Dos Açores para Lisboa: projeto de retalho difunde gastronomia açoriana
A micaelense Carolina Ferreira criou há oito anos um negócio de retalho para suprimir uma dificuldade que encontrou quando estudava em Lisboa: encontrar produtos regionais açorianos. Atualmente, o projeto conta com três lojas físicas e uma online
Ana Catarina Monteiro
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A micaelense Carolina Ferreira criou há oito anos um negócio de retalho para suprimir uma dificuldade que encontrou quando estudava em Lisboa: encontrar produtos regionais açorianos. Atualmente, o projeto conta com três lojas físicas e uma online
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O arquipélago dos Açores apresenta uma cultura gastronómica rica em sabores e produtos únicos que tornam difícil nomear os dois ou três mais típicos. O chá da Gorreana, o ananás, os queijos das várias ilhas, as especiarias endémicas, o licor de maracujá, as carnes, os mariscos, o bolo lêvedo – a lista de memórias degustativas que remetem para as ilhas parece não acabar.
Os que lá nascem e vão depois viver para outras partes do País ou do mundo, têm muita dificuldade em saborear os paladares da cozinha a que estão habituados. São produtos regionais e artesanais, que não viajam para fora daquela zona central do Atlântico Norte.
Carolina Ferreira deparou-se com isso mesmo, quando há cerca de 15 anos veio de São Miguel para Lisboa para estudar Engenharia Industrial. “Ia com frequência a casa e vinha de lá sempre carregada com quilos e quilos de produtos. Sentia falta do chá, da carne, que é totalmente diferente, dos queijos, de tudo”, lembra. Depois de terminar o Mestrado em Logística e de ter passado por empresas ligadas à grande distribuição e ao setor financeiro, a micaelense decidiu, então, abrir uma loja com produtos dos Açores na capital portuguesa.
Assim surgiu há oito anos o Espaço Açores, na Rua de São Julião. Quando os 70 metros quadrados da loja começaram a não chegar para a quantidade de produtos que foram sendo adicionados ao sortido, surgiu uma segunda loja, designada Mercearia dos Açores, a qual abriu há três anos na Rua da Madalena, não muito longe da primeira, com uma dimensão de cerca de 120 metros quadrados.
Mais recentemente, há um ano e meio, a fundadora quis expandir o conceito a “uma zona menos turística, mais residencial e com mais acessibilidade, em termos de estacionamento” e implementou o terceiro espaço em Picoas, sob a designação de Loja Açores.
Apesar de variarem nos nomes, as lojas seguem o mesmo conceito: ir buscar os produtos mais típicos dos Açores e trazê-los para o continente. Ao todo, são 300 fornecedores que abastecem os espaços com cerca de 1000 referências, das quais “80% não se encontra à venda em nenhuma outra loja lisboeta”.
Para Carolina Ferreira, trazer os produtores para este projeto não foi uma tarefa complicada. “O facto de ser açoriana e estar associada a uma família de negócio conhecida na região faz com que conheça praticamente todos os produtores. Todos eles sabem o meu nome”, explica.
O pai é dono das duas Fábricas dos Licores Eduardo Ferreira & Filhos e Ezequiel Moreira da Silva. Carolina Ferreira é também gestora deste negócio e tem também como objetivo “conferir mais visibilidade aos licores da sua família no continente”. O que já foi alcançado. “Estávamos apenas presentes em duas garrafeiras e, desde que temos as lojas, estamos a revender para muitos mais retalhistas”, observa.
Entre as principais marcas das fábricas açorianas de bebidas estão o “licor de maracujá Ezequiel, detentor de seis medalhas de ouro e, por isso, o licor português mais premiado a nível internacional -, e a marca Mulher de Capote”, destaca a responsável.
Foi na Mercearia dos Açores que Carolina Ferreira recebeu o HIPERSUPER para uma visita guiada. A loja apresenta todo o tipo de produtos. Entre os mais exóticos para o consumidor continental estão a “pimenta da terra”, uma “espécie traçada entre o piri-piri e o pimentão doce”; a açafroa, especiaria “utilizada em pratos de peixe com molho”; as conservas que identificam espécies de atum, como o gaiado, bonito ou albacora; as lapas – um marisco escondido debaixo de uma concha – também em conserva; as compotas de capuz (fisalis), de araçal – um fruto que parece uma goiaba encolhida e que só existe nos Açores, entre muito outros.
Das queijadas aos queijos, que podem ser cortados na loja, as nove ilhas do arquipélago estão representadas neste projeto de retalho que aproxima a região insular de todos os consumidores. “Queremos que introduzam os nossos produtos na sua cozinha diária”, diz a responsável.
Além disso, o projeto envolve uma loja online há “cerca de um ano e meio”, que garante entregas para todo o País em “24 horas”. A fundadora prevê que “daqui a um ano, a loja online passe a faturar tanto como uma das lojas físicas”, dada a adesão que os consumidores, nacionais e internacionais, têm demonstrado.