é a chave do sucesso da empresa e permitiu diversificar a oferta.

Para além da sardinha nas suas muitas receitas populares – assada com pimentos, em tomate, alimadas ou simplesmente sem pele e sem espinhas, as lojas O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa também comercializam conservas de bacalhau, polvo, salmão, corvina, dourada, robalo, búzios, cavala, mexilhão, e também opções vegetarianas. “Temos cerca de 30 diferentes variedades de conservas e continuamos na senda da inovação. Todos os anos lançamos novos produtos, de que destacamos os mais recentes, que têm tido grande recetividade, lagosta, caranguejo real, sardinha com mostarda e cavala com mostarda, por exemplo”, revela a responsável.

Lojas com história
O que diferencia as lojas da marca de outras lojas de conservas? Sónia Felgueiras assegura que O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa criou um conceito único que aposta na experiência do cliente em loja, “proporcionando-lhe sensações novas e impactantes” através dos ambientes criados em cada um dos espaços. Que além do efeito visual, contam uma história. “Ora apostada num conceito de inspiração circense – o circo, tal como a sardinha, é nobre e popular – ora apostada na identidade de cada localização onde estão as nossas lojas, cada uma delas é única”, sublinha.

Se a loja de Óbidos é uma verdadeira biblioteca conserveira, a lembrar a génese literária da vila (onde se realiza um renomado festival literário internacional), em Coimbra o espaço foi buscar a inspiração na biblioteca Joanina da universidade – e recebeu em 2022, o prémio ‘Judge’s Choice’, tendo sido a primeira vez que um dos Creative Retail Awards veio para Portugal. Nos Açores, a loja ocupa o espaço de uma antiga retrosaria e em Évora houve o cuidado de vitrificar parte do chão da loja para tornar visíveis as ruínas romanas ali existentes. Já em Faro, o espaço faz lembrar um antigo armazém conserveiro da região.

Em agosto do ano passado, o Grupo O Valor do Tempo fez chegar um pouco da cultura gastronómica portuguesa à avenida mais famosa de Nova Iorque, com a abertura da 21ª loja O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa, na Times Square. A loja marcou um novo capítulo no projeto de expansão da marca, abrindo caminho à sua internacionalização, e a escolha dos Estados Unidos da América veio de encontro a uma longa relação das conservas nacionais com aquele mercado.

“Nos Estados Unidos, as sardinhas portuguesas em conserva beneficiam de um prestígio histórico desde o início do século XX quando o consumo estava limitado às grandes cidades, especialmente Nova Iorque, que se destacava pelo preferência de conservas de maior valor acrescentado como a sardinha sem pele e sem espinha” revela Sónia Felgueiras, acrescentando que as conservas de peixe são “uma pedra angular da cultura americana moderna”, por se apresentarem como um produto pronto a comer, “saudável, saboroso, versátil, com larga durabilidade, com um portfolio alargado de peixes e fácil de transportar e viajar”.

Uma tendência de consumo que tem crescido exponencialmente no mercado norte-americano pelas particularidades já enumeradas e pela conveniência que as conservas de peixe trazem ao consumidor.

A Nova Iorque, a marca levou uma decoração dominada pelo verde e pelo dourado, num espaço que se apresenta como “uma requintada biblioteca conserveira para realçar a rica história das conservas de peixe em Portugal”, explica a responsável. Outro elemento em destaque é a roda gigante que decora a montra, com latas de conservas em movimento. O neón vermelho da montra exterior exibe “orgulhosamente” o nome ‘Portuguese Sardine’ e no interior um filme animado “transporta os visitantes para uma dimensão alucinante”, detalha ainda a diretora de Marketing do Grupo. Nesta biblioteca, onde as cores das latas de conservas ilustradas preenchem as prateleiras, não faltam também os livros. “Um souvenir que carrega a História de Portugal embrulhada em originalidade: é isso que a loja oferece”, sublinha.

Quem entra na loja é recebido pela música ‘Stars and Stripes Forever’, criada em 1896 pelo luso-americano John Philip Sousa (e outras do mesmo autor), e que se tornou na marcha nacional dos Estados Unidos da América. “Descendente de portugueses, John Philip Sousa representa bem a origem diversificada da nação americana, composta por múltiplas comunidades de imigrantes que concretizaram o sonho americano”, detalha Sónia Felgueiras.

Outro elemento em grande destaque são os seis bonecos músicos da loja, vestidos formalmente como antigamente, que representam uma banda filarmónica e foram inspirados nas festas populares portuguesas.

Questionada sobre o que poderá seguir-se a Nova Iorque, no que concerne à expansão de ‘O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa’ fora de Portugal, Sónia Felgueiras é perentória: “O que se seguirá? O que os nossos sonhos ditarem”.
Para além de O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa e da Comur, o Grupo O Valor do Tempo detém o Museu do Pão, a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau, o Museu da Cerveja, A Brasileira do Chiado, a Mensagem de Lisboa, a Confeitaria Peixinho, a Joalharia do Carmo, o Figurado de Barcelos, a Casa Pereira da Conceição, o boutique hotel Hästens Sleep Spa e a Silva & Feijó. H

Uma marca portuguesa finalista dos Creative Retail Awards

As particularidades da loja O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa em Times Square, colocou-a este ano, entre os finalistas dos Creative Retail Awards, uma distinção anual que reconhece o melhor que se faz no mundo em design e experiência no retalho. Foi a única marca nacional a estar na etapa final dos galardões, na categoria ‘Experiência no Retalho’, ao lado de marcas como a Nike, Disney e Fortnum&Mason.

