Pão Nosso. A primeira padaria bioartesanal do Porto
A procura de produtos biológicos e artesanais está a originar novos negócios. O Porto recebeu em novembro a primeira padaria bioartesanal da cidade. A Pão Nosso, cujos produtos chegam desde […]
Ana Catarina Monteiro
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A procura de produtos biológicos e artesanais está a originar novos negócios. O Porto recebeu em novembro a primeira padaria bioartesanal da cidade. A Pão Nosso, cujos produtos chegam desde 2014 aos lineares da distribuição nacional, prevê crescer no próximo ano a “três dígitos, novamente”.
A distribuição nacional mostra maior preocupação em assinalar em loja os produtos funcionais, dietéticos, biológicos, menos processados que os convencionais ou até as frutas e legumes de “origem portuguesa”, no sentido de aprimorar a perceção de “proximidade” e “naturalidade” dos alimentos por parte dos consumidores, mais atentos ao impacto da alimentação na saúde e no meio ambiente. 65,8% dos portugueses admite ter atualmente uma dieta saudável, segundo a primeira edição do Observatório da Nutrição e Alimentação em Portugal (ONAP), efetuado no último ano pela Premivalor Consulting com apoio da Nestlé.
A tendência de consumo está a fazer os retalhistas reformularem as grandes superfícies, assistindo-se ao surgimento de novas áreas dedicadas a produtos de alimentação saudável e biológica na distribuição moderna nacional. O Pingo Doce, por exemplo, reabriu no último ano em Telheiras com a nova área de alimentação saudável, além de oferecer a marca própria de produtos para vegetarianos, vegans ou intolerantes a substâncias como a lactose Pura Vida. Os hipermercados Continente assumem à medida que são renovados uma nova zona de vendas, dedicada ao mesmo tipo de produtos e incluindo também os de origem biológica, a Área Viva. A retalhista do grupo Sonae foi ainda mais longe com o lançamento, no início de dezembro passado, de uma insígnia especializada neste tipo de produtos, a Go Natural. O Jumbo, por sua vez, cumpre um programa de promoção à alimentação saudável em Portugal, dando dicas e receitas e oferecendo ocasionalmente degustações aos clientes. O último hipermercado da cadeia operada pelo grupo francês Auchan inaugurado em Portugal, concretamente em Sintra em novembro de 2015, engloba uma área dedicada à alimentação biológica.
Consumidor prioriza confeção caseira
Tendência puxa tendência e, com a maior procura por produtos naturais, assiste-se no País a uma “priorização da confeção de alimentação caseira” em detrimento da comida embalada, sobretudo nos “lares mais jovens”, de acordo com a consultora Kantar Worlpanel.
Remetendo para a produção artesanal em que tradicionalmente se “mete as mãos à massa”, o pão foi um dos produtos cujas vendas foram impactadas por esta preferência pelos alimentos “caseiros”. Consumido por 78% das casas portuguesas, o pão embalado caiu 9% em vendas no retalho nacional, no ano móvel findo a 28 de outubro de 2016, segundo dados da consultora Nielsen. O que também veio alterar os espaços comerciais dos distribuidores, que ligaram os fornos para reconquistarem os consumidores de pão pelo olfacto. Nas suas estratégias de renovação de lojas em Portugal, as cadeias Lidl e Minipreço passaram a integrar um conceito de padaria e pastelaria “self service”. Nas lojas ALDI e Jumbo, os produtos de panificação são também dispostos nas prateleiras quando acabam de sair dos fornos instalados nos pontos de venda. Também nas típicas padarias portuguesas, aumentam as variedades de pães e derivados de produção artesanal, os que contêm sementes, cereais, um menor teor de sal ou os produtos integrais.
As novas tendências de consumo trazem novas oportunidades de negócio, seja para a distribuição seja para a produção e também para o canal Horeca. Há negócios do setor da panificação a surgirem focados numa oferta totalmente biológica e artesanal.
