O ciclo de produção da Nobre
No ano em que assinala 60 anos de presença no mercado português, a Nobre abriu as portas da fábrica instalada em Rio Maior para dar a conhecer o seu ciclo de produção. A empresa que emergiu de um talho instalado em Rio Maior, é hoje a maior produtora portuguesa de transformados de carne
Ana Catarina Monteiro
Delta Q lança dois novos blends
Rachel Muller é a nova diretora-geral da Nestlé Portugal
Festival do Azeite Novo reúne sete produtores e sete restaurantes em Évora
Eurofirms Foundation assinala o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência com nova campanha
Paulo Figueiredo assume direção comercial da Cofidis
Vanessa Silva: “Acreditamos que a inovação e a paixão são os ingredientes-chave para o futuro da gastronomia em Portugal”
Porto Ferreira celebra o Natal com rótulos exclusivos inspirados na cultura portuguesa
Luís Vieira: “25 anos não são dois dias, mas parece que foi ontem”
Simple Foods lança nova gama de cereais funcionais
Quinas Beverage Industries lança nova gama de refrigerantes de bagas Goji
No ano em que assinala 60 anos de presença no mercado português, a Nobre abriu as portas da fábrica instalada em Rio Maior para dar a conhecer o seu ciclo de produção. A empresa que emergiu de um talho instalado em Rio Maior, é hoje a maior produtora portuguesa de transformados de carne
Percorra a galeria de imagens:
[smartslider3 slider=10]
Quando Marcolino Pereira Nobre abriu em 1918 o seu primeiro talho, em Rio Maior, estava certamente longe de imaginar que o seu sobrenome representasse, quase um século depois, a marca de fiambre mais vendida em Portugal. O empresário patenteou em 1957 a Nobre, que cresceu de um pequeno negócio familiar para se tornar a maior empregadora da região que a viu nascer.
As seis décadas de presença no mercado foram o pretexto para a empresa abrir as portas da fábrica de Rio Maior e mostrar como são feitas as referências que chegam a 80% dos lares portugueses (apenas fiambre).
A unidade estende-se por 40 mil metros quadrados, ao longo dos quais operam 763 colaboradores. Da carne que aqui chega, apenas 20% é portuguesa. A maioria tem origem “espanhola ou americana”. A desossa da matéria-prima é feita sobretudo por mulheres, pois têm mais habilidade para este trabalho minucioso, explica, enquanto guia a visita, Luís Raimundo, diretor global de pesquisa e desenvolvimento da empresa.
Já sem ossos, a carne passa de seguida por um processo mecânico no qual é injetado salmoura, um conservante à base do sal proveniente das salinas da região, e segue para as câmaras giratórias onde é “massajada” durante várias horas. Por fim, é embalada e inserida em fornos que garantem a cozedura.
Assim se faz o fiambre da Nobre, o produto que mais pesa nas vendas da marca (45% entre fiambre de aves e de porco) e que representa 35% das vendas deste alimento de charcutaria no total do mercado nacional. Seguem-se as salsichas, que pesam 33% na faturação da fabricante.
Volume de negócios de 130 milhões de euros
A fábrica de Rio Maior é atualmente a única unidade industrial da empresa, que encerrou a unidade industrial de Mem Martins (Sintra) em 2013. Tem uma capacidade produtiva de “70 mil toneladas por ano”. Além de abastecer o mercado nacional, exporta para cerca de 30 países, que representam 38% do volume de negócios de 130 milhões de euros alcançado em 2016. Os três principais destinos além-fronteiras são Espanha, França e Angola.
Fora os produtos finais que chegam aos consumidores, parte das exportações dizem respeito aos preparados de carne que seguem como matéria-prima para outras unidades fabris em Espanha, Bélgica e Itália, detidas pela mesma dona da Nobre.
Apesar de manter o “carácter nacional”, a empresa está hoje nas mãos da mexicana Sigma que, por sua vez, pertence ao grupo Alpha. Ligada também à indústria de carne, a produtora avançou em 2013 com uma Oferta Pública de Aquisição (OPA), sobre a espanhola Campofrío, anterior dona da Nobre. Rui Silva é desde o verão de 2011 o CEO (Chief Executive Officer) da produtora lusa.
As várias aquisições pelas quais passou, não fizeram a marca esquecer as suas origens. O primeiro trabalhador da fábrica de Rio Maior, que os restantes colaboradores chamam de Senhor Cândido, ainda hoje está ligado à empresa. Começou por entregar produtos de bicicleta e hoje assegura o sabor tradicional das receitas da Nobre. O “Fiambre da Perna Receita Tradicional do Sr. Cândido”, produto lançado em 2013, é exemplo do seu envolvimento com a empresa, representando um dos lançamentos “bandeira” da marca.
Nobre reformula oferta
O fiambre de porco ainda é o produto da Nobre preferido dos portugueses. No entanto, como a preferência dos consumidores por fiambre de aves tem vindo a ganhar expressão nos últimos anos, a marca tem reajustado a oferta, através de receitas mais saudáveis, para se adaptar os novos hábitos de consumo. Em 2014, após ter eliminado 30% das referências do seu portefólio, lançou a gama “Cuida-t”, composta por produtos isentos de glúten, teor de sal reduzido e menos gordura que as versões anteriores (fiambre da perna extra, peito de peru fumado, peito de peru, salsichão sem lactose e chourição). Um ano depois, chegaram ao mercado as salsichas de peru e de frango.No ano em que comemora o 60º aniversário, a Nobre lançou as “primeiras salsichas no mercado com carne branca” – 100% de frango ou de peru -, que são também, segundo a produtora de Rio Maior, as “primeiras a surgirem nos lineares portugueses com um índice de gordura abaixo dos 3%, valor semelhante ao de um peito de frango ou de peru”.
Governo negoceia exportação para meia centena de produtos
Presente no evento no qual se assinalou o 60º aniversário da Nobre, o Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, revelou que as exportações agroalimentares portuguesas cresceram “20% no primeiro trimestre do ano”, face ao período homólogo. O ministro fez questão de frisar que desde que entrou para o Governo abriram-se “30 novos mercados” para “90 produtos alimentares portugueses”. Neste momento, o executivo está em negociação para alargar a exportação a “meia centena” de bens, dos quais “60% são de origem animal”.