Organizada pela Shop & Display Equipment Association (SDEA) e pela revista Retail Focus, os Creative Retail Awards são o palco dos melhores exemplos mundiais em matéria de experiência no retalho, design de loja, iluminação, visual merchandising e tecnologia, entre 21 categorias. Houve centenas de espaços candidatos de todo o mundo, mas apenas cinco chegaram a finalistas em cada categoria.

Sónia Felgueiras assume o “imenso orgulho e sentido de responsabilidade” com que a marca e o Grupo O Valor do Tempo receberam a notícia, especialmente por serem a única marca portuguesa entre os finalistas, “entre marcas gigantes”. “Esta distinção anual internacional reconhece o melhor que se faz no mundo em design e experiência no retalho, que representa uma prova de que estamos no bom caminho, apesar que gostarmos sempre de sentir que o melhor ainda está para vir”, refere.

Pouco mais de um ano passado da sua abertura na Times Square, a loja O Mundo Fantástico da Sardinha Portuguesa em solo americano é uma aposta ganha e consolidada. Sónia Felgueiras assegura que, para além do aspeto financeiro, aquele espaço funciona “como uma embaixada emocional de Portugal, contribuindo para reforçar o prestígio das conservas portuguesas no mundo”.

E dá como exemplo o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, comemorado este ano, e pela primeira vez, em Times Square, justamente na loja da marca, “num evento marcado pela emoção e pela presença de notáveis figuras da política portuguesa e americana”. Em paralelo, durante um jantar de angariação de fundos, o presidente norte-americano Joe Biden, brindou com um Vinho da Madeira oferecido pelo Grupo O Valor do Tempo. “O mesmo que foi usado para brindar à independência dos Estados Unidos da América em 1776, tendo Portugal sido o primeiro país a reconhecer a independência”, revela.

“Ao trazer para este evento o Vinho da Madeira, reafirmamos a nossa missão em solo americano desde que ali colocámos uma bandeira portuguesa em agosto do ano passado, com a loja The Fantastic World of the Portuguese Sardine: reforçar o passado histórico e cultural entre os dois países, antecipando as grandes comemorações dos 250 anos da Declaração da Independência, convidando todos os americanos para um brinde à liberdade, celebrando a mais importante efeméride nacional, agora ainda mais vincada pela sua ligação a Portugal”, enfatiza Sónia Felgueiras.

Artigo foi publicado na edição 427

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

Entrevista

Pedro Queiroz: “A Comissão Europeia deve assegurar que ninguém seja deixado para trás”

Pedro Queiroz, diretor-geral da FIPA, assegura que a indústria agro-alimentar está determinada “em posicionar-se na vanguarda da transição para a sustentabilidade”. Mas defende que é preciso uma atenção às necessidades de certos setores e empresas, em particular as PME, “que podem ter dificuldades com algumas das medidas/políticas que decorrerão do processo e da transição”.

Pedro Queiroz, diretor-geral da FIPA, assegura que a indústria agro-alimentar está determinada “em posicionar-se na vanguarda da transição para a sustentabilidade”. Mas defende que é preciso uma atenção às necessidades de certos setores e empresas, em particular as PME, “que podem ter dificuldades com algumas das medidas/políticas que decorrerão do processo e da transição”.

O que é necessário para que a adoção de medidas de sustentabilidade e a regulamentação a adotar nessa área, contribuam para o crescimento das empresas em particular e do setor como um todo, em Portugal?
A indústria agro-alimentar está determinada em posicionar-se na vanguarda da transição para a sustentabilidade, que é essencial para o bem-estar, a prosperidade e a longevidade das nossas economias, das nossas sociedades e do nosso planeta. No entanto, muitas empresas são confrontadas com desafios resultantes de uma amálgama de choques externos, como a pandemia de Covid, a guerra na Ucrânia e os crescentes desafios climáticos.
O desenvolvimento de um quadro comunitário para os sistemas alimentares sustentáveis constitui uma oportunidade para a União Europeia dar um passo decisivo no sentido da criação das condições de mercado e do desenvolvimento de uma base regulamentar adequada para que as empresas se tornem mais sustentáveis e mais competitivas. Devido à amplitude e à escala do setor, é inevitável que os operadores avancem a ritmos diferentes.
A Comissão Europeia deve, por conseguinte, assegurar que ninguém seja deixado para trás e que todos os intervenientes possam participar numa transição justa para sistemas alimentares mais sustentáveis. No caso particular de Portugal, deve ser dada uma atenção específica (por exemplo, sob a forma de apoio financeiro, formação, I&I, etc.) às necessidades de certos setores e empresas – em particular as PME – que podem ter dificuldades com algumas das medidas/políticas que decorrerão do processo e da transição. Do mesmo modo, os agricultores devem ser apoiados na transição para sistemas alimentares mais sustentáveis, a fim de promover a resiliência climática, melhorar a saúde dos solos, a qualidade da água e a eficiência.

O que é urgente trabalhar, a nível europeu, em termos de legislação, que venha de encontro ao crescimento da indústria agro-alimentar?
Deve ser desenvolvido um quadro regulamentar que permita fornecer os incentivos e o apoio financeiro e tecnológico necessários para que os intervenientes na cadeia alimentar possam assumir a referida transição para sistemas alimentares mais sustentáveis. Este quadro, deve estar assente na segurança jurídica, na clareza e em condições de concorrência equitativas para os operadores económicos, assegurando a harmonização a nível da UE e uma legislação com visão de futuro. O quadro regulamentar deve ainda centrar-se nas operações e não nos produtos, os critérios mínimos de sustentabilidade devem ser claros, realistas e baseados em dados científicos, deve reconhecer a força da diversidade dos sistemas alimentares da Europa e assegurar a viabilidade económica e a competitividade a longo prazo de toda a cadeia.