Em Lisboa, surgiu em 2010 a Padaria Miolo com uma oferta de pão e pastelaria de produção biológica. No Porto, abriu em novembro de 2016 a primeira padaria bioartesanal da cidade, pela mão Pão Nosso. O formato aposta em panificação e confeitaria, fabricados com recurso a farinhas biológicas e fermentos naturais, em que “parte do processo continua a ser artesanal”. Além dos produtos de marca própria com “certificação biológica”, a padaria portuense é também um “pequeno supermercado que disponibiliza produtos com a mesma origem”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Filipe Melo, o fotógrafo de formação que em 2013 trocou as objetivas das câmaras para fundar a marca.
Pão Nosso espera crescer 100% em 2016
“[Na Pão Nosso] reproduzimos conceitos de produção de pão que estão em voga na Europa e nos EUA. A produção nacional de pão é massificada e o consumidor procura estes espaços de caráter único e com qualidade. Além disso, a cidade do Porto precisa de novos conceitos de negócio que a capitalizem a nível internacional. Por isso abrimos o espaço”, conta o criador do projeto, que neste momento divide a propriedade da marca com Paulo Herbert. No total, a empresa compõe-se por seis trabalhadores, “quatro dedicados à produção de investigação de novos produtos e dois à gestão da loja”.
A produtora portuense decidiu alargar o negócio à venda direta ao consumidor, depois de dois anos a abastecer os lineares de cerca de 30 mercearias biológicas e lojas “gourmet”, cobrindo “desde Braga até ao Algarve”, tendo recentemente conquistado os lineares do El Corte Inglés. O modelo de negócio inicial ambicionava a “distribuição e colocação do produto nas principais lojas de oferta biológica em Portugal”. A estratégia de crescimento baseou-se primeiramente “no mercado local, com distribuição própria”, até que em 2014 foi estabelecida uma parceria com a empresa de revenda de produtos ‘bio’ Exponential Green para levar a marca a todo o território nacional.
A partir daí, o passo para abrir a primeira loja própria foi “natural”. Representando um investimento de “50 mil euros”, o ponto de venda Pão Nosso, com 70 metros quadrados, inaugurou no espaço onde a empresa já havia instalado a fábrica, na Rua Barão São Cosme, junto à faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, de onde saem semanalmente “500 quilogramas de pão”. Volume de produção que a empresa quer “duplicar” no próximo ano, “quer pela introdução de novos produtos quer pela expansão da marca junto de novos clientes”.
A Pão Nosso espera ter um crescimento de “100% em 2016 face ao ano anterior” e prevê uma evolução novamente “acima dos três dígitos em 2017”, revela o responsável.
Nova unidade de produção em 2017
O primeiro espaço de venda ao público “é operado por uma empresa da qual somos também sócios”, diz o fundador. Entre a oferta “bioartesanal” de pão de alfarroba, amaranto, pão de mistura, de aveia, de arroz, entre outros, estão os produtos estrela da casa – os “pães sem glúten e o pão de espelta”. Apesar de o negócio “ser pensado para crescer através do escoamento dos produtos pela via da distribuição”, as solicitações dos clientes levam a empresa a ponderar expandir o conceito a novas lojas na cidade do Porto. A intenção da marca passa por “operar com lojas próprias no Grande Porto e futuramente expandir para o resto do País através do modelo de franchising”.
O objetivo da Pão Nosso é tornar-se “o estabelecimento comercial de referencia nacional na produção e venda de produtos de panificação biológicos e adequados para celíacos”. Neste sentido, está já prevista a abertura de um novo espaço destinado à instalação de um processo de produção certificado de alimentos para celíacos. “Tal deverá acontecer durante 2017 também no Porto”.
A empresa garante que os seus fornecedores têm certificação biológica e, por isso, são “tanto nacionais como estrangeiros, dado que a produção nacional de muitas matérias-primas necessárias ainda é insuficiente, seja em quantidade seja em qualidade”, conclui o criador da Pão Nosso.