Brexit e taxas aduaneiras impostas pelos EUA afetam setor alimentar em 2020
As previsões “mais sombrias” dizem respeito ao Reino Unido, onde se espera que as falências de empresas aumentem cerca de 8%

Ana Catarina Monteiro
Nestlé Portugal lança série dedicada à literacia alimentar
Casa Relvas aumenta o portfólio com três novos monocastas
CONFAGRI diz ser “incompreensível” a redução do apoio à horticultura
Snacking é uma forma de conexão segundo estudo de tendências da Mondelēz
HAVI implementa em Portugal um projeto-piloto de gestão de armazéns
Jerónimo Martins entre as 100 melhores empresas mundiais em diversidade e inclusão social
Essência do Vinho regressa ao Porto com 4.000 vinhos de 400 produtores
Indústria alimentar e das bebidas exportou 8.190 M€ em 2024
Festival da Comida Continente de volta em julho
Embalagem e logística têm melhorado a eficiência operacional
As previsões para 2020 para o setor alimentar apontam para um aumento das insolvências e dos atrasos nos pagamentos de “créditos vencidos em mercados chave”.
As dificuldades traduzem-se numa maior exposição de certos mercados europeus face às consequências de um “hard” Brexit ou à escalada do conflito comercial com os Estados Unidos, de acordo com o último Market Monitor divulgado pela Crédito y Caución.
Nos vários países analisados, as previsões “mais sombrias” dizem respeito ao Reino Unido, onde se espera que as falências de empresas do setor alimentar tenham um “incremento de cerca de 8%, valor que será ainda maior se se verificar um hard Brexit”.
Em Espanha, o relatório apresenta uma deterioração, de “boas” para “favoráveis”, das previsões para o mesmo setor. Estima-se que o subsetor da azeitona e do azeite seja o mais afetado, dadas as tarifas aduaneiras à importação impostas pelos Estados Unidos que, dos países fora da UE, é o principal mercado de exportação de Espanha, com compras de alimentos e bebidas a ascenderem aos 1.728 mil milhões de euros, segundo dados da FIAB (Federação das Indústrias de Alimentação e Bebidas espanholas).
A produção de azeitona e azeite representa cerca de 8% do total da indústria alimentar espanhola, indica o estudo, apontando para um aumento da pressão financeira sobre os produtores e os transformadores nos próximos meses.
Em Itália, onde o setor alimentar se caracteriza por “uma forte concorrência e empresas de pequena dimensão”, a seguradora de crédito prevê um “ligeiro aumento dos incumprimentos, sem afetar os níveis de insolvência”.
Para França, mercado que “lidera o comércio internacional em segmentos como o vinho, açúcar, queijo ou aves de capoeira”, a Crédito y Caución prevê uma “deterioração das insolvências nos próximos seis meses”, justificada pelo aumento dos preços das matérias-primas, pelo Brexit e pelas tarifas aduaneiras impostas em outubro pelos EUA.
Um aumento similar está previsto para a Alemanha, “em especial no subsetor da carne”.
Mas este não será o único mercado no qual este segmento enfrenta problemas, dá conta a seguradora. “A atual epidemia de peste suína africana representa um desafio importante e o aumento dos preços das matérias-primas afeta os produtores e transformadores de carne em todo o mundo”, refere o relatório.
Ao contexto político e económico atual somam-se as mudanças nos hábitos dos consumidores, que exigem mais transparência e rastreabilidade nos processos de fabrico e nas cadeias de fornecimento, neste que é um setor “sensível” a riscos como a volatilidade dos preços, a surtos de doenças ou às condições meteorológicas, lembra o estudo. Ainda assim, a seguradora classifica o desempenho da indústria alimentar global em 2020 como “razoavelmente bom”.