Que balanço faz do 9º Congresso da Indústria agro-alimentar?
O melhor indicador que temos é o conjunto de mensagens muito incentivadoras que recebemos da maioria dos participantes. Consideramos que estivemos ao nível das melhores expetativas e elevámos o nível de exigência. Tudo graças a um grupo de excelentes oradores – com percursos de grande nível no meio empresarial, no associativismo, na academia, na política e na administração pública -, uma plateia de elevada qualidade, uma estrutura organizativa muito bem oleada e, com um reconhecimento particular, uma equipa interna que “veste a camisola”. Foram abordados temas de enorme atualidade e ficaram mensagens e aprendizagens muito relevantes para o futuro do nosso setor. Mais uma vez, a FIPA conseguiu marcar a diferença.

Entrevista publicada na edição 427 

Sobre o autorAna Grácio Pinto

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Está a IA a revolucionar a forma como as empresas encontram e selecionam talentos?

Vanda Santos, diretora de serviço e qualidade da Adecco, responde…

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Os sistemas de Inteligência Artificial (IA) estão a transformar profundamente a gestão de recursos humanos nas empresas, trazendo mudanças significativas em várias áreas chave, nomeadamente no recrutamento, na gestão de talento ou na automação de tarefas. 

Vanda Santos, diretora de serviço e qualidade da Adecco, responde:

Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem-se afirmado como um catalisador de mudanças no mercado de trabalho. Não só está a redefinir funções e tarefas, mas também está a revolucionar a forma como as empresas encontram e selecionam talentos. Na Adecco reconhecemos que esta transformação é uma oportunidade ímpar para melhorar o processo de recrutamento, tanto do ponto de vista da eficiência do recrutador como também da experiência do candidato.

Os assistentes de recrutamento virtuais, cada vez mais utilizados na fase inicial do processo, são um dos melhores exemplos em como a IA melhora significativamente a rapidez do processo e a adequação entre o perfil do candidato e a vaga de emprego.

Por exemplo, a triagem de currículos, um dos processos mais demorados e desafiadores, pode agora ser otimizada através de algoritmos de IA. Estes sistemas analisam currículos em frações de segundo, identificando os candidatos que melhor correspondem às especificações da vaga. Possibilitam também o envio automático de testes de conhecimentos e aptidões, que complementam a análise das capacidades dos candidatos em aspetos identificados como críticos para uma função (por exemplo o nível de conhecimento de um idioma estrangeiro).

Outra tendência na utilização de IA no recrutamento são as entrevistas virtuais, onde a empresa define perguntas-chave, os candidatos gravam as suas respostas (em qualquer lugar e a qualquer momento) e a IA analisa as gravações, comparando-as com os critérios definidos.

Com base na informação gerada é possível disponibilizar rankings de adequação dos candidatos que responderam a um anúncio de emprego, o que não só economiza tempo, mas acima de tudo permite que as equipas de recrutamento se concentrem na avaliação qualitativa dos candidatos, em particular das suas competências comportamentais.

Estas tecnologias não só agilizam o processo, mas também ajudam a garantir uma avaliação mais imparcial, minimizando enviesamentos característicos de decisões humanas.

Além disso, a IA é reconhecida pela sua incomparável capacidade de análise de dados aportando informações relevantes na gestão do processo de seleção. Informações como o passado profissional de colaboradores bem-sucedidos, permite às empresas identificar padrões e características comuns, ajudando a prever quais novos talentos têm mais potencial para se destacar. Também a informação sobre as fontes de recrutamento que aportaram melhores resultados, permite planear os recrutamentos futuros de forma mais assertiva e direcionada.

Outro aspeto importante é o impacto positivo destes sistemas na experiência do candidato. Sistemas automatizados podem enviar feedback instantâneo, por exemplo do status de uma candidatura, responder a perguntas e até fornecer recomendações de desenvolvimento de carreira.

Por fim, é importante ressaltar que a IA não substitui a interação humana; antes, complementa-a. A verdadeira essência do recrutamento ainda reside no entendimento das necessidades dos candidatos e na construção de relações cada vez mais humanizadas. Na Adecco, continuamos a priorizar essa humanização, utilizando a IA como uma ferramenta para melhorar os nossos serviços e garantir que cada candidato se sente valorizado.

A inteligência artificial está, sem dúvida, a transformar o panorama do recrutamento. Ao abraçar estas tecnologias, estamos não só a encontrar talentos de maneira mais eficaz, mas também a oferecer uma experiência de recrutamento que coloca o candidato no centro de tudo. Esta é uma jornada que apenas começou, e estou entusiasmada com as possibilidades que nos aguardam.

Artigo publicado na edição 427

 

Sobre o autorHipersuper

Hipersuper

Entrevista

Ângela Sarmento: “O atendimento ao cliente é uma das nossas prioridades”

Ângela Sarmento, diretora de marketing e comunicação do Grupo Apolónia, enaltece a aposta numa oferta diversificada, que combina produtos premium e básicos, e sublinha que esta tem sido essencial para o crescimento sustentado da marca. Em entrevista ao nosso jornal não tem dúvidas: a inovação e a satisfação do cliente continuam a ser pilares fundamentais para o sucesso do Apolónia.

