João de Castro Guimarães, diretor-executivo da GS1 Portugal
A base de dados da cadeia de valor portuguesa
A plataforma digital Sync.pt reúne informação comercial, nutricional, logística e de marketing sobre os produtos que percorrem a cadeia de abastecimento para melhorar a comunicação entre distribuidores e fabricantes. Em três anos, conquistou mais de mil empresas. Alargar aos consumidores e a novas funções são possibilidades agora em cima da mesa
Ana Catarina Monteiro
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A plataforma digital Sync.pt reúne informação comercial, nutricional, logística e de marketing sobre os produtos que percorrem a cadeia de abastecimento para melhorar a comunicação entre distribuidores e fabricantes. Em três anos, conquistou mais de mil empresas. Alargar aos consumidores e a novas funções são possibilidades agora em cima da mesa.
A principal dificuldade da gestão logística triangular composta por fornecedores, operadores de transporte e armazenamento e retalhistas prende-se com a comunicação, cuja falta de fluidez compromete a agilidade das cadeias de valor. E numa altura em que o consumidor exige cada vez mais rapidez e transparência no fornecimento dos produtos, a ferramenta da GS1 pretende “alinhar todos os agentes através da mesma linguagem”.
138 mil artigos registados
O processo é simples: cada fornecedor introduz a informação dos seus produtos, sendo depois partilhada com os subscritores autorizados, concretamente, distribuidores e retalhistas. “Desta forma, todos têm acesso à mesma informação, em tempo real, num único ponto de entrada e saída de informação. O que vem dar resposta a uma problemática até então existente: cada parceiro detinha a sua própria base de dados, tendo de a partilhar com cada cliente, tantas vezes quantas as alterações efetuadas ou novos produtos criados”, sublinha em entrevista ao HIPERSUPER João de Castro Guimarães, diretor executivo da GS1 Portugal (Codipor).
Três anos volvidos deste o seu lançamento, o portal reúne hoje informações de mais de 138 mil artigos, detidos pelas 1011 empresas aderentes. Entre estas estão as retalhistas Auchan, DIA, El Corte Inglés, Intermarché, Makro, Recheio e Sonae; e os fabricantes Danone, Nestlé, Nobre, Pepsico, Unicer e Unilever. Alargar o acesso aos consumidores é uma “opção que está a ser estudada”, assim como “novas funcionalidades”, revela o responsável sem, no entanto, pormenorizar.
Plataforma facilita exportação
Além de promover a comunicação entre os operadores no mercado nacional, o portal facilita a partilha de dados com parceiros de negócio além-fronteiras, uma vez que está sincronizado com plataformas idênticas em todo o mundo. “Todas as plataformas deste tipo que cumpram os requisitos do standard GS1 GDSN (Global Data Synchronisation Network) são consideradas congéneres, permitindo a integração da informação de parceiros internacionais e facilitando, assim, os processos de exportação”.
A Plataforma foi criada para dar resposta às exigências do Regulamento (UE) Nº 1169/2011, que incide sobre a prestação, nos canais digitais, de informação “relevante e de qualidade” aos consumidores. Como estes não têm acesso direto à plataforma, o desígnio da regra imposta pela União Europeia cumpre-se ao “alimentar” de forma mais eficiente e segura a disponibilização de dados por parte dos retalhistas aos seus clientes, seja em suporte físico ou digital.
A medida europeia foca-se nos géneros alimentícios, mas a plataforma atraiu vários setores além do agroalimentar. Os 12 campos obrigatórios descritos na legislação europeia (dados nutricionais, lista de ingredientes, validade, condições de conservação e utilização, entre outros) estão englobados nos “180 atributos” presentes nas fichas de produto que os produtores devem preencher quando registam uma referência na plataforma. As dimensões e as imagens dos artigos não ficam de fora.
Adaptada a diferentes atividades
“Devido às suas funcionalidades, a Sync PT tem sido reconhecida por todos os setores, sendo hoje uma plataforma adaptada e utilizada em diferentes áreas de atividade. Contudo, a plataforma não está esgotada. Continuam a ser efetuados desenvolvimentos para que a ferramenta possa responder cada vez mais eficazmente às exigências específicas de cada setor e estão a ser pensadas novas funcionalidades”, dá conta João de Castro Guimarães.
Para os associados da GS1, o acesso à Sync PT tem um valor anual “cobrado de acordo com o escalão de associados, definido com base no volume de faturação”. Para não associados, “acrescem os valores do processo de adesão – joia e quota anual”.