A única marca portuguesa de temperos
É a única marca portuguesa de temperos e faz frente às grandes multinacionais, cá dentro e lá fora. A Paladin cresceu mais de 100% até Agosto, só em Portugal
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1982, Golegã. Nasce a primeira fábrica portuguesa de produção de vinagre de figo. “O meu pai fundou a unidade industrial há 32 anos para produzir uma inovação: até à data só existia vinagre de vinho em Portugal”, explica em entrevista ao HIPERSUPER Carlos Gonçalves, director-geral da Mendes Gonçalves.
Ainda hoje, a fábrica produz, exactamente no mesmo local, vinagre de figo mas em menor quantidade, devido à redução da matéria-prima. “Chegámos a comprar 30 mil toneladas, hoje adquirimos um terço. Mantemos o mesmo sistema de produção e compramos quase toda a produção da região, também para ajudar a manter viva a cultura deste fruto”.
Até 2001, a empresa dedicou-se apenas ao fabrico de vinagre mas, em 2012, alargou a produção aos molhos. “Não existiam empresas portuguesas a produzir molhos. Havia uma lacuna. Quer os produtos de marca quer os produtos com a marca da distribuição eram importados. A primeira fase passou pela conquista das marcas da distribuição, hoje fazemos a marca própria de vinagre para praticamente para todas as cadeias de distribuição”.
A Mendes Gonçalves comercializa actualmente três marcas: Paladin (a marca estrela), Pensinsular, (a primeira marca da empresa), e Creative (uma linha gourmet).
Marca Estrela
A Paladin era uma marca internacional de mostarda que chegou a Portugal pela mão da Reckitt Benckiser, em 1974. A Mendes Gonçalves comprou a marca em 2004 e conferiu-lhe alma portuguesa. “Mantivémos, no entanto, a receita desta mostarda, uma das mais antigas em Portugal e ainda na memória de muitos portugueses”. Sendo uma marca que nasceu no exterior, tem uma fonética fácil em qualquer língua, uma ‘mais-valia’ para uma empresa que já exporta um milhão de euros.
Depois de algum tempo apenas a comercializar vinagre, a Paladin estende a produção a outros molhos e condimentos e, já este ano, fez os primeiros anúncios na TV portuguesa. “Finalmente, há uma empresa portuguesa a concorrer em muitas gamas de produtos com as multinacionais. Só em Portugal, a marca cresceu 100% até Agosto. A Distribuição também está a aumentar o número de referências e espaço nas prateleiras e, finalmente, percebeu a importância de haver uma marca portuguesa de temperos. Este era um mercado dominado pelas multinacionais”.
Desde há quatro anos que a Mendes Gonçalves investe em média 1,5 a 2 milhões de euros por ano, à boleia da ajuda dos fundos comunitários. “Em 2015, deveremos investir cerca de 2 milhões de euros, vai depender da abrangência do quadro de apoio comunitário. Mas, pensamos que vai ao encontro de tudo o que queremos fazer: investigação e desenvolvimento (I&D), novas tecnologias de produção e conservação e energias renováveis”.
A empresa que faz o molho para as bifanas e pregos do McDonald’s está ainda na fase inicial de um projecto para construir um centro de inovação e desenvolvimento na fábrica. “Actualmente, temos sete pessoas dedicadas à I&D. Temos tido três grandes linhas de orientação. A procura por fazer produtos novos, melhorar fórmulas e utilizar ingredientes cada vez mais naturais em substituição dos conservantes. Em segundo lugar, desenvolver produtos para os nossos clientes, as marcas da distribuição mas também outras empresas. E solucionar problemas, sobretudo na hotelaria, juntando os vários ingredientes utilizados numa apresentação mais prática, conveniente e segura”.
A construção de um centro logístico é mais um dos projectos para agora, este sem incentivos europeus. “Vamos desenhar a nossa operação de futuro e construir um centro para armazenar e expedir os nossos produtos. A razão pela qual não apostamos num operador logístico prende-se com o facto de termos uma operação muito complexa, com produtos pequenos e frágeis e ao mesmo tempo produtos com grande peso para exportar. Com este investimento, vamos ganhar eficiência e melhorar o serviço”.
Adega de vinagres
A produção de vinagre é totalmente automática e funciona 24 horas por dia. A empresa tem capacidade para fabricar 30 milhões de litros por ano. “O vinagre é um produto que resulta de duas fermentações, uma alcóolica e outra acéptica. A matéria-prima é o fermentando da fruta ou vinho”. Quase toda a matéria-prima é adquirida em Portugal, cerca de 80% das necessidades da empresa da Golegã.
A Mendes Gonçalves aposta ainda em vinagres envelhecidos. “Adquirimos vinhos mais velhos, com mais aroma, para produzir o vinagre que descansa seis meses em cascos, onde antes envelheceu vinho, na adega”. É um produto de grande consumo mas com valor acrescentando, por isso, a embalagem é de vidro, diferenciando-se do tradicional packaging.
A Mendes Gonçalves faz ainda as suas próprias embalagens, desde 2000. “Investimos um milhão de euros para erguer uma fábrica onde produzimos as embalagens, a grande maioria para abastecer a nossa fábrica. Temos capacidade para produzir 50 milhões de garrafas por ano”.
Um negócio, duas filosofias
“Procuramos estruturar a empresa seguindo duas filosofias: manter o início do negócio, ou seja, continuar a fornecer empresas tradicionais e de pequena dimensão. Mas, ao mesmo tempo, ser uma empresa cada vez mais eficiente, fabricante de grandes quantidades para competir no mercado internacional com um preço muito baixo. De um lado, ganhamos porque acrescentamos valor ao produto, ganhamos mais margem, do outro, fazemos grande volumes mas ganhamos pouco unitáriamente”, explica Carlos Gonçalves.
No que diz respeito à aposta nas marcas, a empresa segue também dois caminhos. “Por um lado, no que diz respeito às marcas próprias estamos a crescer, continuamos a ter a preferência de todas as empresas de distribuição em Portugal e queremos continuar a crescer. E, à medida que vamos alargando a nossa gama de produtos, também aumentamos a gama de marca própria. Por outro, a Paladin está a crescer, fruto da nossa forte aposta na marca e na exportação, o que nos tem permitido equilibrar o negócio. O nosso objectivo é ter uma quota de exportação de 40% do volume de negócios em 2016 e que a nossa marca tenha cada vez mais peso”.
No ano passado, a Mendes Gonçalves alcançou 25% de quota de exportação e no final de 2014 estima atingir 30%. Angola, Moçambique, Marrocos e Argélia, são os principais mercados. “Estamos focados em África e no Médio Oriente. É no departamento de I&D que se adapta cada produto ao gosto local”.
A empresa estima facturar no final do ano cerca de 25 milhões de euros. Até Agosto, o volume de negócios acumulado cresceu 22% face ao período homólogo.
Mendes Gonçalves em números
Fundada em 1982
Fábrica com 18 mil metros quadrados
200 trabalhadores
Fabrica mais de 1.000 referências
Capacidade para produzir 30 milhões de litros de vinagre/ano
80% da matéria-prima é comprada em Portugal
25% de quota de exportação em 2013
Deverá facturar 25 milhões de euros este ano