Ângela Sarmento, diretora de marketing e comunicação do Grupo Apolónia, enaltece a aposta numa oferta diversificada, que combina produtos premium e básicos, e sublinha que esta tem sido essencial para o crescimento sustentado da marca no competitivo mercado do retalho alimentar. Além dos planos de expansão para Lisboa, Porto e Espanha, o grupo reforça o seu compromisso com a sustentabilidade, através de iniciativas como a redução de emissões de CO2 e o combate ao desperdício alimentar, enquanto mantém uma forte ligação à comunidade local. E não tem dúvidas: a inovação e a satisfação do cliente continuam a ser pilares fundamentais para o sucesso do Apolónia.

Como é que o grupo Apolónia tem conseguido manter-se relevante e diferenciado no mercado do retalho alimentar, especialmente num segmento que combina produtos premium e básicos?
Precisamente por isso, por combinarmos produtos distintos não só entre si, mas dos restantes players do mercado. Somos conhecidos por termos produtos diferenciadores e de qualidade superior, o que está diretamente ligado ao nosso principal foco que é a satisfação dos nossos clientes. Para isso, temos de responder não só às suas expectativas, mas também às suas necessidades de consumo.

Quais os principais resultados em 2023? Esperam crescer este ano?
Temos tido um crescimento sustentável ao longo dos anos e acreditamos que este ano não será diferente.

A presença de serviços como o sushi preparado na hora são elementos que diferenciam o Apolónia. Como surgiu a ideia de introduzir este tipo de serviços e como tem sido a aceitação por parte dos clientes?
É verdade que fomos o primeiro supermercado em Portugal a ter sushi preparado na hora e, na altura, isso foi altamente inovador, algo que está no nosso ADN. Gostamos de inovar, de trazer serviços distintos para os nossos clientes. A nossa equipa está constantemente à procura de soluções para inovar e acrescentar valor aos nossos clientes e é sempre com esse objetivo que vamos desenvolvendo os nossos serviços. A aceitação é geralmente boa, pois os nossos clientes já estão habituados ao nosso serviço diferenciador e, sobretudo, a serem ouvidos quando nos fazem sugestões.

Ângela Sarmento, diretora de marketing e comunicação do Grupo Apolónia

O conceito baseia-se na oferta de uma variedade única de produtos, tanto básicos como gourmet. Como é que conseguem equilibrar a variedade com a rentabilidade?
A nossa prioridade é a satisfação dos nossos clientes, pelo que a nossa preocupação principal é garantir uma oferta variada e de qualidade. Porém, na seleção de produtos e fornecedores, tentamos sempre garantir que as escolhas que fazemos são benéficas para os clientes, mas também para a empresa.

Os produtos estrangeiros desempenham um papel importante no Apolónia, desde a fundação. Como fazem a seleção destes produtos para garantir que respondem às necessidades e expectativas dos clientes?
Esta seleção é feita de várias formas. Começa na nossa equipa comercial, que procura ativamente por novos produtos, quer seja pelo meio dos fornecedores que temos, ou de novos, ou mesmo pelas viagens que faz para conhecer o que há lá fora. Passa também pela pesquisa que fazemos de tendências, mas sobretudo por escutarmos os nossos clientes e irmos ao encontro daquilo que procuram. Temos muitos clientes a sugerirem produtos, ou a pedirem-nos especificamente para termos determinadas referências e sempre que possível respondemos a esses pedidos.

Apesar da oferta de produtos de gama alta, rejeitam o rótulo de “supermercado gourmet”? Como define o posicionamento da marca em termos de oferta e público-alvo?
Durante muitos anos usámos a assinatura “O Verdadeiro Supermercado”, porque é isso que somos, um supermercado que tem os produtos que todos nós precisamos para o nosso dia-a-dia. Claro que temos produtos de gama alta, mas nas nossas lojas tanto é possível encontrar os produtos mais básicos e das marcas mais comuns, disponíveis em qualquer superfície comercial, como produtos de gama superior, ou mesmo exclusivos, e que respondem às preferências mais exigentes. Esta é uma característica intrínseca ao nosso objetivo de termos a maior variedade de produtos possível.
É verdade que temos um posicionamento de marca superior, muito ligado à qualidade dos nossos produtos e serviços, e claro que isso se reflete no nosso público-alvo que corresponde a indivíduos com um poder económico mais elevado. No entanto, acreditamos que o nosso supermercado pode ser para todos e tem produtos para todas as necessidades.

A expansão para o resto do país é um objetivo conhecido. Quais os planos? O conceito será diferente ou querem manter a mesma oferta de produtos e serviços?
Temos o objetivo de expandir para as zonas da grande Lisboa e do grande Porto, mas só irá acontecer quando surgir a oportunidade que responda não só às nossas exigências logísticas, mas também às necessidades do nosso target. Quando acontecer, a ideia será manter o nosso conceito, pois é por isso que somos conhecidos e é por isso que os nossos clientes de fora do Algarve nos pedem para abrirmos fora da região.

Expandir para Espanha é uma hipótese? Quais os principais desafios e oportunidades que vê neste mercado?
Sim, a expansão para o Sul de Espanha e Madrid é um objetivo a médio prazo. Estamos a falar de um mercado forte e diversificado, onde há uma procura crescente por experiências mais exclusivas e produtos de qualidade superior, o que está bastante alinhado com o nosso posicionamento. É uma boa oportunidade para expansão da marca, mas sabemos que teremos alguns desafios, como outros players já bem consolidados no mercado.

