ESPECIAL Logística: e-commerce “contribui muito” para viragem de ‘supply chain’ para ‘demand chain’
O sector de logística reinventa-se com a expansão do e-commerce e o “fenómeno” das cadeias de proximidade, em 2015. As empresas portuguesas, que aderem“rapidamente às novas tecnologias” nesta área, prevêem um aumento das exportações este ano
Ana Catarina Monteiro
El Corte Inglés ilumina-se de azul para sensibilizar importância da luta contra o Cancro da Próstata
Quinta da Vacaria investe na produção de azeite biológico
Grupo Rotom reforça presença no Reino Unido com aquisição da Kingsbury Pallets
Diogo Costa: “Estamos sempre atentos às necessidades e preferências dos nossos consumidores”
Staples une-se à EDP e dá passo importante na descarbonização de toda a sua cadeia de valor
CTT prepara peak season com reforço da capacidade da operação
Já são conhecidos os três projetos vencedores do Prémio TransforMAR
Campolide recebe a terceira loja My Auchan Saúde e Bem-Estar
Montiqueijo renova Selo da Igualdade Salarial
Sensodyne com novidades nos seus dentífricos mais populares
O sector de logística reinventa-se com a expansão do e-commerce e o “fenómeno” das cadeias de proximidade, em 2015. As empresas portuguesas, que aderem“rapidamente às novas tecnologias” nesta área, prevêem um aumento das exportações este ano.
“O papel da logística está hoje na agenda dos administradores, que a vêm não somente como uma fonte de diferenciação positiva no serviço ao cliente ou como uma ferramenta de eficiência e redução de custos, mas também como um forte aliado do marketing na concretização dos seus objectivos de gestão”. Palavras de Pedro Gordo, SupplyChain Business Devlopper da Generix, que cedeu o seu testemunho ao HIPERSUPER, quanto ao balanço do sector no último ano. “Foi visível um interesse crescente em investir na logística, de uma forma geral em Portugal, em linha com a ligeira melhoria do clima económico no país”.
Para a actividade do grupo Generix, em particular, 2014 foi “um ano positivo, com um crescimento sustentado das vendas e a concretização de vários outros objectivos, como por exemplo, a entrada em Angola ou a concretização de negócios na modalidade ‘ondemand’, havendo aexpectativa de um crescimento“a dois dígitos ao nível do volume de negócios”, para a actividade da empresa ao longo dopresente ano.
Um aumento dos fluxos comerciais no exercício logístico foi também notado na GEFCO, cujo Director-Geral, Fernando Reis Pinto, dá conta que “quer as importações quer as exportações da empresa revelaram variações homólogas positivas” em 2014, face ao ano anterior. “A movimentação de carga destacou-se com um crescimento nos portos nacionais, que quase todos atingiram novos recordes”. Também no transporte rodoviário, verificou-se a abertura de novas ligações internacionais diárias por vários operadores”, revela o responsável, que perspectiva para 2015, um “crescimento nas áreasmarítima e rodoviária, a par de um aumento das exportações”, que as “projecções económicas” deixam adivinhar.
Tudo indica que o sector de logística vai crescer em exportações este ano, como consegue também prever o Director-Geral da DHL Express Portugal. Américo Fernandesexplica que as “pequenas e médias empresas” têm apostado com “grande dinamismo, em novos mercados,oferecendo produtos e serviços de grande qualidade”. Neste sentido, a empresa espera atingir “uma evolução superior à de 2014, acima dos 7% a 8%”.
A questão da proximidade
Com os retalhistas a assumirem uma maior proximidade com o público, através do alargamento das cadeias, com espaços mais pequenos, os serviços de logística estão cada vez mais desburocratizados. Para mais independência e rapidez nos processos, muitas daquelasretalhistas são já responsáveis por tarefas, no âmbito das operações de abastecimento, de forma a reduzir a carga de trabalho que a entrega e a recolha de mercadoria envolvem.
