Apenas 40% dos portugueses prevê ter uma velhice serena
Apenas 40% dos portugueses prevê que a reforma será a sua principal fonte de rendimento quando se aposentar, segundo um estudo da Nielsen
Rita Gonçalves
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Apenas 40% dos portugueses prevê que a reforma será a sua principal fonte de rendimento quando se aposentar, segundo o estudo da consultora Nielsen “Envelhecer: Receio em Relação ao Futuro”.
Segundo o relatório, a reforma é para os pensionistas de hoje, e também para os de amanhã, a sua principal fonte de rendimento, embora mais de um quarto (31%) refira que se vai ver obrigado a recorrer também às suas poupanças.
A análise, efectuada num total de sessenta países, entre os quais Portugal, destaca que 17% irá recorrer aos planos de reforma para viver durante os anos de aposentação, números muito semelhantes à média europeia, cujos idosos (49%) têm previsto também sustentar a sua velhice através da pensão do Governo. No entanto, 50% dos portugueses não sabe se vai ter dinheiro suficiente para viver de forma desafogada e poder pagar as despesas médicas (40%).
Vão os portugueses viver melhor do que os seus pais quando chegaram à terceira idade? 54% pensa que não, tal como os restantes europeus. A situação de crise e incerteza que a Europa atravessa está a enraizar-se na mentalidade dos seus cidadãos, revela o estudo.
Quanto à idade de reforma, 41% dos portugueses mais optimistas acredita que irá ocorrer entre os 60 e os 65 anos, embora 29% seja da opinião que só poderá reformar-se depois dos 66 anos, nomeadamente após a medida adoptada pelo Governo de Pedro Passos Coelho, em 2013, que estabelece essa idade como a única possível para uma aposentação sem penalizações.
A cruz dos idosos
O relatório da Nielsen, que analisa também as preocupações dos nossos idosos, indica como principal inquietude a capacidade de serem auto-suficientes em relação à alimentação, higiene ou vestuário. Este assunto preocupa 66% dos inquiridos.
Assim, não é de admirar que também temas relacionados com a manutenção da independência (60%) e poder, por exemplo, conduzir, cozinhar ou ir às compras, sejam tarefas quotidianas que estejam na lista de preocupações dos portugueses face à sua futura velhice.
Outro aspecto que preocupa consideravelmente 56% dos portugueses, tem a ver com a perda de agilidade física ou não ter dinheiro suficiente para viver condignamente (50%) ou fazer face às despesas médicas (40%). Por último, a possibilidade de ser um fardo para os seus familiares mais próximos inquieta 45% dos portugueses inquiridos.
Segundo o diretor-geral da Nielsen Espanha e Portugal, Gustavo Núñez, “a ideia de incomodar o menos possível familiares e amigos durante a velhice é um dos pensamentos recorrentes dos portugueses e está entre mais enraizados na nossa sociedade. Tanto é assim que a frase “não quero ser um fardo”, à qual estamos tão acostumados, tem o seu nítido reflexo neste estudo. No entanto, trata-se de um sentimento geral, partilhado por grande parte dos europeus, à excepção de Itália, onde a firme tradição da família faz com que a percentagem de pessoas que quer viver com os filhos aumente para 11%”.
Assim, a análise da Nielsen revela que apenas 9% dos portugueses quer viver com os filhos durante a velhice, enquanto 28% diz que o fará com o cônjuge. Por outro lado, 15% irá optar por um lar ou residência assistida e apenas 24% diz que continuará a viver em casa, recorrendo à assistência de um profissional. A solidão ou o abandono, por sua vez, assustam quase 31% dos futuros reformados.
Ficha Técnica
O estudo internacional “Envelhecer: Receio em Relação ao Futuro”, foi realizado entre 14 de Agosto e 6 de Setembro de 2013, com a participação de mais de 30.000 consumidores, de 60 países da Ásia, Europa, América Latina, Médio Oriente, África e América do Norte. A amostra está segmentada em cada país por idade e sexo em função dos seus utilizadores de Internet e tem uma margem de erro máxima de ± 0,6%.