Que papel desempenha a comunidade estrangeira residente e os turistas no sucesso do Apolónia?
Todos os nossos clientes são importantes, então não fazemos distinção entre eles. Todos contam para o nosso sucesso e a estratégia é a mesma para todos: a sua satisfação. Isso passa por garantirmos que oferecemos produtos de qualidade, uma variedade inigualável e um serviço distinto. Claro que estamos atentos às nacionalidades que se têm vindo a destacar em termos de ocupação no Algarve e temos tentado responder às necessidades específicas das mesmas. Por exemplo, com o aumento do público americano temos vindo a notar um aumento da procura de produtos consumidos pelo mesmo, especialmente em alturas como o Thanksgiving, que já fez com que adaptássemos o fornecimento de perus para essa altura do ano.

Os clientes do Apolónia são conhecidos por sugerir produtos que gostariam de ver nas lojas. Como é que a empresa integra este feedback no processo de seleção e introdução de novos produtos?
Faz naturalmente parte da nossa estratégia. Talvez já tenham ouvido o lema do nosso fundador, o Sr. Avelino Apolónia, “Se não temos hoje, arranjamos para amanhã.”, e essa tem sido a base de resposta a esses pedidos. Sempre que algum cliente nos pede um produto em específico, avaliamos a viabilidade de comercializarmos o mesmo e só não o fazemos se não for possível.


O Apolónia trabalha com produtores locais para oferecer produtos frescos e regionais nas suas lojas? Considera que esta parceria é importante para reforçar a identidade da marca e responder às expectativas dos consumidores que procuram produtos de origem local?

A nossa vasta gama de produtos inclui, naturalmente, produtos locais e regionais. Sempre que possível, priorizamos a comercialização destes produtos, até porque tem sido uma tendência na procura.

Iniciativas como a Feira do Vinho e Queijo Apolónia são importantes? Qual o objetivo e qual o balanço que fazem?
Essas iniciativas são o que dá dinamismo às nossas lojas e promovem a nossa variedade de produtos, pelo que são naturalmente importantes. Não só porque nos ajudam a divulgar produtos de qualidade muitas vezes desconhecidos do público, como nos permitem mostrar a ampla variedade de referências que temos nas diferentes secções e categorias. O balanço é positivo, sobretudo nesta última Feira do Vinho e Queijo, em que promovemos a harmonização de dois produtos em que somos especialistas e que temos uma variedade inigualável no país. Houve uma boa adesão, os clientes gostaram e recebemos vários elogios pela iniciativa.

O Apolónia investe significativamente no atendimento ao cliente? Que tipo de formação recebem os colaboradores para assegurar esta experiência de topo? É diferenciador no contato com o cliente?
O atendimento ao cliente é uma das nossas prioridades, pelo que tentamos garantir que a nossa equipa está sempre ao nível que os nossos clientes estão habituados. Todos os colaboradores, assim que integram a equipa, na Formação de Acolhimento têm um módulo dedicado só ao atendimento ao cliente, onde aprendem a nossa filosofia de atendimento, os procedimentos gerais de atendimento e os procedimentos específicos. E sim, estamos certos de que somos diferenciadores no contacto com os nossos clientes. Quantos supermercados conhece em que existem colaboradores dedicados a ajudar os clientes a ensacar as compras e a levá-las ao carro? Ou que acompanham os clientes para aconselhar determinados produtos sempre que solicitado? Podia dar diversos exemplos de como o nosso contacto com o cliente é diferenciado e distinto. Não só porque estamos sempre disponíveis, mas porque sabemos aconselhar os nossos clientes, somos atenciosos e nunca descuramos o profissionalismo que nos caracteriza.

A aposta no mercado online é cada vez mais relevante no setor de retalho. O Apolónia tem planos para desenvolver as vendas online? Como é que trabalham a integração desta oferta na experiência de compra dos clientes?
Já há vários anos que temos loja online e que fazemos entregas em toda a região do Algarve. Recentemente, disponibilizámos as entregas em todos o país através da nossa loja online, de produtos não frescos, apesar de já o fazermos por pedido direto (por telefone ou email) desde sempre. Esta aposta faz parte do crescimento natural da marca, mas também da procura que existe pelos nossos produtos. Estamos naturalmente a trabalhar no desenvolvimento das vendas online e o próximo passo será encontrar uma alternativa para a entrega de produtos frescos em todo o país, garantindo a mesma qualidade que é possível encontrar nas nossas lojas físicas. A importância do desenvolvimento desta área de negócio está diretamente ligada à satisfação dos nossos clientes, pois enquanto não abrimos fisicamente fora do Algarve, esta é a forma que temos de fazer chegar os nossos produtos a todos os nossos clientes espalhados pelo país.

A sustentabilidade e a responsabilidade social são temas de grande importância para os consumidores. Que iniciativas tem o Apolónia em curso para garantir práticas sustentáveis e contribuir para a comunidade local?
Ao longo do ano, colaboramos com várias iniciativas de cariz social de instituições e grupos pertencentes às áreas envolventes das nossas 3 lojas físicas (Almancil, Galé e Lagoa). Somos uma empresa algarvia e consideramos importante contribuirmos para as diferentes causas e necessidades existentes na comunidade. Contribuímos essencialmente com a doação de bens ou cabazes alimentares, quer seja para iniciativas de apoio humanitário, animal, ou desportivo, pois é a melhor forma que temos de ajudar.
No que diz respeito à sustentabilidade, também temos várias iniciativas em curso nesse sentido: todos os dias combatemos o desperdício alimentar ao doarmos excedentes alimentares para instituições como a Refood ou o Banco Alimentar; temos painéis fotovoltaicos nas três lojas, que desde que foram instalados já nos permitiram evitar a emissão de 1360 toneladas de co2, o equivalente a 1860 árvores plantadas; estamos empenhados na promoção de uma mobilidade mais sustentável, com o alargamento do serviço de carregamento de veículos elétricos nas nossas lojas. Atualmente já estão disponíveis em Almancil e Lagoa, e até ao final do ano o serviço ficará também disponível na loja da Galé e temos disponíveis depósitos próprios para que os clientes possam depositar pilhas usadas, lâmpadas ou pequenos equipamentos elétricos.
Temos colaborado sempre com a APED na divulgação de campanhas de sensibilização com vista à promoção da cidadania ambiental e um consumo consciente, como foi o caso da campanha dos Resíduos Equipamentos Elétricos, que teve o intuito de mobilizar os cidadãos para a entrega destes equipamentos nos canais certos de forma a garantir a sua reciclagem; da campanha Datas Validade, para ajudar o consumidor a interpretar e distinguir as diferentes indicações e rentabilizar o consumo dos alimentos para evitar o desperdício; ou a campanha Plásticos, com foco no descarte adequado do plástico e o uso de alternativas reutilizáveis.