Exemplosconcretos disso são a “Amazon e a Alibaba”, que começam a utilizar drones para entregar encomendas. “Estes são retalhistas que, cada vez mais, se especializam em tarefas de logística, sendo de realçar que tem existido uma aposta cada vez maior em entregas no próprio dia”. Por outro lado, o Lidl “investiu numa plataforma logística em Espanha”, revelaReis Pinto.
Como o conceito de proximidade implica um maior número de pontos de entrega, maior dispersão, encomendasmais frequentes e mais fraccionadas,“ao nível da grande distribuição, as lojas mais pequenas acarretamuma redução do número de SKU (Stock KeepingUnit), reforçando a oportunidade que já existia ao nível do reflorescimento das lojas de especialidade”, diz o responsável da Generix, sublinhando que estes factores “têm a consequência de um custo logístico superior para o mesmo nível de vendas”, um dos desafios que os profissionais enfrentam ao assumirem a tarefa logística.
Neste sentido, atransferência de funções para uma maior autonomia dos pontos de venda, ao passo que as cadeiasassumem o compromisso de estarem em maior número no mercado, faz com que o sector de logística invista na produção de uma “melhor qualidade de informação”, considera João Coutinho. O Marketing Manager da Zetes Burótica justifica a visão com a ideia de que “os retalhistas e todos os intervenientes na cadeia de abastecimento precisam de soluções que lhes permitam saber tudo o que se passa com os seus produtos, de forma rápida, precisa, em qualquer lugar e por quem são manuseados”.
Com a questão da proximidade, Reis Pinto considera que se dará uma “nova procura para espaços logísticos e armazéns, incluindo pólos de grande dimensão (com mais de 100 mil metros quadrados), centros de distribuição especializados e entrepostos locais de menor dimensão uma estrutura definia e completa de logística para dar resposta às necessidades”.
No entanto, independentemente da dimensão das lojas, “qualquer retalhista deve adaptar as suas infra-estruturas para competir no mercado”, uma vez queo consumidor valoriza “a comodidade e o conforto da compra”, dizo responsávelda GEFCO, reforçando a ideia de que este é um sector adaptável à constante actividade e desenvolvimento, para o qual “todas as alterações são favoráveis”.
Américo Fernandes afina pelo mesmo diapasão, considerando que a tendênciada proximidade “não afecta a actividade logística”, pelo contrário, vem dinamizá-la “ainda mais”, em especial na área do transporte. “Se há mais pontos devenda e de distribuição, maior é anecessidade de terem as mercadorias disponíveis nos diferentes espaços ou seja, as entregas são feitas com maior frequência”. O responsável da DHL aponta para “vários ajustes” em relação à distribuição para uma maior rapidez. “As soluções passam por repensarmos o modelo de distribuição, utilizarmos veículos mais adequados e, possivelmente, termos estruturas mais descentralizadas, entre outras”.
Actualmente, a maior parte dos retalhistas procura “fomentar o Cross-Docking puro”, obtendo o controlo dos fluxos de transporte, “de forma a que o ‘lead time’ seja o mais curto possível”.AGenerixdesenvolveu um “projecto de criação de centros parapequenos fornecedores da grande distribuição”. O processo permitiu “consolidar asmercadorias e abastecer os centros de distribuição” dos retalhistas com “camiões completos”, além da “redução do número de fluxos de entrada e saída”. Segundo Pedro Gordo, a soluçãotraz ganhos “a muitos níveis”, nomeadamente,na “redução dos níveis de inventário, do tempo de posse de stock e ‘handling’ e no aumento do período de vida útil nas lojas”.
Comércio electrónico
Segundo o responsável, o e-commerce é um dos factores que “muito contribuiu para a viragem do paradigma” de ‘supply chain’ para ‘demand chain’. Ao nível do retalho, a omnicalidade e, particularmente, o comércio online lançaram um conjunto de importantes desafios à logística, assentes fundamentalmente na necessidade de satisfazer consumidores mais informados e exigentes.