Qual é a sua visão para o futuro do Grupo Apolónia em Portugal? Onde vê o Grupo, por exemplo, daqui a cinco anos?
Vejo o Grupo Apolónia como uma empresa bem consolidada no mercado, mesmo estando fisicamente presente apenas no Algarve, pelo que o futuro só pode ser próspero. Tenho consciência de que o retalho alimentar é um mercado altamente competitivo, mas também sei que estamos à altura dos desafios que se avizinham, graças ao compromisso e dedicação da nossa equipa. Cinco anos é tempo suficiente para expandirmos a nossa presença de forma sustentável, com pelo menos mais uma ou duas lojas, e podemos alcançar o crescimento não só através das lojas físicas, mas também do fortalecimento das nossas plataformas digitais, oferecendo aos nossos clientes uma experiência omnicanal cada vez mais fluida. Se mantivermos a nossa essência, com foco no cliente e nos mantivermos atentos às suas necessidades e expectativas, o futuro só pode ser promissor.

Entrevista publicada na edição 427 do Hipersuper

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

João Baluarte, sócio responsável pelos estudos financeiros na OnStrategy

Entrevista

João Baluarte: “A existência de marcas verdadeiramente globais continua a ser um dos calcanhares de Aquiles do nosso crescimento económico”

João Baluarte, sócio responsável pelos estudos financeiros na OnStrategy, evidencia a força crescente de algumas marcas nacionais que têm conseguido afirmar-se num mercado altamente competitivo, impulsionadas pela consolidação, internacionalização e um contexto económico mais favorável. E aponta: “a existência de marcas verdadeiramente globais continua a ser um dos calcanhares de Aquiles do nosso crescimento económico. Com algumas exceções, continuamos a ter marcas, na sua grande maioria orientadas ao mercado nacional”.

A consultora OnStrategy apresentou recentemente os resultados do estudo anual das Marcas Portuguesas Mais Valiosas de 37 setores de atividade, desenvolvido recorrendo à metodologia de Royalty Relief, uma metodologia em conformidade com as normas ISO20671 (avaliação de estratégia e força) e ISO10668 (avaliação financeira), em que todas as marcas são auditadas e avaliadas com base em informação pública, nomeadamente relatórios e contas, dados de mercado e indicadores de força de marca.
Entre as 37 marcas líderes setoriais, identificadas a partir da totalidade das 100 marcas portuguesas mais valiosas, a CGD (+47%), o Pingo Doce (+38,4%), a Parfois (+34,12%), os CTT (+29,6%), a Wells (+29,4%) e a Portugalia (+28,6%) destacaram-se como as marcas que mais valorizaram face a 2023, sendo que a Distribuição/Retalho e Banca foram os setores que mais valorizaram.
Relativamente aos setores de produção, distribuição e retalho alimentar, as marcas líderes em 2024 foram o Pingo Doce no segmento de “Retail Food”, cuja proprietária Jerónimo Martins se destacou também como a marca de Holdings mais valiosa, a Delta, no segmento de “Beverages Non Alcohol”, a Super Bock, no segmento de “Beverages Alcohol”, a Lactogal, no segmento de “Food”, e a Portugália, no segmento de “Retail Restaurants”.

O estudo revela um crescimento significativo em várias marcas de retalho. Olhando para o mercado, quais os principais fatores que contribuíram para a valorização de marcas como o Pingo Doce ou a Parfois?
De uma forma geral, temos vindo a observar uma clara recuperação pós pandemia nas marcas no setor da distribuição e do retalho, com um claro reforço nos índices de força de marca. Por outro lado, o efeito inflacionista dos últimos anos permitiu um reforço nos volumes de negócio das principais marcas de retalho, conjugado com a manutenção ou reforço das suas margens operacionais, bem como o contexto altamente competitivo deste setor e dos seus subsetores e também da implementação ou reforço de fenómenos de consolidação e internacionalização. Adicionalmente, beneficiaram também de uma melhoria de risco da nossa economia. Todos estes efeitos resultaram numa melhoria no valor financeiro das marcas destes setores onde, são exemplos, a Parfois e o Pingo Doce.