O desenvolvimento do e-commerce significa “um maior número de encomendas a gerir, menores quantidades unitárias, maior dispersão dos pontos de entrega e maior fraccionamento das mercadorias em trânsito, que obrigam a soluções de transporte em rede, com maior sofisticação e eficiência, para assegurar os níveis de serviço adequados na entrega dos bens”. No entanto, os maiores desafios para a logística estão “relacionados com o marketing, que levanta as questões de maior complexidade”.
A exigência de rapidez no transporte, com menores quantidades de produtos, é uma tendência impulsionada não apenas pelas cadeias de proximidade, como também se tona mais evidente com a expansão do comércio online que, tanto nas vertentes B2B como B2C, levanta “vários desafios importantes”.
Como a situação actual pressupõe uma elevada carga de trabalho para a logística, para escoar acções para outras operadoras, muitas empresas recorrem ao ‘outsourcing’. Na maior parte dos casos,esta é a “melhor opção quando se procura flexibilidade, qualidade e ajustamento constante a alterações na necessidades logísticas”, para o responsável da Generix. A solução representa uma “mais-valia”também para Américo Fernandes,porque “torna as estruturas mais flexíveis, adaptáveis às variações de volumes e com uma maior flexibilidade de horários”. Permite ainda uma “melhor gestão de custos com soluções mais flexíveis para os clientes e consequentemente uma maior satisfação com o serviço”.
Soluções mais utilizadas em Portugal
Portugal apresenta um sector logístico com um panorama “idêntico ao da Europa”, “ao mesmo nível” que os restantes países ou até “mais avançado”, em relação à tecnologia disponível. As soluções “mais utilizadas no mercado português são as de “shipping online”, uma vez que são as “mais fáceis de utilizar pelos clientes”, afirma Américo Fernandes.
O sector tem especial peso em Portugal devido à localização geográfica do país, onde “a procura dos serviços está ainda muito centrada em empresas multinacionais”.
Quanto à tecnologia que permite uma maior circulação e acesso aos dados e,consequentemente, uma melhor comunicação entre os intervenientes da cadeia de valor, Reis Pinto afirma, por sua vez, que as mais utilizadas em Portugal,são as soluções “ERP, TMS e WMS”, que permitem uma “gestão eficaz e em tempo real dos fluxos”.
“A integração de informação é hoje mais importante do que qualquer factor físico como a distância ou o meio de transporte”, considera Pedro Gordo, destacando, entre as mais eficazes medidas, para não afectar a qualidade dos serviços, a aposta em“sistemas de informação e na logísticacolaborativa” entre os agentes de cada cadeia de abastecimento. Dada a exigência de mais rapidez no transporte de menores quantidades de produtos,”receber informação de um fornecedor via EDI, utilizar a sua codificação (EAN128, SSCC,RFID), trabalhar em ‘cross-docking’ puro, evitando a armazenagem, dar visibilidade permanente sobre o estado das encomendas num portal B2B, obter o POD no momento da entrega e disponibilizá-lo online, optimizar as rotas, o preenchimento dos veículos ou o carregamento, são exemplos de soluções que permitem responder com eficácia à realidade actual e futura”.
A “crescente multiplicidade de canais exige uma adaptação às constantes mudanças”, pelo que, João Coutinho considera que, nos próximos anos, a tecnologia desenvolve-se no sentido de facilitar “a informação de todas as operações efectuadas na cadeia de abastecimento colaborativa, por todos os intervenientes, de forma a saber e a validar todos os processos, cada vez, mais complexos”.
A automatização dos processos logísticos, com o avanço da tecnologia, pode passar pela “integração do operador com o seu cliente, inclusivamente, com outras cadeias de fornecimento a jusante”, pela “maior análise de grandes volumes de informação” e“áreas de gestão de produto”, oferecendo serviços “cada vez mais adaptados as necessidades do mercado”.