No setor da distribuição e retalho alimentar, o Pingo Doce destacou-se com uma valorização de 38,4%. Neste setor, como tem observado o posicionamento e crescimento das marcas? É um setor forte e com muita concorrência. Como é que podem se diferenciar junto dos consumidores?
Mais do que destacar marcas, penso que é importante entender a tendência. O retalho e a distribuição em geral, são setores maduros e onde existe muita concorrência. Aquilo que temos vindo a observar é que o trabalho de marca neste setor tem vindo a revelar-se muito consistente, com os índices de força de marca a terem uma tendência de crescimento nos últimos cinco anos. A entrada de novos players no mercado e alguns fenómenos de consolidação também têm obrigado as marcas a serem muito competitivas e a terem, obrigatoriamente o posicionamento de marca correto, bem como ferramentas e mensagens consistentes e coerentes para as suas audiências. Aliado a um contexto inflacionista e a alguma ressaca do pós-covid, resultaram num crescimento bastante considerável nos dois últimos anos, beneficiando de um contexto atual e de um outlook económico positivo, em particular aquelas marcas que atuam maioritariamente no mercado português.
A marca Wells registou um aumento de 29,4% no seu valor. É uma marca que tem apostado na proximidade com o consumidor. Será também um fator de crescimento desta marca no segmento de “Retail Health & Wellness”?
Sim, sem dúvida. Neste caso, para além dos aspetos já referidos, beneficia também da situação específica do setor de retalho de saúde, ou seja, do crescimento da oferta de produtos farmacêuticos e dermocosméticos e também do aumento da oferta de prestação de cuidados de saúde.

A Parfois lidera no segmento de “Retail Specialist”. Quais são as principais tendências no setor de retalho especializado que a Parfois soube capitalizar para alcançar esta posição de destaque?
A Parfois tem um posicionamento de marca muito claro, uma segmentação de produto e de canais de distribuição muito assertiva e consistente, que aliada a uma estratégica de internacionalização permitiram alcançar essa posição de destaque. Diria mesmo que tem sido um exemplo no seu setor e no panorama das marcas portuguesas.

Como vê o posicionamento das marcas portuguesas nos vários setores? A inovação e o eixo da sustentabilidade fazem a diferença?
A existência de marcas verdadeiramente globais continua a ser um dos calcanhares de Aquiles do nosso crescimento económico. Com algumas exceções, continuamos a ter marcas, na sua grande maioria orientadas ao mercado nacional. O facto de um grande número das nossas empresas serem de pequena e média dimensão e, consequentemente a maioria das suas marcas, é um inibidor do seu crescimento, qualitativa e quantitativamente. Aquelas que por seu lado têm a escala que lhes permite sair fora de portas e alavancar a sua notoriedade e relevância, conseguem ombrear com as melhores nas suas indústrias. Nestas, a inovação e a sustentabilidade, seja ela ambiental, social ou económica, são fatores que têm cada mais relevância e pesam cada vez mais no total das dimensões e atributos que constituem a sua força de marca.

Considerando o contexto económico atual, quais são as suas previsões para a evolução das marcas de retalho e distribuição em Portugal, particularmente em termos de valorização e impacto no mercado interno e externo?
Quanto aos aspetos quantitativos que impactam a valorização, acredito que dependerá muito da economia internacional, mais do que da nossa economia. As tensões na Ucrânia e Médio Oriente, as eleições norte americanas e os seus impactos na economia europeia podem a ter algum impacto no seu crescimento e, inevitavelmente na portuguesa. Estes fatores podem ter impacto quer na evolução dos negócios quer na perceção de risco que poderá afetar o valor. Quanto aos aspetos comportamentais, de relação das marcas com os seus stakeholders, acredito que as principais marcas, sejam elas dos sectores do retalho e distribuição, ou dos restantes sectores continuarão a mostrar a resiliência e a consistente evolução que têm mantido nos últimos 10 anos, no rescaldo do pós Troika.

A metodologia Royalty Relief utilizada na avaliação das marcas baseia-se em dados públicos e indicadores de força de marca. Como é que esta metodologia se diferencia de outras formas de avaliação de marcas?
De uma forma geral, esta metodologia é aquela que é mais comumente aceite por auditores, banca e em disputas judiciais. É uma das metodologias recomendadas nas normas ISO 10668 e 20671, que definem os guidelines quantitativos e qualitativos de avaliação de marcas. De uma forma geral, é um processo que incorpora uma análise comportamental, definida por um Índice de força de marca, uma análise financeira, que incorpora projeções de volume de negócios, margens operacionais, royalties e taxas de desconto e uma análise legal, que inclui uma análise sobre a forma como a marca se encontra registada e protegida. Para cada uma destas dimensões recorremos a fontes de informação externas e a estudos de mercado, que permitem aferir da sua força nos segmentos e nas geografias onde atua. Nesse sentido, elimina muitos critérios de subjetividade que outras metodologias, como por exemplo o earnings split incorporam.

Esta entrevista foi publicada na edição 427 do Hipersuper

Sobre o autorAna Rita Almeida

Ana Rita Almeida

Alimentar

Fruit Attraction acolheu exposição e lançamento da nova imagem dos WFPA

Lançado em 2011, o concurso, anteriormente conhecido como Pink Lady Food Photographer of the Year, passou a chamar-se World Food Photography Awards e na edição de 2025 passou a patrocinado pela Bimi Tenderstem Broccolini, marca global desta variedade de brócolos que pertence à Sakata, empresa multinacional japonesa de sementes.

Os prestigiados World Food Photography Awards marcaram presença na edição 2024 da Fruit Attraction Madrid, evento líder para o setor de frutas e vegetais. A exposição, que reuniu um leque variado de fotografias galardoadas ao longo dos dez anos do concurso, chamou a atenção dos participantes da feira internacional, que foi ainda escolhida como local de apresentação da nova imagem dos WFPA.

A Fuit Attraction recebeu exposição dos World Food Photography Awards. Lançado em 2011, o concurso, anteriormente conhecido como Pink Lady Food Photographer of the Year, passou a chamar-se World Food Photography Awards e na edição de 2025 passou a patrocinado pela Bimi Tenderstem Broccolini, marca global desta variedade de brócolos que pertence à Sakata, empresa multinacional japonesa de sementes.

O mais importante prémio de fotografia gastronómica do mundo estreou-se na Fruit Attraction com uma galeria situada no corredor central, entre os pavilhões 6 e 8 do centro de congressos e feiras Ifema, numa cortesia do seu novo patrocinador principal. Teve a presença de chefes e fotógrafos de renome mundial, entre os quais os Hermanos Torres, chefs famosos galardoados com Estrelas Michelin, de María José Sánchez, diretora da Fruit Attraction, além de meios de comunicação nacionais e internacionais e foi apresentado pela sua fundadora, Caroline Kenyon, pelo presidente do júri, David Loftus, e por Dave Samuels, diretor global da Bimi.

Aos jornalistas, Caroline Kenyon revelou que aprendeu a gostar de fotografia há 30 anos atrás, quando teve que deixar o seu trabalho numa publicação jornalística e mudar-se com o marido para o condado de Lincolnshire, uma zona predominantemente agrícola. Criou com um amigo uma agência de relações públicas que tinha entre os seus clientes, vários fotógrafos especializados em alimentação. Em 2011, questionou-se sobre o facto de não existir, a nível mundial, nenhum concurso sobre fotografia de comida, “que contasse todas as histórias de imagens de alimentação”, e decidiu lançá-lo. “Sabia que era possível fazê-lo e criei um website, falei com jurados, contatei uma galeria no centro de Londres e possíveis patrocinadores, falei com amigos na área de agências de relações públicas e comunicação”, contou na apresentação da exposição e lançamento da nova imagem que vai acompanhar a edição de 2025, e que decorreu a 9 de outubro.
O resto, é história. O prémio começou por ter 14 categorias e envolver um painel de 20 jurados. Ao longo dos 10 anos de realização, a organização recebeu cerca de 110 mil fotografias.


Atualmente divide-se por mais de 25 categorias, com um júri composto por 70 especialistas, e criou uma parceira com o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas e com a James P. Foundation, de Nova Iorque. Recebe milhares de imagens enviadas por fotógrafos, profissionais e amadores, de cerca de 100 países. “Tornou-se um concurso muito grande, estimulante, que está a sempre em mudança e evolução. É um projeto que me apaixona e à minha equipa”, sublinhou Caroline Kenyon.

Anónimo e aberto a profissionais e amadores

O concurso convida os fotógrafos, amadores ou profissionais, a mostrarem a sua criatividade na captação de histórias relacionadas com a alimentação em todo o mundo.

As fotografias são analisadas e escolhidas pelo júri de forma anónima, o que significa que os jurados não sabem se pertencem a um fotógrafo profissional ou amador, de renome ou desconhecido. As milhares de imagens passam por várias etapas de seleção até o júri chegar às 850 semifinalistas e depois às 180 finalistas, num processo que demora alguns meses.

“É um desafio presidir ao júri, por reunir profissionais de variadas áreas. Alguns membros exprimem mais a sua opinião do que outros e é sempre uma discussão que envolve muitas sensibilidades. O júri, com membros de países ao redor do globo, trabalha conjuntamente até à ultima fase de seleção”, explicou David Loftus, o mais conceituado fotógrafo de comida a nível mundial e presidente do júri há seis anos.

Referiu o caráter anónimo do concurso, facto que garante que não haja “nenhum favori tismo na escolha dos finalistas”. “É algo realmente especial, porque ninguém sabe se os vencedores serão profissionais com 30 anos de experiência ou fotógrafos amadores”, acrescentou, revelando que pessoalmente, as suas escolhas envolvem instinto “e coração”. “É o melhor e maior concurso mundial de fotografias de comida e o universo de imagens abarca tantos países e realidades, tantos momentos e significados, que na verdade trata-se de escolher com o coração e celebrar todos os aspetos relacionados com a partilha de comida”, sublinhou David Loftus, defendendo que, à partida, “são todos vencedores”.

Bimi patrocina “uma celebração única”

“Temos o prazer de anunciar o primeiro ano da Bimi como principal patrocinador do maior prémio de fotografia de comida do mundo, firmando a nossa posição como marca global de vegetais, apoiando todos os aspetos relacionados com a cultura da alimentação e ajudando a fazer brilhar a beleza dos alimentos e vegetais”, destacou Dave Samuels, diretor global da Bimi, na Fruit Attraction, no lançamento da nova imagem dos WFPA.

O responsável afirmou ainda que ao patrocinar este concurso, a Bimi pretende honrar estes “maravilhosos e cotidianos momentos”, que validam todo o trabalho realizado pelas pessoas nas várias etapas da indústria alimentar.

Num comunicado prévio ao evento na Fruit Attraction Madrid, Dave Samuels já tinha afirmado que estes prestigiados prémios “são uma celebração única da forma como a comida toca vidas em todo o mundo, e uma iniciativa que, como marca global de alimentos, é crucial que apoiemos”.

A Bimi está em Portugal, sobretudo na região Oeste. A área de produção passou de 10 hectares em 2021 para 80 hectares, com uma produção anual que já ascende aos 80 mil quilos. Cerca de 65% do Bimi produzido em Portugal é exportado e tem o Reino Unido como principal destino, refere a Sakata Ibérica. A marca tem como objetivo manter o crescimento de dois dígitos no mercado nacional e, ao mesmo tempo, diversificar as exportações para outros mercados internacionais, como França, Alemanha e Polónia.

Este artigo foi publicado na edição 427 do Hipersuper

Sobre o autorAna Grácio Pinto

Ana Grácio Pinto

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